Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

terça-feira, 31 de outubro de 2017

A DITADURA DO SISTEMA JUDICIAL BRASILEIRO

Transcrevemos abaixo o preciso e corajoso texto do ex-representante da Interpol, Armando Rodrigues Coelho Neto, postado no site GGN https://jornalggn.com.br
Capitão Nascimento, Sergio Moro, Bretas e o sargento da Paraíba
 “Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”, disse certa feita Luís Fernando Veríssimo. Se pudesse tentar ir além, eu diria que às vezes, o nome do jornalista que comete o crime de imprensa também. Do mesmo modo, o fato pode ser verdadeiro, embora descontextualizado ou a serviço de golpes de estado. Exemplo: Farsa Jato. Digo isso a propósito de me isentar de alguma responsabilidade sobre o que escrevo. Incrédulo, se eu fosse mais honesto começaria todas as falas com expressões do tipo reza a lenda que...
Fui, com prejuízo, avalista de um aluguel para uma pessoa conhecida, proprietária de uma “lan house” e sorveteria no centro de São Paulo. Eu, que não sou capaz de gerenciar um carrinho de pipoca, seria o proprietário oculto, o que levou a Polícia Federal a bisbilhotar minha riqueza. Tempos depois, eu lá estava, quando baixou a tropa de choque da assassina PM paulista, liderada por um truculento graduado militar, visivelmente inspirado no capitão Nascimento, que parecia fazer sucesso naquela época. Decepcionados com sorvetes, colheres de plástico e casquinhas de waffles, resolveram revistar bolsas e bolsos...
Claro que a truculência foi parar na “serena e imparcial” corregedoria da PM para não dar em nada e ainda ter que ouvir um “aonde o senhor quer chegar com isso?”. A tropa recebeu uma denúncia, deveria fazer o quê? Pergunta que muito a gosto deve ter inspirado um representante da Guarda Metropolitana paulista, que em vídeo declarou que a abordagem de pobre não pode ser igual a de rico e essa é a orientação que dá a seus subordinados. Pode ter inspirado o delegado da Civil que foi procurar droga na casa do filho do ex-presidente Lula e acabou levando computadores e documentos. Portanto, Sérgio Moro já pode até ter mais um papel sem assinatura contra o seu desafeto figadal.
Eis um conjunto inspirador que pode ter servido de mote para o ridículo filme (não vi e não gostei) a “Lei é para todos”, menos para Aécio Neves - bandido de estimação da maioria absoluta da Polícia Federal. Foi nessa onda de inspiração, que durante uma audiência, em Curitiba, os oficiantes da Farsa Jato interpretaram como possível ameaça algumas falas do ex-presidente Lula. O que o senhor quis dizer quando disse isso e aquilo no discurso no lugar tal e tal, perguntou Moro. Em clima de interpretações legais rasteiras, o Ministério Público Federal, para construir a imagem de bandido na figura de Lula, interpretou ações penais legítimas (jus sperniandi) como atos intimidatórios e ameaça.
Voltemos aos jornais e suas datas. Durante uma audiência com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Bretas sentiu cheiro de ameaça numa fala do réu, que falou de uma suposta loja de bijuterias da mulher do juiz, num contexto em que se falava de joias.  “É no mínimo suspeito e inusitado o acusado, que não só responde a este processo como a outros, venha aqui trazer em juízo informações sobre a rotina da família do magistrado”. Por que jornais? Porque se é verdade o que veicularam, não houve ameaça e mais uma vez impetrou a hermenêutica subjetiva e não me venham dizer que estou defendendo bandido.
Eis que o corporativismo entrou em cena, a associação dos magistrados emitiu nota contra qualquer ameaça a juízes (quem é a favor?). Os mais rígidos observadores do Direito Penal são categóricos no sentido de que, sequer veladamente, o fato configuraria ameaça. Se Cabral precisa ser transferido por razões outras, o juiz da causa escolheu mal o momento. Se o juiz tinha alguma informação de ameaça pessoal, lógico que pegou na palavra no primeiro indício, glamourizando assim, via Rede Globo de Televisão, a audiência com o inimigo público do Rio de Janeiro. 
Esse surto inspirador do subjetivismo do Poder Judiciário causou perplexidade até ao golpismo dos Mesquitas. Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo tratou a postura de Bretas como um exagero - “entrevero menor... inspirado por suscetibilidades pessoais”. Diz ainda que “mesmo excluindo a hipótese mais extrema”, o regime rigoroso da penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS), “onde se encontram grandes traficantes e líderes de organizações criminosas, prisão federal não se coaduna com o comportamento de Cabral”. Em síntese, alguns olhos parecem se abrir para os descaminhos do judiciário. Inspirado em quem?
Pois bem. Li recentemente que uma estudante do Curso de Letras da Universidade Estadual da Paraíba (Guarabira) escreveu no mural daquela instituição de ensino a seguinte frase: “Seja marginal, seja herói”. A frase é de Hélio Oiticica, fruto de uma série de trabalhos da década de 60/70, que ficaram conhecidos como marginalia. O autor morou na Mangueira, onde viviam também marginais. Ele descobriu um olhar artístico fora do conceito elitizado de cultura. Do plástico ao escrito, havia marcas da violência, crítica e contraponto aos conceitos de então. Chegou-se a falar em arte e cultura na idade da pedrada...
Um policial militar do 4° Batalhão local não gostou da frase e apagou. Ao se deparar com a estudante tentando reescrever, deu voz de prisão por apologia ao crime e dano ao patrimônio público. Ao interceder em favor da jovem, o diretor do Centro de Humanidades também foi enquadrado. A reportagem de 27/10 não fala a patente do policial, mas pela pujança judicante é de se concluir ter sido um sargento...
Ironias à parte, a onda de autoritarismo e de militância subjetivista vem se intensificando. Faz parte da síndrome de ativismo político-judicial, de forma que cada um, em sua esfera de “poder”, quer mostrar seu engajamento com a gelatinosa síndrome “sejumoriana”. O mais grave é que a ela está se somando a cada dia à burrice, à mesma ignorância que imperou entre os adoradores de pato, das panelas silenciosas e que hoje protestam contra museus...

