Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

OS TIRANOS DO BRASIL




terça-feira, 24 de setembro de 2019

A LEI DO ABATE ESTÁ EM PLENO VIGOR NO BRASIL

Por: Odilon de Mattos Filho
É sabido que a questão da violência é um dos grandes gargalos que o Brasil enfrenta desde o seu descobrimento. É igualmente conhecido, que a gênese dessa violência urbana e rural está na má distribuição de renda (o brasil tem a maior concentração de renda do mundo entre o 1% mais rico) e na falta de eficazes politicas públicas em prol das camadas menos favorecidas da sociedade. 

Por outro lado, há que se reconhecer que a política de segurança pública passa, também, por ações preventivas e ostensivas. No entanto, para que essas ações sejam plenamente efetivas somos pelo entendimento de que são decisivas duas medidas: a criação de um órgão nacional de inteligência com pesados investimentos em tecnologia, remuneração digna e preparo profissional de excelência para os agentes públicos e a imediata unificação e desmilitarização das policias. 

No Brasil, as forças de segurança são assim dividas: as nacionais englobam a Polícia Federal, Rodoviária e Ferroviária e as estaduais as polícias militares e civis. A Polícia Militar é como se fosse uma reserva das Forças Armadas, tanto, que está subordinada à Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), órgão do Exército, criado em 1967 e regulamentada pela CF/88, o que pode explicar a violência que, ainda, permeia em boa parte das corporações que carregam nas suas formações os velhos e abomináveis resquícios do regime militar. 

Já escrevemos neste espaço que as politicas de segurança pública no Brasil, assim como todo o seu aparato que é o Sistema Judiciário Brasileiro estão completamente falidos, carcomidos e corrompidos. As atuações das polícias demonstram o despreparo e a completa inoperância do Estado na defesa do cidadão de bem. Já as revelações do site The Intercept comprovam às barbáries e arbitrariedades cometidas por procuradores e juízes na operação Lava-jato e a leniência das instâncias superiores do judiciário diante desse arbítrio corrobora a falência do sistema. É a justiça encarcerada e o direito amordaçado, como diz o Rev. Eduardo Henrique.

Segundo Relatório da Anistia Internacional a polícia brasileira é a mais violenta e a que mais mata no mundo e os alvos, majoritariamente, são jovens, pobres e negros. Só para ilustrar, apenas no Rio de Janeiro, 99,5% das pessoas assassinadas por policiais são homens, dos quais 80% negros e 75% deles entre 15 e 29 anos. Já o Instituto de Segurança Pública disse que a polícia militar nunca matou tanto como está matando em 2019. Somente em agosto, a polícia matou cinco pessoas por dia, segundo relatório da Humans Right Watch.

Com a eleição de Bolsonaro e seus asseclas, os governadores, Wilson Witzel do RJ e João Dória de SP, estamos vivenciando o recrudescimento dessas políticas fascistas e o vertiginoso aumento da violência institucionalizada e alimentada por suas próprias autoridades máximas. E os exemplos são vastos. Começamos com o presidente Bolsonaro: “[O policial] entra, resolve o problema e, se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado, e não processado”. Nessa mesma linha seguem os governadores do RJ e SP. O psicopata Wilson Witzel do RJ disse aos policiais: "Não merece viver aquele que não tirar o fuzil do tiracolo". Já o mauricinho João Dória de SP disse: "Não façam enfrentamento com a Polícia Militar nem com a Civil, ou se rendem ou vão para o chão".

Frente a esses discursos, o que não podemos é nos iludir achando que são retóricas, pois, na verdade fazem parte de uma macabra estratégia destes governos cujo objetivo é banalizar de forma contínua a violência e desumanizar a pessoa, tornando-a apática, acomodada e impotente frente a essa selvageria institucional. Com isso esses governos bonapartistas imprimem a sua hegemonia e se encorajam para voos mais altos e perversos. Por essa razão todo cuidado é pouco para não cairmos nessa armadilha. Aliás, Nietzsche já nos chamava atenção quando dizia que, “aquele que luta contra monstros deve acautelar-se para não se tornar, também, um monstro, porque quando se olha muito tempo para um abismo esse abismo olha para você”.

E parece mesmo que esses tiranos estão ganhando terreno. Aliás, a Anistia Internacional já previa essa situação com a vitória de Bolsonaro e o risco real para os direitos humanos no Brasil. Disse a Diretora Executiva da Anistia Internacional no Brasil Jurema Werneck: “acompanhamos seu governo [Bolsonaro] de perto e, infelizmente, estamos começando a ver que nossas preocupações eram justificadas: o governo Bolsonaro adotou medidas que ameaçam os direitos à vida, saúde, liberdade, terra e território dos brasileiros que vivem em áreas urbanas. ou áreas rurais, simplesmente querem viver suas vidas com dignidade e livres de medo. Essas são medidas que podem afetar milhões de pessoas e, a nosso ver, um país justo não exclui seus cidadãos. Um Brasil justo é um Brasil para todos 1”. 

