Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

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NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

terça-feira, 27 de novembro de 2018

ESCOLA SEM PARTIDO É O AI-5 DA EDUCAÇÃO


Por: Odilon de Mattos Filho

É manifesto, queiram ou não os trogloditas de plantão, que aprender é um ato revolucionário e o Professor é o grande propulsor deste ato, pois, como nos ensina Marilena Chauí “ser Professor é no mínimo uma obrigação política. Não podemos aceitar uma população de excluídos da educação e cultura. Nossa profissão só tem sentido se despertar a consciência social por meio do conhecimento e promover o exercício da razão como forma de libertação1”. 

É chocante e impensável, que em pleno século XXI, tenham educadores, ou melhor, amebas, que defendem esse Projeto do “Escola sem Partido”. Uma proposta tacanha e retrógrada que afirma que as salas de aula no Brasil são ulizadas como ambientes para a discussão sobre as questões de gênero, ou como eles dizem erroneamente, "ideologia de gênero", ou, ainda, como espaço de doutrinação marxista, onde professores se aproveitam do ofício para repassar aos alunos suas ideias políticas e morais. Para esses defensores do projeto, ou melhor, do AI-5 da Educação, o delírio, é impedir a ascensão do comunismo da homossexualidade no Brasil.

A propósito e contra este frenesi, o Filósofo, Olavo de Carvalho, grande guru da extrema-direita tupiniquim fez uma severa crítica aos “Bolsonaristas” que tem essa psicose contra o marxismo. Disse o Professor: “...quando você ouve algum direitista falando do marxismo como se fosse apenas um sistema de idiotices, não tenha dúvidas: o idiota é você’. Continuando ele acrescenta: “...Se há uma coisa que não tolero é o desprezo afetado e triunfalista que qualquer liberalzinho de merda sente pelo marxismo. Uma tradição intelectual de quase dois séculos e infinitamente acima de sua capacidade de compreensão2”. 

Já sobre o Escola sem Partido Olavo de Carvalho disse: “...À medida que o movimento do Escola sem Partido evolui na direção de um projeto de lei, a coisa se complica, porque o projeto de lei é prematuro, pelo fato de que não existe documentação científica a respeito do problema do esquerdismo nas escolas e universidades. Você não pode começar um debate legislativo sem ter o debate científico primeiro….3”. 

Portanto, fica claro que a crise na Educação por que passa o Brasil não está relacionada com os métodos educativos, pedagógicos ou grades curriculares, fundamentalmente, é fruto de uma sociedade discriminatória, que não oferece igualdade de acesso à cultura e à Educação e a falta de investimentos por parte do Poder Público. Aliás, a Proposta de Emeda Constitucional nº 241 conhecida como PEC da morte corrobora essa afirmativa. Essa PEC congelou por trinta anos os parcos recursos financeiros para a educação e saúde, não nos esquecendo, também, da desvinculação dos recursos finaceiros do Pré-Sal que seriam destinados à Educação e Saúde e agora passou a meros recursos de custeio. Logo, esta crise na Educação nada mais é do que o modelo econômico escolhido pelo atual e pelo próximo governo, qual seja: privatizar o ensino público, que faz parte de uma das engrenagens do Estado mínimo e colocar um fim, de uma vez por todas, no Projeto do Estado de bem-estar Social.

Sabemos, também, que a discussão sobre educação e cultura, especialmente nos países do terceiro mundo, ultrapassa os muros das escolas e passa, impreterivelmente, pelo poder que os meios de comunicação e agora as redes sóciais exercem sobre seus incautos telespectadores e internautas. 

A televisão, por exemplo, conforme bem assinala a Professora Maria Helena Martins, ”surge trazendo promessas de democratizar a leitura por meio da imagem, parecendo, enfim, que a liberdade do leitor se concretizará”, no entanto, aos poucos fica óbvio que tudo não passa de uma farsa e que o objetivo central da mídia que defende este projeto anacrônico e antidemocrático do Escola sem Partido é formar uma cultura de massa homogênea, na qual a premissa é tão somente implantar em nossa sociedade a ditadura do pensamento único e fazer com que os alunos se transformem em indivíduos anódinos (insignificante), invertebrados e desprovidos de qualquer convicção. 