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

"A RAIVA É FILHA DO MEDO E MÃE DA COVARDIA...”

Por: Odilon de Mattos Filho

No dia 08.05.2002, o mestre Dalmo Dallari profetizou: “Se essa indicação [se referindo a Gilmar Mendes para ministro do STF]  vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional1”. 

Hoje, para aqueles que achavam exagero e uma posição ideologizada do Professor Dalmo Dallari, pelo fato da indicação de Gilmar Mendes ter sido feita por FHC, fica muito claro que a profecia do respeitado professor é uma dura realidade que se pode constatar pelo próprio comportamento, ou melhor, mau comportamento, do ministro, dentro e fora da Corte.

A própria vida pessoal de Gilmar Mendes é muito questionável. O jornalista Paulo Nogueira citando reportagem do jornalista Leandro Fortes da revista “Carta Capital” corrobora essa afirmativa. Segundo a matéria, “Gilmar Mendes é dono do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Trata-se uma escola de cursinhos de direito cujo prédio foi construído com dinheiro do Banco do Brasil sobre um terreno, localizado em área nobre de Brasília, praticamente doado (80% de desconto) a Mendes pelo ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz...O IDP, à época da matéria, fechara 2,4 milhões em contratos sem licitação com órgãos federais, tribunais e entidades da magistratura, volume de dinheiro que havia sido sensivelmente turbinado depois da ida de Mendes para o STF, por indicação do ex-presidente FHC... O corpo docente do IDP era formado, basicamente, por ministros de Estado e de tribunais superiores, desembargadores e advogados com interesses diretos em processos no Supremo...Isso, por si só, já era passível de uma investigação jornalística decente, o que, aliás, foi feito pela Carta Capital quando toda a imprensa restante, ou se calava, ou fazia as vontades do ministro em questão2.

Não achamos exagero algum acrescentar na profecia do professor Dallari que Gilmar Mendes, além, do perigo que sempre representou, contaminou, também, negativamente o Judiciário, tornando-se um dos responsáveis pela degradação que assola o STF desde o julgamento da Ação Penal 470, onde a Corte apequenou-se, acovardou-se e deixou de ser Suprema ao julgar de acordo com a opinião publicada.

O ministro Gilmar Mendes tenta passar a imagem de homem transparente, positivo e cortês, mas a realidade é outra! Malgrado o seu vasto conhecimento jurídico, trata-se de um magistrado que tem lado, que adora falar fora dos autos, é sedento pelos holofotes da mídia e  invariavelmente constrange seus pares se comportando de maneira desleal, raivosa, grosseira, intransigente e mal educada. As favas o decoro que o cargo exige, diria o “nobre” ministro!

É sabido que fatos graves para a carreira de um magistrado marcam a vida do ministro Gilmar Mendes, especialmente, com as suas intervenções políticas/partidárias e no seu dever de ofício. 

Foi amplamente divulgado, que por duas vezes o ministro foi pego em conversas constrangedoras com Aécio Neves. Na primeira, Aécio pede a sua intervenção junto ao senador Flexa Ribeiro sobre a votação do projeto de lei que trata do abuso de autoridade, depois, durante a votação do afastamento de Aécio Neves a PF gravou quarenta e seis ligações criptografadas entre o senador/réu e o ministro Gilmar Mendes, aliás, Gilmar Mendes é relator em quatro processos contra Aécio Neves, o que, claramente, o coloca em suspeição.

Aliás, vários outros fatos questionáveis da vida funcional de Gilmar Mendes testemunha contra ele, como por exemplo, os casos dos polêmicos “habeas corpus” em favor do banqueiro Daniel Dantas, do médico Roger Abdelmassih e em favor do “rei do ônibus”, Jacob Barata, do Rio de Janeiro, para ficarmos nesses poucos casos.

Recentemente mais polêmica! Logo depois da vergonhosa Portaria escravagista do Ministério do Trabalho, Gilmar Mendes não perdeu tempo e saiu em defesa do governo, contrariando o mundo e constrangendo o STF. Disse o minmistro: “Eu, por exemplo, acho que me submeto a um trabalho exaustivo, mas com prazer. Eu não acho que faço trabalho escravo. Eu já brinquei até no plenário do Supremo que, dependendo do critério e do fiscal, talvez ali na garagem do Supremo ou do TSE, alguém pudesse identificar, 'Ah, condição de trabalho escravo!'. É preciso que haja condições objetivas e que esse tema não seja ideologizado3

Neste contexto é público, também, que Gilmar Mendes com a sua costumeira prepotência e sarcasmo, sempre desperta a ira de seus colegas que volta e meia retiram debaixo dos tapetes da Corte certas verdades sobre o ministro Gilmar Mendes, como foi o caso do julgamento da Ação Penal 470, quando o ministro Joaquim Barbosa respondendo Gilmar Mendes, disse: “...Vossa Excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite....Vossa Excelência me respeite, Vossa Excelência não tem condição alguma. Vossa excelência está destruindo a justiça desse país e vem agora dar lição de moral em mim? Saia a rua, ministro Gilmar. Saia a rua, faz o que eu faço....Vossa excelência não está na rua não, vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso!4

