Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

terça-feira, 28 de abril de 2020

AS MÁSCARAS CAÍRAM


Por: Odilon de Mattos Filho


Peço licença ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para iniciar este texto usando o seu famoso bordão: “nunca na história deste país” se viu tamanha crise institucional em um governo com apenas 15 meses de mandato. 

Este governo, paradoxalmente, tem uma capacidade de gerar crises internas jamais vista na história da república e os exemplos são fartos, mas, o que mais chama atenção é que todas essas crises foram criadas pelo próprio presidente, fato raro na república! 

O estopim da ultima e mais grave crise institucional que pode, inclusive, culminar no impeachment de Bolsonaro, foram os acontecimentos pós-exoneração do Diretor-geral da Polícia Federal, o delgado Maurício Valeixo, homem de total confiança do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Essa exoneração pode ter sido uma replesária contra as invetigações da PF envolvendo os filhos de Bolsonaro. Essa exoneração foi realizada na madrugada, ou melhor, na calada da noite do dia 24/04/2020, e sem o conhecimento do então ministro da Justiça Sérgio Moro, fato que, por honestidade intelectual, reputamos legal, pois, a lei nº 9.266/96, garante ao presidente da república nomear e/ou exonerar o Delegado-geral da Polícia Federal sem a aquiescência de ninguém, muito menos de um subordinado. No entanto, essa exoneração, foi vista pelos moristas de plantão como uma traição imperdoável do presidente Bolsonaro, ato que na politica, pode ter consequências inimagináveis e realmente, os desdobramentos do caso nos mostra essa verdade. 

Vale lembrar, até para refrescar a memória, que Maurício Valeixo foi indicado pelo próprio Sérgio Moro. Esse delegado é o mesmo que quando superintendente da PF em Curitiba descumpriu, a mando do então juiz Sérgio Moro, uma ordem emanada do desembargador Rogério Favreto do TRF-4, para a soltura do presidente Lula. Este fato mostra o grau de confiança que Sérgio Moro tinha no leal, obediente e arbitrário Delegado. 

Logo após ter conhecimento da exoneração do delgado Maurício Valeixo, o então ministro da Justiça Sérgio Moro marcou uma entrevista coletiva para tratar do assunto, ou melhor, para anunciar o seu pedido de exoneração do cargo de ministro da Justiça. A citada coletiva surpreendeu a todos, aliás, “coincidentemente” o pseudo paladino da moral, Sérgio Moro seguiu à risca o que o inqualificável jornalista Merval Pereira dissera um dia antes: “caso tenha que pedir demissão [Sérgio Moro], só tem uma saída política: cair atirando, para manter sua popularidade...1”. E foi exatamente o que Moro fez, aliás, foi além, jogou merda no ventilador com gravíssimas acusações ao presidente Bolsonaro. 

Evidentemente que a fala do ex-ministro da justiça deixou muita gente excitada, pois, o "marreco de Curitiba" falou, exatamente, o que a imprensa tradicional mais aguardava: acusações sérias contra Bolsonaro e a sua pretensa posição firme e corajosa frente aos fatos. E o resultado dessa entrevista não tardou para reverberar na mídia que apontou todos os seus holofotes da fama para o ex-ministro. No entanto, a velha imprensa, em especial o Grupo Globo, não perde a sua caraterística sabuja e tenta, agora, esconder os crimes imputados ao ex-ministro Sérgio Moro durante a sua passagem pelo ministério da justiça, incensando-o e tentando brindá-lo junto à opinião publicada. Aliás, não é mistério para ninguém que Sérgio Moro é o projeto de Poder da Globo. 

Mas não obstante o frisson causado pela entrevista, as elites ficaram indignadas quando Sérgio Moro confirmou o comprometimento dos governos PTistas na luta contra a corrupção. Disse o ex-ministro: "O Governo na época [PT] tinha inúmeros defeitos, crimes gigantescos, e foi fundamental a manutenção da autonomia da PF, que permitiu que resultados fossem alcançados. Imagina se durante a própria Lava Jato o ministro, a então presidente [Dilma] e o ex- presidente [Lua] ficassem ligando para as autoridades para obter informações?2".