Não temos dúvidas, também, que este Projeto idealizado pelas cabeças retrógradas e conservadores dos “Bolsonaristas é flagrantemente inconstitucional, pois, fere o artigo 206 da CF/88, além do que, não passa de mais um instrumento de coação das bancadas fundamentalistas religiosas que querem, como bem afirma Frei Beto, que o “professor ensine que a política é uma atividade danosa, os partidos nefastos e que, por exemplo, Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Frei Caneca, Gandhi, Mandela, Luther King, Chico Mendes e Marielle Franco, entre outros, são traidores da pátria, arruaceiros e vândalos, por terem participados outrora de manifestações, atos políticos e passeatas...Querem, ainda, continua Frei Beto, “que o professor evite manifestar suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais ou políticas, ou seja, a recomendação é que às escolas mantenham um corpo docente de amebas4”. 

Na contramão deste absurdo “bolsonariano” e aqui vale o registro, pois, trata de um fato emblemático, o governador do Maranhão, Flávio Dino, dando uma resposta imediata, corajosa e, sobretudo, democrática ante esse esdrúxulo projeto do “Escola Sem Partido”, baixou um Decreto estabelecendo a liberdade de cátedra. Logo no artigo primeiro está previsto que todos os estudantes, professores e funcionários são livres para expressar seu pensamento e opiniões no ambiente escolar na rede estadual do Maranhão. 

Assim e diante deste terrorismo social do “Escola sem Partido”, que na concepção do professor e Filósofo Leandro Carnal “é uma asneira sem tamanho, uma bobagem conservadora e uma crença fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida que não entende que toda opinião é política, inclusive, a Escola sem Partido5”, faz-se necessário e até imperioso que os nobres e judiciosos ministros do Supremo Tribunal Federal apreciem, com maior brevidade possível, a Ação Direta de Inconstitucionalidade que tramita na  Corte, cujo objeto é o Projeto de Lei que cria a Escola sem Partido.

A nós do campo democrático e progressista, juntamente com os Educadores compromissados com uma Educação emancipatória e libertária cabe denunciar, como estamos fazendo neste momento, o retrocesso deste Projeto do Escola sem Partido e lutar para que a educação pública do Brasil aprofunde, cada vez mais, os princípios consignados na Constituição Federal que estabelecem a universalidade, a igualdade de condições, a liberdade de aprender e ensinar, o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, a gratuidade e a garantia da qualidade do ensino público no Brasil. O resto, não passa de psicose, bobagem e delírio dos fascistas tupiniquins!   































2 Fonte: https://catracalivre.com.br/cidadania/olavo-de-carvalho-critica-escola-sem-partido/
3 www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/em-debate-sobre-marx-na-camara-eduardo-bolsonaro-e-desmoralizado-pelo-guru-olavo-de-carvalho/ 
4 Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/08/os-deveres-detalhados-da-escola-sem-partido.shtml
5 Fonte: https://www.revistaforum.com.br/leandro-karnal-destroi-movimento-escola-sem-partido-crenca-fantasiosa-de-uma-direita-delirante-e-estupida/

terça-feira, 20 de novembro de 2018

CULTURA COM HUMOR






segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DO FORO DE SÃO PAULO





segunda-feira, 5 de novembro de 2018

POLÍTICA É COISA DO DIABO?


Por: Odilon de Mattos Filho
Meu querido e saudoso avô Tancredo, não o Neves, mas, o Romeiro, dizia que “a politica é coisa do diabo”. Evidente que ele se referia àqueles políticos que se transformam em diabo em períodos de eleições, disseminando picuinhas, fofocas, aliciando eleitores, criando inimizades, brigas e todo tipo de diabruras próprias da politicagem de cidades do interior, como Andrelândia, uma pacata e bucólica “província” incrustada no Sul das Minas Gerais onde nasci e trabalho.

Pois bem, nesta eleição de 2018, afora os embates político e ideológico entre duas forças antagônicas e a selvageria dos discursos beligerantes e carregados de ódio, preconceito e intolerância por parte do candidato da extrema-direita, vivenciamos dois fatos que nos faz pensar sobre o aforismo do meu avô.