Semana passada, o ministro Gilmar Mendes volta às manchetes dos jornais por conta de mais uma discussão com seus pares, desta feita com o ministro Roberto Barroso que trouxe à tona o mau caratismo de Gilmar Mendes, afirmando:"...Vossa Excelência normalmente não trabalha com a verdade...Vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é estado de direito, é estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário...Não transfira a parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco...Vossa Excelência devia ouvir a última música do Chico Buarque: a “raiva é filha do medo e mãe da covardia5”.

E é exatamente por conta dessa postura tirânica, imperial, partidarizada que o ministro Gilmar Mendes acumula inúmeros desafetos, inclusive, a sua própria carreira de ministro do STF está na berlinda por conta de vários pedidos de impeachment. O último pedido é da lavra do ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles em conjunto com constitucionalista Marcelo Neves, professor da UnB. Alegam os autores que Gilmar Mendes não poderia participar de julgamentos dos quais uma das partes, segundo o próprio ministro, é seu velho amigo; exerce atividade política/partidária, age de forma incompatível com a honra, a dignidade e o decoro do cargo, dentre outras acusações que sustentam o pedido de impeachment.

O primeiro pedido foi indeferido monocraticamente, pelo presidente do senado à época, Renan Calheiros, decisão que está sendo questionada junto ao STF e que, provavelmente, será mantida. Mas, não temos dúvidas de que todos os pedidos que porventura forem protocolados no Senado Federal, serão protamente indeferidos, pois, Gilmar Mendes possui, como bem afirmou o ministro Barroso, uma relação de compadrio com a maioria dos parlamentares do Congresso Nacional, além do que, Gilmar Mendes é declaradamente um “tucano” e como tal é inimputável!





























1 Fonte: Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/poder/61842/Dalmo-Dallari-sobre-Gilmar-Mendes-%E2%80%9CEu-n%C3%A3o-avisei%E2%80%9D.htm
2 Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-carreira-pouco-edificante-de-gilmar-mendes-em-perguntas-e-respostas-por-paulo-nogueira/
3 Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,meu-trabalho-e-exaustivo-mas-nao-e-escravo-diz-gilmar-mendes,70002052511
4 Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/07/relembre-frases-de-joaquim-barbosa-no-supremo-tribunal-federal.html 
5 Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/07/relembre-frases-de-joaquim-barbosa-no-supremo-tribunal-federal.html

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

MENSALÃO DO TEMER

Por: Odilon de Mattos Filho

Os brasileiros, certamente, se lembram da fatídica Ação penal 470, fruto de uma denúncia do deputado Roberto Jefferson que acusou o governo Lula de oferecer “mesadas” aos deputados para aprovar matérias de interesse do governo. Esse escândalo ficou conhecido como o “mensalão Petista”. 

Nessa mesma época apareceu o “mensalão tucano” fruto de um escândalo de financiamento de campanha com utilização de recursos públicos e doações ilegais para a reeleição do tucano e ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo. Vários empresários e políticos, como o ex-governador Azeredo foram denunciados por crime de peculato e lavagem de dinheiro.

Esses dois processos, como não poderia ser diferente, tiveram caminhos e resultados totalmente diversos: o “mensalão Petista” tramitou no STF, mesmo com réus que não gozavam de foro privilegiado por prerrogativa de função e vários foram condenados e outros, depois de ter suas reputações achincalhadas pela “mídia nativa”, foram absolvidos. Já o processo do “mensalão tucano” teve um resultado totalmente diferente. Eduardo Azeredo principal denunciado, era deputado federal à época e depois de sua denúncia, estrategicamente, renunciou ao cargo de deputado, com isso perdeu o “foro privilegiado” e o seu processo foi encaminhado para o TJ/MG, onde se encontra dormindo em berço esplendido aguardando a prescrição. Aliás, aqui começa a imputabilidade dos tucanos que perdura até nos dias de hoje.

Fizemos esse retrospecto por algumas razões: primeiro, para corroborar o nosso argumento de que o golpe teve inicio com o “mensalão Petista”, segundo, para ratificar a premissa da parcialidade do Sistema Judiciário brasileiro, terceiro, porque é importante salientarmos que na política os fatos pretéritos são valiosos para analisarmos o presente e em muitos casos projetar o futuro, e por derradeiro, para confrontar os fatos acima citados com os atuais acontecimentos políticos. 

São públicas as graves denúncias contra Michel Temer e vários ministros de estado, todos acusados pelo PGR de envolvimento e participação direta em escândalos de corrupção. A denúncia acusa Michel Temer como líder de um esquema de recebimento de propina do qual participavam vários ex-deputados peemedebistas. Os valores movimentados passaram da casa de R$ 1,0 bilhão de reais. Os recursos teriam sido desviados de operações com a Petrobras, Caixa Econômica Federal, Furnas, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. Oferecidas essas denúncias, o Congresso Nacional, conforme prescreve a CF/88, as apreciaram e depois as rejeitaram, livrando Michel Temer de perder o seu mandato. 

