domingo, 12 de outubro de 2025

ESTARÁ A FUNDAÇÃO NOBEL TUTELADA PELO IMPERIALISMO?


Por: Odilon de Mattos Filho

O Prêmio Nobel, símbolo máximo da honra e da paz mundial, parece ter perdido seu princípio moral e sua independência ética. Vejamos!

Sabe-se que o Prêmio Nobel é uma das mais importantes premiações mundiais destinadas ao reconhecimento de pessoas que desenvolvem trabalhos, ações e pesquisas em benefício da humanidade. O título é entregue anualmente nas cidades de Estocolmo e Oslo.O criador dessa premiação foi o sueco Alfred Nobel, químico que trabalhou com o pai, Immanuel Nobel, na cidade de São Petersburgo. Seu pai era proprietário de uma fábrica de ferramentas e explosivos, e foi nela que Alfred teve contato com o composto químico chamado nitroglicerina, principal material de sua mais célebre invenção: a dinamite. Essa descoberta o tornou milionário.

Alfred Nobel faleceu em 1895. Antes de morrer, deixou um testamento destinando 94% de sua fortuna à criação do Prêmio Nobel. A Fundação Nobel foi instituída em 1900, e a primeira edição da premiação ocorreu em 1901. O próprio Nobel determinou a formação de um Conselho responsável por selecionar os indicados e definir os laureados.

Desde a sua criação, o Prêmio Nobel raramente foi alvo de críticas contundentes ou de contestação quanto aos seus premiados. No entanto, cento e vinte e quatro anos após a primeira premiação, o Prêmio Nobel da Paz de 2025 provocou forte polêmica e grande decepção na comunidade acadêmica e política internacional.

O Comitê Norueguês do Nobel deliberou que o Nobel da Paz de 2025 fosse concedido à venezuelana María Corina Machado. Engenheira e ex-deputada, María Corina é uma ferrenha opositora do governo de Nicolás Maduro e uma das principais lideranças que defenderam abertamente um golpe de Estado em seu país. Essa “cidadã” integra o eixo internacional da extrema-direita, sendo conhecida apoiadora do genocida Benjamin Netanyahu e colaboradora do partido espanhol Vox, de orientação ultradireitista. Corina é uma reconhecida golpista e é parte de uma aliança global entre o fascismo, o sionismo e o neoliberalismo.

A escritora e analista Michelle Ellner, em artigo publicado no importante site CodePink, foi uma das vozes que criticaram duramente a concessão do Nobel da Paz de 2025.

Segundo ela: “A escolha de María Corina representa a perda total do significado da palavra paz, pois premiar uma figura que defende intervenções estrangeiras, sanções econômicas e políticas de exclusão social é um insulto aos povos que sofrem as consequências dessas decisões travestidas de diplomacia. Não há nada de pacífico em suas ideias ou ações1”.

E continua Michelle Ellner: “Corina é o rosto sorridente da máquina de mudança de regime de Washington — uma política imperialista travestida de promoção da democracia. É a porta-voz polida das sanções, da privatização e da intervenção estrangeira, todas apresentadas sob o falso manto da liberdade.”

Não restam dúvidas de que essa premiação faz parte de uma estratégia dos Estados Unidos para gerar instabilidade política na Venezuela. Não á toa, que há relatos fidedignos de que María Corina foi indicada ao Nobel da Paz pelo então senador Marco Rubio, hoje Secretário de Estado e homem de total confiança de Donald Trump, o que reforça a tese de que essa premiação é mais um instrumento para se criar instabilidade, coação política e a ampliar o risco de uma intervenção militar dos impherialistas do norte na Venezuela.

Nessa mesma linha, o ex-presidente do PT, José Genoíno afirmou:,“...esse prêmio está vinculado à pretensão do imperialismo americano de recuperar sua influência na América Latina. Não há neutralidade nisso; tudo atende a um projeto político e geopolítico. Estamos vendo uma América Latina sendo colocada como território de disputa, onde os interesses das grandes potências se sobrepõem à autodeterminação dos povos2”.

