Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A MOLECAGEM DO PODER JUDICIÁRIO

Por: Odilon de Mattos Filho

Sabe-se que o Poder Judiciário brasileiro, historicamente, sempre esteve a serviço dos interesses das classes dominantes. Mas nestes últimos doze anos, essa vassalagem do judiciário e o seu ativismo político/partidário são descarados e vergonhosos. 

A Ação Penal 470, conhecida como mensalão, marca o início do ativismo político que tomou conta do Sistema Judiciário brasileiro e da mudança de visão doutrinária de boa parte dos magistrados e membros do MP que abandonaram o garantismo que prima pela dignidade da pessoa humana, corolário do Estado democrático de Direito, para cair na praga do punitivismo que propõe mais sanções e menos direitos e que se tornou um mantra das classes dominantes e dos barões da mídia. A gênese dessa mudança veio com o voto da ministra Rosa Weber e de Joaquim Barbosa na AP 470. Diz a Ministra: “Não tenho provas contra José Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite”. Já o Ministro Joaquim Barbosa, corroborando a parcialidade deste julgamento respondeu assim ao Ministro Luiz Roberto Barroso: "foi feito para isso" se referindo à exacerbação nas penas, como impulso para superar a prescrição do crime de quadrilha imputado aos réus. 

Depois desta ação penal veio a malfada Operação Lava-jato comandado pelo ex-juiz Sérgio Moro, que estava, em tese, a serviço dos interesses do governo estadunidense, de suas corporações privadas e de interesses de certas facções políticas. Sua nomeação para o Ministério da Justiça do futuro governo fascista é a prova cabal dessa afirmativa e certamente é o pagamento da primeira parcela dos bons serviços prestados ao futuro presidente Jair Bolsonaro. A parcela final, provavelmente, será a sua indicação para ministro do STF ou até mesmo suceder Bolsonaro em 2022. É esperar para ver! 

Nas ações que teve como objeto as investigações dessa operação acompanhamos uma enxurrada de arbitrariedades, conluios, gincanas e arranjos jurídicos patrocinados pelo Juiz Sérgio Moro e pelo MPF para conseguirem seus objetivos e cumprir acordos políticos que passaram pela inviabilização financeiramente de nossas indústrias pesadas de infraestrutura, esculhambar a imagem de nossas empresas estatais, especialmente, da Petrobras abrindo caminho para justificar as privatizações e por fim, o principal alvo: tentou-se exterminar o Partido dos Trabalhadores e seu grande líder nacional Luiz Inácio Lula da Silva. 

A persecução penal contra o presidente Lula é um exemplo nítido desse objetivo que é realizado de forma aberta e abjeta, tanto, que o mundo vem denunciando que o presidente Lula é um preso político. Os arranjos e malabarismos jurídicos que afrontam a lei e a própria Constituição Federal são utilizados de maneira escancarada e sem cerimônia por juízes de piso, pelas cortes superiores e até pela Suprema Corte para obstaculizar qualquer ação de defesa proposta pelo presidente Lula. A ordem é mantê-lo preso até que morra!

No dia 19/12/2018, acompanhamos mais um capítulo dessas sórdidas manobras e arranjos jurídicos. Foi amplamente divulgado que o ministro do STF Marco Aurélio Mello concedeu, de maneira corajosa e agindo como verdadeiro guardião da Constituição, liminar na qual julgou constitucional o artigo 283 do CPP que prevê, assim como a CF/88, a presunção de inocência (Art. 5º, LVII)  princípio este, com status de cláusula pétrea, estabelecido pela própria Magna Carta (Art. 60, IV da CF/88). Com essa decisão, réus cujos processos não transitaram em julgados deveriam ser soltos, dentre eles, figurava o presidente Lula, lembrando, que diferentemente do noticiado, nem todos os réus seriam beneficiados por essa liminar, pois, cada processo seria analisado por um juiz à luz da Lei de Execução Penal.

