Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

TERRORISMO NO BRASIL: MAIS UM "LEGADO" DO BOLSONARISMO


Por: Odilon de Mattos Filho
O conceito de ataque terrorista, segundo alguns historiadores tem origem “no século I d.C., quando um grupo de judeus radicais, chamados de sicários (Homens de punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram considerados a favor do domínio romano. Outros indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo são os registros da existência de uma seita mulçumana, no final do século XI d. C. que se dedicou a exterminar seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido a origem da palavra assassino1

Atualmente e hipocritamente esse conceito de ato terrorista está muito ligado a algumas religiões islâmicas, não obstante observamos que os EUA, ditos paladinos da democracia, já ter realizados inúmeros ataques contra vários povos do mundo que podemos classificá-los  de ato terrorista, só não o é devido a imprensa sabuja, capitalista e subserviente ao império estadunidense que tenta vender outra imagem do país.

Uma das poucas Nações não consideradas alvos de atentados terroristas dos principais grupos do mundo é o Brasil e isso em virtude, até então, de suas características políticas, religiosas e sociais. No campo político tínhamos no Século passado, a forte presença da direita conservadora representada pelo integralismo e depois pelo udeno-lacerdismo, movimentos políticos que lutavam  no campo das ideias. Já neste século essa característica política modificou-se e a partir do ano de 2016, surge com bastante vigor a extrema-direita que colocou o Brasil no centro  do terrorismo doméstico.

É sabido que a eleição de Bolsonaro em 2018 foi o estopim para que o caldo social do país se transformasse, ou para alguns, se revelasse mostrando o seu lado sombrio que até então, era uma particularidade do período de exceção mas que, lamentavelmente, contaminou boa parte dos civis e fez com que aflorasse no Brasil a cultura do ódio, da violência, do preconceito, da misoginia e da ideologia extremista da direita, inclusive, com a defesa de torturadores e é claro o discurso pela volta da ditadura militar.

Empossado o presidente Bolsonaro em 2019, esses discursos começaram a se recrudescer e teve no presidente da república o seu principal mentor e incentivador dessas posturas antidemocráticas.

Passados os quatro anos deste desgoverno veio a eleição de 2022 e a disputa voto a voto entre Bolsonaro e Lula. Em artigo anterior onde discutimos essa eleição demonstramos a seguinte inquietação: como um presidente da república, que levou o país à total degradação das relações sociais, políticas, econômicas e com permanentes ataques ao Estado Democrático de Direito e que no campo pessoal, com um comportamento autoritário, misógino, homofóbico, racista, sexista e negacionista conseguiu 58 milhões votos?

Neste contexto e mesmo sabendo que o bolsonarismo é pobre e primário como ideário político e como fenômeno de massa, fica, também, a inquietação para saber se este período de fascistização do movimento de extrema-direita do Brasil, terá eco no futuro ou se isso não passou de um efêmero modismo que brevemente será rechaçado pelo povo brasileiro e pelo próprio processo de democratização do país. Por enquanto a reposta é não, pois, estamos observando uma certa resiliência desse movimento e tudo indica que a situação política está se agravando, especialmente, por meio de grupos denominados “bolsonarista raiz”, um fração organizada dentro do movimento bolsonarista que é financiada por empresários fascistas que estimulam e patrocinam manifestações fora dos padrões democráticos, ou seja, o país começa sofrer atos de terrorismo doméstico  praticado por esses grupos com o claro propósito de desestabilização política e social, objetivando criar um álibi para que as Forças Armadas tentem uma ruptura institucional com base no artigo 142 da CF/88, aliás, dispositivo interpretado de maneira delirante pela extrema-direita tupiniquim!

