Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

A MILITÂNCIA TACANHA DA FOLHA DE SÃO PAULO

Por: Odilon de Mattos Filho
Na maioria dos nossos textos aqui publicados, procuramos fazer contrapontos e/ou críticas ao comportamento desprezível da grande imprensa brasileira no que concerne, especialmente, às matérias políticas, não à toa, o nosso Blog chama-se Mídia & Política.

Nos textos procuramos mostrar, malgrado seja cristalino, que a imprensa nada mais faz, do que reproduzir o que os seus patrões mandam, ou seja, os seus jornais e telejornais são meras caixas de ressonâncias na defesa dos interesses do grande capital financeiro e das elites do país. Trocando em miúdos, a imprensa brasileira é parcial, tem lado e é ativista política, partidária e ideológicamente. 

Não é novidade para ninguém que a imprensa brasileira e a burguesia tupiniquim, esperavam um fracasso retumbante do primeiro governo de Lula, afinal, como se dizia, tratava-se de um “presidente semianalfabeto, torneiro mecânico e nordestino”, portanto, sem qualquer preparo para governar o Brasil. No entanto, veio a surpresa e Lula começou a realizar a grande transformação social no país, em especial na educação, fato que, simplesmente, enlouqueceu a burguesia. “A Casa Grande surta quando a Senzala aprende a ler”. Lembram-se dessa frase nas redes sociais? 

A propósito, este preconceito é narrado pelo próprio Lula quando de um encontro com Otávio Frias Filho um dos donos do jornal Folha de São Paulo. Diz o Lula: "Uma vez eu estava almoçando na Folha de S.Paulo e o diretor perguntou para mim: Escuta aqui, candidato, o senhor fala inglês? Eu disse não. Como é que você quer governar o Brasil se não fala inglês? Eu falei: Mas eu vou arrumar um tradutor. Mas assim não é possível. O Brasil precisa ter um presidente que fala inglês. E eu perguntei para ele: Alguém já perguntou se o Bill Clinton fala português?1”. 

Pois bem, com o sucesso do primeiro mandato de Lula e antes de encerrá-lo, começaram os ataques ao seu governo e ao Partido dos Trabalhadores para tentar impedir a reeleição de Lula. Entra em cena pela primeira vez no Brasil a utilização da “guerra híbrida” com a decisiva participação do Sistema Judiciário e a utilização de uma poderosa arma conhecida como Lawfare, uma modalidade de guerra silenciosa e mais devastadora do que as guerras convencionais. Assim, explode a primeira de tantas batalhas política/midiática/judicial contra o PT, o chamado “Mensalão” que abriu as portas para outros ataques que  conhecemos muito bem, como por exemplo, a tentativa de anular a eleição de 2014, o impedimento da presidenta Dilma, a criminalização do PT, a condenação do presidente Lula que, aliás, o processo do Tríplex teve início com uma falsa e premeditada matéria do jornal “O Globo” e por fim, a eleição do genocida Bolsonaro que teve todo o apoio da mídia brasileira. 

Sabemos que são recorrentes e escancarados os ataques da imprensa ao presidente Lula e ao PT, e quando tem que falar bem ou elogiá-los os Redatores se desdobram num esforço descomunal para esconder ou não mencionar o nome do PT ou de Lula. Um exemplo dessa implacável persecução midiática aconteceu no dia 23/12/2020 quando o jornal Folha de São Paulo enaltecendo a entrada dos negros nas faculdades na última década, teve o desplante de trazer a seguinte manchete: “Década colocou os negros na Faculdade, e não (só) para fazer faxina”. O objetivo do redator foi, claramente, omitir o nome do PT e de Lula pelas importantes políticas na área de educação, como a Lei de Cotas, Novo Enem, SiSU , Prouni, Fies, etc. 

Mas essa manchete não demorou muito foi, devidamente, execrada nas redes sociais. O ex-governador do RS Tarso Genro escreveu: “Lula, eu, Haddad, Paim, Mercadante e os (as) petistas de todas as galáxias, que construímos esta revolução, agradecemos a manchete da Folha. Só que década não é sujeito. Vocês já viram década fazendo alguma coisa? Nela transcorre alguma coisa que alguém faz. Ou não2”. 

O ex-ministro da Educação, Fernando Haddad assim se manifestou: “Pois é, a expansão das federais (Reuni), Fies s/fiador, criação dos Institutos Federais, Novo Enem, SiSU, Lei de Cotas etc. , tudo isso foi a Década que fez. Os governos da época e o movimento negro estavam na arquibancada assistindo a Década trabalhar3”. 

O Rapper Emicida, por sua vez, esculachou: “...É triste que a imprensa brasileira esteja em um lodo tão profundo, que tenha que elaborar uma manchete tão constrangedora quanto “década” colocou negros na faculdade, etc., como se os agentes dessa mudança não fossem os intelectuais do movimento negro junto a partidos de esquerda... Ao inviabilizar os sujeitos dessa 'ocupação', o jornal firma compromisso com a manutenção do racismo brasileiro e mantém o negro como objeto, sem a capacidade de ser sujeito da sua história. Ao apagar a esquerda, incorre numa militância tacanha que anda junto com os terraplanistas no recreio. Esse simplismo favorece a demonização dos movimentos populares de esquerda e limita a possibilidade de mobilização, a serem legítimos apenas quando de centro e direita. Algo perigosíssimo para a democracia, sobretudo hoje. Se não conhece o perigo é bom conhecer...4”. 

Aqui está uma prova cabal de que a ética foi mandada as favas pelos barões da mídia o que vale é a defesa dos seus interesses financeiros que coadunam com interesses do grande capital privado. E esse ódio ao PT e ao Lula nada mais é do que a tradução do ódio de classe. Se há um sentimento que tem animado o espírito político conservador hoje no Brasil, este é o do antipetismo e o antilulismo e nenhum outro setor tem incorporado melhor este papel do que a imprensa brasileira que contaminou milhões de brasileiros. E essa atitude é extremamente danosa e perigosa, pois, como bem afirma o grande Al Hajj Malik Al-Habazz (Malcom X) “Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido”. Ah! Por que o governo Lula não fez a regulamentação dos meios de comunicação?  





1 Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2608201027.htm

2Fonte:https://www.brasil247.com/midia/folha-atribui-meritos-do-pt-a-decada-e-e-alvo-de-chacota-nas-redes

3Fonte:https://www.brasil247.com/midia/folha-atribui-meritos-do-pt-a-decada-e-e-alvo-de-chacota-nas-redes

4Fonte: https://www.brasil247.com/midia/emicida-enquadra-folha-e-sua-manchete-sobre-a-decada-que-colocou-negros-nas-universidades

 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

BOLSONARO PRECISA DA CONVULSÃO SOCIAL PARA O SEU PROJETO PESSOAL

Por: Odilon de Mattos Filho:

O Brasil vive hoje uma de suas maiores crises econômica, política, institucional e social de todos os tempos. 

No campo econômico o Brasil atingiu a taxa recorde de 15% de desempregados e mais de 45% dos trabalhadores estão na informalidade. Soma-se a isso uma economia totalmente estagnada e em frangalhos. Na área política temos um governo incompetente, irresponsável e genocida e um congresso sem qualquer reação frente às desgraças do país. Já no campo institucional o que observamos é o total descrédito das carcomidas instituições: Judiciário, Legislativo e Executivo e por fim a crise social com o aumento da pobreza, o sucateamento dos serviços públicos, a carestia dos alimentos, desemprego em alta, falta de habitação e saneamento básico, etc. Este é o triste e atual retrato do Brasil!