Até aqui toda a tramitação dos dois processos seguiram, rigorosamente, a legislação vigente e os comandos constitucionais. Porém, o resultado político é um dos maiores escândalos da história da república, pois, o modus operandi para se chegar ao resultado do arquivamento das duas denúncias está marcado por falcatruas, aliciamentos e corrupção, aliás, isso foi amplamente divulgado pela imprensa que demonstrou o incansável esforço do governo para cooptar, comprar e subornar os deputados para votar contra as denúncias. A propósito, segundo os jornais, os gastos com a compra de votos ultrapassaram a importância de R$ 32 bilhões de reais, sem contar o loteamento de cargos públicos e outros sórdidos afagos como, por exemplo, o agrado à bancada ruralista com a regulamentação da escravidão. 

E é exatamente este arquivamento das duas denúncias que nos levam a fazer a retrospectiva acima citada, pois, os dois acontecimentos guardam total similaridade e nos instiga para os seguintes questionamentos: se a denúncia do “mensalão Petista” foi amparada na suposta compra de votos de deputados para aprovar matérias de interesse do governo Lula, por que a “judiciosa” Procuradora-geral da República não instaurou, até o momento, nenhum procedimento investigatório para apurar essa clara e inequívoca compra de votos, por duas vezes, por parte de um presidente já denunciado por vários crimes? Qual a diferença entre o "mensalão Petista" e o "mensalão peemedebista"? Será que o Ministério é publico mesmo ou é privado? Será que Michel Temer e seu bando, são, também, assim como os tucanos, inimputáveis? 

Outras perguntas já estão pipocando mundo afora, como, por exemplo, a do jornal inglês "The Guardian" que pergunta: "Acusado de corrupção e com popularidade beirando a zero, por que o presidente do Brasil ainda está no cargo"? E o próprio repórter que assina a matéria responde: “o mercado não liga pra corrupção. Temer tem orçamento suficiente para subornar o congresso e os protestos anticorrupção foram basicamente contra a Dilma e não contra a corrupção1”. 

O fato concreto é que se houve o “mensalão Petista" há, também, o “mensalão peemedebista" comandado por Temer, porém, com uma diferença substancial, esse último está comprovado e é infinitamente mais grave e danoso, pois, tem como objetivo central a destruição do Brasil como Nação independente e soberana! Com a palavra a nobre Procuradora-geral da República..!











1Fonte:https://www.theguardian.com/world/2017/oct/17/accused-of-graft-popularity-near-zero-so-why-is-brazils-president-still-in-office?CMP=share_btn_fb

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

DESTRUINDO, COM HUMOR, A DIREITA PRECONCEITUOSA

terça-feira, 24 de outubro de 2017

AS FAVAS A REPUTAÇÃO DO RÉU!

Por Odilon de Mattos Filho
[Eles] “têm poder político e econômico que pode ser utilizado indevidamente para gerar impunidade, independentemente da culpa. Então, é necessário contrabalançar esse poderio, não só com a ação firme da Justiça, mas com o apoio da opinião pública. Daí a importância da publicidade e da transparência desses processos, da liberdade de expressão e de imprensa, isso não para manipular a opinião pública, mas para obter o apoio necessário através da demonstração da correção da ação da Justiça1”.

Você sabe quem fez essa declaração? Parece inacreditável, mas foi um magistrado, precisamente, o juiz Sérgio Moro em entrevista concedida ao jornal “Estado de São Paulo”. Aqui fica claro que o “judicioso” magistrado entende que se deve dá publicidade aos processos penais, especialmente, aqueles que envolvem malversação do erário público, independentemente, da culpabilidade do réu, ou seja, o réu deve ser execrado e exposto a opinião pública, se no final do processo for inocentando, paciência, ou melhor, dane-se a sua reputação, o seu estado psicológico ou o dano moral sofrido. É, exatamente, assim que pensa o nobre e midiático magistrado.

Mas na verdade todo esse pensamento e modus operandi faz parte de uma operação muito bem planejada, onde a farda deu lugar à toga com servidores do campo conservador comprometidos com os interesses das elites, do poder econômico nacional e internacional e com propósitos vingativos, partidarizados e ideologizados e tudo sob o falso moralismo de combate à corrupção, muito semelhante a vários líderes moralistas de outrora que acabaram se sucumbindo junto com a história. 

A propósito, sobre esses falsos moralistas o brilhante ministro Ricardo Lewandowski nos ensina: “...o moralismo representa uma espécie de patologia da moral...No campo do direito, os moralistas expandem ou restringem esse conceito conforme lhes convém, interpretando as regras jurídicas segundo sua visão particular de mundo. Sobrevalorizam a "letra" da lei, necessariamente voltada ao passado, em detrimento do "espírito" da lei, que abriga interesses perenes... A crônica da humanidade é pródiga em desvelar o trágico fim de moralistas que empolgaram o poder e exercitaram aquilo que consideravam direito a seu talante. Basta lembrar a funesta saga do monge Girolamo Savonarola (1452-1498), o qual, com pregações apocalípticas, extinguiu o virtuoso capítulo do Renascimento florentino. Acabou seus dias ardendo numa fogueira....2

E é sabido que essa onda de moralismo teve inicio com o ministro Joaquim Barbosa, aliás, o próprio “juiz de piso” Sérgio Moro, disse que essa limpeza teve inicio com o mensalão e que a “Lava Jato se insere em um ciclo iniciado de maneira mais incisiva pela Ação Penal 470 no sentido de pôr um fim à impunidade dos crimes praticados pelos poderosos3”. 