Diante dessa fala, cabe uma pregunta ao ex-ministro Ségio Moro: se o governo do PT tinha "inúmeros defeitos", porque então, agiu com tanta lisura e republicanismo como você afirmou? 

E foi nessa entrevista e posteriormente com a divulgação de suas conversas com a deputada Carla Zambelli e com o presidente Bolsonaro, via mensagens, que o ex-ministro Sérgio Moro conseguiu a proeza de acusar e produzir provas contra si mesmo. 

E diante dessa “autoacusação” do ex-ministro, o deputado federal Rui Falcão–PT/SP, de maneira sábia, representou em face ao ex-ministro Sérgio Moro junto à Procuradoria-geral da Republica. Na Petição o deputado Rui Falcão elenca vários crimes que podem ter sido cometidos pelo ex-ministro, durante a sua permanência no ministério. 

Na Peça Inicial, que, diga-se de passagem, está muito bem fundamentada, o deputado Rui Falcão alega que o ex-ministro pode ter cometido os seguintes crimes: prevaricação (art. 319 do CP) por não haver comunicado de ofício e imediatamente à PGR as ditas interferências indevidas de Bolsonaro em atividades da Polícia Federal. Eventuais crimes de violação de sigilo funcional (art. 325 do CP) por ter franqueado o acesso ao Presidente da República de inquérito policial em andamento envolvendo um de seus filhos, além do eventual crime de condescendência criminosa em relação a seu chefe hierárquico (art. 320 do CP). Por derradeiro, o Deputado requereu, também, investigação sobre a suposta “pensão” solicitada pelo ex-ministro Sérgio Moro ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, o que poderia configurar crime de solicitação de vantagem indevida. 

Por fim, vale registar, que além dos possíveis crimes, Sérgio Moro deixou claro o seu lado perverso, dissimulado e mentiroso. A sua negativa sobre a pretensão de ser indicado para o STF comprova tal atitude. Sergiio Moro de maneira ardilosa mostrou uma conversa sua com a deputada Carla Zambelli na qual ele quer se passar por um homem probo e incorruptível, dizendo que não está venda, se referindo a uma proposta da deputada sobre a sua indicação ao STF. Acontece que essa indicação foi objeto de um acordo entre Moro e Bolsonaro logo depois do resultado das eleições de 2018, quando Sérgio Moro foi à residência de Bolsonaro no Rio de Janeiro. Aliás, logo depois desse encontro o presidente eleito disse à imprensa: “Fiz um compromisso com ele [Sérgio Moro], porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura. Eu falei: A primeira vaga que estiver lá [STF] está a sua disposição3”. Portanto, essa promessa da indicação para o STF não ocorreu agora, como Sérgio Moro tenta passar, isso aconteceu antes da posse de Bolsonaro, ou quem sabe, até durante a capanha eleitoral. 

Dito isso, chegamos à conclusão de que, realmente, as máscaras caíram e agora há uma imperiosa necessidade de se tomar medidas concretas. A primeira, é o Procurador-geral da República cumprir as suas atribuições constitucionais e legais e investigar a fundo todos os possíveis crimes imputados ao presidente Bolsonaro e ao ex-ministro Sérgio Moro, afinal, o que está em jogo é a nossa frágil democracia. As outras medidas estão nas mãos da esquerda e das forças progressistas do país, que é fiscalizar as investigações no âmbito da PGR, exigir a imediata abertura do processo de impeachment de Bolsonaro e lutar para que seja convocada novas eleições gerais. Fora isso, o caos político, econômico e social tomará conta do país com consequências inimagináveis, inclusive, podemos ser vítimas de uma ruptura institucional.








quarta-feira, 22 de abril de 2020

LININ: MAIS QUE UM REVOLIUCIONÁRIO, UM INSPIRADOR!


