domingo, 19 de novembro de 2023

ISRAEL: DE VÍTIMA A ALGOZ – (PARTE III)



Por: Odilon de Mattos Filho

Já escrevemos neste espaço, em 2088 e 2011, dois textos analisando as barbáries cometidas por Israel contra o povo palestino, por isso, optamos por manter os mesmos títulos anteriores, até porque, os três vão ao encontro da triste e trágica realidade vivida naquele pedaço do Oriente Médio.

Sabemos que um dos capítulos mais doloroso da nossa história contemporânea foi a cruel perseguição e a tentativa de genocídio do Povo Judeu pela doutrina racista e a política antissemita do III Reich. Aliás, vale registrar que os povos Ciganos passaram pelo mesmo holocausto, ou melhor, “Poraimos”, porém, os “historialistas” de plantão, escondem essa verdade, talvez, pelo fato do povo Cigano não possuir o grande poder financeiro do povo judeu.

No entanto, embora os judeus tenham sido vítimas das atrocidades nazista, logo se tornaram impiedosos algozes do povo palestino, utilizando métodos semelhantes de subjugar e submeter os palestinos às mesmas barbáries dos nazistas.

É sempre bom lembrar, que foi Israel que invadiu, em 1948, as terras dos palestinos para ampliar o seu Estado, expulsando mais de 800 mil palestinos e incendiando suas casas. É esse projeto colonial europeu, em aliança com os EUA e os Sionistas que a imprensa, mesmo diante da maior atrocidade contra o povo palestino, tenta esconder do mundo em benefício ao imperialismo sionista, aliás, a imprensa, em especial no Brasil, trata, absurdamente, os ataques de Israel com um certo ufanismo, enquanto o Hamas é tratado como uma organização terrorista, classificação essa, que nem a ONU rreconhece. 

Aliás, outro fato que corrobora a parcialidade dos meios de comunicação é com relação à libertação dos presos políticos. A imprensa notícia que o Estado Sionista de Israel libertou os presos palestinos enquanto o Hamas libertou os reféns israelenses, ou então, dizem, há vitimas civis e não vitimas palestinas. Essas diferenças de linguagem, podem parecer filigranas, mas, na verdade, isso é uma propaganda subliminar muito bem arquitetada, pela midia hegemônica a favor do Estado sionistas de Israel.

Mas essa posição pró Israel não é uma simples questão ideológica ou religiosa, trata-se de uma questão economica. É neste contexto que nos anos de 1990, surgem os interesses dos imperialistas do norte e de países europeus no controle de todas as regiões do mundo e em especial da região do Oriente Médio, onde há abundância de riquezas naturais e a presença de rotas comerciais vitais, como o Canal de Suez e a volúpia destes países se  inicia mais fortemente, no final da Guerra Fria, por meio da falaciosa "Doutrina Wolfowitz" concebida em 1992.

Por essa e outras razões assistimos, mais uma vez, os EUA e outros países da Europa apoiando as barbáries cometidas pelo Estado Sionista de Israel contra os palestinos. O que estamos assistindo, dessa feita, é Israel atropelar os limites das normas do Direito Internacional e cometer, sem piedade, crime de guerra e o genocídio do povo palestino, mas além dessa tragédia, o que se constata, também nessa guerra, é a total falência dos organismos multilaterais, como, por exemplo, ONU e em especial o seu Conselho de Segurança que possui um anacrônico e inútil Estatuto que privilegia os interesses das grandes Nações, particularmente, do imperialismo estadunidense.

Neste diapasão e não menos importante, há que se salientar que toda guerra nada mais é do que alimento para tentar sustentar o falido capitalismo que tem na indústria armamentista seu principal “salva-vidas”. Aliás, o Editorial do periódico “Jornal O Trabalho” n. 924 vem ao encontro dessa premissa, quando informa que”… os gastos militares globais não param de crescer. São 8 anos consecutivos de incremento nos orçamentos nacionais de defesa, que somam, em 2023, a monstruosa cifra de $ 2,24 trilhões de dólares (mais de 11 trilhões de reais). O lucro proveniente dessa produção insana de armas não pode se realizar se essas armas não forem vendidas e para continuar vendendo elas precisam ser utilizadas em algum lugar. Elas precisam cumprir o seu objetivo – matar pessoas, destruir moradias, escolas e hospitais”.

Esse massacre cometido por Israel contra os palestinos já ultrapassou trinta dias e segundo os dados (subestimados) mais de 13 mil civis palestinos foram assassinados pelas Forças Armadas de Israel, dentro os quais, mais de 5 mil são crianças e 3.500 mulheres. Além disso, Israel bloqueou o acesso de mais de 2 milhões de pessoas a água, energia elétrica e combustível e se tudo isso não bastasse, as Forças Armadas de Israel bombardearam até hospitais e ambulâncias, o que demonstra a crueldade cometida por Israel por meio do seu primeiro-ministro, o sanguinário, Benjamin "Bibi" Netanyahu. 
 