E realmente assiste razão ao Juiz Moro, só se esqueceu de afirmar que foi no mensalão que iniciou essa persecução penal contra, o Lulopetismo, onde se abusou, como agora, das anomalias jurídicas, do descumprimento da Constituição Federal, da legislação penal, dos direitos e garantias do cidadão, da negação do devido processo legal, enfim, o Estado de Direito Democrático foi e está sendo mandado às favas. O emblemático voto da ministra Rosa Weber, ou melhor, do assistente da ministra, juiz Sergio Moro, no fatídico mensalão atesta essa posição do Sistema Judiciário: “Não tenho provas contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite4”.

Aliás, sobre o Sistema Judiciário o ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère fez uma precisa e corajosa análise: "...Lamentavelmente o Poder Judiciário no Brasil ainda reflete as origens de um Brasil patrimonialista e submetido às oligarquias locais...Por essa ligação do [Sistema Judiciário] esse complexo de repressão tem, historicamente, uma dependência e reverência às estruturas e as elites políticas e econômicas...O Poder Judiciário no Brasil tem demonstrado uma extrema permeabilidade à opinião publicada e à opinião majoritária imposta pelo setor dominante..5” 

De resto, podemos concluir que depois da Ação Penal 470, após, o silêncio obsequioso do STF com a reconhecida ilegalidade e inconstitucionalidade do impeachment da presidenta Dilma e com o caminho trilhado pela Operação Lava-jato, sintetizada na lamentável entrevista do juiz Sérgio Moro, é no mínimo plausível, afirmarmos que o Sistema Judiciário brasileiro, apequenou-se e acovardou-se, não sendo exagero algum aplicar para as recentes decisões do Judiciário do Brasil a célebre frase do Juiz, Robert Jackson da Corte Suprema dos EUA:“...certos julgamentos não passam de uma cerimônia legal para averbar um veredito já ditado pela imprensa e pela opinião pública que ela gerou6”.






1 Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/a-vergonha-esta-do-lado-de-quem-se-opoe-a-lava-jato/
2 Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1929566-moral-moralismo-e-direito.shtml
3 Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/a-vergonha-esta-do-lado-de-quem-se-opoe-a-lava-jato/
4 Fonte: http://www.apn.org.br/w3/index.php/opiniao/7134-voce-acreditaria-num-juiz-que-julga-dessa-forma-nao-tenho-provas-mas-vou-condena-lo
5 Fonte: http://www.mst.org.br/2016/06/28/criminalizam-se-os-movimentos-populares-por-forca-da-ligacao-do-poder-judiciario-na-sua-base-com-as-estruturas-das-elites-economicas.html
6-Fonte: http://ggnnoticias.com.br/noticia/barbosa-ganha-tempo-para-convencer-celso-de-mello-a-mudar-de-posicao

terça-feira, 17 de outubro de 2017

OBAMA TÁ CERTO..! LULA: "ESSE É O CARA..!"

Reproduzimos abaixo o preciso e brilhante texto de um jovem chamado Gustavo Conde. O texto foi recebido pelo grande jornalista Fernando Brito que o acrescentou em seu artigo transcrito no seu sitio “Tijolaço”. http://www.tijolaco.com.br/blog/elite-persegue-lula-mas-o-sentido-de-lula-persegue-elite-por-gustavo-conde/

"Eu não queria dizer isso. Pode ferir sensibilidades, desmanchar castelos de areia, coisa e tal. Mas, que se dane. O fato, nu e cru, é que Lula vai sendo canonizado, imortalizado e santificado no altar máximo da glorificação histórica. Nem Che Guevara, nem Fidel Castro, nem Nelson Mandela chegaram perto dessa dimensão.

E essa consagração é insuspeita: não há maior prêmio nem maior insígnia do que ser perseguido e caçado com este nível de violência pelo aparelhamento judicial e financeiro em uníssono, com o auxílio de toda a imprensa e dos serviços de “inteligência” nacionais e estrangeiros. É o maior reconhecimento de uma vida que teve um sentido maior, léguas de distância do que a maioria de nós poderia sonhar.

Nem todos os títulos honoris causa do mundo juntos equivalem a essa deferência: ser perseguido por gente do sistema, por representantes máximos do capital, da normatização social e da covardia intelectual, gente que pertence ao lado fascista da história.

Não há Prêmio Nobel que possa simbolizar a atuação democrática de Lula no mundo, nem todos os prêmios que Lula de fato ganhou ou recusou (a lista é imensa, uma das maiores do mundo). Porque a honraria mesmo que se desenha é esta em curso: ser o alvo máximo do ódio de classe e o alvo máximo do pânico democrático que tem fobia a voto.

Habitar 24 horas por dia a mente desértica dos inimigos da democracia e povoar quase a totalidade do noticiário político de um país durante 40 anos, dando significado a toda e qualquer movimentação social na direção de mais direitos e mais soberania, acreditem, não é pouco.

Talvez, não haja prêmio maior no mundo porque Lula é, ele mesmo, o prêmio. É ele que todos querem, para o bem ou para o mal. É o líder-fetiche, a rocha que ninguém quebra, o troféu, a origem, a voz inaugural, rouca, que carrega as marcas da história no timbre e na gramática.

Há de se agradecer essa grande homenagem histórica que o Brasil vem fazendo com extremo esmero a este cidadão do mundo. Ele poderia ter sido esquecido, como FHC. Mas, não. Caminha para a eternidade, para o Olimpo, não dos mártires, mas dos homens que lutaram e fizeram valer uma vida em toda a sua dimensão espiritual e humana".