Estamos reproduzindo do site Nocaut.blog.br este preciso, direto e instigante texto de Gustavo Conde
“Nos 150 anos de Lenin, toleremos Bolsonaro como os russos toleraram os czares.
Por: Gusatvo Conde

Esse é um texto sub-reptício. Ele nasce deliberadamente para enganá-lo, caro leitor. O tom edificante de uma efeméride histórica é uma isca, uma armadilha, um subterfúgio.

Eu poderia até começar dizendo algo do tipo: “Os 150 anos de Lenin nos obrigam a uma reflexão que ao menos roce a dicção revolucionária.”

Mas, não direi. A clandestinidade e o espírito revolucionário me acometeram de tal forma no curso dessa destruição de país, que pouparei o leitor das desculpas esfarrapadas.

A lembrança de Lenin é um espasmo do inconsciente. Eu quero falar de Brasil e de Bolsonaro – e da nossa esquerda perdida. Talvez, seja a melhor maneira de homenagear o político-teórico comunista, que faria 150 anos hoje se a ciência lhe concedesse essa graça.

Homenagear um comunista também me parece tarefa ingrata. Comunistas não se homenageiam: replicam-se os seus gestos revolucionários para libertar o povo da estupidez e da boçalidade.

Feita advertência, vamos ao que interessa.

Quero dizer que não vou assistir o meu país morrer fazendo coro com o ‘narcisismo progressista’ que demonstra uma paciência infinita com Bolsonaro por medo de ‘arriscar’.

De uma certa maneira toda a política partidária brasileira já está morta. Vamos deixar de ser hipócritas.

Era essa a mensagem sintomática das jornadas de 2013, com toda a bestialidade que a caracterizou (até as manifestações bestiais deixam algum tipo de lição).

Como rezam as cartilhas marxistas, a resposta não pode mais partir de quem habita a burocracia partidária, por quem já foi governo (e sabe como funciona tudo) ou pelos acadêmicos, que tentam formular soluções inúteis desde 2015, num português empolado e com pressupostos desmanchando de podres.

A resposta tem de vir do povo. Dessa massa que está sendo esmagada por todos nós que ficamos aqui teorizando a sociedade e cadenciando ações.

Em vez de ficarmos fetichizando Lula, é preciso repetir concretamente seu gesto: construir de baixo para cima uma alternativa de país. De uma certa forma, nós devemos isso a ele.

O caso é que essa resposta não encontra condições para seu surgimento de dentro das hostes partidárias viciadas, gravemente institucionalizadas e domesticadas.

É uma agonia ver um dirigente partidário – de qualquer partido – ou um analista político tentando responder à catástrofe Bolsonaro. Eles acham que ainda existe o debate público dos anos 90, em que havia duas correntes ideológicas minimamente postas.

É o colapso da linguagem e o colapso do discurso (e consequentemente, o colapso da política). Podem tentar os próximos 30 anos e morrerão de velhos.

Quando ocorrem essas injunções históricas de ‘transbordamento’ do sentido, ou é povo ou é morte.

Não há mais condições de temer a palavra “revolução” – a menos que insistamos no destino certo do esmagamento.

O uso da palavra ‘revolução’, de fato, implica em romper com tudo o que está posto. Ela enseja riscos? Óbvio. Mas quando o risco de ‘se manter as coisas como estão’ é maior que o risco da ousadia insurgente, a própria razão rudimentar responde com violência cognitiva: faça.

A resposta deve vir do improvável. A liderança deve ser nova. A lógica de ação deve ser inédita. O discurso deve romper com toda essa massa modorrenta, apodrecida e sabotada (apodrecida porque sabotada) das elites intelectuais narcísicas, que se projetam na linha de frente da paralisia política de turno.