 

Diante de todos estes problemas somados aos constantes ataques aos direitos e conquistas da classe trabalhadora e mais à Pandemia que mata milhares de pessoas todos os dias por total incompetência e inépcia de um governante déspota, negacionista e genocida o país já apresenta todas as condições objetivas para uma convulsão social que pode está mais perto do que imaginamos.

 

Mas, o que mais chama atenção sobre a grave situação do país é que toda essa crise foi criada pelo próprio governo, ou melhor, pelo presidente Bolsonaro e aqui entra a grande dúvida: tudo isso está acontecendo por mera irresponsabilidade e incompetência do presidente e de seu governo que estão a serviço do capital especulativo ou Bolsonaro, com segundas intenções e maquiavelicamente, está instigando as massas a se rebelarem?

 

No nosso modesto entendimento são as duas hipóteses. Não há menor duvida de que este governo serve ao capital especulativo e aos imperialistas do norte e segundo, a incompetência e irresponsabilidade saltam aos olhos, só não enxerga os 30% dos bovinos de plantão. Já a segunda hipótese, nos afigura, também, muito plausível.

 

Apesar dos inúmeros senões, é fato que o tiranete Bolsonaro foi eleito pelo voto direto do povo brasileiro, assim como Hitler e outros déspotas mundo afora foram também eleitos pelos seus povos e todos eles têm algo em comum: a vocação para serem ditadores e o sonho de implantar em seus países uma ditadura para chamar de sua!

 

Segundo alguns estudiosos do comportamento humano uma das características do ditador é a sua obsessão pela hierarquia, ou melhor, de estar no topo dessa hierarquia para mandar e nunca ser mandado. Geralmente não gostam de debates, são duros com aqueles que os criticam, como por exemplo, com a imprensa, mas, por outro lado financiam tudo que seja propaganda do seu regime, o apoio de Bolsonaro à TV Record, BAND, SBT e outras emissoras e o financiamento, sabe-se com que recursos, do chamado gabinete do ódio criado pelo Clã Bolsonaro para atacar os seus opositores por meio das redes sociais ou para os agrados ao governo é um exemplo dessa afirmativa. Outra característica de um ditador é que ele se juga sempre perfeito, não assume os seus erros e sempre se coloca como vítima diante de uma situação grave, além de várias outras características.

 

O dito presidente Bolsonaro encarna perfeitamente essa figura, aliás, justiça seja feita, ele nunca negou a sua predileção pela ditadura, pela tortura e pelo conservadorismo político, social e religioso, não à toa, é um negacionista convicto, preconceituoso, fundamentalista e atrelado ao conceito patriarcal. 

 

Mas, se Bolsonaro é um ditador, diria os bolsomínios, por que então não deu um golpe de estado e implantou o regime de exceção no Brasil? A resposta é fácil: Bolsonaro é ardiloso, maquiavélico, sabe onde pisa e conhece o tempo político. Ele está se organizando e preparando o terreno e a sua retaguarda para dá o bote no momento certo e está trazendo com ele boa parte das Forças Armadas, pois, engana-se quem pensa que os militares da ativa e de pijama não estão dispostos a entrar nessa aventura, ao contrário, estão sedentos, pois, não querem perder as benesses deste governo e vai defendê-lo custe o que custar.

 

Porém, Bolsonaro e sua tropa precisam de um bom álibi para dá o golpe de estado e realizar o seu projeto pessoal, e talvez, como afirmamos acima, essas dantescas atitudes que beiram a loucura, na verdade, não passam de uma estratégia de instigar as massas a se rebelarem, com isso, cria-se as condições para que ele e o seu bando deem o golpe de estado com velha narrativa de que a baderna tomou conta do país, a família e a religião estão sendo destruídas, a sombra do comunismo está rondando o país novamente, etc., etc. e etc.

 

No entanto, o seu maquiavélico plano pode ser um tiro no pé e aqui é que entra os Partidos de oposição, as centrais sindicais e os movimentos populares. Essas forças progressistas têm que se antecipar, aliás, isso é para ontem, e chamar as massas para as ruas e se houver possiblidades políticas, comandá-las para impedir o golpe, colocar um fim nesse governo e apresentar uma profunda pauta de reinvindicações que vá ao encontro da classe trabalhadora e de toda sociedade brasileira. Não dá para apenas esperar e espiar tem que agir e como diz o ditado iorubá mencionado pelo grande Poeta Emicida em seu documentário AmarELO, “Exu matou o pássaro ontem, com uma pedra que atirou somente hoje”. Toda atenção é pouca para o ano de 2021!

 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

MORO: MAIS QUE SUSPEITO

Este documentário, sob o ponto de vista histórico e jurídico é de extrema relevância para o país. Aqui estão reunidas algumas das prinicipais provas da parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro e a dura persecução penal sofrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operção Lava-jato. Sem dúvida de que toda essa trama entra para história do país como o momento mais grave, torpe, sujo e lastimável do Sistema Judiciário Brasileiro. 
Porém e diante de toda essa sórdida trama montada pela Operação Lava-jato e diante do conjunto probatório já demonstrado, não há outra saída para os ministros do STF que não seja decretar a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e anular os processos contra o presidente Lula, fato que nos afigura não só fazer justiça a um homem ilegalmente condenado, mas, também, à democracia brasileira que, indiretamente, foi condenada com a eleição de um déspota que hoje desgoverna e destrói o nosso país. Com a palavra o STF!





quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

PÁTRIA ARMADA BRASIL


Por: Odilon de Mattos Filho

É sabido que o sistema capitalista não se limita apenas na acumulação de riqueza e na exploração da classe trabalhadora, esse sistema é extremamente excludente, cruel e genocida com a grande maioria da população mundial.

É de conhecimento de muitos, que os pilares do capitalismo são o sistema financeiro e os grandes conglomerados da indústria química, farmacêutica e armamentícia. Não à toa, que os imperialistas, de tempos em tempos, envolvem-se em guerras, conflitos e pressionam os países para libração de vendas de armas de fogo para civis. Quanto à indústria química e farmacêutica não precisamos explicar, aliás, essa Pandemia é emblemática e corrobora essa ganância desenfreada e sem escrúpulos desse sistema carcomido e falido.

Mas, vamos nos ater apenas com relação às armas de fogo! 

Estima-se que há no mundo mais de 640 milhões de unidades de arma de fogo, metade desse arsenal está nas mãos de civis e o restante está reservado à Polícia, o que resulta em uma arma para cada 10 pessoas no mundo. Segundo dados da “BBC New-Brasil”, as cem principais empresas de armamento do mundo venderam mais de US$ 375 bilhões em 2016, pouco mais de US$ 1 bilhão por dia, são 38% a mais que em 2002. 

Em terras tupiniquins o ritmo é parecido. De acordo com a matéria do site “Agência Brasil” o lucro da Taurus no Brasil atingiu R$ 307,6 milhões em 2018, mais de três vezes superior a 2017. No ano passado, a produção total de armas da Taurus, somadas as fábricas do Brasil e dos EUA, foi de 1,117 milhão de armas. Já a empresa pública Imbel ligada ao Ministério da Defesa prevê crescimento de 20% na produção de armas curtas de uso civil em 2020 se comparado a 2018. 

Esses números são traduzidos pela pesquisa da Small Arms Survey, do Instituto de Estudos Internacionais de Genébra (Suíça) que aponta o Brasil como um dos maiores fabricantes de armas de pequeno porte do mundo. 

A quantidade de armamento vendida pelas fábricas brasileiras dentro do mercado nacional (531 mil armas) é maior do que as 464 mil armas recolhidas pela Campanha do Desarmamento, realizada pelo Ministério da Justiça, entre os anos de 2004 e 2005. 

