Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

quarta-feira, 24 de maio de 2023

ARCABOUÇO FISCAL A ANTÍTESE DO DISCURSO DE LULA


Por: Odilon de Mattos Filho
É sabido que a vitória do presidente Lula nas eleições de 2022 foi extraordinária frente a tudo o que ele passou no passado recente e diante dos desmandos, ilegalidades e o uso e abuso da máquina pública pelo seu adversário político que tentava a reeleição. E pelo andar da carruagem, Lula terá várias "eleições" durante o seu mandato com difíceis embates no Congresso Nacional.

O povo brasileiro e a classe trabalhadora mesmo diante de uma Frente Ampla que por si só já dava sinais do que poderia vir pela frente, confiou que a vitória do grande líder Luiz Inácio Lula da Silva suplantaria a Frente Ampla e realizaria as reformas e contrarreformas que tanto a classe trabalhadora espera de um governo Petista.

O presidente Lula já no período de transição, que se diga de passagem, foi ignorada pelo presidente fujão, deu sinais de que realmente cumpriria o que fora prometido na campanha eleitoral.

Empossado o presidente Lula, teve mais uma vez, que enfrentar outra batalha, desta feita foram os ataques contra a democracia praticados por um bando de criminosos bolsonaristas que no dia 8 de janeiro de 2023, invadiram os prédios dos Três Poderes e os depredaram na tentativa de instigar uma reação do Exército para um golpe de Estado, mas foram, sumariamente, derrotados pela ação rápida e precisa do governo.

Logo em seguida, o presidente Lula apresentou várias medidas que contemplam a classe trabalhadora, estudantes e o povo pobre do nosso país, tais como: aumento real do salário mínimo; volta do Programa Bolsa Família; Projeto de Lei promovendo a igualdade salarial entre homens e mulheres que exerçam a mesma função; estabelecimento do Piso Nacional da Enfermagem; correção da tabela do Imposto de Renda; fixação do Piso Nacional dos Professores; fim da vergonhosa e sabotadora Política de Preços de Paridade Internacional do petróleo adotado pela Petrobrás, que ao fim e ao cabo, penalizou os trabalhadores com uma inflação acima de dois dígitos; aumento das bolsas de estudos e pesquisas em universidade públicas; suspensão das privatizações de algumas empresas públicas; volta do Programa Mais Médicos e outras medidas em prol do povo brasileiro.

Neste contexto, em vários eventos (inter)nacionais o discurso do presidente Lula foi na defesa de um Estado forte, de políticas sociais e de geração de emprego e renda e sempre denunciando que a Lei do Teto de Gastos era um enorme entrave para implementar essas políticas e o próprio desenvolvimento do país. No entanto, o governo, paradoxalmente, surpreendeu e encaminhou para o Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar nº 93/2023, denominado “Arcabouço Fiscal”, que nos afigura a antítese do discurso do presidente Lula e que pode jogar por terra o projeto aprovado nas urnas em 2022.

Aliás, essa mudança de rota na política econômica e fiscal do governo, certamente, foi em razão de fortes pressões do empresariado, do sistema financeiro e de um Congresso reacionário e submisso ao capital privado que teme perder seus privilégios.

A propósito, neste sentido o agrupamento Diálogo e Ação Petista pontificou com precisão, que esse PLC foi aprovado “sob pressão do empresariado que instrumentaliza a maioria reacionária do Congresso”, afirmando, ainda, que “é inaceitável ver o PT que votou contra a LRF de FHC e o Teto de Gastos de Temer, assumir agora no governo a apresentação de um ajuste fiscal que limita e condiciona os gastos públicos para garantir o pagamento da dívida interna. O que vai contraditar as demandas dos movimentos e sindicatos, necessários para enfrentar novas pressões do imperialismo e da elite".

Este projeto do “Arcabouço Fiscal”, segundo vários economistas progressistas, pode levar o governo às cordas e impedi-lo de promover as medidas necessárias para o desenvolvimento social e econômico do país. Na verdade, esse projeto, como bem afirma o deputado Lindbergh Farias é um "Tratado de Austeridade Fiscal", que coloca o governo numa camisa força.

Neste mesmo diapasão o ex-ministro José Dirceu disparou: “Nós vamos fazer superavit na situação que o Brasil está vivendo?”, questionou. “É uma frustração tão grande ver toda a potencialidade que o Brasil tem e ver essa miséria econômica. Como tinha a miséria da filosofia, é a miséria da economia. Nós somos prisioneiros disso. Quando o mundo capitalista está fazendo uma política desenvolvimentista, aqui está proibido isso, é quase como se fosse uma heresia1”.