De repente, viramos milhões de FHCs.

É humilhante, mas faz parte.

Oxalá o MST materialize o eterno simulacro que lhe foi imputado pelos balbuciantes conservadores brasileiros e concretize as táticas de guerrilha comunistas que faz os militares brasileiros, vendilhões da pátria, mijarem nas calças.

Alguém aqui tem medo de sangue? Se tiver, parem de ler esse texto. Vai piorar.

Há uma ideia estúpida de que o brasileiro é cordial, boa praça e diligente. A elite quer que se acredite nisso e impõe essa leitura como forma de controle.

Mas o brasileiro é tal qual todos os povos do mundo – talvez até pior, porque todos os povos do mundo aqui habitam: podemos cerrar os punhos e atropelar os genocidas encrustados no poder e a plateia desinteressante do Twitter progressista.
  
Povo neles. Povo em todos.

O cansaço com a falta de perspectivas bateu e isso é uma ótima notícia – porque nos obrigará a finalmente realizar o primeiro movimento.

Tanta gente despolitizada à solta pode também não ser o fim do mundo (como a ‘gente politizada’ de turno faz parecer ser): motoristas de Uber, entregadores de iFood, ’empreendedores’ de si, estudantes secundaristas, moradores de rua, pescadores, pequenos agricultores… É dessa gente que virá a resposta para que assassinemos o imobilismo (e não dos profissionais de ‘home office’, como este chato, abusado e inconveniente, que não frequenta o clube que o aceita como sócio e que vos escreve).

Nós estamos em um momento muito pequeno-burguês, debochando dos trabalhadores desorganizados que vêm sustentando a atividade econômica do país nos últimos anos, sem uma réstia de ajuda do Estado ou mesmo dos setores ainda sindicalizados.

É bom não subestimar.

Está claro que eles precisam de um líder, alguém que acenda a fagulha – o que não é trivial, mas também não é o fim do mundo.

Basta de Bolsonaro e basta desse discurso caquético dos setores pretensamente progressistas (na verdade, são ‘regressistas’) que ficam ‘ensaboando’ a passagem ao ato como escultores domesticados em suas linhas de produção digital, na dança das frases de efeito e das reflexões autoconfirmatórias.

 

A experiência da escrita revolucionária não pode ser essa miséria de textinhos bacaninhas cheios de clichês. A escrita precisa incomodar, precisa deixar o leitor em situação desconfortável. Esse é o gatilho, esse é o gesto, essa é a transmutação do texto em ação.

A política morreu. É preciso reinstalá-la em novas bases. O processo para isso é longo. É preciso ousadia, é preciso romper com nossa covardia estrutural, é preciso expropriar o lugar de fala dos agentes políticos entranhados nessa mixórdia brasileira e realinhá-los a uma nova realidade, a realidade revolucionária.

Até pouco tempo atrás, eu acreditava que o Brasil poderia ser reconstituído através do diálogo. Agora, eu não apenas não acredito: eu desejo com todas as forças o tombamento dessa engrenagem política apodrecida, com militares, com Bolsonaro, com Mourão, com esquerda cirandeira, com tudo.

O legado dos revolucionários que romperam com suas estruturas de poder não poderia ser mais atual: a pandemia faz renascer o papel do Estado e faz renascer o papel das revoluções.

Os 150 anos de Lenin devem ser aproveitados não como efeméride apenas, mas como centelha para fazer acordar um povo massacrado como o brasileiro.
Não há mais razões para não sonhar com um Brasil mais justo e mais igualitário, na acepção máxima das palavras.

Eles provocaram e agora é a hora de dar a resposta correta a essa provocação.

Como na Rússia czarista, a solução para o Brasil não é diálogo nem conciliação (nem cordialidade). Bolsonaro nos fez e nos faz despertar a ira.

 

Como romper com essa cultura de golpes, de desigualdade, de execuções, de jornalismo venal, de vísceras partidárias apodrecidas, de mentiras?