Evidente que este aumento aconteceria, afinal, a posse de arma com este governo é descaradamente incentivada por uma política de armar a população. A obsessão de Bolsonaro é tamanha, que hoje, dia 09/12/2020, o governo zerou a alíquota do imposto de importação de revólveres e pistolas, dando mais uma mostra de que está firme no propósito de armar a população brasileira. Não passa de um esquizofrênico com uma tara surreal!

Em matéria assinada pela jornalista Thaiza Pauluze no jornal Folha de São Paulo é apontado, dentre outros dados, o aumento do número de armas nas mãos de civis. Segundo a matéria, no começo de 2019, havia pouco menos de 200 mil armas de fogo devidamente registradas no país. No fim do ano de 2019, foram contabilizados novos 8.850 registros. E entre janeiro e junho de 2020, mais 8.844, lembrando que estes números se referem apenas às armas que estão em mãos de vigilantes e de empresas de escolta.

No mesmo ritmo da enorme alta da produção dessas máquinas de matar, segue o setor de segurança privada. O Brasil tem mais de um milhão de vigilantes, o que significa o dobro das três Polícias existentes no país (Militar, Civil e Federal) e três vezes mais que o número de militares das Forças Armadas (380 mil militares). 

O mais assustador com relação a essa indústria de segurança particular é com relação aos seus empregados. A grande maioria dos seguranças não é registrada, têm nível de escolaridade baixa, são mal remunerados e não passam por cursos de formação e quando passam, são cursos relâmpagos que pouco ou quase nada acrescentam na preparação desses trabalhadores. Isso sem contar que boa parte dessas empresas são irregulares e a maioria delas estão nas mãos de militares ou policiais, o que talvez explica, o afrouxamento do controle e da fiscalização dessas empresas por parte Polícia Federal. E o resultado nós conhecemos, são inúmeros "Beto Freitas" assassinados Brasil afora!

A propósito, em 2019, setenta e seis por cento das vítimas de homicídios foram negros, uma taxa de homicídios por 100 mil habitantes de 37,8 negro(a)s enquanto a taxa de homicídio de brancos foi de 13,9. 

E é por conta dessa ganância do sistema capitalista e aqui no Brasil somado a um governo negacionista, genocida e cercado por milicianos digitais que a polícia está matando mais, o feminicídio está aumentando mais, os crimes contra pessoas LGBTQI+ estão aumentando mais e os seguranças estão matando mais do que nunca. Porém, nada disso é novidade, pois, com um governo comandado por um presidente que se regozija com a tortura não seria diferente, ou seja, jamais forjaria uma pátria com livros e leitores, a sua obsessão é tramar uma pátria com armas e matadores. É o fim desse governo ou será o fim da nossa Nação!

 


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

SÉRGIO MORO: DE ALGOZ A DEFENSOR DA ODEBRECHT

Por: Odilon de Mattos Filho

Como é de conhecimento “até do mundo mineral”, como diria o grande jornalista Mino Carta, o Site The Intercept desnudou, por completo, a famosa Operação Lava-jato e a persecução penal contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, as instâncias superiores do Poder Judiciário fizeram vista grossa para as denúncias .

Já escrevemos neste espaço sobre as vastas e gritantes ilegalidades e anomalias jurídicas que cercam os processos contra Lula e outros réus. O Lawfare, por exemplo, criado pelos imperialistas do norte e conhecido como uma modalidade de guerra silenciosa e mais devastadora do que as guerras convencionais, foi escancaradamente utilizado pelo MPF e pelo Juiz Sérgio Moro nos processos contra o presidente Lula. Do outro lado a defesa de Lula insistentemente denunciou essa prática, inclusive, junto a ONU, mas, o Sistema Judiciário Brasileiro fez ouvidos moucos frente essas barbáries cometidas pela "República de Curitiba" que naquele momento tinha um só objetivo: condenar o presidente Lula e impedi-lo de disputar as eleições de 2018. 

Dentre essas ilegalidades uma salta aos olhos e agora vem à tona de forma cristalina. O juiz Sérgio Moro e o Procurador, Deltan Dallagnol estavam a serviço, ou melhor, em conluio com o Departamento de justiça dos EUA com objetivos claros de condenar o presidente Lula e destruir a Petrobras e as empresas de infraestrutura do país. Toda essa trama foi realizada ao arrepio da lei, pois, conforme dispõe o Acordo celebrado entre o Brasil e EUA toda cooperação jurídica entre os dois países tem ter o aval do Ministério da Justiça, ou seja, tem que passar, primeiro, pelo crivo do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), mas, isso foi, solenemente, ignorado pelos procuradores e pelo juiz Sérgio Moro. 

Com as notícias desta semana e mais as contundentes denúncias do Intercept não pairam dúvidas a suspeição do Juiz Sérgio Moro e as flagrantes ilegalidades e arbitrariedades cometidas durante a tramitação dos processos contra o presidente Lula. E considerando às notícias dos jornais no início do mês de dezembro pode-se afirmar de maneira peremptória que o STF tem elementos suficientes para decretar a nulidade das ações contra Lula, em especial do caso do Triplex. 

Os jornais e especialmente os sites independentes publicaram que o inescrupuloso Sérgio Moro tornou-se sócio-diretor da Alvarez & Marsal, empresa estadunidense especializada em consultoria de empresas privadas. Mas, o curioso, para não dizer esculacho deste fato, é que essa empresa de consultoria vai atuar como administradora judicial do processo no qual o Grupo Odebrecht está em Recuperação Judicial. Vale lembrar aos bovinos de plantão, que essa Odebrecht é a mesma empresa que foi condenada pelo juiz Sérgio Moro na operação Lava-jato. Vale registrar, ainda, que Alvarez & Marsal respondeu, também, pela recuperação judicial de várias outras empresas, dentre elas, a OAS, empresa que a defesa do presidente Lula provou que é a proprietária do famoso Tríplex de Guarujá. Aliás, a própria Alvarez & Marsal entregou à Vara Federal de Curitiba Certidão do Cartório de Registro de Imóveis de Gurujá comprovando que o Prédio Solares e o famoso Tríplex faziam parte dos bens que pertenciam à empresa OAS, mas, o ex-juiz Sérgio Moro simplesmente ignorou e desprezou essa prova documental e se valeu, apenas, de sua convicção e de fatos inderterminados para julgar e condenar o presidente Lula.   

Se todo esse conflito de natureza ética, para não dizer promiscuidade, não bastasse, Sérgio Moro vai ser muito bem recompensado pelas suas tramoias. A Consultora Alvarez & Marsal da qual Moro se tornou sócio, celebrou um contrato com a Odebrecht que prevê que a empresa de Moro receberá R$ 35 milhões com o processo de recuperação judicial do grupo. Já a empresa OAS pagou R$ 15 milhões à Alvarez & Marsal. A Consultoria Alvarez & Marsal que trabalha na recuperação da empresa Sete Brasil pediu ao juiz que fossem arbitrados honorários na ordem de R$ 22,4 milhões por 30 meses de trabalho na causa. 

Aliás, comentando esse contrato de Sérgio Moro com a Alvarez & Marsal vale citar o insuspeito jornalista Reinaldo Azevedo que escreveu: “...Ele [Sérgio Moro] vai atuar na área de Disputas e Investigações da A&M em escala global. Ah, agora sim!... Moro, o ex-juiz da Lava Jato, cujo trabalho provocou os sortilégios que provocou nas empresas, na economia e na política é agora sócio-diretor da empresa encarregada de cuidar da recuperação judicial da empreiteira que a força-tarefa ajudou a quebrar. Mais: ele vai trabalhar justamente na área de "Disputas e Investigações1”.