Concedida essa liminar a mesma só poderia ser derrubada pelo Pleno do STF, porém, do nada eis que surge o presidente do STF, Dias Toffoli e numa só baionetada, ou melhor, canetada derrubou, em tempo recorde, a referida liminar passando por cima da jurisprudência da própria Corte que já pontificou que somente o plenário do STF poderia contrariar uma decisão dada em caráter liminar do relator da ação de controle de constitucionalidade. 

Não temos dúvidas de que não foi apenas o ativismo político do ministro Dias Toffoli que o levou a tomar essa decisão de caçar a liminar do ministro Marco Aurélio. Este ato mostra, também, a decomposição ética e moral deste magistrado e constitui em um fortíssimo sinal de que os togados do STF já estão sendo controlados pelos fardados do governo. Não foi por menos que o general Paulo Chagas e o presidente Bolsonaro postaram comentários em seus Twitter. O quatro estrelas disse que "a atitude unilateral contrária a uma decisão colegiada é uma demonstração de indisciplina intelectual e de escárnio ao STF e à sociedade brasileira. Marco Aurélio Mello merece cassação!1" Já o capitãozinho Bolsonaro elogiou o ministro Dias Toffoli dizendo: “Parabéns ao presidente do STF por derrubar a liminar que poderia beneficiar dezenas de milhares de presos em segunda instância no Brasil e colocar em risco o bem estar de nossa sociedade...2”.

Neste episódio, uma vez mais, fica claro que essa ingerência e açodamento para derrubar a liminar do ministro Marco Aurélio só se deu porque dentre os réus beneficiados estaria o presidente Lula. Se essa liminar não o alcançasse, certamente, todos os juizes já tinham expedido os mandados de soltura e se quer, apareceria uma só nota sobre o caso nos jornais. É impresionante como os algozes de Lula tremem de medo dele. Lula parece um fantasma que atormenta a vida destes verdugos que, certamente, entram em pânico frente a qualquer vestígio que possa trazer o presidente Lula de volta aos braços do povo brasileiro. E o ato do ministro Dias Toffoli é um exemplo desta pusilanimidade.

A propósito, o brilhante jurista e Professor Afranio Silva Jardim em corajoso desabafo pontificou sobre o atual sistema judiciário: “A minha decepção e desgosto é muito grande. Como lecionar direito com um STF como este? Estou me retirando deste “mundo” falso e hipócrita. Após quase 39 anos lecionando direito processual penal e 31 anos atuando no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, diante da notória perseguição do nosso sistema de justiça contra o ex-presidente Lula, confesso e decido: não mais acredito em nosso Poder Judiciário e em nosso Ministério Público, instituições corporativas e dominadas por membros conservadores e reacionários...Cada vez menos acredito no ser humano e não desejo conviver com certas “molecagens” que estão ocorrendo em nosso cenário político e jurídico...Confesso que esta minha decisão decorre muito do que se tornou o Supremo Tribunal Federal e o “meu” Ministério Público, todos contaminados pelo equivocado e ingênuo punitivismo, incentivado por uma mídia empresarial, despreparada e vingativa. Com tristeza, tenho de reconhecer que nada mais me encanta nesta área...3”. 

Realmente, assiste razão ao Mestre Afranio Jardim. A decisão do presidente do STF em caçar a liminar do ministro Marco Aurélio ultrapassou todas as manobras e arranjos jurídicos e nos mostrou uma nova faceta da justiça, a molecagem do judiciário e a prova de que vivemos em um  Estado de Exceção. Neste contexto, a única saída para se combater essa barbárie é a resistência e o povo nas ruas lutando, gritando e exigindo uma nova ordem democrática!




















2 Fonte: https://pleno.news/brasil/politica-nacional/no-twitter-bolsonaro-elogia-a-decisao-de-dias-toffoli.html
3Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/estou-me-retirando-deste-mundo-falso-e-hipocrita-o-desabafo-do-jurista-afranio-silva-jardim-depois-da-decisao-de-toffoli/


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

MOVIMENTO DOS JUIZES SEM TETO - MJST


Por: Odilon de Mattos Filho

Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada em 1948, o direito a moradia foi reconhecido como pressuposto para a dignidade humana. Neste mesmo diapasão foi recepcionado no Capítulo Dos Direitos Sociais da nossa Magna Carta esse direito essencial ao cidadão. 