Sinceramente, eu quero que o Brasil seja uma imensa Cuba e que esses empresários bastardos que nos esmagam e debocham da nossa cara sejam expropriados e enviados para Miami.

Aí sim, poderei dormir com tranquilidade”.


sexta-feira, 17 de abril de 2020

COVID-19 E CAPITALISMO


Por: Odilon de Mattos Filho
Depois de várias tragédias como guerras e Pandemias no Século XX o Século XXI, certamente, já está marcado por essa cruel pandemia do COVID-19.

Essa Pandemia, segundo noticiado, teve início na província de Wuhan na China. Não se sabe ao certo como esse vírus se espalhou. Há suspeitas de que o surto inicial tem alguma associação com um mercado de frutos do mar em Wuhan. A transmissão deve ter ocorrido entre animais marinhos e humanos. Mas outros animais podem ter servido de hospedeiro do vírus, como, por exemplo, o morcego, um mamífero portador de um número considerável de coronavírus diferentes. 


Mas, não obstante a gravidade do COVID-19, essa Pandemia ajudou a desnudar a falácia argumentativa dos defensores do capitalismo e do “Deus mercado" e mostrou às entranhas da dura realidade do Brasil e de outros países periféricos cujo aos povos são negados as comezinhas necessidades básicas como, por exemplo, acesso à água tratada, ao saneamento básico, habilitação, sistema de saúde e de educação com qualidade, emprego, enfim, toda rede de proteção social. Conclusão: é um povo totalmente desassistido e largado ao sabor da sorte por esse cruel sistema. 

Por longos anos e até hoje acompanhamos os argumentos sobre o tal “Estado mínimo” e o livre mercado, denominado de globalização neoliberal, mas, que hoje se apresenta com uma velha roupagem: "financeirização da economia", modelo que nasceu na década de 1920, cujo resultado foi a maior crise econômica mundial ocorrida em 1929 que ficou conhecida como a "Grande Depressão". Esse modelo volta em 1980 e no decorrer dos anos acompanhamos vários e pequenos abalos sísmicos nas economias mundiais, até que veio o forte terremoto com a grande crise econômica de 2008, cujos reflexos são sentidos até, hoje, pela economia mundial.

Essa nova/velha "modalidade" do capitalismo, além das grandes crises econômicas que pode produzir, vide 1929 e 2008, é vista, também, como a mais perversa, pois, ela não produz um único prego e, por conseguinte, não gera um único emprego, mas, em contra partida, triplica os lucros, ou melhor, os dividendos das multinacionais, transnacionais e dos grandes monopólios, por meio de seus programas de recompra de ações. 

Aliás, sobre essa nova modalidade de exploração e acumulação de riqueza, a revista "A Verdade" com muita propriedade didática e teórica nos ensina que "..a soma de todos os programas de recompra de ações das 500 maiores empresas estadunidenses ultrapassa pela primeira vez um trilhão de dólares. A recompra de ações continua sendo uma maneira eficaz de sustentar a cotação em Bolsa...A valorização do capital não é garantida por investimentos produtivos, assim é necessário encontrar outros meios. E esses são os da especulação, dos capitais fictícios, a chamada bolha financeira, que pode explodir a qualquer momento, como está ocorrendo agora como resultado da pandemia. É o parasitismo imperialista que destrói tudo1" 

E é este modelo que está levando o mundo à beira do precipício com suas criminosas e perversas políticas contra a humanidade.