O mesmo jornalista escreveu, também, sobre o triângulo entre a OAS, o tríplex de Guarujá e a Alvarez & Marsal, demonstrando de forma cabal que Sérgio Moro agiu com total parcialidade e desonestidade no processo do caso do Tríplex. Diz Reinaldo Azevedo: “...Em uma petição enviada ao então juiz Sérgio Moro no dia 19/04/2017, a defesa de Lula exibia dois documentos demonstrando que o tal tríplex de Guarujá não pertencia ao ex-presidente. Era, na verdade, propriedade da OAS. E quem é que listava o imóvel como patrimônio da empreiteira? Ninguém menos do que a Alvarez & Marsal, empresa de que Moro agora é sócio honrado e acima de qualquer suspeita. Isso está devidamente documentado.. Pergunta: será que, hoje, Moro acredita na palavra da empresa de que ele é sócio diretor? Ou ainda: será que, agora como empresário com ganhos milionários, ele espera que juízes façam como ele fez e ignorem o que certifica a A&M?2

Evidente que o conluio do ex-juiz Sérgio Moro com o Departamento de Justiça dos EUA fora do Acordo de Cooperação Jurídica entre Brasil e os EUA teve como objetivo defender os interesses dos imperialistas do norte e o convite para se associar à Consultora Alvarez & Marsal não passa de um prêmio ou retribuição pela sua participação no golpe que arrancou a presidenta Dilma Rousseff do Poder e pela quebradeiras das empresas do país como, por exemplo, a Odebrecht que hoje ele próprio defenderá. 

Frente a toda essa sórdida trama montada pela Operação Lava-jato e diante do conjunto probatório já demonstrado, não há outra saída para os ministros do STF que não seja decretar a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e anular os processos contra o presidente Lula, fato que nos afigura não só fazer justiça a um homem ilegalmente condenado, mas, também, à democracia brasileira que, indiretamente, foi condenada com a eleição de um déspota que hoje desgoverna e destrói o nosso país. Com a palavra o STF! 

1Fonte:https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/11/30/moro-vira-socio-de-americanos-que-ajudam-empresas-investigadas-entenderam.htm

2 Fonte: https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/12/02/os-documentos-da-am-de-que-moro-e-socio-atestando-que-triplex-era-da-oas.htm

 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

RACISMO: “O SILÊNCIO É TRAIÇÃO”

Por: Odilon de Mattos Filho:
No dia 19 de Novembro de 2020, um dia antes de se “comemorar” o Dia da Consciência Negra, os brasileiros tomaram conhecimento do brutal assassinato do cidadão João Alberto Silveira Freitas de 40 anos de idade. O crime foi cometido dentro do estacionamento de um dos supermercados do Grupo Carrefour na cidade de Porto Alegre e foi praticado por seguranças daquele estabelecimento. Detalhe: “Beto” era negro. É mais um que entra para a triste e abominável estatística da prática de racismo em terras tupiniquins.

Não temos a menor dúvida de que o racismo no Brasil é estrutural e não há nenhum argumento que nos convença do contrário, pois, os dados, os estudos e a história corroboram tal afirmativa. Aliás, como bem afirma o professor de Direito, Silvio Almeida, “...Todo o racismo é estrutural porque o racismo não é um ato, o racismo é processo em que as condições de organização da sociedade reproduzem a subalternidade de determinados grupos que são identificados racialmente1".

A sentença da juíza Lissandra Reis Ceccon, de Capinas/SP ilustra bem o racismo estrutural a que se refere o Professor Silvio. Escreveu a magistrada: "...o réu não possui o estereótipo padrão de bandido, possui pele, olhos e cabelos claros, não estando sujeito a ser facilmente confundido2”. 

A propósito, os dados abaixo, também, nos mostram de maneira peremptória este racismo estrutural. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE, por exemplo, nos mostra que os negros têm maiores dificuldades de acesso à moradia, sete em cada dez pessoas que moram em casas com inadequação são pretos. Já a PUC/RS em parceria com a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina mostram que os trabalhadores negros recebem salário 17% menor que o de brancos que têm a mesma origem social. Por sua vez, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que oito em cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras. O Mapa da Violência elaborado em 2015 pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais nos mostra, também, que o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%, ao passo que o índice de feminicídios de brancas caiu 10% nos últimos dez anos. O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, onde 68% dos presos são pretos, segundo revela o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). 

Não podemos perder de vista, porém, que há outro fator que possa explicar esses dados: o próprio sistema capitalista. Neste sistema o negro é uma ferramenta para se rebaixar os salários e por conseguinte, a força de trabalho de toda sociedade e quando o negro se submete a qualquer salário, inevitavelmente, o desfecho nós conhecemos: as precárias condições de vida para a sua família com menos acesso à informação, piores vestimentas, alimentação e moradia, menor escolaridade etc, e de geração em geração o ciclo vai se completando, renovando e se perpetuando.

No entanto, mesmo diante destes dados, ainda há pessoas que sustentam que não há racismo ou discriminação racial no Brasil. Aliás, sobre essa afirmativa, temos uma curiosidade, ou melhor, um paradoxo dentro da mídia nativa. Temos acompanhado que a Rede Globo tem dado uma cobertura razoável e vem cumprindo o seu papel jornalístico de denunciar os casos de racismo no Brasil. No entanto, o próprio diretor de jornalismo da emissora prateada, Ali Kamel é autor de um livro intitulado,  “Não somos racistas”, no qual o autor critica a “Política de Cotas” adotada pelo governo Petista, evidenciando o seu lado preconceituoso e racista. 


Mas afora a insignificância deste “ilustre” jornalista e a sua postura escravocrata, o que nos causa repúdio e vergonha é a atitude das duas maiores autoridades do país terem esse mesmo comportamento e uma insensibilidade humana sem tamanho frente às barbaridades que acontecem no país, especialmente, quando o assunto é Direitos Humanos. Estamos falando do presidente e vice-presidente da república, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. 

Logo depois do bárbaro assassinato do cidadão João Alberto o Vice-presidente da república, Hamilton Mourão em entrevista aos jornalistas, disse: "Lamentável né? Isso é lamentável. Em princípio, é segurança totalmente despreparada para a atividade que ele tem que fazer...Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui2

Já o presidente Bolsonaro, um notório preconceituoso, sem qualquer palavra de solidariedade à família de João Alberto foi para redes sociais e escreveu o despautério sobre este caso: “...Existem diversos interesses para que se criem tensões entre nosso próprio povo. Um povo unido é um povo soberano, um povo dividido é um povo vulnerável...Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença...aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história...Quem prega isso está no lugar errado. Seu lugar é no lixo!3”. 

Nessa mesma linha de canalhice, como não poderia ser diferente, Eduardo Bolsonaro o nº 3, também, vomitou o seu excremento nas redes sociais: “Nosso repúdio ao espancamento fatal no Carrefour -Lula disse que a esquerda brasileira deveria copiar o quebra-quebra do Chile - “Conseguiram seu George Floyd para, sob pretexto de combater o racismo, de maneira organizada destruir tudo até talvez conseguirem nova constituinte4”. 

Realmente trata-se de mais um caso bárbaro de racismo no Brasil e não obstante, as inúmeras manifestações denunciando essa barbárie, temos que registrar que nos causa perplexidade a tímida reação dos brasileiros, que foi longe, mas, muito longe do que aconteceu nos EUA com o assassinado de George Floyd. Evidente, que estamos numa Pandemia e há muito receio ou medo de aglomerações que acontecem nas manifestações, todavia, antes mesmo da Pandemia, já aconteceram inúmeras atrocidades contra negros e contra outros grupos de minoria e as manifestações de rua foram tímidas, isoladas e muito aquém do esperado. 