Por fim e nesse mesmo diapasão, vale citar as palavras do Nobel da Paz de 1980, o Argentino, Adolfo Pérez Esquiavel sobre o prêmio concedido a Maria Corina: "Corina, pergunto-lhe: por que você pediu aos Estados Unidos que invadissem a Venezuela? Quando recebeu o anúncio de que havia recebido o Prêmio Nobel da Paz, você o dedicou a Trump, agressor de seu país. A pior forma de violência é a mentira3”. E em carta enderaçada a Maria Corina Esquiavel escrveu: “Preocupa-me que você não tenha dedicado o Prêmio Nobel ao seu povo, mas sim ao agressor da Venezuela. Acho, Corina, que você precisa analisar e entender sua posição: se você é apenas mais uma engrenagem no sistema colonial dos Estados Unidos, nunca poderá ser para o bem do seu povo4”

E realmente assiste razão ao grande Esquiavel, pois, é sabido que María Corina defende, publicamente, o envio de navios militares dos EUA em direção à Venezuela, além de apoiar a criminosa estratégia de abater barcos e matar civis que o governo estadunidense — sem qualquer prova — considera pertencentes a cartéis de drogas, mas que na verdade, não passa de álibi para instigar uma reação bélica do governo Venezuelano e assim criar as condições para uma invasão militar e a deposição do presidente Nicolás Maduro.

Aliás, as ilegais interveções do presidente estadunidense na Venezuela estão a todo vapor. Segundo o jornal “The New York Times”, a CIA foi autorizada pelo presidente Trump para conduzir operações letais, de maneira unilateral ou junto com os militares, contra Nicolás Maduro e o governo. Aliás, este fato é  extremamente inusitado: avisar publicamente uma ação de espionagem. Só mesmo um fanfarrão como Drump! 

Neste contexto e por mais paradoxal que possa pareçer, Maria Corina “Nobel da Paz” aprova tais ações e vai mais longe: afirma que Trump “com certeza merece um Nobel da Paz pelos esforços que tem realizado, com eventos incríveis que estão ocorrendo atualmente no mundo5”. A propósito, cabe para Maria Corina a célebre frase do grande Libertador Revolucioário, Simón Bolívar: "Maldito é o soldado que aponta sua arma contra seu povo".

Portanto, ao conceder o Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado, o Comitê do Nobel legitima a posição de sua agraciada, que publicamente, apoia o atentado do governo estadunidense contra a autodeterminação e a soberania do povo venezuelano — e como sempre, com a cumplicidade dos meios de comunicação que silenciam e se associam às falas de Corina e às falsas justificativas de Washington para uma nova intervenção militar na Venezuela, cujo objetivo está longe de ser o combate aos cartéis do narcotráfico e tampouco a defesa da democracia, o foco principal de Donald Trump e isso até o homem da caverna sabe, são os 300 bilhões de barris de petróleo que fazem parte da maior reserva de óleo natural do mundo que está em solo venezuelano. Esse sim é o único objetivo do governo Trump.

Diante de tudo e tendo o genocídio do povo palestino como um triste exempo, não cabe mais a passividade das forças progressistas do mundo. É imperiosa a unidade para o enfrentamento, pois estamos diante de mais uma possível atrocidade. Urge a mobilização em defesa da soberania venezuelana contra essa abjeta, ilegal e covarde ameaça de invasão. O governo brasileiro, por representar o maior país da América do Sul, tem o dever histórico de liderar essa mobilização contra a barbárie perpetrada pelos EUA antes que se alastre por outros países da Amérca do Sul.

Fica, portanto, claro que a “honraria” concedida a María Corina Machado não passa de mais uma estratégia dos Estados Unidos contra a Venezuela — e constitui mais uma prova da deformidade da atual desordem internacional, na qual organismos globais estão sendo tutelados e aparelhados pelos interesses das potências ocidentais, em especial dos Estados Unidos da América.
































1Fonte: https://www.brasil247.com/entrevistas/o-nobel-da-paz-foi-dado-a-uma-defensora-de-golpe-de-estado-diz-genoino
3Fonte:https://vermelho.org.br/2025/10/13/perez-esquivel-confronta-nobel-de-maria-corina-machado/
4Fonte:https://vermelho.org.br/2025/10/13/perez-esquivel-confronta-nobel-de-maria-corina-machado/
5Fonte : https://cbn.globo.com/mundo/noticia/2025/10/16/nobel-da-paz-pede-ajuda-a-trump-para-tirar-maduro-do-poder-na-venezuela.ghtml

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