Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

quinta-feira, 4 de junho de 2020

A ARMADILHA DA FRENTE AMPLA

Por: Odilon de Mattos Filho
Sempre defendemos a tese de que o golpe contra o Partido dos Trabalhadores e contra a democracia teve inicio com a Ação Penal 470, mais conhecida como “mensalão”. Aliás, ali tivemos o primeiro caso Lawfare com a aplicação, completamente distorcida, da “Teoria do Domínio do Fato” cuja vítima principal foi José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do governo Lula. O restante da história nós conhecemos bem!

Com a posse de Michel Temer começa uma nova etapa da pesuda-democracia brasileira e junto reaparece a mesma narrativa lardeada há anos pelas elites quando estão diante de uma crise institucional: devemos nos unir e criar um pacto para a governabilidade e salvar o Brasil. E deu no que deu!

Após a fraudulenta vitória de Bolsonaro que foi apoiado por milicianos digitais, pelo empresariado brasileiro, banqueiros, rentistas, barões da mídia, sistema judiciário, PSDB, MDB, DEM, et caterva, todos entusiastas da política econômica do ministro da economia, Paulo Guedes e todos partícipes do golpe contra a presidente Dilma Rousseff e da condenação do presidente Lula, veio a grande e já sabida decepção com o governo Bolsonaro: envolvimento com milicianos, despreparo, atitudes autoritárias, preconceituosas, arbitrárias, irresponsabilidade com a coisa pública, negligência frente à Pandemia e agora com iminência de provocar uma ruptura institucional com desdobramentos inimagináveis.

E diante deste perigo e de mais uma grave crise institucional, eis que surge a mesma elite com a mesma cantilena: devemos manter a unidade, criar uma Frente Ampla e um pacto para defender a democracia e o povo brasileiro. Feito esse discurso, estes mesmos personagens partiram para ação:  cooptaram alguns desavisados da esquerda e criaram Movimentos e grupos nas redes sociais e começaram a espalhar vários manifestos Brasil afora e convocar o povo a se manifestar contra Bolsonaro.

Evidente que essas manifestações e o chamado para a unidade em defesa da democracia e contra o governo Bolsonaro são dignos de aplausos e reconhecimento, no entanto, está claro, também, que esse grupo está defendendo, apenas, os seus interesses políticos e econômicos e os fatos comprovam tal assertiva: por que em nenhum momento esse grupelho ou os manifestos questionam a política econômica de Paulo Guedes? Por que os manifestos, como, por exemplo, #TodosJuntos não pedem a saída do presidente Bolsonaro nem do Mourão,? Aliás, trata-se de um texto inominável! Por que não questionam os cortes nos direitos e conquistas da classe trabalhadora, como, por exemplo, as reformas trabalhista, previdenciária e os cortes com os gastos na saúde e educação e a revogação de tais medidas? Por que não defedem o SUS? Por que não questionam a dilapidação do nosso patrimônio? Por que não questionam a gritante ilegalidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o golpe contra a democracia? Por que não denunciam as arbitrariedades e ilegalidades que cercam os processos que condenaram o presidente Lula, especialmente, depois das revelações do The Intercept? A resposta é óbvia: alguns manifestos ou grupos, podem até manifestar desejo de tirar Bolsonaro, mas, não querem tirar o Guedes para não perder seus privilégios. Isso é claro, isso é fato!

A propósito, sobre essa Fente Ampla o presidente Lula disse:“...não dá pra aceitar a ideia de que o Bolsonaro é resultado de um processo amplamente democrático. Ele é resultado de um processo que se deu desde a cassação de uma presidenta sem crime. Agora perceberam que o troglodita que eles elegeram não deu certo... Estão querendo reeducar o Bolsonaro, mas não querem reeducar o Guedes. Tem pouca coisa de interesse da classe trabalhadora nesses manifestos...1”.