UM RETRATO FALADO DOS GOLPISTAS E SUAS PRETENSÕES (Vídeo: Bob Fernandes)



Vídeo: Bob Fernandes

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

STF ESTÁ DIANTE DA PROVA INCONTESTÁVEL DO GOLPE


Por Odilon de Mattos Filho

Quando do impedimento da presidenta Dilma escrevemos um texto denunciando a ilegitimidade, a ilegalidade e a inconstitucionalidade deste processo de impeachment. O texto vai ao encontro das inúmeras manifestações de juristas pátrios e da repercussão na imprensa, nos organismos e de autoridades internacionais que questionaram, à época, o processo que destituiu uma mandatária eleita, democraticamente, por 54 milhões votos.

Naquela oportunidade, citamos, por exemplo, o insuspeito jornal New York Time, que afirmou à época: “...incapazes de acusá-la [presidente Dilma] por corrupção, seus adversários estão tentando impeachment por manipulação orçamental envolvendo o uso de recursos de bancos estatais para cobrir lacunas de orçamento. Deve-se lembrar que Dilma é uma das raras figuras políticas no Brasil que não estão enfrentando acusações de enriquecimento pessoal ilícito1”.

Neste mesmo diapasão o Secretário-geral da OEA, Luis Almagro, asseverou: “...Para nós o fundamental é a realização de um processo de impeachment de uma presidenta que não é acusada de nada, não responde por nenhum ato ilegal. É algo que verdadeiramente nos preocupa, sobretudo porque vemos que entre os que podem acionar o processo de impeachment existem congressistas acusados e culpados. É o mundo ao contrário...2”

Por sua vez, o ex-primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates sentenciou: “..O impeachment da presidenta Dilma é uma vingança política da direita, que não aceita a derrota nas urnas...Destituição sem delito e sem fundamento. É um golpe político da direita, porque agora não mobilizam os militares; é impedir a candidatura de Lula à presidência em 2018. É utilizar a Justiça para condicionar eleições3”.

Mas mesmo diante de todas essas e outras manifestações em repúdio ao processo de impedimento da presidenta Dilma, não foi possível barrar o seu afastamento, pois, tudo foi feito de maneira meticulosa e muito bem planejada, só faltou combinar com os próprios bandidos da quadrilha que assaltaram o Poder.

Hoje se comprova que o impeachment da presidenta Dilma não passou de uma abjeta manobra política/jurídica/midiática com o apoio decisivo do empresariado nacional e internacional que financiaram grupos de direita que organizaram as grandes manifestações que ecoaram no Parlamento Nacional. 

Logo depois da posse de Michel Temer começaram a vir à tona os objetivos do golpe: primeiro, o senador Romero Jucá tentou “estancar essa porra” se referindo à operação lava-jato, depois veio o corte das políticas de inclusão social, em seguida o golpe contra a classe trabalhadora que perdeu vários direitos trabalhistas e previdenciários, e por fim, o golpe contra a soberania nacional com as “privatifarias” e a entrega de nossas riquezas ao capital internacional e aos rentistas de plantão. 

Para muitos juristas só os fatos das conversas do senador Romero Jucá e os claros objetivos do golpe, já seriam suficientes para que o STF analisasse o processo de impedimento da presidente Dilma. A propósito, já completou um ano o mandado de segurança impetrado junto ao STF pelo Advogado Eduardo Cardozo, que alega que o processo de impeachment está manchado pelo desvio de finalidade, por motivação vingativa de Eduardo Cunha por ter sido abandonado pelo PT no Conselho de Ética, e pela ausência de base jurídica, qualificando o afastamento como processo meramente político. 

Mas por incrível que pareça essa ação dorme em berço esplendido aguardando a manifestação dos ilustres ministros que estão muito atarefados e preocupados em julgar ações mais importantes para os brasileiros como, por exemplo, aquelas que permitam ou não a venda de pipocas nos cinemas. 

Evidente, que os argumentos, até então colocados, sobre a possiblidade de anulação do impeachment suscitam muitas controvérsias, tanto, que outros juristas sustentam que essas alegações são muito subjetivas e insuficientes para se anular o referido processo. 

Porém, passados mais de um ano do impeachment, eis que surgem novos e incontestáveis fatos que comprovam, de maneira cabal, que o processo que apeou a presidenta Dilma está viciado e que não passou de uma abjeta conspiração promovida por um bando de deputados, senadores, empresários, barões da mídia e do próprio Michel Temer para assaltar o Poder e implementar as políticas de seus interesses.

Foi amplamente noticiado o depoimento do doleiro Lúcio Funaro confessando ter providenciado R$ 1,0 milhão para Eduardo Cunha comprar votos para o impeachment da presidenta Dilma. Esse doleiro é conhecidíssimo no meio político e no mercado. Ele já atua nos bastidores da corrupção desde o escândalo do Banestado em 2003, no esquema de venda de sentença judiciais na Operação Themis em 2007 e depois foi preso na Operação Satiagraha, em 2008.

Esse depoimento joga, definitivamente, o Brasil na vala de esgoto e não deixa qualquer margem de dúvida de que o processo de impedimento da presidenta Dilma só ocorreu por duas razões: a primeira, porque três deputados do PT se recusaram a votar a favor de Eduardo Cunha na Comissão de Ética e a outra decisiva razão veio à tona com esse depoimento da compra de votos pró-impeachment. 