O primeiro fato diz respeito a Ciro Gomes. Encerrado o primeiro turno e derrotado, Ciro como um menininho mimado que não aceitou a derrota ou como um coronelzinho nervoso do Ceará, fugiu para Europa para não participar da campanha de Haddad na última etapa do pleito. Dois dias antes da votação ele retorna ao Brasil e quando todos esperavam que o coronelzinho declarasse apoio e voto ao candidato que representava o campo democrático e progressista ele sai pela tangente e não externa claramente o seu voto e apoio a Fernando Haddad.

Passadas três dias do fim do segundo turno das eleições eis que surge, novamente, o coronelzinho do nordeste ou como se diz nas redes sociais a “Barbi do sertão” com a sua típica aspereza, arrogância e prepotência, destilando o seu veneno, próprio de uma pessoa ressentida, invejosa e mal resolvida. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo Ciro Gomes teve o desplante de dizer dentre outros impropérios o seguinte: "Não declarei voto ao Haddad porque não quero mais fazer campanha com o PT...Vou continuar calado, mas você acha que votei em quem com a minha história? Eles podem inventar o que quiserem. Pega um bosta como esse Leonardo Boff [que criticou Ciro por não declarar voto a Haddad]. Estou com texto dele aqui. Aí porque não atendo o apelo dele, vai pelo lado inverso...”.

Aqui cabem duas questões: Ciro Gomes tem todo o direito de estar ressentido com o PT, no entanto, vale lembrar que Ciro foi convidado para ser vice de Lula, mas, a sua prepotência o impediu de aceitar o convite e optou por se aventurar sozinho. Deu no que deu! A outra questão são perguntas: chamar um octogenário de "bosta" é atitude de um ser humano?  Quem o “Barbi do sertão” pensa que é para se referir a Leonardo Boff com esse qualificativo? Primeiro, que o termo é chulo e próprio dos pulhas insolentes. Vale lembrar ao Coronelzinho Ciro que enquanto ele foi eleito deputado estadual pelo PDS Partido que dava sustentação ao regime militar, Leonardo Boff estava nas trincheiras lutando contra o regime de exceção e pela redemocratização do Brasil. Leonardo Boff é um Intelectual, Teólogo, Filósofo, Escritor e Palestrante reconhecido mundialmente. É uma referência na defesa dos Direitos Humanos, do Meio Ambiente e como Teólogo da Teologia da Libertaçãoo. Um homem a frente do seu tempo que sempre esteve ao lado dos mais pobres e desvalidos. Suas centenas de livros, textos, teses e artigos publicados mundo afora atestam suas qualidades intelectuais. Portanto, Ciro Gomes está longe, mas muito longe da capacidade moral, ética e intelectual de Leonardo Boff. Uma vergonha, um acinte essa entrevista!

A propósito, sobre a fala de Ciro Gomes o Historiador Carlos D'Incao escreveu: “...Da traição, Ciro passou para a sátira, a última e muito bem conhecida estação para aqueles que vão ser descarregados no ostracismo...Mas a Barbie do sertão quer desenhar uma oposição sem o maior partido de oposição, quer ser uma liderança sem eleitores ou intelectuais para apoiá-lo e quer, enfim, ter qualquer protagonismo quando provou ser um inútil na época em que o povo mais precisou...1”.

Comentando o desaforo que recebera de Ciro Gomes, o Teólogo Leonardo Boff dentro de sua grandeza, humildade, generosidade e esmero assim o respondeu: "Considero Ciro Gomes uma das maiores e imprescindíveis lideranças do Brasil. Ele é importante para a manutenção da democracia e dos direitos sociais. Ele ajuda a alargar os horizontes dos problemas que enfrentamos com o seu olhar próprio. O que faz e diz é dito e feito com paixão. Entretanto, a paixão necessária nem sempre é uma boa conselheira. Creio que foi o caso de sua crítica chamando-me com um qualificativo que não o honra..2.”

Logo depois deste sórdido episódio patrocinado por Ciro Gomes outra canalhice é ampla e assustadoramente noticiada. Bolsonaro convida, ou melhor, recompensa o juizeco Sérgio Moro por ter tirado o presidente Lula do seu caminho. A recompensa foi o Ministério da Justiça e o juizeco não resistiu aos encantos do “diabo”, aceitou a proposta e fez ainda uma exigência: além das atribuições da pasta, o Ministério da Justiça comandará a Polícia Federal e o poderoso Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ou seja, o preço foi um superministério.