Aliás, para corroborar essa afirmativa, valhamo-nos dos números apresentados pela OMS, ONU e pela OIT que nos dão a dimensão dessa catástrofe. “O mundo possui hoje 6,0 milhões de seres humanos que morrem de sarampo a cada ano, lembrando que existe vacina e tratamentos para essa doença. Mais de 1,5 milhão de pessoas morrem por tuberculose (doença tratável). A cada dois minutos, uma criança morre de malária (doença tratável). A mortalidade infantil chega ao espantoso número de 9,0 milhões por ano e 821 milhões de pessoas sofrem com a fome e 10 milhões morrem. Outros números são, também, assustadores e nos força fazermos um profunda reflexão. O mundo possui hoje 2,0 bilhões de pessoas na informalidade e na precariedade, são 60% da população ativa. São 200 milhões de desempregados no Planeta, mas, enquanto o mundo passa por essa miséria, na outra ponta, só fartura. O volume de negócios das grandes indústrias militares é de 420 bilhões de euros e os dez maiores conglomerados farmacêuticos têm um faturamento de 323 bilhões de euros e distribuíram a seus acionistas 60 bilhões em 20192”. Para fircarmos somente nestes números! 

A propósito, e a título de informação histórica sobre essas nefastas e criminosas políticas econômicas, vale citar o precioso trabalho do professor Carlos Eduardo Siqueira do Department of Work Environment, University of Massachusetts. Segundo o professor esse modelo econômico, “originou-se com Friedrich Hayek e foi promovido por Milton Friedman como uma intervenção teórica e política contra o estado intervencionista e de bem-estar defendido por Keynes. Este sistema doutrinário é também conhecido como Consenso de Washington que defende várias medidas draconianas, tais como: estabilização da economia (corte no déficit público, combate à inflação), em geral, tendo por elemento central um processo, explícito ou não, de dolarização da economia e sobrevalorização das moedas nacionais; b) reformas estruturais com redução do Estado, através de um programa de privatizações, desregulação dos mercados e liberalização financeira e comercial; c) abertura da economia para atrair investimentos internacionais e retomada do crescimento econômico3". 

E lembremos que tais medidas foram  implementadas por que inúmeros países, inclusive, o Brasil durante os governos Collor, Sarney, FHC, Temer e agora aprofundadas pelo atual governo que tem no seu ministro da economia, Paulo Guedes o nome que mais encarna esse modelo econômico que, sabidamente, é extremamente danoso ao país, em especial, para as áreas sociais.

O Sistema Público de Saúde, foi uma das áreas que mais sentiu essa política de desmonte, pois, desde a promulgação da CF/88, vem sendo sucateado, desprestigiado e sabotado por continuados governos. No mandato do golpista Temer, por exemplo, a saúde levou um grande golpe com a aprovação da PEC 95, conhecida como PEC da Morte, que, diga-se de passagem, obteve os votos favoráveis do então deputado federal Bolsonaro e do deputado Luiz Henrique Mandetta ex-ministro da saúde. Essa Emenda Constitucional retirou nada mais, nada menos, do que R$ 23 bilhões da saúde, impactando várias ações como, por exemplo, a promoção e prevenção na atenção básica e outras áreas do SUS. Hoje, o povo brasileiro está sentido, literalmente, na pele a falta destes recursos financeiros que, sabidamente, estão sendo utilizados para salvar a agiotagem institucional com o falso discurso de se estabilizar o mercado. 

A troca do ministro Mandetta por um médico ligado ao mercado, reforça o nosso argumento de que, realmente, a prioridade deste governo é a economia, ou melhor, os banqueiros, e não as vidas humanas, o que nos afigura uma apequenada postura de subserviência ao mercado, uma torpe opção política visando 2022 e uma atitude, lamentavelmente, desumana, covarde e perversa por parte de um (des) governo que tem à frente um presidente, claramente, tutelado por militares. 

Hoje, frente a essa gravíssima crise sanitária não pairam dúvidas de que esse modelo econômico se mostra totalmente, saturado, ineficiente e incapaz de atender as demandas básicas dos seres humanos, como por exemplo, a saúde, pois, foi por conta desse modelo que se retirou bilhões da área da sáude para bancar um sistema financeiro sem pátria e totalmente desregulamentado, e o resultado disso salta aos olhos: o caos e a perplexidade dos povos com um iminente colapso do sistema de saúde e a inevitável morte de milhares de cidadãos inocentes. Aliás, não foi à toa, que, há pouco tempo atrás, aconteceram inúmeras e grandes manifestações mundo afora contra esse sistema. 