A preparação de um atentado a bomba nas imediações do Aeroporto Internacional de Brasília com o propósito de impedir a posse do presidente Lula no dia 1 de janeiro é um claro sinal de que a situação é gravíssima. O empresário do ramo de combustível que planejou tudo, se chama George Washington de Oliveira Sousa, ele foi preso e confessou o crime, ou melhor, o atentado terrorista que pretendia realizar. Disse o terrorista em seu depoimento: “Eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação de estado de sítio para impedir instauração do comunismo Brasil. No dia vários manifestantes do acampamento conversaram comigo e sugeriram que explodíssemos uma bomba no estacionamento do Aeroporto de Brasília durante a madrugada e, em seguida, fizéssemos denúncia anônima sobre a presença de outras duas bombas no interior da área de embarque”.

Nesta mesma linha, ha fortes indícios de que a preparação deste ato terrorista em Brasília é parte de um plano mais audacioso da extrema direita terrorista, ou seja, o  objetivo é detonar atos violentos em várias partes do país. A propósito, segundo o experiente jornalista Vicente Nunes, “trocas de mensagens cifradas na dark web e no Telegram apontam para movimentos anormais no país com o intuito de tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023. Os diálogos vêm com alertas para todos se prepararem para meses de forte confusão, sobretudo em estados como São Paulo e Rio de Janeiro2",

Outro fato que chama atenção, inclusive, gerou alerta internacional é o silêncio de Bolsonaro e de seus aliados frente a essa onda de terrorismo. Um silêncio preocupante que remete as táticas do fascismo. Aliás, nesse sentido o professor Michel Gherman, do departamento de sociologia da UFRJ e coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos, mostrando a sua preocupação com o atual momento disse que “essa é a ponta de um iceberg do qual não temos uma noção completa de sua dimensão. A lógica do silêncio é típica da extrema direita. Uma lógica de que não controlo, de que não oriento e apenas mostro a direção a partir de códigos.3.”

Um dado também inquietante de toda essa trama, é o fato desses terroristas tupiniquins estarem acampados em áreas consideradas do Exército e, portanto, área de segurança nacional onde não é permitido esse tipo de manifestação. Essa leniência é no mínimo comprometedora, pois, como o serviço de inteligência do Exército não soube dessa tentativa de ato terrorista, sendo que o mesmo foi planejado, conforme disse o próprio terrorista George Washington, na porta do QG do Exército de Brasília? Isso é no mínimo estranho para não dizer conivência!

Outro fato que devemos destacar e que mostra a gravidade do momento, pois trata-se de uma área sensível que é a militar, é a notícia de que o atual comandante da Marinha, Almirante,  Almir Garnier Santos não vai fazer a transmissão do cargo antes da posse do presidente Lula, o fará depois da posse, e segundo noticiado não prestará continência ao presidente Lula, ou melhor, ao comandante-em-chefe, ou seja, estará cometendo um ato de insubordinação hierárquica e se isso se confirmar, esperamos que o comandante-em-chefe, Luis Inácio Lula da Silva tome as devidas medidas para punir, nos termos da lei, o milico insubordinado, até como exemplo para a tropa.  

Por fim, temos o mesmo entendimento de que o momento é muito grave e de total alerta, porém, somos de opinião que não se pode recuar na realização de uma posse popular do presidente Lula, isso seria um suicídio político e demostraria fraqueza e covardia do futuro governo o que daria mais fôlego a estes terroristas. Aliás, nesse sentido o sempre respeitado José Genoíno com a costumeira precisão alertou: “Na posse de Lula nós temos de ocupar Brasília, tem que ser uma posse massiva e popular para mostrar a resposta que se dá ao próprio fascismo. Toda vez que a esquerda recua vai para o apaziguamento e diminui a intensidade das manifestações para enfrentar a violência e as armas, eles (os golpistas) se tornam poderosos e conseguem o objetivo que é ameaçar. Eles falam que vai ter golpe a gente vai recuando, não é o caminho mais adequado4”. Faço minhas as palavras do companheiro José Genoíno..!





















