O que nos preocupa e assusta com esse comportamento, é que essas barbáries estão aumentando, se banalizando e causando poucas indignações, isso é temerário, pois, sabemos que o país flerta com o obscurantismo e a falta de reações fortes podem encorajar os abutres de plantão a saltos mais altos. Portanto, não podemos e não devemos nos calar e intimidar frente a essas atrocidades cometidas contra os nossos irmãos negros, índios, moradores de rua, enfim, aos Direitos humanos, afinal, como bem afirma Martin Luther King “chega um momento em que o silencio é uma traição”. 


 



1 Fonte:  https://www.cut.org.br/noticias/saiba-o-que-e-racismo-estrutural-e-como-ele-se-organiza-no-brasil-0a7d 2-Fonte:https://migalhas.uol.com.br/quentes/297368/reu-nao-possui-estereotipo-padrao-de-bandido--possui-pele--olhos-e-cabelos-claros---diz-juiza-de-sp

3 Fonte: https://jornaldebrasilia.com.br/politica-e-poder/bolsonaro-ignora-morte-de-beto-freitas-e-diz-que-lugar-de-quem-prega-discordia-e-no-lixo/

4Fonte:https://www.poder360.com.br/congresso/eduardo-bolsonaro-sobre-caso-joao-alberto-conseguiram-seu-george-floyd/

 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

AMAPÁ: MAIS UM EXEMPLO DA SANHA PRIVATISTA

Por: Odilon de Mattos Filho

Hoje não há como sustentar a tese ou o modelo político/econômico deste capitalismo financeirizado que defende o “Estado Mínimo”, ou seja, que a solução para o Brasil seria privatizar tudo entregando para a iniciativa privada todas as empresas públicas, setores da educação, saúde, e todas as nossas riquezas. 

Muitos sabem que este modelo, lesa pátria, teve início no auge do chamado neoliberalismo, nos anos oitenta, no governo de Margaret Thatcher.

No Brasil o ímpeto desta política entreguista veio pelo governo FHC (PSDB,DEM,PMDB e outros) alinhado com o chamado “Consenso de Washington” que tinha como meta impor aos países em desenvolvimento medidas básicas para um profundo ajuste macroeconômico, e para tal, uma das receitas foi o desmonte do Estado com a entrega de nossas riquezas à iniciativa privada. 

Os desastrosos resultados dessa política são amplamente conhecidos pelos brasileiros, aliás, quem se interessar conhecer melhor o submundo das privatizações na “Era FHC”, sugerimos as leituras dos livros “O Brasil Privatizado” do saudoso jornalista Aloysio Biondi, e “Os Porões da Privataria”, do também jornalista, Aumary Ribeiro Júnior. 

Encerrado esse ciclo entreguista e após os exitosos governos populares e democráticos do presidente Lula e da presidenta Dilma, assume o Poder um governo de extrema direita que tem como base de sua política econômica, à volta e o aprofundamento das políticas entreguistas. Esse modelo, como se sabe, é imposto pelo capital financeiro e pelos imperialistas do norte e está sendo devidamente conduzindo pelo ministro Paulo Guedes que, aliás, fez parte do grupelho do “Chicago Boys” no Chile do general Pinochet, modelo este, que diga-se de passagem, foi rechaçado pelo povo chileno que no ano passado e neste ano ganhou as ruas do país e exigiu o fim deste modelo econômico e a convocação de Constituinte soberana. 

No Brasil de hoje, dois acontecimentos, malgrados suas tragédias, reforçam e comprovam o quanto é e quanto pode ser danosa essa politica privatista para o povo e para o conjunto da classe trabalhadora. A Pandemia revelou a importância do Sistema Público de Saúde para a população, especialmente, a de baixa renda. Mesmo com todo sucateamento que vem sofrendo, esse Sistema está salvando e socorrendo, gratuitamente, o povo brasileiro, evitando, dentro das possibilidades, o aumento de óbitos de nossos indefesos cidadãos. O segundo acontecimento, está sendo o vergonhoso e criminoso apagão no Estado do Amapá onde aproximadamente setecentas mil pessoas já foram atingidas e isso sem contar os incalculáveis prejuízos dos micros, pequenos e médios empresários da cidade e do campo. 

A mídia nativa de maneira deliberada falseia e desinforma a população sobre o apagão no Amapá, escondendo o verdadeiro responsável que é a empresa privada espanhola Isolux que venceu a licitação da linha de transmissão que leva energia de Tucuruí até o Amapá. 

A Globonews, por exemplo,  está culpando o governo Dilma por ter feito populismo com a licitação dessa linha de transmissão – e aqui criticamos o PT por ter aberta essa concessão – exigindo no edital, dentre outros requisitos para os cocorrentes, a menor tarifa e que por essa razão a empresa não está suportando a crise. Pois bem, frente a essa falácia perguntamos aos colunistas patronais: a empresa Insolux quebrou doze anos depois da licitação e a culpa é da presidenta Dilma? A presidenta Dilma pode ser responsabilizada por exigir a menor tarifa, ou seja, de proteger os consumidores? Será que os “ilustres” analistas queriam que a presidenta protegesse os interesses dessa empresa concessionária em detrimento aos interesses do povo? 

A propósito, neste sentido o Sindicato dos Eletricitários, também, acusa a desinformação que a imprensa teima em repassar. Diz o a Nota do Sindicato: “...mesmo diante do caos gerado pela privatização, os privatistas de plantão tem se mobilizado para enganar a população, dizendo que a responsabilidade é da CEA, distribuidora de energia estatal. A desinformação sempre foi a arma para convencer a população de que é preciso vender o patrimônio público diante de uma suposta ineficiência das estatais. A realidade é que, quando o povo brasileiro precisa, são os trabalhadores de empresas públicas que estão prontos para atender1”. 

É sabido, e isso a imprensa não mostra também, que a situação financeira da empresa Insolux é caótica e por se tratar de uma empresa privada ela não tem nenhum compromisso com os seus consumidores, ao contrário, o seu compromisso é com o seu cofre e com o seu lucro e para tal não investiu como deveria fazer e por consequência negligenciou, por exemplo, com os aspectos de segurança do sistema, causando esse caos que estamos vendo no Amapá. 

A propósito o engenheiro da Eletronorte, Ikaro Chaves em entrevista ao site Brasil 247 disse que “...É muito provável que tenha havido negligência por parte da empresa [Isolux], pois, esses equipamentos não deveriam ter falhado. E se eles tivessem falhado, deveriam ter redundância. E mesmo se a redundância tivesse falhado também, seria necessário ter equipamento sobressalente para que elas voltassem rapidamente ao funcionamento, o que não aconteceu2”. 

Com relação às privatizações do setor elétrico esse mesmo engenheiro alertou que “a tragédia do Amapá não foi a primeira. E, provavelmente, não vai ser a última causada pela irresponsabilidade de empresas privadas...A gente tem visto crises seríssimas em toda a região Norte do país. Em Rondônia, onde a tarifa explodiu, onde foi criada, inclusive, uma CPI [na AL] para investigar irregularidades causadas pela empresa privada de distribuição. Temos visto isso no Acre, em Roraima, com o aumento absurdo da conta de luz3”.

Diante de todo esse caos, podemos afirmar: é vergonhosa a omissão do governo federal e demais autoridades frente a este caos no Amapá e  reafirmamos de maneira enfática que não não há espaço para a pauta da privatização do setor elétrico, como querem o governo federal e alguns governos estaduais. Esse é um setor estratégico e essencial para as vidas das pessoas de qualquer país, não á toa, que a China, EUA e Canadá, para ficar nestes três exemplos, têm forte presença estatal no setor elétrico de seus países.