Neste contexto, Relatório da ONU relata que "mais de 4.700 palestinos foram presos, alguns submetidos a atos de violência, insultos e em alguns casos, violência sexual e de gênero. Alguns foram despidos, vendados e mantidos presos por longas horas com algemas e com as pernas amarradas, enquanto os soldados israelenses pisavam em suas cabeças e costas, eram cuspidos, jogados contra paredes, ameaçados, insultados, humilhados e, em alguns casos, submetidos à violência sexual e de gênero1".
 
Não há dúvida de que se trata de uma agressão colonial de um Estado terrorista contra a Faixa de Gaza. É mais uma tentativa de uma limpeza étnica praticada por este Estado sionista. É o holocausto do povo palestino.

Ainda  sobre essas atrocidades cometidas pelo governo de Benjamin Netanyahu, o professor de políticas públicas Samuel Braun, da UERJ, postou uma importante advertência no seu “X” afirmando com muita propriedade que “a maldição do genocídio, o horror demoníaco da destruição de milhares de vidas com crueldade, isso tudo está nas mãos, nas próprias almas dos sionistas, inclusive os do Brasil, que apoiam e correalizam o terrorismo. A história registrará os nomes de cada agente do holocausto palestino. Sabemos os nomes dos nazistas. Seus descendentes até hoje se escondem. O sionismo e seus colaboradores terão o mesmo destino2”. 
 
A propósito, valendo-nos das palavras do professor Samuel Braum e até por justiça, há que distinguir os judeus e os semitas dos sionistas este último grupo liderado, hoje, pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. O sionismo, responsável pelos ataques a Gaza são, nas palavras do jornalista Breno Altman (judeu) "considerado uma ideologia que funda o estado de Israel, como ideologia racista, supremacista e colonial3", são grupos de extrema-direita, não à toa, a ligação de Bolsonaro com Netanyahu.

Diferente do ex-presidente, vale destacar o papel desempenhado pelo presidente Lula, que condenou os ataques do Hamas, mas, por outro lado, foi firme nas críticas e condenou a desproporcionalidade dos ataques cometidos por Israel. No campo da diplomacia, o Brasil foi, também, preciso, ao conseguir, depois de muito esforço diplomático, repatriar mais de 1.200 brasileiros. Não obstante o importante papel do governo brasileiro, somos pelo entendimento que já passou da hora do governo Lula convocar os seus Embaixadores em Israel para retornarem ao Brasil, assim como foi feito pelos governos do Chile e da Colômbia e que, outrora, foi feito, também, pelo governo da presidenta Dilma, como forma de repudiar essas barbáries.

Na verdade, não há mais condições de se continuar assistindo às atrocidades cometidas por Israel contra os povos palestinos, aliás, considerando a atualidade das precisas e corajosas palavras do grande presidente Nelson Mandela, ditas há tempos, vale o registro. Disse o grande líder: ”… o Estado Palestino não pode ser um subproduto do Estado Judeu, apenas para conservar a pureza judaica de Israel…Os judeus privaram milhões de palestinos de sua liberdade e propriedade. Tem perpetuado um sistema brutal de discriminação racial e desigualdade. Sistematicamente tem prendido e torturado milhares de palestinos, violando as normas do Direito Internacional. Tem, em particular, empreendido uma guerra contra a população civil, em especial as crianças4”. 

O fato é que, independentemente das razões, o que se espera - assim como vem ocorrendo nas grandes manifestações de ruas mundo afora -  é uma firme reação das autoridades do mundo inteiro e dos organismos multilaterais contra Israel e o devido reconhecimento do Estado Palestino com a garantia, por Direito e Justiça, da imediata reintegração das terras a esse Povo. Caso isso não ocorra, esses organismos ficarão marcados na história como organizações a serviço dos interesses das Nações poderosas em detrimento aos Povos da Periferia, sem vez e sem voz. Por outro lado, o mundo poderá esquecer que Israel fora uma triste vitima do passado que se transformou em um grande e feroz algoz do presente. Palestina livre e soberana! 
 
 
 
 
1-Fonte:https://www.brasil247.com/mundo/relatorio-da-onu-denuncia-abusos-e-crimes-de-soldados-israelenses-pisam-cospem-ameacam-insultam-e-humilham-palestinos
2-Fonte: https://www.brasil247.com/midia/conib-ataca-breno-altman-um-judeu-que-denuncia-os-crimes-do-estado-de-isra el-n5pmuz45 
3-Fonte:https://www.brasildefato.com.br/2023/12/12/contra-o-sionismo-novo-livro-de-breno-altman-sera-lancado-no-rio-curitiba-e-sao-paulo
4-Fonte: https://aldeianago.com.br/artigos/91-dando-o-que-falar/9325-o-que-nelson-mandela-disse-sobre-israel-e-os-palestinos-

4 comentários:

  1. O amigo afirma que "que foi Israel que invadiu, em 1948, as terras dos palestinos para ampliar o seu Estado, expulsando mais de 800 mil palestinos e incendiando suas casas.", mas a HISTÓRIA é bem diferente disto. Israel, logo após a sua declaração de independência foi atacado por países árabes (Egito, Jordânia, Síria, Iraque, Líbano e Iêmem). Israel saiu vitorioso (fato que foi considerado quase um milagre) e ampliou parte do seu território, ocupando parte do território originalmente destinado pela ONU aos palestinos (num acordo rejeitado por eles e pela Liga Árabe, diga-se de passagem). O que o senhor esquece é que o Egito tomou para si a Faixa de Gaza e a Jordânia anexou a Cisjordânia. Foram as nações árabes que mais tomaram e anexaram territórios palestinos após a Guerra de Independência de Israel, que terminou em 1949. E foram justamente as nações árabes que se negaram a receber seus irmãos palestinos, fechando suas fronteiras aos refugiados e criando um problema humanitário que se prolonga até os nossos dias.

