segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

BRASIL: DA FALTA DE OXIGÊNIO A SOBRA DE LEITE CONDENSADO

Por: Odilon de Mattos Filho
Não tenho dúvidas de que grande parte da população sabia o que significaria Bolsonaro na presidência, mas, confesso que não imaginava que ele chegaria à tamanha excrescência, despreparo e irresponsabilidade com o povo brasileiro.

Nessa crise sanitária que o mundo vive a ultima coisa que povo poderia esperar de um presidente é que ele fosse um negacionista e o nosso pobre Brasil é um dos raros países que possui este presidente, aliás, não só negacionista, mas, também, genocida.

Desde o mês de março de 2020 que convivemos com essa terrível pandemia e com ela já vimos acontecer de tudo, hospitais colapsados, negligência de governantes, parte da população agindo de maneira irresponsável, pessoas morrendo por falta de atendimento, negação da eficaz das vacinas e agora, por incrível que pareça, assistimos, incrédulos, cidadãos morrendo por falta de oxigênio nos hospitais. É simplesmente a brabárie!

Acompanhamos nestes últimos dias esse terrível caso da falta de oxigênio nos hospitais do Estado do Amazonas, em especial, na capital Manaus, onde pacientes internados morreram após a interrupção de fluxo de oxigênio, ou seja, cidadãos morreram por falta de ar, ou se desejar, “hospitais viraram câmaras de asfixias”.

A técnica de enfermagem aposentada Solange Batista denunciou essa situação e desabafou: "Hoje nos foi comunicado que não tem oxigênio. A saturação dela [irmã de Solange Batista] está em quase 60%. E não é só ela. Vários pacientes estão na mesma situação. Isso é um descaso. Um descaso. Dentro de um hospital federal como esse não ter oxigênio? Eu ter que comprar? Espero que as autoridades, o governo, alguém possa nos ajudar1".

O que mais revolta nessa calamidade ou talvez crime, foi à desídia e a irresponsabilidade das autoridades, pois, essa crise foi uma tragédia anunciada.

O governador do estado do Amazonas Wilson Lima (PSC) tinha conhecimento de que um novo colapso poderia ocorrer no estado e ciente dessa situação no dia 23 de dezembro baixou um decreto determinando o fechamento do comércio não essencial e a partir do dia 26 de dezembro proibindo eventos comemorativos. Mas, logo depois dessas medidas, eis que surge o genocida presidente Bolsonaro para criticar a decisão do seu correligionário governador Wilson Lima que por sua vez, ato contínuo, revogou o referido decreto com o intuito de não contrariar o presidente da república. E o resultado foi o povo nas ruas sem máscara e aglomerando-se, o que levou o surgimento de uma nova cepa do vírus que disseminou rapidamente e levou o estado do Amazonas aos caos completo.

Diante do aumento de casos de COVID-19, o governado do estado foi alertado por técnicos da secretaria de saúde da necessidade de se contratar mais fornecimento de oxigênio para os hospitais, pois, a demanda poderia elevar de maneira rápida e os hospitais não poderiam atender de imediato os pacientes que necessitassem de oxigênio, mas, o governador negligenciou e o resultado nós assistimos: a barbárie!

Há que se registrar, também, que o governo federal foi informado com seis dias de antecedência, que a produção de oxigênio em Manaus não seria suficiente para cobrir a demanda, mas, o Ministério da Saúde, assim como o governador, pouco fizeram para socorrer os hospitais do estado, inclusive, um deles é um hospital federal, aliás, Bolsonaro disse que “...não há omissão! Ele [general Pazuello]. trabalha de domingo a domingo, vira a noite...Não é competência nossa levar e nem atribuição nossa, levar o oxigênio para lá..2”.

E realmente não houve omissão do governo federal, pois, o “judicioso” ministro da saúde general Eduardo Pazuello cumprindo a sua árdua missão foi a Manaus entre os dias 11 e 13 de janeiro, não para tentar socorrer os cidadãos que morriam por falta de ar, ele foi antecipar e salvar vidas de outros cidadãos, para tanto, promoveu uma campanha de tratamento precoce contra a COVID-19, levando em sua mágica maleta de charlatão os famosos medicamentos: cloroquina e ivermectina, ambos prescritos, ao arrepio da boa ciência e da orientação dos mais renomados médicos do mundo, mas, indicado pelo mais importante e brilhante infectologista do planeta, o Dr. Jair Messias Bolsonaro. Manda quem pode, obedece quem tem juízo!

É simplesmente catastrófico o que ocorreu no Estado do Amazonas, o que ocorre no Ministério da Saúde e no governo em geral. Cadê as autoridades do sistema judiciário deste país? Cadê os parlamentares, inclusive, de oposição para barrar esse monstro que com o seu sadismo está arruinando o país e o nosso povo? 

Mas, sejamos francos, nem tudo no governo federal é irresponsabilidade ou desídia. Foi divulgado nas redes sociais e nos jonalões do país a enorme preocupação do governo federal com o bem-estar nutricional dos servidores do Poder Executivo, em especial, os militares das três forças. Segundo noticiado, houve um aumento de 20% das despesas com alimentação no ano de 2020, especialmente, com os servidores e militares do Ministério da Defesa.

Segundo consta no Portal da Transparência e que foi publicado nas redes socais e nos jornais, o governo federal gastou em 2020 a bagatela de R$ 92,8 milhões, com alimentos, assim distribuídos: foram R$ 16,5 milhões com batata frita embalada, R$ 15,6 milhões com leite condensado, R$ 32,7 milhões com pizza e refrigerante. R$ 13,4 milhões com barra de cereal, R$ 12,4 milhões com ervilha em conserva e acreditem: R$ 2,2 milhões com chiclete, para ficarmos, apenas, nestes sete itens. Somente com os gastos com leite condensado daria para o governo comprar 7,8 mil cilindros de oxigênio.

Mas, o assustador nesta história, ou melhor, nessas despesas com “alimentos” foi a Nota do Ministério da Defesa para justiçar esses gastos. Diz a malfadada Nota: "Com disponibilidade permanente e dedicação exclusiva, os militares realizam atividades inerentes à profissão militar e que possuem exigências físicas específicas em diferentes áreas de atuação e nas mais diferentes regiões do território nacional. Assim, cumprem ações que requerem, em grande parte, atividades físicas ou jornadas de até 24 horas em escalas de serviço, demandando energia e propriedades nutricionais que devem ser atendidas para a manutenção da eficiência operacional e administrativa com a disponibilização de uma dieta adequada3”.

Mas, se tudo isso não bastasse, o presidente da república, senhor Jair Messias Bolsonaro tocando mais um foda-se à liturgia do seu cargo, comentou assim o caso dos gastos do governo com leite condensado: "Vai pra puta que pariu, porra. Essa imprensa de merda, é pra enfiar no rabo de vocês, de vocês da imprensa, essas latas de leite condensado aí4". Simples assm!

Realmente é um esculacho sem precedentes na história. Estamos diante de um presidente incrivelmente despreparado, incivilizado, irresponsável, negacionista e genocida. O povo não aguenta mais este desrespeito e a essa falta de humanidade. Chega, não dá mais. Fora Bolsonaro. Fora Mourão!




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