O ex-senador Roberto Requião foi mais incisivo em sua análise, disse: “...sob que guarda-chuva os defensores dessa frente ampla, irrestrita querem abrigar os brasileiros? Sob o guarda-chuva da defesa da democracia....Que democracia? A democracia do mercado? A democracia da prevalência do capital financeiro sobre os interesses nacionais e populares, sobre a produção, o emprego, o salário, os direitos trabalhistas e a previdência social?... o ministro da economia de vocês, em um hipotético governo de união nacional, seria o Guedes mesmo? Ou, para não escandalizar tanto os seus acompanhantes que se dizem à esquerda, vocês se contentariam com o Armínio Fraga, o Lara Rezende, alguém do Itaú ou do Bradesco..?2

Por sua vez, o brilhante jornalista Fernando Brito escreve que “....o primeiro passo para a formação de uma frente com coerência é que dela não sejamos partes apenas individuais, mas como parte das instituições da democracia que queremos defender: partidos, sindicatos, associações, todas as representações que formam uma sociedade madura.... A formação de uma frente, necessária e imprescindível, jamais se fará com a perda de identidade. CUT e Globo não são iguais; Fernando Henrique e Lula não são iguais. PT e MBL não são o mesmo. João Dória e Guilherme Boulos, muito menos....3

E realmente nós conhecemos muito bem essa história de Frente Ampla! Evidente, como afirmamos acima, que temos consciência da importância de uma unidade pontual, especialmente, neste momento, porém, como bem nos ensina o Professor Valério Arcary, Doutor em História pela USP “...há uma diferença enorme entre a unidade de ação pontual e uma Frente Ampla sobre um programa. A primeira é uma alavanca, a segunda uma armadilha. A primeira é, estritamente, defensiva. A segunda envolve uma perspectiva..4”.

Dessa forma, entendemos que a esquerda não pode e não deve cair, novamente, na armadilha de uma Frente Ampla criada por uma súcia que outrora vendeu o país, foi cúmplice e partícipe de um golpe arbitrário e ilegal e responsável pela eleição desse déspota. A estratégia da esquerda, como sabidamente afirma o já citado Professor, deve ser a de “...resgatar da experiência histórica a necessidade da Frente Única de Esquerda, operária e popular para derrotar o neofascismo. Ela é indivisível da perspectiva de um governo de esquerda e associada a ela, desdobram-se várias táticas..O fato é que nenhuma fração da classe dominante merece confiança...5.”

Portanto e diante de tudo isso, a esquerda, pela experiência acumulada ao longo dos anos e considerando o atual momento político, social e econômico do país, não pode errar mais e por essa razão, não deve deslumbrar-se com os holofotes midiáticos e cair nessa armadilha da Frente Ampla criada por grupelhos golpistas e entreguistas na forma em que está sendo proposto. Todo o cuidado é pouco!

terça-feira, 2 de junho de 2020

"POR FAVOR, NÃO CONSIGO RESPIRAR..!"

Por: Odilon de Mattos Filho:
A independência dos Estados Unidos foi declarada no dia 4 de julho de 1776, sendo a primeira Nação do continente americano a ter sua independência. Essa nova Nação nasceu sob as inspirações dos ideais iluministas, sendo ratificado esse ideal com a Lei dos Direitos Civis (Civil Rights Act) de 1964, que revogou as Leis de Jim Crow, que foram sistemas de leis estaduais que impunham a segregação racial. 

Os EUA um país, sabidamente, capitalista, sempre se colocaram como os paladinos da democracia e da liberdade. Porém, isso não passa de retórica para justificar as agressões, atrocidades e desmandos dentro e fora de suas fronteiras. Aliás, não é segrego para ninguém, de que se trata de um país predador e selvagem tido como o mais cruel dos países imperialistas do mundo. Aliás, só a título de caracterização política, vale citar a lição da professora da UFRJ, Doutora, Marina Machado Gouvea que nos ensina que mais que uma característica, “o imperialismo é o desdobramento histórico do próprio capitalismo na sua totalidade” e como tal, esses países, têm como prática subjugar as Nações subdesenvolvidas, fazendo-as dependentes e defensoras dos interesses econômicos, financeiros e geopolíticos desses países dominadores. 

O brutal e covarde assassinato do cidadão George Floyd que foi imobilizado e asfixiado até a morte é mais um capítulo do racismo estrutural e institucionalizado dos EUA, o que mostra que a Lei dos Direitos Civis não passa de uma letra morta numa folha de papel e que, diferentemente do que é propagado, o país está longe de ser uma Nação que preza pela liberdade e pela democracia. É um país extremamente cruel com os negros, um império racista onde parte da sociedade e de suas instituições não negam a ideologia do branqueamento, fato bastante visível nos dias de hoje com um presidente, reconhecidamente, preconceituoso, racista, xenófobo e homofóbico. Um verdadeiro déspota! 

O homicídio de George Floyd não é um caso isolado. Somente em Minneapolis, maior cidade do Estado de Minnesota, onde Floyd foi assassinado, dois terços das pessoas que já foram imobilizadas e asfixiadas eram negros, lembrando que, apenas, 19% da população dessa cidade são de negros e destes, cinquenta vieram a óbito, ou melhor, foram covardemente assassinados. 