Mas, o juiz Sérgio Moro se esqueceu de um pequeno detalhe: vai ter que conviver e engolir Partidos e centenas de políticos envolvidos até o pescoço com a corrupção, pois, essa será a base parlamentar do governo Bolsonaro. Ademais, depois de assumir o Ministério, Sérgio Moro passará de estilingue a vidraça e certamente não terá sossego com a oposição e talvez com parte da imprensa censurada por Bolsonaro.


E parece que o inferno astral de Moro já começou, mesmo antes de assumir o ministério!A desfaçatez e o descaramento deste falso paladino da moralidade, salta aos olhos. Em abril de 2017 em Palestra para estudante da Universidade de Harvard, este juizeco afirmou: "Temos que falar a verdade, a Caixa 2 nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito...3” .

Passados dezoito meses e logo depois de ser premiado pelo futuro presidente com um superministério, Sérgio Moro nos faz lembrar FHC: “rasguem tudo que escrevi e esqueçam tudo que falei”. Perguntado por uma jornalista sobre o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni que recebera recursos financeiros da JBS por meio de Caixa 2, o juizeco Sérgio  Moro com a cara deslavada respondeu: “Ele já admitiu e pediu desculpas4”. 

Mas as contradições de Moro não param de pipocar. Em 2016 o juizeco disse o seguinte sobre a sua entrada na política: “...a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, muito pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco5".

Mas, o chocante desta abjeta recompensa a Sérgio Moro foi a revelação do vice-presidente, General Hamilton Mourão que afirmou que Bolsonaro convidou o magistrado já no primeiro turno das eleições, o que nos força a deduzir, por exemplo, que o vazamento da delação de Palocci, que, diga-se de passagem, foi realizada sem a participação do MPF que não a aceitou por falta de provas, já poderia ser parte de um acordo entre a toga e a farda o que tornaria o juiz Moro suspeito de julgar os processos de Lula e comprova, de maneira cristalina, que a condenação do presidente Lula teve mesmo cunho político, fatos estes, que deveria, inclusive, levar a nulidade do processo, mas, como todo o sistema judiciário está envolvido nessa trama, ou melhor, nesse golpe político/jurídico/midiático isso jamais aconteceria.

A propósito, os advogados do presidente Lula ingressaram com uma ação pedindo a suspeição do juiz Sérgio Moro e a nulidade do processo que condenou Lula, destacando uma série de evidências relativas à prática de lawfare, em especial, após o juiz Sérgio Moro aceitar o cargo que recebera em recompensa dada pelo presidente eleito Bolsonaro

Frente a tudo isso, podemos tirar as seguintes conclusões: Ciro Gomes não passa mesmo de um coronelzinho mimado, invejoso, individualista, sem caráter e sem futuro político. A outra conclusão é que o acordo entre Bolsonaro e o juiz Sérgio Moro pode ir muito além do Ministério da Justiça, a recompensa pode ser muito maior: a indicação de Sérgio Moro para compor o Supremo Tribunal Federal ou, ainda, como candidato que sucederá o fascista Bolsonaro.

É meu estimado e saudoso avô Tancredo, será que senhor tem razão no seu aforismo, “a politica é mesmo coisa do diabo”?








1 Fonte: https://www.brasil247.com/pt/colunistas/carlosdincao/373829/A-Barbie-Ciro.htm
2-Fonte:ttps://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/11/02/xingado-por-ciro-leonardo-boff-diz-entender-pedetista-e-rejeita-rotulo-de-bajulador-de-lula.htm?fbclid=IwAR1BkyLqnA4ZFauvf-vOueQml6DwymZrRasW8Emge_ONqDpuFokhXbd-gZc
3-Fonte:https://oglobo.globo.com/brasil/nos-eua-moro-diz-que-caixa-2-pior-do-que-corrupcao-21183122
4-Fonte: #semprenaluta#caixa2dobolsanaro #caixa2doonyx  
5Fonte:https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,em-2016-sergio-moro-disse-que-jamais-entraria-para-a-politica,70002578956



quinta-feira, 1 de novembro de 2018

DISCURSO CORAJOSO, PRECISO E HISTÓRICO DO SENADOR REQUIÃO PÓS ELEIÇÕES









O primeiro discurso do senador Roberto Requião no senado logo após a eleição do extremista Jair Bolsonaro chamou a atenção pelo conteúdo emocional e pela contundência política; os relatos são de que após a fala, houve um grande silêncio na tribuna; em um dado momento, Requião fala sobre a Petrobrás e sobre a indiferença que tomou conta do zelo pelas riquezas naturais do país: "Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos. Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis" 

Lava Jato, trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção? 

