terça-feira, 27 de novembro de 2018

ESCOLA SEM PARTIDO É O AI-5 DA EDUCAÇÃO


Por: Odilon de Mattos Filho

É manifesto, queiram ou não os trogloditas de plantão, que aprender é um ato revolucionário e o Professor é o grande propulsor deste ato, pois, como nos ensina Marilena Chauí “ser Professor é no mínimo uma obrigação política. Não podemos aceitar uma população de excluídos da educação e cultura. Nossa profissão só tem sentido se despertar a consciência social por meio do conhecimento e promover o exercício da razão como forma de libertação1”. 

É chocante e impensável, que em pleno século XXI, tenham educadores, ou melhor, amebas, que defendem esse Projeto do “Escola sem Partido”. Uma proposta tacanha e retrógrada que afirma que as salas de aula no Brasil são ulizadas como ambientes para a discussão sobre as questões de gênero, ou como eles dizem erroneamente, "ideologia de gênero", ou, ainda, como espaço de doutrinação marxista, onde professores se aproveitam do ofício para repassar aos alunos suas ideias políticas e morais. Para esses defensores do projeto, ou melhor, do AI-5 da Educação, o delírio, é impedir a ascensão do comunismo da homossexualidade no Brasil.

A propósito e contra este frenesi, o Filósofo, Olavo de Carvalho, grande guru da extrema-direita tupiniquim fez uma severa crítica aos “Bolsonaristas” que tem essa psicose contra o marxismo. Disse o Professor: “...quando você ouve algum direitista falando do marxismo como se fosse apenas um sistema de idiotices, não tenha dúvidas: o idiota é você’. Continuando ele acrescenta: “...Se há uma coisa que não tolero é o desprezo afetado e triunfalista que qualquer liberalzinho de merda sente pelo marxismo. Uma tradição intelectual de quase dois séculos e infinitamente acima de sua capacidade de compreensão2”. 

Já sobre o Escola sem Partido Olavo de Carvalho disse: “...À medida que o movimento do Escola sem Partido evolui na direção de um projeto de lei, a coisa se complica, porque o projeto de lei é prematuro, pelo fato de que não existe documentação científica a respeito do problema do esquerdismo nas escolas e universidades. Você não pode começar um debate legislativo sem ter o debate científico primeiro….3”. 

Portanto, fica claro que a crise na Educação por que passa o Brasil não está relacionada com os métodos educativos, pedagógicos ou grades curriculares, fundamentalmente, é fruto de uma sociedade discriminatória, que não oferece igualdade de acesso à cultura e à Educação e a falta de investimentos por parte do Poder Público. Aliás, a Proposta de Emeda Constitucional nº 241 conhecida como PEC da morte corrobora essa afirmativa. Essa PEC congelou por trinta anos os parcos recursos financeiros para a educação e saúde, não nos esquecendo, também, da desvinculação dos recursos finaceiros do Pré-Sal que seriam destinados à Educação e Saúde e agora passou a meros recursos de custeio. Logo, esta crise na Educação nada mais é do que o modelo econômico escolhido pelo atual e pelo próximo governo, qual seja: privatizar o ensino público, que faz parte de uma das engrenagens do Estado mínimo e colocar um fim, de uma vez por todas, no Projeto do Estado de bem-estar Social.

Sabemos, também, que a discussão sobre educação e cultura, especialmente nos países do terceiro mundo, ultrapassa os muros das escolas e passa, impreterivelmente, pelo poder que os meios de comunicação e agora as redes sóciais exercem sobre seus incautos telespectadores e internautas. 

A televisão, por exemplo, conforme bem assinala a Professora Maria Helena Martins, ”surge trazendo promessas de democratizar a leitura por meio da imagem, parecendo, enfim, que a liberdade do leitor se concretizará”, no entanto, aos poucos fica óbvio que tudo não passa de uma farsa e que o objetivo central da mídia que defende este projeto anacrônico e antidemocrático do Escola sem Partido é formar uma cultura de massa homogênea, na qual a premissa é tão somente implantar em nossa sociedade a ditadura do pensamento único e fazer com que os alunos se transformem em indivíduos anódinos (insignificante), invertebrados e desprovidos de qualquer convicção. 

Não temos dúvidas, também, que este Projeto idealizado pelas cabeças retrógradas e conservadores dos “Bolsonaristas é flagrantemente inconstitucional, pois, fere o artigo 206 da CF/88, além do que, não passa de mais um instrumento de coação das bancadas fundamentalistas religiosas que querem, como bem afirma Frei Beto, que o “professor ensine que a política é uma atividade danosa, os partidos nefastos e que, por exemplo, Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Frei Caneca, Gandhi, Mandela, Luther King, Chico Mendes e Marielle Franco, entre outros, são traidores da pátria, arruaceiros e vândalos, por terem participados outrora de manifestações, atos políticos e passeatas...Querem, ainda, continua Frei Beto, “que o professor evite manifestar suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais ou políticas, ou seja, a recomendação é que às escolas mantenham um corpo docente de amebas4”. 

Na contramão deste absurdo “bolsonariano” e aqui vale o registro, pois, trata de um fato emblemático, o governador do Maranhão, Flávio Dino, dando uma resposta imediata, corajosa e, sobretudo, democrática ante esse esdrúxulo projeto do “Escola Sem Partido”, baixou um Decreto estabelecendo a liberdade de cátedra. Logo no artigo primeiro está previsto que todos os estudantes, professores e funcionários são livres para expressar seu pensamento e opiniões no ambiente escolar na rede estadual do Maranhão. 

Assim e diante deste terrorismo social do “Escola sem Partido”, que na concepção do professor e Filósofo Leandro Carnal “é uma asneira sem tamanho, uma bobagem conservadora e uma crença fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida que não entende que toda opinião é política, inclusive, a Escola sem Partido5”, faz-se necessário e até imperioso que os nobres e judiciosos ministros do Supremo Tribunal Federal apreciem, com maior brevidade possível, a Ação Direta de Inconstitucionalidade que tramita na  Corte, cujo objeto é o Projeto de Lei que cria a Escola sem Partido.

A nós do campo democrático e progressista, juntamente com os Educadores compromissados com uma Educação emancipatória e libertária cabe denunciar, como estamos fazendo neste momento, o retrocesso deste Projeto do Escola sem Partido e lutar para que a educação pública do Brasil aprofunde, cada vez mais, os princípios consignados na Constituição Federal que estabelecem a universalidade, a igualdade de condições, a liberdade de aprender e ensinar, o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, a gratuidade e a garantia da qualidade do ensino público no Brasil. O resto, não passa de psicose, bobagem e delírio dos fascistas tupiniquins!   































2 Fonte: https://catracalivre.com.br/cidadania/olavo-de-carvalho-critica-escola-sem-partido/
3 www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/em-debate-sobre-marx-na-camara-eduardo-bolsonaro-e-desmoralizado-pelo-guru-olavo-de-carvalho/ 
4 Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/08/os-deveres-detalhados-da-escola-sem-partido.shtml
5 Fonte: https://www.revistaforum.com.br/leandro-karnal-destroi-movimento-escola-sem-partido-crenca-fantasiosa-de-uma-direita-delirante-e-estupida/

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