Assim, não paira dúvida de que esse processo, além, de está maculado por atos ilegais e imorais, mostra, também, que “a democracia brasileira foi roubada por Eduardo Cunha, confirmando-se, ainda, o que todos já sabiam: o golpe contra a presidente Dilma Rousseff e contra a própria democracia brasileira foi comprado – o que rebaixa o Brasil ao nível mais baixo de degradação institucional e moral4”. 

A propósito, nesse mesmo sentido Jeferson Miola escreveu: “...Qualquer que seja o ângulo de observação da realidade chega-se à conclusão que o impeachment foi uma das mais burlescas farsas políticas da história do Brasil: [1] faltou-lhe fundamentação fática, legal e constitucional; porque não existiu e nunca foi demonstrado crime de responsabilidade, e [2] a maioria composta por 367 deputados que aprovaram a farsa em 17 de abril de 2016 foi comprada.5.” 

O dado importante desse depoimento de Lúcio Funaro é que ele pode descalibrar, de maneira definitiva e perigosa, a balança do Poder Judiciário. Outrora, o STF, sem prova, condenou vários réus na Ação Penal 470 (mensalão), por suposta compra de deputados para aprovar certas matérias de interesse do governo Lula. Desta feita, é a denúncia, comprovada, da compra dos Deputados para aprovar o impeachment da presidenta Dilma que está na balança. 

Na nossa visão só há uma maneira para que a balança do Judiciário volte ao seu equilíbrio natural, ou a Corte se mostra Suprema e anula o processo de impeachment da presidenta Dilma ou entra para história como uma mera instância judicial aparelhada, apequenada e acovardada...! 











2 Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/politica/oea-201cdilma-nao-e-acusada-de-nada201d
3 Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/10/internacional/1460312244_103472.html
4 Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/poder/322425/STF-tem-obriga%C3%A7%C3%A3o-moral-de-anular-o-golpe-comprado-por-Eduardo-Cunha.htm
5-Fonte: https://www.brasil247.com/pt/colunistas/jefersonmiola/322631/O-pre%C3%A7o-do-impeachment-e-o-valor-do-STF.htm

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A MÍDIA E O SISTEMA JUDICIÁRIO NO BANCO DOS RÉUS

Por Odilon de Mattos Filho - 03/10/2017
Por inúmeras vezes afirmamos nesse espaço que a sanha persecutória inaugurada na Ação Penal 470 (Mensalão) e recrudescida na Operação Lava-jato, malgrado a sua importância, já ultrapassou todos os limites da razoabilidade e já colocou em cheque o Estado Democrático de Direito. 

Não podemos nos esquecer de dois fatos, dentre tantos, que ocorreram na Ação Penal 470 e que, são emblemáticos, e que certamente já entraram para a história como uma mancha indelével do Poder Judiciário. O primeiro, diz respeito ao voto da Ministra Rosa Weber: “Não tenho provas contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite”. O Ministro Joaquim Barbosa, corroborando a parcialidade deste julgamento respondeu assim ao Ministro Luiz Roberto Barroso: "foi feito para isso" se referindo à exacerbação nas penas, como impulso para superar a prescrição do crime de quadrilha imputado aos réus. 

Após a vergonha e as inúmeras críticas de juristas pátrios sobre o julgamento do "mensalão, imaginávamos que essa postura estava vencida. Ledo engano! Veio a Operação Lava-jato e assistimos perplexo, a presunção de inocência se tornar letra morta na Constituição Federal, o devido processo legal ser maculado por anomalias jurídicas e ilegalidades, enfim, a sanha persecutória longe de ser uma exceção, se tornou regra, e os exemplos são muitos como já demostramos em outros artigos. 

A propósito, vários juristas e ministros do STF já se posicionaram contrários a essas anomalias da Operação Lava-jato que enxovalham o devido processo legal, como por exemplo, o Ministro Ricardo Lewandowski que escreveu: “...Prisões provisórias que se projetam no tempo, denúncias baseadas apenas em delações de corréus, vazamentos seletivos de dados processuais, exposição de acusados ao escárnio popular, condenações a penas extravagantes, conduções coercitivas, buscas e apreensões ou detenções espalhafatosas indubitavelmente ofendem o devido processo legal em sua dimensão substantiva, configurando, ademais, inegável retrocesso civilizatório1”. 

Mas, mesmo diante dessas críticas, não houve, ainda, um posicionamento firme e decisivo da Corte Suprema que parece temer a opinião publicada. 

O grande mal dessas persecuções penais desenfreadas, desde o “mensalão”, não são apenas os resultados nefastos à liberdade, mas, também, com relação à vida dos investigados ou réus. Não temos dúvidas de que muitos abusos podem caracterizar crimes, ao menos culposos, como os exemplos a seguir. O dirigente do PT Luiz Gushikem fora condenado injustamente o que o levou a desenvolver um câncer e poucos dias antes do seu falecimento a Justiça reconheceu a sua inocência, mas já era tarde, Gushikem falecera. Fato semelhante aconteceu com José Genuíno que não faleceu, mas tem uma vida extremamente melindrosa e sob cuidados médicos. 

Após a deflagração da Operação Lava-jato casos semelhantes, também, aconteceram. O primeiro foi o falecimento da esposa do presidente Lula, Dona Marisa Letícia que não aguentou a pressão e a incessante caçada e faleceu após o rompimento de um aneurisma. E agora, recentemente, mais um caso que chocou o mundo acadêmico que foi o “suicídio” do Reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, acontecido no Beiramar Shopping, em Florianópolis. 