O juiz Sérgio Moro sabe; o procurador Deltan Dallagnol tem plena ciência. 

Fui, neste plenário, o primeiro senador a apoiar e a conclamar o apoio à Operação Lava Jato. Assim como fui o primeiro a fazer reparos aos seus equívocos e excessos. 

Mas, sobretudo, desde o início, apontei a falta de compromisso da Operação, de seus principais operadores, com o país. Dizia que o combate à corrupção descolado da realidade dos fatos da política e da economia do país era inútil e enganoso. 

E por que a Lava Jato se apartou, distanciou-se dos fatos da política e da economia do Brasil? 
Porque a Lava Jato acabou presa, imobilizada por sua própria obsessão; obsessão que toldou, empanou os olhos e a compreensão dos heróis da operação ao ponto de eles não despertarem e nem reagirem à pilhagem criminosa, desavergonhada do país. 

Querem um exemplo assombroso, sinistro dessa fuga da realidade? 

Nunca aconteceu na história do Brasil de um presidente ser denunciado por corrupção durante o exercício do mandato. Não apenas ele. Todo o entorno foi indigitado e denunciado. Mas nunca um presidente da República desbaratou o patrimônio nacional de forma tão açodada, irresponsável e suspeita, como essa Presidência denunciada por corrupção. 

Vejam. Só no último o leilão do petróleo, esse governo de denunciado como corrupto, abriu mão de um trilhão de reais de receitas. 

Um trilhão, Moro! 
Um trilhão, Dallagnoll! 
Um trilhão, Polícia Federal! 
Um trilhão, PGR! 
Um trilhão, brava gente da OAB! 

Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos. Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis. 

Nada! Absolutamente nada! 

Foi um a doação escandalosa. Uma negociata impudica. 

Abrimos mão de dinheiro suficiente para cobrir todos os alegados déficits orçamentários, todos os rombos nas tais contas públicas. 

Abrimos mão do dinheiro essencial, vital para a previdência, a saúde, a educação, a segurança, a habitação e o saneamento, as estradas, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias, para os próximos anos. 

Mas suas excelentíssimas excelências acima citadas não estão nem aí. Por que, entendem, não vem ao caso… 

Na década de 80, quando as montadoras de automóveis, depois de saturados os mercados do Ocidente desenvolvido, voltaram os olhos para o Sul do mundo, os governantes da América Latina, da África, da Ásia entraram em guerra para ver quem fazia mais concessões, quem dava mais vantagens para “atrair” as fábricas de automóveis. 

Lester Turow, um dos papas da globalização, vendo aquele espetáculo deprimente de presidentes, governadores, prefeitos a oferecer até suas progenitoras para atrair uma montadora de automóvel, censurou-os, chamando-os de ignorantes por desperdiçarem o suado dinheiro dos impostos de seus concidadãos para premiarem empresas biliardárias. 

Turow dizia o seguinte: qualquer primeiroanista de economia, minimamente dotado, que examinasse um mapa do mundo, veria que a alternativa para as montadoras se expandirem e sobreviverem estava no Sul do Planeta Terra. Logo, elas não precisavam de qualquer incentivo para se instalarem na América Latina, Ásia ou África. Forçosamente viriam para cá. 

No entanto, governantes estúpidos, bocós, provincianos, além de corruptos e gananciosos deram às montadoras mundos e fundos. 

Conto aqui uma experiência pessoal: eu era governador do Paraná e a fábrica de colheitadeiras New Holland, do Grupo Fiat, pretendia instalar-se no Brasil, que vivia à época o boom da produção de grãos. 

A Fiat balançava entre se instalar no Paraná ou Minas Gerais. Recebo no palácio um dirigente da fábrica italiana, que vai logo fazendo numerosas exigências para montar a fábrica em meu estado. Queria tudo: isenções de impostos, terreno, infraestrutura, berço especial no porto de Paranaguá, e mais algumas benesses. 