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  2. A propósito, uma Comissão Especial da Assembleia Geral da ONU, no ano 2.000, promulgou uma convenção definindo o que seria "terrorismo" e "organização terrorista". Apesar de não citar nominalmente o Hamas, este se encaixa perfeitamente na definição: "quando o propósito da conduta, por sua natureza ou contexto, é intimidar uma população, ou obrigar um governo ou uma
    organização internacional a que faça ou se abstenha de fazer qualquer ato. Toda pessoa nessas circunstâncias comete um delito sob o alcance da referida Convenção, se essa pessoa, por qualquer meio, ilícita e intencionalmente, produz: (a) a morte
    ou lesões corporais graves a uma pessoa ou; (b) danos graves à propriedade pública ou privada, incluindo um lugar de uso público, uma instalação pública ou de governo, uma rede de transporte público, uma instalação de infra-estrutura, ou ao meio ambiente ou; (c) danos aos bens, aos locais, às instalações ou
    às redes mencionadas no parágrafo 1 (b) desse artigo, quando resultarem ou possam resultar em perdas econômicas relevantes."
    A própria ONU se referiu aos ataques do Hamas como sendo ATAQUES TERRORISTAS.
    Não há, portanto, que se tentar criar NARRATIVAS para encobrir uma verdade que pode ser incômoda, principalmente àqueles que, ideologicamente se identificam com o grupo Hamas. O Hamas é sim um GRUPO TERRORISTA !

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  3. Agora um pouco de História: o povo judeu habitou aquela região por mais de 2.000 anos até a conquista romana e a Diáspora. Jerusalém era a capital da Judéia desde pelo menos o século X a.C.
    Foi somente em 136 d.C. que o imperador romano Adriano, após sufocar a revolta de Bar Kochba, expulsou os judeus de sua terra ancestral e mudou o nome da província da Judéia para Palestina, como forma de espezinhar os judeus, uma vez que este termo se refere aos filisteus, inimigos históricos do povo de Israel. Mas grupos de judeus permaneceram na Palestina.
    No século VII, Maomé funda a religião islâmica, que se espalha pelo mundo árabe. Vale ressaltar aqui que Maomé encontrou apoio inicialmente junto aos judeus, que viam semelhanças entre as idéias monoteístas de ambas as religiões. Mas a paz duraria pouco, pois Maomé endureceram o islamismo com a idéia da Jihad (Guerra Santa contra os infiéis, ou seja, aqueles que não tinham fé em Allah). Houve intensa perseguição a judeus e cristãos e a pena capital por decapitação era a regra, costume adotado até hoje por grupos terroristas islâmicos como o Estado Islâmico, o Hamas, a Jihad Islâmica e o Hezbollah.
    Por volta do século X começaram as cruzadas e a região viu-se envolvida em guerras entre cristãos e muçulmanos.
    No século XV, a Palestina foi anexada pelo império Turco Otomano, permanecendo sob seu jugo até o final da Primeira Guerra Mundial, quando o império seria esfacelado e a Palestina estaria sob jugo britânico.
    Nunca houve um país palestino ou um povo palestino. Os habitantes da Palestina apresentavam características multiculturais, como a religião (cristãos, judeus e muçulmanos), a origem étnica (árabes, judeus, turcos, povos da África subsaariana).
    Mas graças à Liga Árabe e organizações terroristas islâmicas, se criou a idéia identitária de um povo palestino a partir da religião islâmica.
    Nunca houve um "país palestino". A moeda usada na região no início do século XX era cunhada pelo império britânico, a bandeira Palestina, desenhada por Sharif Hussein em 1916 e usada pelo movimento nacionalista árabe em 1917, só foi adotada oficialmente em 1988 e o hino nacional em 1996.

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  4. Por último, mas não menos importante, o autor não tece comentários sobre os atos terroristas cometidos pelo Hamas ou por outros grupos palestinos.
    Não há justificativa para o terrorismo ! Ataques a civis, eivados de crueldade, cujo único objetivo seja matar, mutilar e provocar uma resposta militar que inevotavelmente atingirá civis palestinos, usados como escudos humanos pelos terroristas e cujas mortes e sofrimentos serão devidamente explorados pelos terroristas na construção de narrativas e como forma de propaganda.
    Os palestinos da Faixa de Gaza, por exemplo, são reféns do Hamas e sua política de terror.

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