Malgrado o reconhecimento legal e constitucional da importância da moradia para o ser humano a práxis teima em renegar esse direito, especialmente, por parte do Estado brasileiro, tanto que o Brasil possui sete milhões de famílias sem teto e esse número só não é maior porque foi criado, durante os nos governos Ptistas o programa “Minha Casa, Minha Vida” 

Segundo o IBGE a maior parte deste déficit habitacional é provocada por famílias com um grande comprometimento da renda com o pagamento de aluguel (3,27 milhões) e pela coabitação - famílias dividindo o mesmo teto (3,22 milhões). As chamadas habitações precárias são 942,6 mil moradias e o restante (317,8 mil) pertence ao chamado adensamento excessivo, ou muita gente morando no mesmo lugar. 

Já os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que 85% das famílias sem moradia ganham até dois salários mínimos e são as que mais sofrem com o gasto excessivo com aluguel que chega a 35% do orçamento doméstico. 

Diante desse quadro e da inércia do Estado muitas famílias sem teto resolveram criar o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Segundo o site dessa organização, trata-se de “um entidade que organiza trabalhadores urbanos a partir do local em que vivem: os bairros periféricos. Não é e nem nunca foi uma escolha dos trabalhadores morar nas periferias; ao contrário: o modelo de cidade capitalista é que joga os mais pobres em regiões cada vez mais distantes1”. 

Na mesma linha do MTST, o Poder Judiciário brasileiro, especialmente, o clã dos magistrados resolveram criar o Movimento dos Juízes Sem Teto (MJST) que tem como objetivo reivindicar ajuda financeira para custear os alugueis dos imóveis em que residem temporariamente. 

Afora a ironia a verdade nua e crua é que em 2014 o ministro do STF concedeu uma liminar assegurando a um grupo de juízes federais o direito ao Auxílio Moradia. O problema, no entanto, foi que essa benesse foi estendida a toda a magistratura do país e, por isonomia, foram agraciados, também, os membros do Ministério Público (MP) e dos tribunais de Contas. Na sequência, Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional do MP regulamentaram a medida e hoje o valor desse Auxílio é de R$ 4.377,73 mensais. 

Não obstante a obscenidade desse Auxílio Moradia, a maioria dos magistrados no alto de suas arrogâncias e da divindade que pensam possuir, desdenham, ou no português claro, cagam e andam, pelas críticas do povo a essa ajuda de custo. Foi o caso, por exemplo, do ex-juiz de piso Sérgio Moro, visto por muitos como o paladino da moral, da ética e da probidade. Sua entrevista ao jornal O Globo foi emblemática para ilustrar esse desprezo pela opinião popular. Diz o magistrado: "O auxílio-moradia é pago indistintamente a todos os magistrados e, embora discutível, compensa a falta de reajuste dos vencimentos desde 1º de janeiro de 2015 e que, pela lei, deveriam ser anualmente reajustados2". Lembramos, que Sérgio Moro, assim como centenas de juízes possui imóvel residencial próprio e mesmo assim, faz questão de receber o Auxilio Moradia no valor de R$ 4.377,73, valor este, livre de qualquer tributo. As favas a moral e a ética, diria Moro e outros magistrados! 

Tendo em vista a repercussão negativa deste auxílio, que na verdade é um tapa na cara da população o Presidente do STF, Ministro Dias Tofolli teve a coragem e a desfaçatez de fazer um acordo com presidente ilegítimo MiShell Temer. Segundo se noticiou, o Auxílio Moradia seria trocado por um reajuste de 16,38% nos subsídios dos magistrados. Proposto o projeto de lei a maioria dos parlamentares, acovardados, apequenados e coagidos, aprovou a proposta e Temer sancionou a lei reajustando os subsídios dos magistrados, lembrando que tal reajuste tem um efeito cascata, ou seja, serão beneficiados todos os magistrados e membros do Ministério Público do Brasil. 