E realmente assiste razão à Diretora Executiva da Anistia Internacional. As políticas públicas dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, por exemplo, são retratos vivos dessa dantesca realidade de um Estado policialesco, inoperante, covarde e assassino. São Paulo está marcado por chacinas praticadas pela Polícia Militar em nome da segurança pública e no Rio de Janeiro já são inúmeros casos de assassinatos de trabalhadores, jovens, cidadãos de bem e de crianças indefesas. O último e terrível caso foi o bárbaro assassinato da pequena Ághata Vitória Sales Felix de apenas oito anos de idade alvejada pela mão do Estado quando estava no interior de um veículo. É a quinta menina assassinada dentre dezesseis alvejadas por “bala perdida” somente em 2019. Realmente são números estarrecedores que demonstram, não apenas a falência do sistema, mas a crueldade e a brutalidade desta “política de extermínio” implantada no estado do RJ. 

A propósito, sobre esse bárbaro crime, citamos os comentários do insuspeito Reinaldo Azevedo. Diz o jornalista: "Tenho a esperança de ver Wilson Witzel e seus cúmplices serem julgados pelo Tribunal Penal Internacional por crimes e agressões contra a humanidade, já que o se vê por aqui, em terras nativas, é uma soma de cumplicidade com alienação..2” 

Por sua vez, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados vai acionar a ONU. Segundo o presidente da Comissão, Deputado Helder Salomão (PT/ES) “Não se pode assistir a morte de uma criança e achar normal. Ver notícias de assassinatos de jovens e achar normal. Avalio que tem um erro na orientação do governo do Rio de Janeiro, e o modelo de segurança pública em vigor não combate o crime, gera o caos e tira a vida de pessoas inocentes. O momento atual é grave, por isso solicitamos um parecer da relatora especial das Nações Unidas para execuções extrajudiciais Agnes Callamard.3

E a grande aberração que envolve essa violência estatal é o fato do governo em vez de criar mecanismos ou projetos para coibi-la, ao contrário, quer recrudescer essa selvageria e proteger quem a pratica. É o caso, por exemplo, do “Pacote Anticrime” do ministro Sérgio Moro. Este Projeto de lei, dentre outras estupidezes, prevê o abrandamento das punições para os agentes públicos e amplia a “excludente de ilicitude” em prol dos mesmos, ou seja, é carta branca para a polícia matar pretos e pobres. 

Aliás, sobre este projeto Reinado Azevedo diz que "tudo indica, que a estrutura nacional de combate a crimes praticados por agentes de Estado se mostra incapaz de coibir uma política de segurança pública fanaticamente homicida. Pior: o governo federal, por meio de seu ministro da Justiça, Sergio Moro, quer legalizar [Pacote Anticrime] o assassinato sistemático dos pretos de tão pobres e pobres de tão pretos4". 

Evidente que aqui não se trata de esculhambar a pessoa do policial, até porque, ele também é vítima desse sistema, pois, além de mal remunerado e despreparado, está preso a um Estatuto e Regulamento Disciplinar arcaico e absolutista que o obriga a cumprir ordens doidivanas de seus superiores hierárquicos, como por exemplo, morrer ou matar. Portanto, o que estamos analisando são tão somente essas desastrosas, fascistas, ineficazes e criminosas violências do Estado que já ultrapassou todos os limites da tolerância e da civilidade, mas que as autoridades constituídas tentam nos vender como Política de (in)segurança pública, quando na verdade o que estamos assistindo e a aplicação da nefasta "Lei do Abate". Chega! Não podemos e não devemos nos calar diante de tanto arbítrio cometido pelas mãos do Estado contra o cidadão e cidadã de bem!




quinta-feira, 5 de setembro de 2019

COMPULSÃO PELA TIRANIA

Por: Odilon de Mattos Filho
 
É difícil compreendermos que numa sociedade majoritariamente cristã e com vasta informação, possa existir, ainda, pessoas que defendem a tortura, a pena de morte as ditaduras, ou que praticam e alimentam a xenofobia, o racismo, o sexismo ou outras formas de preconceito. Mais difícil, ainda, é pensar que um Chefe de Estado, declaradamente cristão, pense, age e dissemine publicamente tal comportamento. 

A eleição de Bolsonaro, afora o momento que vivíamos e considerando todos os elementos que nos levam a crer que foi uma fraude eleitoral, não deixa de ser emblemático para comprovar esse torpe comportamento de boa parte da sociedade. Nessa mesma seara podemos citar a eleição do governador do Estado do Rio de Janeiro Wilson José Witzel. Trata-se de dois déspotas reconhecidamente, retrógrados, preconceituosos e fascistas. 

O comportamento tirânico do presidente da república já era conhecido desde o seu primeiro mandato como deputado federal, porém, era visto e tratado como uma figura caricata do baixo clero, sem visibilidade, ou seja, não passava de mais um deputado federal que se valendo de sua imunidade parlamentar vomitava suas ideias reacionárias e fascistas. O que poucos imaginavam é que ali estava tomando corpo uma criatura obscurantista, perigosa e antidemocrata. 