E para finalizar, citamos um trecho da apresentação do Calendário 2021 da Corrente “O Trabalho” do PT, que retrata de maneira assertiva o fim deste sistema capitalista. Escreve o autor: “...A crise atual, acelerada pela Pandemia, não é mais uma crise “econômica” cíclica. É produto da agonia de um modo de produção e de um regime social que cumpriram o seu tempo, que se mantiveram ao preço de duas guerras mundiais, com dezenas de milhões de mortos, e que hoje, para sobreviverem, mergulham novamente a humanidade na barbárie...”. Não as privatizações! 







1 Fonte: https://www.sindinorte.org.br/apagao-empresa-privada-deixa-amapa-sem-energia-e-eletronorte-e-quem-trabalha-para-recuperar-o-sistema/

2 Fonte: http://site.serjusmig.org.br/noticia/6361/privatizacao-no-amapa-eletrobras-que-e-publica-e-convocada-para-resolver-apagao

3 Fonte: http://site.serjusmig.org.br/noticia/6361/privatizacao-no-amapa-eletrobras-que-e-publica-e-convocada-para-resolver-apagao

terça-feira, 17 de novembro de 2020

ELEIÇÕES 2020: A ESQUERDA ESTÁ MAIS VIVA DO QUE NUNCA

Por: Odilon de Mattos Filho.
Sabemos que as elites do país apostavam que o presidente Lula e o PT não conseguiriam governar o Brasil, por essa razão, não houve muitos ataques no início da primeira administração Petista. No entanto, aproximando o fim do governo e com o aumento extraordinário da popularidade do presidente Lula a direita conservadora, assustada, se juntou à mídia nativa e com o apoio do Poder Judiciário começaram a tentar destruir o governo do presidente Lula para impedi-lo de disputar a reeleição. Aparece, então, a figura do lawfare que é utilizado desde os anos de 1970 para desestabilizar e/ou derrubar governos democráticos e populares que não se alinham aos interesses do capital financeiro e dos imperialistas do norte. E assim nasceu o Mensalão, o primeiro de inúmeros ataques utilizando a prática do lawfare contra o Partido dos Trabalhadores e contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O restante da história nós conhecemos. 

Aliás, a título de conhecimento, vale citar os ensinamentos de Rafael Valim um dos Advogados do presidente Lula sobre essa figura do "lawfare. Segundo Rafael, "constitui um novo tipo de guerra, muito sofisticado e menos custoso do que às velhas guerras. Não substitui os tanques e as munições, senão se coloca como uma alternativa ou um complemento muito eficaz para a destruição de inimigos...Até pelo hermetismo da linguagem jurídica, incompreensível para a maioria das pessoas, o lawfare é uma modalidade de guerra silenciosa, discreta, porém, de consequências tão ou mais devastadoras do que as guerras convencionais1". A propósito, essa modalidade de ataque se intensificou muito e ficou mais conhecida dos brasileiros a partir dos processos contra o presidente Lula. 

Depois de incalculáveis e conhecidas ações ofensivas contra o PT, inclusive, a tentativa de criminaliza-lo, a direita consegue algumas vitórias de Pirro. A primeira, foi com a escandalosa fraude do impeachment da presidenta Dilma e a ascensão de Temer a presidência. Depois veio a segunda com a ilegal condenação do presidente Lula “por fato indeterminado” e por fim veio a comemoração com o fracasso do PT nas eleições de 2016 e a vitória de Bolsonaro em 2018. Pronto, foi o suficiente para a direita, a extrema direita e toda imprensa sabuja bradarem, alto e bom som, o  fim  Partido dos Trabalhadores e da esquerda brasileira.

Mas, essas elites subestimaram o poder e a força popular e superestimaram o poder da extrema direita, e os primeiros resultados das eleições de 2020 mostram um pouco disso, pois, tanto o PT e à esquerda continuam muitos vivos e fortes, enquanto a base da extrema direita de Bolsonaro começa a derreter rapidamente. 

O PT, como dito alhures, depois de sofrer um bombardeio, começa a se recuperar de 2016. Disputará com candidaturas próprias ou como vice de Partidos do campo progressista o segundo turno em algumas capitais e avançou em cidade de médio porte. Os demais Partidos de esquerda, também, ampliaram muito a sua participação nessas eleições, São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, é emblemático para ilustrar essa afirmativa e pode sinalizar para uma Frente Única em 2022 que, certamente, se acontecer terá reais chances de derrotar a direita e a extrema direita. 

Aliás, nesse sentido o jornalista Rodrigo Viana escreve: “...Feitas as contas, Boulos e Tatto, juntos, conseguiram quase a mesma quantidade de votos que o PSDB. A esquerda voltou a fazer a disputa de projetos na maior cidade brasileira, e isso se deve tanto à memória das administrações petistas (defendida por Tatto), quanto à atualização de linguagem política representada por Boulos2”. 

Neste tabuleiro político vale citar, também, duas capitais importantes: Porto Alegre e Belém onde a esquerda está no segundo turno. Na primeira temos Manuela d’Ávila do PCdoB e em Belém Edmilson do PSOL, ambos têm como vice nas respectivas chapas, dois Petistas, o que reforça a tese da possiblidade de um Frente Ampla em 2022. 

Mas, os sinais de avanços da esquerda nessa eleição, não se resumem nas alianças, o diferencial foi, também, na estratégia da escolha de seus candidatos. Não obstante este modesto escriba ter muito mais identificação com a pauta classista, reconhecemos, a importância da pauta identitária introduzida de forma mais forte neste pleito pelo PT, PSOL e PCdoB, que levaram para os legislativos municipais inúmeros representantes de mulheres feministas, negras, militantes LGBT, jovens anti-racistas, etc, o que significa mais uma considerável vitória do campo progressivo. 

Na outra ponta, reconhecemos, também, dois fatos ocorridos nessa eleição: a extrema direita parece que foi para o sal, por outro lado, houve um avanço considerável da direita tradicional, DEM, PP, PSD, Partidos que, certamente, poderão ser a base dos candidatos dos sonhos do capital financeiro, do empresariado e especialmente da TV Prateada: Luciano Hulk e Sérgio Moro, mas, que terão de disputar com João Dória e Rodrigo Maia o protagonismo da direita nas eleições de 2022. 

Por fim e partindo dos resultados dessas eleições, podemos chegar as seguintes conclusões: a extrema direita e o bolsonarismo contrários à civilidade, a tolerância, e a democracia voltaram para o seu devido lugar: a insignificância. A direita tradicional está procurando se articular, inclusive, podendo trazer a reboque o falido PSDB e o MDB, o paroxismo do fisiologismo da nossa política e formar uma Frente de Centro-direita, podendo ser em 2022 o grande adversário da esquerda, que diferentemente do que pesam os analistas patronais, encontra-se mais viva do que nunca e com possiblidades reais de compor uma Frente Única e se credenciando para dar o xeque-mate neste difícil jogo de xadrez que é a politica/eleitoral brasileira. É esperar para ver!












1-Fonte:https://www.brasil247.com/poder/uma-parceria-de-moro-com-eua-visou-destruir-lula-afirma-defesa

2-Fonte: https://www.brasil247.com/blog/a-derrota-de-bolsonaro-e-uma-esquerda-ampliada


quarta-feira, 23 de setembro de 2020

POR QUE O ÓDIO AO PT?