Porém, passados poucos dias da sanção da referida lei, ou seja, do cumprimento do acordo por parte do governo, o Conselho Nacional de Justiça, rasgou o acordo, ou melhor, deu uma rasteira nos parlamentares e em MiShell Temer e aprovou uma Resolução no dia 18/12/2108, numa votação que durou, longos e intermináveis dois minutos, a volta deste penduricalho com a desculpa de que as regras serão mais rígidas para se conceder o Auxílio Moradia aos magistrados que recebem, em média, subsídios de R$ 30.000,00 por mês.

A propósito, sobre esse obsceno reajuste o jornalista Aquiles Lins escreveu: “...A restrição fiscal e o rombo de R$ 139 bilhões no orçamento não impede que juízes aprovem benefícios a si próprios. No entanto, para o restante da população que não tem acesso a um instrumento essencial de cidadania, que é uma casa para morar, o estado alega falta de dinheiro...3”.

Realmente é vergonhoso, mas este é o Brasil que vivemos e este é o Poder Judiciário que rasga acordos, rasga a Constituição Federal e vira as costas para o sofrido povo brasileiro, especialmente, aqueles mais necessitados, que segundo dados do IBGE somam hoje mais de 20 milhões de cidadãos dos quais 30% mais pobre ganham menos de R$ 937,00 por mês e os 15% que viviam com R$ 217,63 por mês, em média, em 2016, viram esse valor cair para R$ 198,03 em 2017. 

E é neste contexto que o Conselho Nacional de Justiça mesmo sabendo que somente o reajuste de 16,38% custará aos cofres públicos a bagatela de R$ 730 milhões, resolveu atender a justa reivindicação do Movimento dos Juízes Sem Teto e devolveu aos pobres magistrados, a despeito do acordo com Temer, o valiosíssimo Auxílio Moradia. Viva a democracia brasileira e viva a liberdade de organização de classe!






quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

BOLSOGATE: "ISSO NÃO VEM AO CASO!"

Por: Odilon de Mattos Filho
Muitos brasileiros, ainda, não têm conhecimento do escândalo envolvendo um motorista e ex-assessor da família Bolsonaro chamado Fabrício José Carlos de Queiroz que movimentou em um ano mais R$ 1,2 milhão, fato que foi considerado suspeito e atípico pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

O caso denominado de “Bolsogate” guarda muita semelhança com o escândalo que cominou no impeachment do presidente Fernando Collor. Assim como no caso Collor, o Bolsogate tem como personagens um motorista e assesor (Fabrício Queiroz) e membros da família (Flávio Bolsonaro e a esposa Bolsonaro).

Para entendermos o escândalo envolvendo a família Bolsonaro se faz necessário, inicialmente, explicar, para aqueles que não conhecem, o que é o Coaf. Trata-se um órgão ligado ao Ministério da Fazenda cujo atribuição é "monitorar e receber informações dos bancos sobre transações suspeitas ou atípicas. Pela lei, os bancos devem informar qualquer transação que não siga o padrão ou rotina do cliente1”.


Pois, bem, o Coaf, segundo noticiado, foi informado que o assessor e motorista do senador eleito, Flávio Bolsonaro movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 e em 2016, o motorista Fabrício Queiroz fez 176 saques em dinheiro. O relatório do Coaf foi juntado pelo MPF à Operação Furna da Onça, que resultou na prisão de 10 deputados estaduais da Alerj em novembro de 2018.

As investigações apontam, ainda, que foi depositado na conta da futura primeira dama, Michelle Bolsonaro um cheque no valor de R$ 24 mil e que Fabrício Queiroz realizou transferências financeiras no valor de R$ 80 mil para a sua filha Nathalia Melo de Queiroz que até o mês passado era assessora lotada no gabinete do ex-deputado federal e agora presidente eleito, Jair Bolsonaro.

