quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

PÁTRIA ARMADA BRASIL


Por: Odilon de Mattos Filho

É sabido que o sistema capitalista não se limita apenas na acumulação de riqueza e na exploração da classe trabalhadora, esse sistema é extremamente excludente, cruel e genocida com a grande maioria da população mundial.

É de conhecimento de muitos, que os pilares do capitalismo são o sistema financeiro e os grandes conglomerados da indústria química, farmacêutica e armamentícia. Não à toa, que os imperialistas, de tempos em tempos, envolvem-se em guerras, conflitos e pressionam os países para libração de vendas de armas de fogo para civis. Quanto à indústria química e farmacêutica não precisamos explicar, aliás, essa Pandemia é emblemática e corrobora essa ganância desenfreada e sem escrúpulos desse sistema carcomido e falido.

Mas, vamos nos ater apenas com relação às armas de fogo! 

Estima-se que há no mundo mais de 640 milhões de unidades de arma de fogo, metade desse arsenal está nas mãos de civis e o restante está reservado à Polícia, o que resulta em uma arma para cada 10 pessoas no mundo. Segundo dados da “BBC New-Brasil”, as cem principais empresas de armamento do mundo venderam mais de US$ 375 bilhões em 2016, pouco mais de US$ 1 bilhão por dia, são 38% a mais que em 2002. 

Em terras tupiniquins o ritmo é parecido. De acordo com a matéria do site “Agência Brasil” o lucro da Taurus no Brasil atingiu R$ 307,6 milhões em 2018, mais de três vezes superior a 2017. No ano passado, a produção total de armas da Taurus, somadas as fábricas do Brasil e dos EUA, foi de 1,117 milhão de armas. Já a empresa pública Imbel ligada ao Ministério da Defesa prevê crescimento de 20% na produção de armas curtas de uso civil em 2020 se comparado a 2018. 

Esses números são traduzidos pela pesquisa da Small Arms Survey, do Instituto de Estudos Internacionais de Genébra (Suíça) que aponta o Brasil como um dos maiores fabricantes de armas de pequeno porte do mundo. 

A quantidade de armamento vendida pelas fábricas brasileiras dentro do mercado nacional (531 mil armas) é maior do que as 464 mil armas recolhidas pela Campanha do Desarmamento, realizada pelo Ministério da Justiça, entre os anos de 2004 e 2005. 

Evidente que este aumento aconteceria, afinal, a posse de arma com este governo é descaradamente incentivada por uma política de armar a população. A obsessão de Bolsonaro é tamanha, que hoje, dia 09/12/2020, o governo zerou a alíquota do imposto de importação de revólveres e pistolas, dando mais uma mostra de que está firme no propósito de armar a população brasileira. Não passa de um esquizofrênico com uma tara surreal!

Em matéria assinada pela jornalista Thaiza Pauluze no jornal Folha de São Paulo é apontado, dentre outros dados, o aumento do número de armas nas mãos de civis. Segundo a matéria, no começo de 2019, havia pouco menos de 200 mil armas de fogo devidamente registradas no país. No fim do ano de 2019, foram contabilizados novos 8.850 registros. E entre janeiro e junho de 2020, mais 8.844, lembrando que estes números se referem apenas às armas que estão em mãos de vigilantes e de empresas de escolta.

No mesmo ritmo da enorme alta da produção dessas máquinas de matar, segue o setor de segurança privada. O Brasil tem mais de um milhão de vigilantes, o que significa o dobro das três Polícias existentes no país (Militar, Civil e Federal) e três vezes mais que o número de militares das Forças Armadas (380 mil militares). 

O mais assustador com relação a essa indústria de segurança particular é com relação aos seus empregados. A grande maioria dos seguranças não é registrada, têm nível de escolaridade baixa, são mal remunerados e não passam por cursos de formação e quando passam, são cursos relâmpagos que pouco ou quase nada acrescentam na preparação desses trabalhadores. Isso sem contar que boa parte dessas empresas são irregulares e a maioria delas estão nas mãos de militares ou policiais, o que talvez explica, o afrouxamento do controle e da fiscalização dessas empresas por parte Polícia Federal. E o resultado nós conhecemos, são inúmeros "Beto Freitas" assassinados Brasil afora!

A propósito, em 2019, setenta e seis por cento das vítimas de homicídios foram negros, uma taxa de homicídios por 100 mil habitantes de 37,8 negro(a)s enquanto a taxa de homicídio de brancos foi de 13,9. 

E é por conta dessa ganância do sistema capitalista e aqui no Brasil somado a um governo negacionista, genocida e cercado por milicianos digitais que a polícia está matando mais, o feminicídio está aumentando mais, os crimes contra pessoas LGBTQI+ estão aumentando mais e os seguranças estão matando mais do que nunca. Porém, nada disso é novidade, pois, com um governo comandado por um presidente que se regozija com a tortura não seria diferente, ou seja, jamais forjaria uma pátria com livros e leitores, a sua obsessão é tramar uma pátria com armas e matadores. É o fim desse governo ou será o fim da nossa Nação!

 


0 comentários:

Postar um comentário