Neste mesmo sentido o economista e professor Paulo Kliass, sentenciou: "o projeto aprovado pela Congresso pode se converter em uma séria amarra para qualquer projeto de recuperação do protagonismo do Estado no momento atual e também no futuro....Ao fim e ao o projeto oferece muito mais restrições e condicionalidades ao Executivo do que abertura de espaços para levar à frente projetos de desenvolvimento econômico e social...Ao identificar a mítica relação dívida pública/PIB como problemática, a exemplo do que fazem os representantes da banca, o PLP 93 busca perseguir um suposto patamar idealizado para o nível de endividamento do Estado. Com isso, pretende evitar o investimento público e as demais despesas orçamentárias não financeiras. Assim, o pagamento de juros sobre a dívida pública permanece isolado como um gasto governamental para crescer livre, leve e solto. Para ele – e tão somente para ele – não existe teto nem limite...2”.

Mas, não obstante, as observações do professor Paulo Kliass, há que se destacar que o projeto de Haddad sofreu, também, alterações pelo Relator, deputado Cajado (PP/BA), que apresentou um Substitutivo que limita mais ainda, o governo de elevar os investimentos e fortalecer, por exemplo, o papel dos bancos públicos para um novo ciclo de desenvolvimento, o que significa que, o que já era ruim ficou ainda pior, até o FUNDEB entrou nesse substitutivo do Relator, ou seja, é um novo Teto de Gastos. Na verdade, a votação deste projeto mostrou, também, que há uma poderosa articulação da direita e da extrema-direita para asfixiar o governo Lula e desgastá-lo até as eleições municipais do próximo ano.

Portanto, cá estamos, novamente, de joelhos para o sistema financeiro e para o capital privado do país que, historicamente, agem para a pilhagem e o saqueamento das riquezas do Brasil, o que nos leva a concluir que o discurso de Lula dificilmente se converterá em prática, com isso, as necessárias e imperiosas reformas e contrarreformas que o país tanto almeja, podem não sair do papel.

Por essa razão, nada mais urgente do que o Lula se aproximar e dialogar mais com a classe trabalhadora e com os movimentos sociais. Por outro lado, é premente uma nova Constituinte livre e soberana, para dentre outras pautas, aprimorar o sistema presidencialista de "coação", pois, este se encontra totalmente superado e engolido por um disfarçado semipesidencialismo. O governo está encurralado pelo Congresso Nacional e a soberania política, fiscal e monetária do país está entregue nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados e do presidente do Banco Central, ambos a serviço dos interesses do capital privado e do sistema financeiro (inter)nacional. Que triste sina dos brasileiros!

 



1-Fonte:https://pensarpiaui.com/noticia/ze-dirceu-ataca-arcabouco-fiscal-de-fernando-haddad.html
2-Fonte:https://outraspalavras.net/mercadovsdemocracia/a-palavra-de-lula-ou-o-arcabouco-fiscal/

quinta-feira, 11 de maio de 2023

JULIAN ASSANGE: PRESIDENTE LULA FAZ O QUE A IMPRENSA DEVERIA FAZER


Por: Odilon de Mattos Filho.
Muitos acompanharam e acompanham a covarde e a impiedosa perseguição cometida pelo governo da pseudodemocracia do império do norte contra o ativista e jornalista do site Wikileaks, o australiano, Julian Assange.

Este corajoso jornalista, no seu estrito dever profissional, publicou em 2010, aproximadamente 250 mil arquivos, de fotos, vídeos e documentos do Pentágono, revelando as atrocidades e crimes de guerra cometidos pelos militares dos EUA, além dos inúmeros casos de torturas contra detentos da prisão de Guantánamo, base militar dos Estados Unidos em Cuba.

Já faz quatro anos que Julian Assange se encontra preso na Inglaterra aguardando uma possível extradição para os EUA onde pode ser condenado a pena de 175 anos pelo simples fato de denunciar as barbáries cometidas pelos imperialistas do norte, ditos paladinos da democracia.

Evidente que as publicações do corajoso jornalista não se trata de espionagem como afirmam as denúncias, o que se viu foi a boa prática de um audacioso jornalismo investigativo, por essa razão, essas denúncias nos afiguram injustas e inconstitucionais, frente ao que dispõe a Primeira Emenda de 1791, conhecida como "condutas expressivas. Portanto, a extradição de Julian Assange para os EUA pode ser um perigoso precedente para a democracia, para a liberdade de imprensa e para os direitos humanos.

A propósito, vale ressaltar, que sempre se vendeu para o mundo que as liberdades de imprensa, expressão e manifestação são princípios basilares da “democracia” dos EUA.  A própria  Suprema Corte daquele país apresenta uma rica coleção de precedentes sobre a chamada freedom of the press que está garantida na Emenda I da Constituição dos EUA aprovada em 1791 e que prevê: “O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, ou proibindo o livre exercício dos cultos; ou cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa (grifo nosso), ou o direito do povo de se reunir pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação de seus agravos”. 