O curioso, também, é que a Operação da PF 
batizada de Furna da Onça e que teve como base, dados do Coaf foi deflagrada no dia 16 de outubro, porém, no dia 15 de outubro, exatamente, um dia antes, a assessora de Bolsonaro, Nathalia Melo  e o seu pai Fabrício Queiroz assessor do Fábio Bolsonaro, foram exonerados de seus cargos comissionados. Não pairam dúvidas de que tais exonerações um dia antes da operação da PF foram frutos de um vazamento com o objetivo de proteger os dois assessores e preservar a imagem e a campanha de Bolsonaro no segundo turno. Além disso tudo, vale destacar  que toda família de Queiroz está sumdida e ninguém sabe o paradeiro dos mesmos. 

Estourado o caso, começaram as explicações para tentar encerrá-lo ou ao menos minimizá-lo. O senador eleito Flávio Bolsonaro, por exemplo, disse em sua conta no Twitter, sempre as redes sociais, que “Fabrício Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança. Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta...Continuando ele disse: “Queiroz me relatou uma história bastante plausível e me garantiu que não teria nenhuma ilegalidade nas suas movimentações. Assim que ele for chamado ao Ministério Público, vai dar os devidos esclarecimentos2".

Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro disse que a importância de R$ 24 mil reais depositada na conta de sua esposa é fruto de um empréstimo que ele fez ao amigo Fabrício Queiroz, aliás, segundo ele o valor foi de R$ 40 mil reais e que foi depositado na conta de sua esposa porque ele não tinha tempo de ir ao banco.

Porém, todos sabem que trata-se de um grande escândalo que precisa ser, totalmente, esclarecido, afinal, envolve o presidente eleito que se postava como paladino da moral, pronto para combater à corrupção.

Aliás, neste contexto, o insuspeito jornalista Reinaldo de Azevedo escreveu sobre o bolsogate; “É, por óbvio, sobra o questionamento se a prática não seria uma constante nos respectivos gabinetes dos quatro políticos: além de Jair e Flávio, também Eduardo e Carlos. Uma coisa e certa: a prática do motorista, amigo pessoal do presidente eleito, pode ser considerada tudo; corriqueira não é. Até porque a família inteira do ex-assessor, mulher e duas filhas, está enredada no caso3".

Outro dado que demonstra que esse caso do Bolsogate é muito nebuloso é o fato de Fabrício Queiroz que movimentou R$ 1,2 milhão residir numa casa simples localizada numa viela no bairro Taquara Zona Oeste do Rio de Janeiro. Isso nos força a pensar que que esse assessor/motorista pode ser um laranja dos Bolsonaros e que esse recurso pode ter abastecido parte do Caixa2 da campanha de Bolsonaro.


Realmente temos que tirar o chapéu para Fabrício Queiroz! O sujeito conseguiu um milagre que lhe pode garantir uma vaga no Ministério da Fazenda, inclusive, no lugar de Paulo Quedes, afinal, Queiroz conseguiu, em um ano, levantar recursos financeiros que levaria doze anos e isso sem gastar um tostão dos seus rendimentos como policial e motorista. É ou não é um “Ninja” da economia?

Mas, se toda essa nebulosa transação financeira não bastasse, outro fato deveria chamar atenção das autoridades que é o aumento exponencial do patrimônio de Bolsonaro. Segundo matéria assinada pelo jornalista Mauro Lopes “até 2008, a família declarava à Justiça Eleitoral bens em torno de R$ 1 milhão; este ano, declarou R$ 6,1 milhões. Mas há indícios graves de lavagem de dinheiro e de uso da estratégia de subavaliação patrimonial. Segundo valores de mercado, os bens dos Bolsonaro já alcançam mais de R$ 15 milhões4”.