 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





1 Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historia/terrorismo.htm
2-Fonte:https://blogs.correiobraziliense.com.br/vicente/terroristas-apoiadores-de-bolsonaro-planejam-acoes-em-varias-partes-do-brasil/
3Fonte:https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2022/12/27/silencio-de-bolsonaro-diante-de-ameacas-golpistas-gera-alerta-internacional.htm
4Fonte:https://www.brasil247.com/brasil/ocupacao-popular-em-brasilia-na-posse-de-lula-sera-a-melhor-resposta-ao-fascismo-afirma-jose-genoino

 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

COPA DO QATAR: DO GLAMOUR AS VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS

Por: Odilon de Mattos Filho
No domingo, dia 18/12/2022 o Planeta Terra parou para ver a grande final da Copa do Mundo do Qatar entre as seleções da Argentina e França, com a vitória do hermanos na disputa dos pênaltis. 

Com essa Copa do Qatar completou-se a 22ª edição da maior competição de futebol do mundo desde a primeira em 1930 no Uruguai. Essa história começa em 1928 com o francês Jules Rimet que dá o ponta pé inicial na organização desse evento. Aliás, a Taça Jules Rimet foi entregue aos capitães das seleções vencedoras das Copas do Mundo dos anos de 1930 até 1970, já a partir da Copa do Mundo de 1974, o Troféu passou a denominar-se Troféu Copa do Mundo FIFA.

Os grandes vencedores da Copa do Mundo estão divididos em apenas dois continentes: Americano e Europeu. O primeiro tem 10 e o segundo 12 títulos. A América tem os seguintes campeões: Brasil maior vencedor com 5 títulos, Argentina 3 títulos e Uruguai 2 títulos. Europa: Alemanha 4 títulos, Itália 4 títulos, França 3 títulos e Espanha 1 título.

A Seleção brasileira além de ser a equipe com maior número de títulos, foi a única a participar das 22 edições da Copa do Mundo e tem o segundo maior artilheiro dessa competição, o ex-jogador, Ronaldo ”Fenômeno” com 15 gols, sendo o primeiro artilheiro o jogador da Alemanha Miroslav Klose com 16 gols.

A Copa do Mundo antes vista como um popular torneio de futebol e com pouca badalação, passou depois da Copa de 1970 ou 1974, a ser uma competição onde a força da grana e a corrupção dominam a organização do evento, ou seja, a Copa do Mundo se transformou em um verdadeiro show business. Não à toa, que por imposição da FIFA as sedes da Copa do Mundo são obrigadas a construir luxuosas Arenas no lugar dos populares estádios e os valores dos ingressos são estupidamente majorados o que mostra, contraditoriamente, que o futebol que já foi o esporte mais popular do mundo, caminha, passos lagos, para ser o esporte mais elitizado do mundo.

A última edição da Copa do Mundo que acabamos de assistir no Qatar é emblemática e corrobora a afirmação do poder do dinheiro e a corrupção que campeia na organização dessa competição. Segundo o site da CNN Brasil “...a eleição do Qatar foi cercada de controvérsias. Uma investigação de 2014 do jornal inglês Sunday Times afirmou que o pais árabe pagou mais de U$$ 5 milhões, cerca de R$ 25,7 milhões em propinas para garantir apoio à sua candidatura. A acusação, baseada em e-mails detalhando os supostos pagamentos, ganhou força já que o Catar foi considerado um local de alto risco de acordo com relatórios da própria FIFA, dado o calor intenso. A situação fez com que o campeonato fosse adiado para novembro, em medida excepcional..1

Mas além desse caso de corrupção a copa do Qatar foi marcada, também, por várias outras denúncias, como por exemplo, censura, violações das liberdades individuais e dos direitos humanos, em especial contra membros da comunidade LGBTQIA+, violência contra mulheres, contra imigrantes, jornalistas, etc. Mas se tudo isso não bastasse, houve inúmeras denúncias durante a construção das Arenas esportivas onde os trabalhadores foram submetidos a um regime análogo ao da escravidão. O Qatar possui um sistema de trabalho denominado kafala que é um sistema de trabalho predominante do país e de outros países do Golfo Pérsico. Neste sistema os trabalhadores são obrigados a trabalhar de segunda a domingo, sem medidas de segurança, sob temperaturas extremas, vivendo amontoados em acampamentos que as próprias empresas colocam à sua disposição, onde dividem um quarto com até oito pessoas, sem higiene, sem proteção e com precária alimentação.