Por: Odilon de Mattos Filho
O PT nasceu em 1980 como um Partido operário, independente e sem patrões, engajado na luta pelos direitos da classe trabalhadora e pela defesa intransigente da democracia. Dois anos após a sua o Partido elege o seu primeiro Prefeito: Gilson Menezes de Diadema/SP. Já 1984 o PT foi protagonista na convocação, mobilização e participação no movimento das Diretas Já. 

Em 1987 veio o seu grande desfio com as eleições para escolher os deputados constituintes. Nesta ocasião o PT elegeu 16 Deputados comandados pelo líder do Partido, Luiz Inácio Lula da Silva. O PT teve um papel de vanguarda na Constituinte, especialmente nas mobilizações dos trabalhadores, nas mobilizações e debates pelas emendas populares e a representação dos movimentos sociais nas audiências públicas com grande poder de pressão junto aos constituintes. 

Já em 1989 o PT coloca o presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais, só não vencendo aquele pleito graças à intervenção da Rede Globo de Televisão que se valendo do último debate entre Lula e Collor fez uma edição escancarada e vergonhosa do debate favorecimento o candidato das elites, Fernando Collor. 

Depois o PT cresce faz vários govenadores e em 2003 Luiz Inácio Lula da Silva assume a presidência da república se reelege e depois faz a sua sucessora, Dilma Rousseff, a primeira mulher presidenta do Brasil. O presidente Lula deixa o governo com uma avaliação espantosa de 87% de aprovação. O resto da história que culminou em um golpe patrocinado pela mídia, pelo sistema judiciário brasileiro e pela direita conservadora do país contra a presidenta Dilma nós já conhecemos! 

Mas, somos de opinião que as eleições de 1989 teve um papel relevante, quase um divisor de água nesse ódio ao PT, pois, foi após este pleito que começa despertar e ser estimulado pela mídia nativa os sentimentos de intolerância, preconceito e o ódio de classe contra os excluídos da sociedade, contra Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores que surgia como um fiel aliado e defensor dessas classes atingidas por estes abjetos sentimentos. 

Aliás, esses sentimentos ficaram mais aguçados após os exitosos governos de Lula que tirou do Poder, por meio do voto, os poderosos que desde sempre se beneficiam das benesses do Estado, aliás, nesse sentido a professora da UFRJ, Denise Gentil corrobora dizendo que “o orçamento público se transformou num instrumento a serviço dos interesses do sistema financeiro. Temos a mais elevada taxa de juros do mundo e a dívida pública é o mecanismo mais brutal de apropriação privada dos recursos públicos. Em lugar nenhum há uma transferência tão violentamente explícita de renda aos bancos, fundos de investimento e fundos de pensão como no Brasil1

A propósito, sobre esse ódio de classe, a Historiadora e jornalista Márcia Camargos nos explica: “...sempre me perguntei de onde vinha o ódio visceral contra Lula e o PT. Hoje entendo perfeitamente que se trata de um ódio de classe. Uma raiva profunda, nascida entre as elites e difundida entre as classes médias graças ao controle e manipulação da mídia a serviço dos interesses das classes dominantes. Porque ao longo da nossa história escravocrata, oligarca e elitista, lugar de pobre sempre foi nas periferias, nas “senzalas” das grandes metrópoles - do negro escravo e seus descendentes, aos calangos que foram construir Brasília. Estes vieram das zonas castigadas pela seca, descendo em paus de arara em direção ao Sul Maravilha, onde ergueram os principais marcos arquitetônicos e urbanísticos, os prédios luxuosos nos quais jamais teriam a chance de morar2”. 

É sabido que antes das eleições de 1989 o PT era um pequeno Partido com poucos parlamentares no Congresso Nacional e, portanto, não significava ainda, uma ameaça aos interesses das elites dominantes e do capital. Porém, após esse pleito, a visão modificou-se por completo, pois, conheceram um Partido radical que crescia muito e estava se solidificando junto à classe trabalhadora e aos movimentos populares e sociais com suas claras propostas de Políticas Sociais e uma visão de Estado muito próxima ao socialismo ou a uma democracia socialista o que levou as classes menos favorecidas a enxergar no Partido dos Trabalhadores uma espécie de salvaguarda, uma esperança para dias melhores. Mas, por outro lado, o PT começa, também, a despertar a ira e pavor das elites em perder as suas regalias e o seu status quo conforme comentamos anteriormente o que culminou, no recrudescimento das manifestações de intolerância, preconceitos e o ódio contra o Partido. 

Aliás, para ilustrar a visão que a classe dominante tinha do PT valhamo-nos de uma célebre frase do saudoso Dom Helder Câmara que retrata de maneira precisa esse sentimento: “Se dou comida aos pobres, todos me chamam de santo. Mas quando pergunto por que são pobres, me chamam de comunista”. 

Na verdade, esse ódio contra o Partido dos Trabalhadores, realmente, não passa de um ódio de classe que é cultuado a séculos por uma sociedade elitista que carrega em suas veias o sangue dos escravocratas de outrora, fato que pode ser observado neste pequeno fragmento da obra Conciliação e Reforma do Brasil do grande historiador, José Honório Rodrigues que diz: ”..Os liberais no império, derrotados nas urnas e afastados do poder, foram se tornando além de indignados, intolerantes; construíram uma concepção conspiratória da história que considerava indispensável a intervenção do ódio, da intriga, da impiedade, do ressentimento, da intolerância, da intransigência, da indignação para o sucesso inesperado e imprevisto de suas forças minoritárias...Esses grupos prolongam as velhas elites que a Colônia até hoje nunca mudaram seu ethos...a maioria foi sempre alienada, antinacional e não contemporânea; nunca se reconciliou com o povo; negou seus direitos, arrasou suas vidas e logo que o viu crescer lhe negou, pouco a pouco, a aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence”2” 

A propósito, neste mesmo sentido o brilhante Professor e Sociólogo Jessé Souza em sua magnifica obra “A Elite do atraso da Escravidão a Lava-jato” nos ensina que “..o ódio ao pobre hoje em dia é a continuação do ódio devotado ao escravo de antes. Quando as classes médias indignadas saíram piram às ruas a partir de junho de 2013, não foi, certamente, pela corrupção do PT, já que os revoltados ficaram em casa quando a corrupção dos outros partidos veio à tona. Por que a corrupção do PT provocou tanto ódio e a corrupção de outros partidos é encarada com tanta naturalidade? É que o ódio ao PT, na realidade, foi o ódio devotado ao único partido que diminuiu as distâncias sociais entre as classes no Brasil moderno. A corrupção foi mero pretexto. Não houve, portanto, nos últimos 150 anos, um efetivo aprendizado social e moral em direção a uma sociedade inclusiva entre nós3”. 

Comentando, também, o ódio ao PT o brilhante Teólogo Leonardo Boff, com precisão, escreveu: “...Já dissemos anteriormente e o repetimos: o ódio disseminado na sociedade e nas mídias sociais, não é tanto ao PT, mas àquilo que o PT propiciou para as grandes maiorias marginalizadas e empobrecidas de nosso país: sua inclusão social e a recuperação de sua dignidade. Não são poucos os beneficiados dos projetos sociais que testemunharam: “sinto-me orgulhoso não porque posso comer melhor e viajar de avião, coisa que jamais poderia antes, mas porque agora recuperei minha dignidade”. Esse é o mais alto valor político e moral que um governo pode apresentar: não apenas garantir a vida do povo, mas faze-lo sentir-se digno, alguém participante da sociedade4”. 

