sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

BOLSONARO PRECISA DA CONVULSÃO SOCIAL PARA O SEU PROJETO PESSOAL

Por: Odilon de Mattos Filho:

O Brasil vive hoje uma de suas maiores crises econômica, política, institucional e social de todos os tempos. 

No campo econômico o Brasil atingiu a taxa recorde de 15% de desempregados e mais de 45% dos trabalhadores estão na informalidade. Soma-se a isso uma economia totalmente estagnada e em frangalhos. Na área política temos um governo incompetente, irresponsável e genocida e um congresso sem qualquer reação frente às desgraças do país. Já no campo institucional o que observamos é o total descrédito das carcomidas instituições: Judiciário, Legislativo e Executivo e por fim a crise social com o aumento da pobreza, o sucateamento dos serviços públicos, a carestia dos alimentos, desemprego em alta, falta de habitação e saneamento básico, etc. Este é o triste e atual retrato do Brasil!

 

Diante de todos estes problemas somados aos constantes ataques aos direitos e conquistas da classe trabalhadora e mais à Pandemia que mata milhares de pessoas todos os dias por total incompetência e inépcia de um governante déspota, negacionista e genocida o país já apresenta todas as condições objetivas para uma convulsão social que pode está mais perto do que imaginamos.

 

Mas, o que mais chama atenção sobre a grave situação do país é que toda essa crise foi criada pelo próprio governo, ou melhor, pelo presidente Bolsonaro e aqui entra a grande dúvida: tudo isso está acontecendo por mera irresponsabilidade e incompetência do presidente e de seu governo que estão a serviço do capital especulativo ou Bolsonaro, com segundas intenções e maquiavelicamente, está instigando as massas a se rebelarem?

 

No nosso modesto entendimento são as duas hipóteses. Não há menor duvida de que este governo serve ao capital especulativo e aos imperialistas do norte e segundo, a incompetência e irresponsabilidade saltam aos olhos, só não enxerga os 30% dos bovinos de plantão. Já a segunda hipótese, nos afigura, também, muito plausível.

 

Apesar dos inúmeros senões, é fato que o tiranete Bolsonaro foi eleito pelo voto direto do povo brasileiro, assim como Hitler e outros déspotas mundo afora foram também eleitos pelos seus povos e todos eles têm algo em comum: a vocação para serem ditadores e o sonho de implantar em seus países uma ditadura para chamar de sua!

 

Segundo alguns estudiosos do comportamento humano uma das características do ditador é a sua obsessão pela hierarquia, ou melhor, de estar no topo dessa hierarquia para mandar e nunca ser mandado. Geralmente não gostam de debates, são duros com aqueles que os criticam, como por exemplo, com a imprensa, mas, por outro lado financiam tudo que seja propaganda do seu regime, o apoio de Bolsonaro à TV Record, BAND, SBT e outras emissoras e o financiamento, sabe-se com que recursos, do chamado gabinete do ódio criado pelo Clã Bolsonaro para atacar os seus opositores por meio das redes sociais ou para os agrados ao governo é um exemplo dessa afirmativa. Outra característica de um ditador é que ele se juga sempre perfeito, não assume os seus erros e sempre se coloca como vítima diante de uma situação grave, além de várias outras características.

 

O dito presidente Bolsonaro encarna perfeitamente essa figura, aliás, justiça seja feita, ele nunca negou a sua predileção pela ditadura, pela tortura e pelo conservadorismo político, social e religioso, não à toa, é um negacionista convicto, preconceituoso, fundamentalista e atrelado ao conceito patriarcal. 

 

Mas, se Bolsonaro é um ditador, diria os bolsomínios, por que então não deu um golpe de estado e implantou o regime de exceção no Brasil? A resposta é fácil: Bolsonaro é ardiloso, maquiavélico, sabe onde pisa e conhece o tempo político. Ele está se organizando e preparando o terreno e a sua retaguarda para dá o bote no momento certo e está trazendo com ele boa parte das Forças Armadas, pois, engana-se quem pensa que os militares da ativa e de pijama não estão dispostos a entrar nessa aventura, ao contrário, estão sedentos, pois, não querem perder as benesses deste governo e vai defendê-lo custe o que custar.

 

Porém, Bolsonaro e sua tropa precisam de um bom álibi para dá o golpe de estado e realizar o seu projeto pessoal, e talvez, como afirmamos acima, essas dantescas atitudes que beiram a loucura, na verdade, não passam de uma estratégia de instigar as massas a se rebelarem, com isso, cria-se as condições para que ele e o seu bando deem o golpe de estado com velha narrativa de que a baderna tomou conta do país, a família e a religião estão sendo destruídas, a sombra do comunismo está rondando o país novamente, etc., etc. e etc.

 

No entanto, o seu maquiavélico plano pode ser um tiro no pé e aqui é que entra os Partidos de oposição, as centrais sindicais e os movimentos populares. Essas forças progressistas têm que se antecipar, aliás, isso é para ontem, e chamar as massas para as ruas e se houver possiblidades políticas, comandá-las para impedir o golpe, colocar um fim nesse governo e apresentar uma profunda pauta de reinvindicações que vá ao encontro da classe trabalhadora e de toda sociedade brasileira. Não dá para apenas esperar e espiar tem que agir e como diz o ditado iorubá mencionado pelo grande Poeta Emicida em seu documentário AmarELO, “Exu matou o pássaro ontem, com uma pedra que atirou somente hoje”. Toda atenção é pouca para o ano de 2021!

 

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