Eleito presidente da república Bolsonaro vem mostrando a que veio. No campo econômico o seu compromisso é com o capital nacional, internacional e com o sistema financeiro, para tanto, está entregando toda nossa riqueza natural, liquidando o nosso patrimônio e entregando aos banqueiros o maior patrimônio dos trabalhadores que é a previdência. Com relação às políticas sociais há o desmonte da educação, da saúde, da cultura e a flexibilização das leis trabalhistas. E na política externa a submissão suicída aos interesses do governo dos EUA. 

Além deste conjunto de politicas contrárias aos interesses do povo brasileiro, que, diga-se de passagem, era de conhecimento dos eleitores durante processo eleitoral, Bolsonaro nos agride, também, com a sua verborreia tacanha e inapropriada para o cargo. Além disso não esconde a sua compulsão pela tirania e um dos exemplos dessa afirmativa é o fato do Itamaraty decretar "censura no acesso a documentos que expliquem o motivo pelo qual o governo brasileiro passou a rejeitar, na ONU, o termo "igualdade de gênero" ou "educação sexual" em resoluções e textos oficiais até 2024". Mas, parece que essa compulsão é genética. O filho, Carlos Bolsonaro, conhecido como 02, postou em seu Twitter a seguinte ameaça: “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!1". 

O presidente Bolsonaro sempre se notabilizou por este comportamento despótico. Na sessão de votação do impeachment da presidenta Dilma, por exemplo, Bolsonaro exaltou o coronel Ustra o monstro torturador de Dilma e de outros presos políticos. Depois, durante a campanha eleitoral Bolsonaro disse que o seu o livro de cabeceira é a “Verdade Sufocada”, de autoria tal coronel. Já como presidente da república e quando muitos imaginavam que pela liturgia do cargo o seu comportamento mudaria, ele sem nenhum pudor volta a agredir o povo brasileiro e as vítimas da ditadura militar. Quatro casos são emblemáticos. O primeiro, foi quando ordenou que os quarteis comemorassem o golpe militar no dia 31 de março. Depois foram as abjetas declarações ofensivas ao desaparecido político, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. O terceiro caso, ou melhor a segunda bofetada na cara dos brasileiros, foi quando Bolsonaro ofereceu um almoço no Palácio do Planalto a viúva do coronel Ustra. E por fim, uma agressão internacional que enxovalhou a imagem do Brasil mundo afora e que carimbou de forma definitiva a tirania do presidente Bolsonaro. Em entrevista, a ex-presidenta do Chile e hoje Alta Comissária da ONU Michele Bachelet afirmou que “nos últimos meses, observamos (no Brasil) uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos e restrições impostas ao trabalho da sociedade civil". A Alta Comissária evocou também, um aumento do número de pessoas mortas pela polícia, ressaltando que esta violência afeta desproporcionalmente os negros e as pessoas que vivem em favelas, lamentando ainda o "discurso público que legitima as execuções sumárias2”. 

Depois dessa declaração o presidente Bolsonaro não pestanejou e com o costumeiro destempero, arrogância e despreparo disparou contra Michele Bachelet dizendo: ”Ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. Ela critica dizendo que o Brasil está perdendo seu espaço democrático. Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Eu acho que não preciso falar mais nada para ela3”. O pai de Bachelet, general Alberto Bachelet, foi torturado e morto durante a ditadura de Augusto Pinochet. 

Em resposta às agressões do presidente, Michelle Bachelet disse: “...a democracia não é perfeita. Mas é o melhor que temos (...) às vezes em alguns países, por vias democráticas, as pessoas elegem pessoas que não são democratas, que não acreditam em direitos humanos, que são racistas. O fato é que isso não estava escondido. Durante a campanha (eleitoral), eles disseram tudo aquilo e as pessoas o elegeram. Portanto, a democracia não é perfeita.4" 

Realmente, Bolsonaro é um ser maniqueísta, desprovido de sensibilidade moral e ética e possuidor de um comportamento obsessivo, doentio, uma espécie de tara incontrolável pelo sofrimento alheio. 

Aliás, neste sentido, a insuspeita jornalista Miriam Leitão que, diga-se passagem, colaborou para a eleição de Bolsonaro escreveu: “É patológica a compulsão de Bolsonaro pelas ditaduras e sua admiração ilimitada pelos regimes tirânicos, como o de Pinochet. É doentio seu prazer em ferir pessoas atingidas pelos crimes das ditaduras latino-americanas...5" . 

Este é o preço que o Brasil paga por não ter punido os agentes do estado que comandaram ou que participaram diretamente das barbáries cometidas durante os vinte anos de estado de exceção. Se, ainda, não foi instalada uma nova ditadura militar, certo é que estamos presenciando a instalação de uma nova Capitania hereditária. E assim, o Brasil segue a sua sina de carregar, para sempre, essa cicatriz da omissão que marca de forma indelével a democracia e a história do nosso País, favorecendo o surgimento de novos déspotas desejosos de presidir, ou melhor, de tocar o país. Fora Bolsonaro!