Como resposta, pedi ao meu chefe de gabinete uma ligação para o então governador de Minas Gerais, o Hélio Garcia. Feito o contanto, cumprimento o governador: “Parabéns, Hélio, você acaba de ganhar a fábrica da New Holland”. Ele fica intrigado e me pergunta o que havia acontecido. 

Explico a ele que o Paraná não aceitava nenhuma das exigências da Fiat para atrair a fábrica, e já que Minas aceitava, a fábrica iria para lá. 

O diretor da Fiat ficou pasmo e se retirou. Dias depois, ele reaparece e comunica que a New Holland iria se instalar no Paraná. 
Por que? 

ela obviedade dos fatos: o Paraná à época, era o maior produtor de grãos do Brasil e, logo, o maior consumidor de colheitadeiras do país; a fábrica ficaria a apenas cem quilômetros do porto de Paranaguá; tínhamos mão-de-obra altamente especializada e assim por diante. 

Enfim, o grande incentivo que o Paraná oferecia era o mercado. 

O que me inspirou trucar a Fiat? O conselho de Lester Turow e o exemplo de meu antecessor no governo, que atraiu a Renault, a Wolks e a Chrysler a peso de ouro e às custas dos salários dos metalúrgicos paranaenses, pois o governador de então chegou até mesmo negociar os vencimentos dos operários, fixando-os a uma fração do que recebiam os trabalhadores paulistas. 

Mundos e fundos, e um retorno pífio. 

Pois bem, voltemos aos dias de hoje, retornemos à história, que agora se reproduz como um pastelão. 

O pré-sal, pelos custos de sua extração, coisa de sete dólares o barril, é moranguinho com nata,, uma mamata só! 

A extração do óleo xisto, nos Estados Unidos, o shale oil , chegou a custar até 50 dólares o barril; 

o petróleo extraído pelos canadenses das areias betuminosas sai por 20 a 30 dólares o barril; as petrolíferas, as mesmas que vieram aqui tomar o nosso pré-sal, fecharam vários projetos de extração de petróleo no Alasca porque os custos ultrapassavam os 40 dólares o barril. 

Quer dizer: como no caso das montadoras, era natural, favas contadas que as petrolíferas enxameassem, como abelhas no mel, o pré-sal. Com esse custo, quem não seria atraído? 

Por que então, imbecis, por que então, entreguistas de uma figa, oferecer mais vantagens ainda que a já enorme, incomparável e indisputável vantagem do custo da extração? 

Mais um dado, senhoras e senhores da Lava Jato, atrizes e atores daquele malfadado filme: vocês sabem quanto o governo arrecadou com o último leilão? Arrecadou o correspondente a um centavo de real por litro leiloado. 

Um centavo, Moro! 
Um centavo, Dallagnoll! 
Um centavo, Carmem Lúcia! 
Um centavo, Raquel Dodge! 

Um centavo, ínclitos delegados da Policia Federal! 

Esse governo de meliantes faz isso e vocês fazem cara de paisagem, viram o rosto para o outro lado. 

Já sei, uma das razões para essa omissão indecente certamente é, foi e haverá de ser a opinião da mídia. 

Com toda a mídia comercial, monopolizada por seis famílias, todas a favor desse leilão rapinante, como os senhores e as senhoras iriam falar qualquer coisa, não é? 

Não pegava bem contrariar a imprensa amiga, não é, lavajatinos? 

Renovo a pergunta: desbaratar o suado dinheiro que é esfolado dos brasileiros via impostos e dar isenção às empresas mais ricas do planeta é um ou não é corrupção? 

Entregar o preciosíssimo pré-sal, o nosso passaporte para romper com o subdesenvolvimento, é ou não é suprema, absoluta, imperdoável corrupção? 

É ou não uma corrupção inominável reduzir o salário mínimo e isentar as petroleiras? 

Será, juízes, procuradores, policiais federais, defensores públicos, será que as senhoras e os senhores são tão limitados, tão fronteiriços, tão pouco dotados de perspicácia e patriotismo ao ponto de engolirem essa roubalheira toda sem piscar? 