A propósito, artigo publicado pelo jornal inglês The Guardian noticia que “mais de 6.500 trabalhadores imigrantes da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Siri Lanka morreram no Catar nos últimos 10 anos. Os trabalhadores imigrantes que trabalharam para as obras de preparação da Copa do Mundo foram vítimas de abusos sistemáticos e, em alguns casos, até trabalho forçado, segundo relatório divulgado pela organização Anistia Internacional. Além disso, os imigrantes não possuem permissão para sair do país, nem para mudar de empresa ou empregador e tiveram seus passaportes e documentos de identidade retidos.2"

Realmente, muita coisa foi denunciada antes e depois da Copa do Mundo, mas o que nos chama atenção é como a FIFA, fechou os olhos para essas atrocidades que acontecem no Qatar e, ainda, se submeteu a vontade da ditadura monárquica e ameaçou e censurou os atletas de fazer qualquer tipo de protesto ou manifestação em favor da comunidade LGBTQIA+ e de outros grupos minoritários. Aliás, sete seleções europeias haviam decidido utilizar a braçadeira de capitão com as cores do arco-íris LGBTQ+, porém, devido às ameaças da Fifa de, além de aplicar multas, também punir com cartões amarelos os jogadores, as equipes acabaram optando por suspender a manifestação.

Mas, não obstante essas censuras a Copa do Qatar tentou de todas as formas passar uma imagem de inclusão social e para tanto, a organização usou e abusou do tokenismo e do diversity washing, em especial na abertura do evento. O tokenismo (token símbolo em inglês) é um conceito que se presta a explicar uma inclusão simbólica e pontual (por meio de uma pessoa ou de um “símbolo”) fazendo concessões superficiais a grupos minoritários, transmitindo uma imagem progressista somente para gerar uma sensação de igualdade. Já a diversity washing (lavagem da diversidade) muito comum nas empresas e marcas é utilizada em campanhas e posicionamentos em prol da diversidade, dando visibilidade em diversos canais e aumentando o valor da marca, porém, sem ter ações internas e uma cultura verdadeiramente inclusiva na interação com seus stakeholders (acionistas).

Mas mesmo diante das tentativas de camuflagens das atrocidades cometidas no país sede da Copa, o Torneio, malgrado os resultados esportivos serem positivos, ficou marcado negativamente. Aliás, a grande jornalista Milly Lacombe, resumiu bem o que foi a competição: "..Termina a Copa do Mundo da ditadura do Qatar. O futebol, soberano, prevalece sobre as ruínas morais da Fifa, do absolutismo monárquico dos anfitriões, da censura a manifestações políticas, da ausência de mulheres e de pessoas LGBTQs...O Qatar é indefensável e a Fifa deve ser corresponsável pelo horror...Foi a Copa num país em que não ser um homem local de comportamento heterossexual faz de você um ser humano inferior. [Nessa Copa] tudo foi feito por homens para homens entre homens...3


Essa foi a copa do mundo no Qatar que além de levantar uma série de reflexões sobre diversidade, inclusão e os malefícios do capitalismo na nossa sociedade, no campo esportivo deixou um legado que veio dos nossos hermanos da seleção Argentina: um time com muito foco, planejamento, coletividade e muita garra e tudo isso somado à genialidade de um atleta "extraterrestre" chamado Lionel Messi, só poderia ter um resultado: Argentina, depois de 36 anos, conquista o seu terceiro título mundial. Parabéns aos nossos hermanos argentinos que tão bem representou a  "Gran Patria Latino-americana".