A proporção de negros mortos por policiais nos EUA é mais que o dobro do que a de brancos. Os negros têm quase três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos. E Segundo o professor David Kennedy, da Universidade John Jay, “desde a escravidão, a história americana é marcada por supremacia branca e violência contra negros, tudo respaldado pela lei, como por exemplo, as leis criadas no início da chamada guerra contra as drogas nos anos de 1980 que são aplicadas de tal forma que mais negros são presos do que no passado. E a polícia é a manifestação mais visível dessa história1”. 

Evidente, e não seria diferente, a grande onda de revolta popular que se espalhou pelos EUA denunciando esse cruel assassinato e a conduta complacente do presidente Donald Trump diante dessa barbárie. Já são sete dias de grandes protestos por várias cidades e por inúmeras personalidades públicas. 

O presidente Barack Obama, por exemplo, assim se manifestou: "Cabe a todos nós, independente da raça ou posição —incluindo a maioria dos homens e mulheres da lei que têm orgulho em fazer o seu difícil trabalho do jeito certo, todos os dias — trabalharmos juntos para construirmos um 'novo normal' no qual o legado de tratamento preconceituoso e desigual não infecte mais nossas instituições e nossos corações2

O ator estadunidense Will Smith em entrevista disse que “..o racismo claramente não é pior do que nos anos 60 e, consequentemente, não tão ruim quanto em 1860. Nós estamos discutindo sobre raça nesse pais mais abertamente e claramente do que nunca foi feito anteriormente na história desse país (…) O racismo não está piorando, está sendo filmado3” 

A atriz Viola Davis escreveu: “É isso que significa ser negro na América. Tentou. Morto por ser negro. Somos ditados por centenas de anos de políticas que restringem nossa existência e ainda precisamos continuar enfrentando linchamentos modernos..4.” 

Já o grande astro da NBA, Michal Jordan desabafou: "Estou profundamente entristecido, verdadeiramente dolorido e claramente enraivecido. Cada um de nós precisa fazer parte da solução e devemos trabalhar juntos para garantir justiça para todos. Meu coração vai para a família de George Floyd e para os incontáveis outros cujas vidas foram tiradas brutalmente e sem sentido através de atos de racismo e injustiça5

A cantora Rihanna desabafou: “ver meu povo ser assassinado e linchado dia após dia me levou a um lugar pesado no meu coração!" A ponto de ficar longe das redes sociais, apenas para evitar ouvir novamente a agonia de gelar o sangue na voz de George Floyd, implorando repetidamente por sua vida!!! O olhar de prazer, a pura alegria e o clímax no rosto desse fanático, assassino, bandido, porco, vagabundo, Derek Chauvin, me assombra !! Eu não posso evitar isso6", 

Por fim, não podemos deixar de destacar que o assassinato de George Floyd, não mostrou apenas o racismo estrutural que reina nos EUA há séculos, mas, também, outra faceta do capitalismo, reconhecidamente, excludente. Foi mais um crime cometido contra um pobre, negro e desempregado. Mais um dado para a frieza das estatísticas destes homens brancos e do seu capital financiador deste e de tantos outros assassinatos mundo afora. 

Realmente é terrível pensar que em pleno século XXI tenhamos que assistir a barbárie do racismo, especialmente, o estrutural e institucional, como ocorre nos EUA, no Brasil e em outros países. Não podemos nos intimidar, não podemos nos esconder, não devemos nos calar diante dessas atrocidades cometidas contra os nossos irmãos negros, afinal, como bem afirma Martin Luther King “chega um momento em que o silencio é uma traição”.  



1 Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-528326212
2-Fonte: https://www.bol.uol.com.br/noticias/2020/05/30/de-obama-a-kim-kardashian-personalidades-protestam-por-george-floyd.htm
3- Fonte: https://agorarn.com.br/showetv/will-smith-racismo-nao-esta-piorando-esta-sendo-filmado/
4 -Fonte: https://claudia.abril.com.br/famosos/personalidades-george-floyd-morto-por-policiais/
5- Fonte: https://www.bol.uol.com.br/noticias/2020/06/01/caso-george-floyd-artistas-internacionais-se-manifestam.htm
6- Fonte:
https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/05/31/artistas-homenageiam-george-floyd-e-condenam-racismo-nos-eua-veja-repercussao.ghtml