O Professor tinha apenas 59 anos, estava afastado da UFSC por determinação judicial. Ele e outras seis pessoas foram presas preventivamente e estão sendo investigadas na Operação “Ouvidos Moucos”, da PF, que apura desvio de recursos em cursos de Educação a Distância oferecidos pelo programa Universidade Aberta no Brasil na UFSC. 

O absurdo deste caso é que os fatos supostamente ilícitos, foram cometidos na gestão que antecedeu o Reitor Luiz Carlos Cancellier, aliás, a PF e a Procuradoria tinham ciência disso, inclusive, esse fato já era objeto de uma investigação interna, mas mesmo assim, decretaram a prisão do Professor e de outros funcionários da UFSC. 

O Professor, após, a sua injusta prisão e já em liberdade, entrou em profunda depressão e já estava sendo acompanhado por um psiquiatra. O grau de comprometimento do seu estado emocional com essa prisão se vê no bilhete que ele escreveu e que foi encontrado junto ao seu corpo: "Minha morte foi decretada no dia de minha prisão". 

Como não poderia ser diferente, houve inúmeras manifestações nas redes sociais e páginas de jornais em solidariedade ao Professor Luiz Carlos Cancellier e em repúdio a essa sanha persecutória que tomou conta do Brasil. 

A “Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior”, assim se manifestou: “..É inaceitável que pessoas de bem, investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal. É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular. É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita...2”. 

Por seu turno, o procurador-geral de Santa Catarina, João dos Passos Martins Neto, pontuou: ".. A tragédia de sua partida ocorre sob condições revoltantes. As informações disponíveis indicam que Concellier padeceu sob o abuso de autoridade, seja em relação ao decreto de prisão temporária contra si expedido, seja em relação a imposição de afastamento do exercício do mandato, causas eficientes do dano psicológico que o levaram a tirar a própria vida..Por isso indispensável a apuração das responsabilidades civis, criminais e administrativas das autoridades policiais e judiciárias envolvidas.Que o legado do Professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo seja, em meio a tantos outros bens que nos deixou, também o de ter exposto ao país a perversidade de um sistema de justiça criminal sedento de luz e fama, especializado em antecipar penas e martirizar inocentes, sob o falso pretexto de garantir a eficácia de suas investigações..3". 

A OAB/SC assim se posicionou:”...É chegada a hora da sociedade brasileira e da comunidade jurídica debaterem seriamente a forma espetacular e midiática como são realizadas as prisões provisórias no Brasil, antes sequer da ouvida dos envolvidos, que dirá sua defesa...Reputações construídas duramente ao longo de anos de trabalho e sacrifícios podem ser completamente destruídas numa única manchete de jornal. Para pessoas inocentes, o prejuízo é irreparável. Cabe-lhes a vergonha, a dor, o sentimento de injustiça. O peso destes sentimentos pode ser insuportável..4”. 

Já o professor Nilson Lage da UFSC assim se posicionou: “Eis o motivo pelo qual nenhum homem honrado deve assumir cargos de mando em um país dominado por arrogantes bacharéis plenipotenciários...Os supostos atos ilícitos aconteceram antes de sua gestão; mas bastou a denuncia de um dedo duro para que a polícia o prendesse com ridículo espalhafato.A mídia de porta de cadeia, que desdenha da honra dos outros, fez o resto.Destruída a reputação suicidou-se por ela. Do ponto de vista da meganhada, pode ser até uma confissão. Para mm, é um grito à consciência desse país refém de justiceiros e malfeitores5”. 

Pelo Twitter, o desembargador do TJ/SC, Lédio Rosa de Andrade se manifestou:: “mataram o meu amigo Cancellier e não haverá responsável. E isso é fascismo da pior espécie6” 

Realmente estamos vivendo tempos bicudos com a sanha punitivista! A gravidade do momento político/institucional está estampada com os desmandos e a corrupção manifesta do governo central. A “mídia nativa” é partícipe e caixa de ressonância do golpismo e do descalabro em que vivemos. A propósito, o amigo leitor sabe quantos minutos que o Jornal Nacional da Rede Globo - representante maior da mídia comercial -  dedicou à cobertura sobre a morte do Reitor Cancellier? Zero! Essa omissão é prova cabal e não "convicção" da participação da mídia no golpe e nesse estado de exceção que hoje vivemos.

Mas, o mais grave de tudo isso e que coloca em cheque a democracia, são os abusos do Sistema Judiciário brasileiro que ao invés de distribuir Justiça se arvorou em trabalhar como meros justiceiros fascistas. 

Aliás, e corroborando o nosso argumento do momento de exceção que vive o Sistema Judiciário brasileiro, recrudescido com a Operação Lava-jato, buscamos nas sábias palavras do jornalista Paulo Henrique Amorim a seguinte lição: "...O lavajatismo é a fúria primitiva que tomou conta do país... É um marcatismo tropical, um ódio inquisitorial praticado por uma casta que está acima da lei, são juízes, delegados de uma polícia chamada federal e procuradores de uma república deles própria...7". 

No mais temos que ter em mente que a Operação Lava-jato não vai curar os males do Brasil com relação à corrupção, isso é pura ilusão, pois, por definição, como todos nós sabemos, lava-jato só lava por fora, por dentro onde a sujeira se esconde essa Operação não chega e não quer chegar! 





































































































































































































6- Fonte: https://www.facebook.com/Conversa.Afiada.Oficial/videos/2002400823120102/
6- Fonte: https://www.facebook.com/Conversa.Afiada.Oficial/videos/2002400823120102/