E realmente assiste razão a todos os escritores aqui citados, o que incomodou as elites não foi a corrupção, foram os projetos de inclusão social dos governos Petistas. A burguesia não aceitava e não aceita ver a filha da empregada doméstica preta sentar-se ao lado da filha da patroa branca na mesma sala de aula da faculdade de medicina. O empresário e o banqueiro não aceitavam e não aceitam ver o pedreiro ou o gari sentado ao seu lado em um avião de carreira, o ódio e o preconceito é tão claro e abjeto, que chegou-se a falar que os aeroportos do Brasil se transformaram em terminais rodoviários durante os governos Petistas e que os aviões viraram paus de araras com asas. 

Outro claro exemplo do preconceito estrutural foi a gritaria das classes dominantes contra a lei que assegurou às empregadas domésticas os mesmos direitos de um trabalhador celetista, o mesmo ocorreu com a lei de cotas. Até hoje essa lei é questionada e não é aceita pelas elites que para combatê-la utiliza a falsa narrativa da meritocracia, como se isso fosse fácil e plausível num país com tamanha desigualdade social. 

Verdadeiramente, mesmo com o pouco avanço das Políticas de inclusão social, já foi o suficiente para despertar a ira da classe dominante, pois, esses e outros espaços sempre foram ocupados por eles e não pela “ralé” e isso eles não admitem, não perdoam! 

Dessa forma, para quem tem um mínimo de conhecimento histórico e compreensão da nossa sociedade, há de reconhecer que realmente esse ódio ao PT nada mais do que o ódio de classe, típico do sistema capitalista onde as relações sociais hegemônicas passam por duas classes sociais antagônicas: os burgueses e os trabalhadores, ou é a “política do ódio” que nas palavras do Psicólogo, Minervino de Oliveira são “orientações políticas da direita e extrema direita cujo o conteúdo estão ligados a valores conservadores se expressando no ódio contra a população LGBT, negra, pobres, mesmo que de uma maneira mais maquiada...É o ódio reacionário da burguesia, de ver sua sociedade desmoronar junto ao seu poder por isso ataca tudo que se aproxime das pautas da esquerda, mesmo que de esquerda tenha apenas o “simbólico” e o “imaginário”, como no caso do PT, a reação avança com toda sua ferocidade atacando programas minimamente progressistas – e não estamos falando de um programa socialista ou de transição, mas de um progresso dentro dos marcos capitalistas5”. 

Por fim, podemos concluir que esse ódio ao Partido dos Trabalhadores, realmente, é fruto de dois fatores que se convergem: a cultura conservadora e preconceituosa advinda dos escravocratas e que perdura até os dias de hoje e do sistema capitalista que pela própria luta de classe desencadeia esses sentimentos de intolerância, preconceito, violência e ódio. Esse é o Brasil, esse é o mundo capitalista bem retratado num pequeno dito espanhol: “Entre Deus e o dinheiro, o segundo é primeiro”. 





1Fonte:https://www.correiocidadania.com.br/economia/11437-19-02-2016-todos-os-argumentos-em-favor-da-reforma-da-previdencia-visam-sua-privatizacao-e-financeirizacao2 

Fonte: Livro Conciliação e Reforma do Brasil – pag. 06.14.153 

Fonte: Livro A Elite do atraso da Escravidão à Lava-jato – Editora Laya -  pag. 67

4 Fonte: https://jornalggn.com.br/analise/leonardo-boff-o-que-se-esconde-atras-do-odio-ao-pt-i-e-ii/

5 Fonte: https://pcb.org.br/portal2/22346/o-odio-de-classe-e-a-mobilizacao-dos-trabalhadores/

 

 

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

UM FIEL E OBEDIENTE SOLDADO

Por: Odilon de Mattos Filho:
Diante das recentes revelações da “Revista Piauí” noticiando que o presidente Bolsonaro pretendia enviar militares ao STF para destituir todos os ministros da Suprema Corte e frente à fétida entrevista do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ) no Programa Roda Vida, podemos concluir que, realmente, o país está diante de uma gravíssima crise política e institucional. 

Segundo a informação da citada revista, a tentativa de invadir o STF foi ventilada no mês de maio pelo presidente Bolsonaro por não concordar com a decisão do ministro Alexandre de Moraes que impediu a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal e o despacho do ministro Celso de Melo requerendo ao PGR Parecer sobre a apreensão ou não dos aparelhos celulares de Bolsonaro e de seu filho Carlos Bolsonaro para instruir um inquérito.

Sabemos que Bolsonaro foi dissuadido de sua intenção de invadir a Corte Suprema por um general, mas, isso não o impediu que mandasse um recado em tom de intimidação e ameaça, aliás, quem deu esse recado foi o General Heleno Nunes, por meio de Nota na qual o caudilho disse: “O Pedido de apreensão do celular do presidente da república é inconcebível, e até certo inacreditável...O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude [se referindo a possível apreensão do celulares] é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional1”. 

Posteriormente a essa proposta de golpe, eis que surge o presidente Bolsonaro fazendo novas ameaças e intimidações à Nação dizendo, publicamente, que as Forças Armadas ocupam posição de superioridade ao poder civil, ou seja, o presidente mandou as favas, a soberania popular que está esculpido na CF/88 onde está previsto que o poder emana do povo e em seu nome será exercido.

Depois dessas e de outras graves ameaças, que, diga-se de passagem, não teve nenhuma reação prática por parte das instituições e autoridades, veio à entrevista do deputado Rodrigo Maia ao Programa “Roda Vida”. Neste bate papo entre amigos, ficou claro o quanto é deletéria e comprometedora a postura acovardada do presidente da Câmara dos Deputados frente aos acontecimentos políticos e aos desmandos do chefe da Nação. Aliás, neste contexto, ficou nítido, também, o quanto as instituições do país estão carcomidas, aparelhadas e em completo frangalhos. 

Nesta entrevista o deputado Rodrigo Maia mostrou de forma objetiva que sempre esteve comprometido com o sistema financeiro e com o status quo da oligarquia tupiniquim, tanto, que quando perguntado sobre o impeachment da presidenta Dilma ele não hesitou e afirmou que está convicto de sua posição e que não se arrepende do voto pelo impedimento da presidenta, ou melhor, não se arrepende de ter participado do golpe. Já com relação aos quase cinquenta pedidos de impeachment do atual inquilino do Palácio do Planalto, Rodrigo Maia como um fiel e obediente soldado, respondeu: “Eu não tenho os elementos para tomar uma decisão agora sobre este assunto...impeachment não pode ser instrumento para solução de crises, você tem que ter um embasamento legal para esta decisão e eu não encontro ainda nenhum embasamento legal para tomar uma decisão..2” 

Portanto, para Rodrigo Maia não há nada que comprometa o Presidente Bolsonaro e como bem afirmou o professor Roberto Bueno, “...para Maia, nada, nenhuma irregularidade, nenhum crime, nada...nem sequer sob o argumento do “conjunto da obra” que encontra indefectível amparo no tétrico resultado de sua política sanitária que implica em 100.000 mortos até o momento, turbinados com propaganda de cloroquina, invasões de hospitais e anticientificismos. Afinal, se 100.000 cadáveres não pesam para Maia tomar a decisão de deferir o pedido de impeachment, então, o que justificaria?3”. 

Realmente, estamos diante de uma clara ameaça à democracia e estamos sendo governados por autoridades que enxergam no golpe uma opção factível para implantar regimes de força “que destituem a soberania de sua residência popular”.

Assim, diante desse quadro, só há uma saída para retirar o país do fundo poço e transformá-lo em uma verdadeira Nação soberana, igualitária e justa: o povo nas ruas exigindo o fim deste governo, conclamando novas eleições com uma Assembleia Nacional Constituinte soberana e popular. E como bem diz Emiliano Zapata, “Se não há justiça para o povo, que não haja paz para o governo”