Portanto, esse dispositivo constitucional, que tem mais de dois séculos, a princípio  não está sendo aplicado em favor do jornalista Julian Assange que simplesmente publicou as provas das barbáries e crimes cometidos pelos EUA e que até então, estavam escondidos por um descabido sigilo autoritário e nada democrático. Aliás, vale registrar que a publicidade destes documentos em nada compromete a segurança do país como apontam as autoridades, ao contrário, a divulgação do farto material, mostra sim, o modus operandi dos imperialistas do norte, que se arvoram tutores do mundo para afrontar a autodeterminação dos povos.  

A propósito, o editor-chefe e porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson em visita ao Brasil, participou de Ato pela liberdade do jornalista Julian Assange na ABI e depois foi se encontrar com o presidente Lula. Nessa ocasião Kristinn Hrafnsson falou sobre o caso afirmando que “… aqui no Brasil o povo, têm a memória viva dos horrores da ditadura, já viram a censura, a supressão da liberdade de imprensa e viram as consequências disso. A extradição de Assange, que pode acontecer em algumas semanas, coloca muitas coisas em jogo, em risco. A nossa luta é uma luta por todos nós, porque essa extradição abre um precedente que coloca em risco a democracia e países como o Brasil1".

Nesta mesma oportunidade, Kristinn Hrafnsson lembrou que dentre os documentos revelados por Julian Assange muitos mostram a influência dos EUA sobre os Procuradores da Operação Lava-jato.

Em vários países jornalistas e jornais estão em plena campanha contra a prisão e condenação Julian Assange. Os jornais, The Guardian (Inglaterra), The New York Times (EUA), El País (Espanha), Le Monde (França) e a revista e portal da Alemanha Der Spiegel manifestaram em Carta aberta o repúdio contra essa prisão, afirmando que "Obter e divulgar informações sigilosas quando necessário para o interesse público é parte essencial do trabalho diário dos jornalistas. Se esse trabalho for criminalizado, nosso discurso público e nossas democracias ficarão significativamente mais fracos. Doze anos após a publicação de “Cablegate", é hora de o governo dos EUA encerrar o processo contra Julian Assange por publicar segredos. Publicar não é crime.

Lamentavelmente não estamos vendo a mesma solidariedade da imprensa brasileira ao jornalista Julian Assange, ao contrário, os barões da mídia pouco ou nada falam para defender o jornalista condenado injustamente.

No Brasil, quem levanta a voz e tem coragem de denunciar essa injustiça contra o jornalista Julian Assange é o presidente Lula, que em quase todos países ou Fórum em que participa, como por exemplo, quando estava na Inglaterra para a coroação do Rei Charles III, sem meias-palavras, respondeu uma pergunta sobre o caso: “... É uma vergonha que um jornalista que denunciou a falcatrua de um Estado contra outro esteja preso e condenado a morrer em uma cadeia...A imprensa, que defende a liberdade de imprensa, não faz um movimento para libertar esse cidadão...Precisamos colocar nossas teorias em prática de vez em quando2”.

Já em 2022, durante evento do PT em Alagoas, o presidente fez uma audaciosa declaração dizendo que “Esse cidadão [Julian Assange] deveria estar recebendo um prêmio Nobel, esse cidadão deveria estar recebendo Oscar de decência e coragem porque denunciou ao planeta um país espionando outro país. E os Estados Unidos ainda tiveram coragem de pedir desculpas à Angela Merkel, mas não teve coragem ou não sentiu necessidade de pedir desculpas ao Brasil3

E realmente, assiste razão ao presidente Lula, a imprensa verdadeiramente independente, tem o dever moral, ético e profissional de lutar contra essa injustiça cometida ao jornalista Julian Assange, pois, não se trata apenas de uma condenação de um profissional, essa abjeta decisão pode ser, como dito alhures, um perigoso precedente contra a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos humanos. Chega, já passou da hora da imprensa denunciar, de maneira clara, os ataques e as barbáries cometidas pelos imperialistas do norte, mundo afora.

Pela liberdade do jornalista Julian Assange!

 

   

 

 

   

 

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1 Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/12/01/extradicao-de-assange-e-precedente-perigoso-contra-a-democracia-diz-editor-do-wikileaks
2 Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-londres-lula-defende-julian-assange-e-uma-vergonha-que-um-jornalista-que-denunciou-falcatruas-esteja-preso/
3 Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-londres-lula-defende-julian-assange-e-uma-vergonha-que-um-jornalista-que-denunciou-falcatruas-esteja-preso/