Neste contexto, se essa Pandemia desnudou o capitalismo selvagem e impactou a direita populista, especialmente colocando em cheque todos os seus discursos políticos/econômicos, por outro lado, entendemos que o pior está por vir. Somos da opinião que depois dessa crise sanitária e dos vindouros reflexos extremamente negativos para economia mundial, essa mesma direita populista ou extrema-direita, conhecida por alimentar o medo das pessoas, vai usar essa crise como álibi para aprofundar, ainda mais, essas politicas econômicas, além do que, vai utilizar-se de discursos de cunho ideológico para atacar aqueles países e governos que se oponham a esse sistema. 

A propósito, neste sentido Paolo Gerbaudo diretor do Centro de Cultura Digital do King's College London em preciso artigo no jornal The Gardian pontuou: “Se a crise do coronavírus momentaneamente desorientou a direita populista, isso não significa que ela foi vencida. Seria equivocado para a esquerda acreditar que esta crise funcionará a seu favor. A direita já demonstrou sua capacidade de atacar o desespero popular e encontrar bodes expiatórios sociais para os males econômicos...As medidas autoritárias implementadas por Viktor Orbán na Hungria, com a suspensão do parlamento e a introdução do governo por decreto, podem ser a forma do que está por vir...Também é provável que vejamos uma exacerbação da retórica anti-chinesa, tipo, aliás, os EUA, Itália e Brasil já se manifestaram nesse sentido...”. 

Continuando, Paolo Gerbaudo acrescenta: “...Dado os laços entre populistas nacionais, incluindo sua tentativa fracassada de estabelecer uma “internacional nacionalista” sob os auspícios do Movimento de Bannon, essa sincronia não deve ser tomada como acidental. Ele tem toda a aparência de uma estratégia coordenada para canalizar a raiva e o desespero causados ​​pelo brutal número humano e econômico da crise em direção a um inimigo racial e ideológico convenientemente identificado no governo chinês. Juntamente com os socialistas autoproclamados, é provável que todos os oponentes sejam difamados como colaboracionistas chineses..O que pode estar reservado é, portanto, algo muito pior do que o direito populista dos anos 2010: um direito extremo, usando todo o arsenal do susto vermelho e do autoritarismo de direita para intimidar os oponentes e defender seus interesses das demandas por redistribuição econômica significativa. Embora tenha sido confundida por esta crise, a direita populista não foi suprimida. Está apenas mudando4”.  

Frente a tudo isso, chegamos as seguintes constatações: o capitalismo fracassou, mas, não deverá sucumbir após essa crise. Para desespero de muitos a verdade de Marx vem à tona: "a riqueza é produzida pela classe trabalhadora” e “o capitalismo não existe sem o Estado". Ficou claro, também, que somente um Estado forte, soberano e socialista poderá salvar ou ao menos amenizar o sofrimento da humanidade, porém, para que isso ocorra, há uma imperiosa necessidade de que as esquerdas e as forças populares e progressistas do mundo se alinhem e se antecipem a esse movimento da direita populista pós-crise, aniquilando-a ou inibindo-a de qualquer tentativa de retrocesso político e econômico, caso contrário, viveremos um segundo caos, tão o mais danoso e perverso para classe trabalhadora e para a sociedade quanto o COVID-19.





























































1 Fonte: Revista “A Verdade” – Edição 101
2 Fonte: Revista “A Verdade” – Edição 101
4 Fonte: https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/apr/01/populist-right-coronavirus

















































1 Fonte: Revista “A Verdade” – Edição 101
2 Fonte: Revista “A Verdade” – Edição 101
4 Fonte: https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/apr/01/populist-right-coronavirus