Bom, eu não acredito, como alguns chegam a acusar, que os senhores e as senhoras são quintas-colunas, agentes estrangeiros, calabares, joaquins silvérios ou, então, cabos anselmos. 

Não, não acredito. 

Não acredito, mas a passividade das senhoras e dos senhores diante da destruição da soberania nacional, diante da submissão do Brasil às transnacionais, diante da liquidação dos direitos trabalhistas e sociais, diante da reintrodução da escravatura no país…. essa passividade incomoda e desperta desconfianças, levanta suspeitas. 

Pergunto, renovo a pergunta: como pode um país ser comandado por uma quadrilha, clara e explicitamente uma quadrilha, e tudo continuar como se nada estivesse acontecendo? 

Responda, Moro. 
Responda, Dallagnoll. 
Responda, Carmem Lúcia. 
Responda, Raquel Dodge.

Respondam, oh, ínclitos e severos ministros do Tribunal de Contas da União que ajudaram a derrubar uma presidente honesta. 

Respondam, oh guardiões da moral, da ética, da honestidade, dos bons costumes, da família, da propriedade e da civilização cristã ocidental. 

Respondam porque denunciaram, mandaram prender, processaram e condenaram tantos lobistas, corruptores de parlamentares e de dirigentes de estatais, mas pouco se dão se, por exemplo, lobistas da Shell, da Exxon e de outras petroleiras estrangeiras circulem pelo Congresso obscenamente, a pressionar, a constranger parlamentares em defesa da entrega do pré-sal, e do desmantelamento indústria nacional do óleo e do gás? 

Eu vi, senhoras e senhores. Eu vi com que liberdade e desfaçatez o lobista da Shell, semanas atrás, buscava angarias votos para aprovar a maldita, indecorosa MP franqueando todo o setor industrial nacional do petróleo à predação das multinacionais. 

Já sei, já sei…. isso não vem, ao caso. 

Fico cá pensando o que esses rapazes e essas moças, brilhantíssimos campeões de concursos públicos, fico pensando…..o que eles e elas conhecem de economia, da história e dos impasses históricos do desenvolvimento brasileiro? 

Será que eles são tão tapados ao ponto de não saberem que sem energia, sem indústria, sem mercado consumidor, sem sistema financeiro público, para alavancar a economia, sem infraestrutura não há futuro para qualquer país que seja? Esses são os ativos imprescindíveis para o desenvolvimento, para a remissão do atraso, para o bem-estar social e para a paz social. 

Sem esses ativos, vamos nos escorar no quê? Na produção e exportação de commodities? Ora… 

Mas, os nossos bravos e bravas lavajatinos não consideram o desbaratamento dos ativos nacionais uma forma de corrupção. 

Senhoras, senhores, estamos falando da venda subfaturada –ou melhor, da doação- do país todo! Todo! 

E quem o vende? 

Um governo atolado, completamente submerso na corrupção. 

E para que vende? 

Para comprar parlamentares e assim escapar de ser julgado por corrupção. 

Depois de jogar o petróleo pela janela, preparando assim o terreno para a nossa perpetuação no subdesenvolvimento, o governo aproveita a distração de um feriado prolongado e coloca em hasta pública o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobrás, a Petrobrás e que mais seja de estatal. 

Ladrões de dinheiro público vendendo o patrimônio público. 

Pode isso, Moro? 
Pode isso, Dallagnoll? 
Pode isso, Carmem Lúcia? 
Pode isso, Raquel Dodge? 
Ou devo perguntar para o Arnaldo? 

À véspera do leilão do pré-sal, semana passada, tive a esperança de que algum juiz intrépido ou algum procurador audacioso, iluminados pelos feéricos, espetaculosos exemplos da Lava Jato, impedissem esse supremo ato de corrupção praticado por um governo corrupto. 

Mas, como isso não vinha ao caso, nada tinha com os pedalinhos, o tríplex, as palestras, o aluguel do apartamento, nenhum juiz, nenhum procurador, nenhum delegado da polícia federal, e nem aquele rapaz do TCU, tão rigoroso com a presidente Dilma, ninguém enfim, se lixou para o esbulho. 

Ah, sim, não estava também no power point…. 

É com desencanto e o mais profundo desânimo que pergunto: por que Deus está sendo tão duro assim com o Brasil.