Não temos dúvidas, como se diz aqui na provincia das minas gerais, que neste angu tem caroço e, portanto, cabe à família Bosonaro e as autoridades respoderem as seguintes perguntas: como um motorista/assessor com rendimentos de pouco mais de R$ 21 mil por mês pode movimentar R$ 1,2 milhão em um só ano? Será que uma pessoa que tem esse movimento financeiro em sua conta precisa de R$ 24 mil emprestados? Se houve este empréstimo por parte do Bolsonaro, quando e como o mesmo foi realizado? Por que não foi declarada no IR esta suposta dívida? Será que essa importância de R$ 1,2 milhão foi levantada para alimentar o Caixa2 da campanha de Bolsonaro? Por que um homem que movimenta tanta grana reside em um beco num bairro simples do Rio de Janeiro? Por que toda família de Fabrício Queiroz trabalhava para os Bolsonaros em seus gabinetes nos legislativos municipal, estadual e federal? Será que o sumiço de Fabrício Queiroz e de sua família não foi proposital e que isso pode prejudicar as investigações ou até mesmo caracterizar obstrução dos trabalhos da Justiça? Por que em outros casos menos sombrios, os "judiciosos" Procuradores e/ou Delegados da PF requereram prisões cautelares e neste caso há um silêncio sepulcral das autoridades? Como o patrimônio de Bolsonaro saltou de R$ 1,0 milhão para R$ 15,0 milhões em dez anos?

E por fim, a última pergunta que foge ao texto, mas, tem conexão com toda trama que envolve a campanha de Jair Bolsonaro. Bolsonaro fugiu dos debates com a desculpa médica de que estava impossibilitado fisicamente. Por que, então, depois de 35 dias das eleições, Bolsonaro foi a São Paulo e comemorou o campeonato Brasileiro do Palmeiras e ergueu um troféu de 25 kg, colocou uma criança nos ombros e levantou o treinador Felipão que deve ter mais de 100 kg? Será que para essas estripulias ele estava apto, fisico e emocionalmente, mas, para um simples debate de ideias (se é que ele tem) com seu adversário estava mesmo impossibilitado?

Realmente tudo isso fede uma grande tramoia que se constitui como um dos maiores escândalos envolvendo o futuro presidente da república e sua família. Porém, no frigir dos ovos, é sabido que essas e outras perguntas nunca serão respondidas e o Bolsogate, simplesmente, será enterrado e na sua lápide será gravado o famoso epitáfio de Sérgio Moro: “Isso não vem ao caso!”




1Fonte:https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2018/12/08/entenda-as-transacoes-atipicas-de-um-ex-motorista-da-familia-bolsonaro.htm 
2Fonte:https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2018/12/08/entenda-as-transacoes-atipicas-de-um-ex-motorista-da-familia-bolsonaro.htm
3Fonte:http://www3.redetv.uol.com.br/blog/reinaldo/cubanos-de-bolsonaro-3-e-claro-que-a-suspeita-e-a-de-que-familia-fica-com-parte-do-salario-dos-seus-funcionarios/



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

FINAL DA COPA LIBERTADORES OU COLONIZADORES DA AMÉRICA?


Por: Odilon de Mattos Filho
A “Copa Libertadores da América” é uma competição de Futebol organizada, anualmente, pela Confederação Sul-Americana de Futebol – CONMEBOL. Essa competição foi criada em 1960 e desde então se tornou a principal competição da América do Sul. Participam desta Copa a Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e o México. Esse último país, malgrado não pertencer a América do Sul, participa da Copa desde 1998 por pressão e influência da poderosa Toyota, principal empresa patrocinadora da “Copa Libertadores da América”. 

O nome do torneio é uma  homenagem aos principais líderes políticos que lutaram pela independência da América do Sul, tais como: José Artigas, Simón Bolívar, José de San Martín, José Bonifácio de Andrada e Silva, Antonio José de Sucre, Bernardo O'Higgins, dentre outros.

O campeão da Libertadores tem o direito de disputar o Campeonato Mundial de Clubes, torneio organizado pela FIFA e disputado entre os clubes campeões de todas as seis confederações continentais: CONMEBOL (América do Sul), CONCACAF (América dos Norte, Central e Caribe) UEFA (Europa), CAF (África), AFC (Ásia), OFC (Oceania) e o representante do país-sede, vencedor do campeonato do país organizador da Mundial de Clubes. 

Não obstante o desejo e o frenesi que a “Copa Libertadores da América” causa nos clubes da América do Sul, especialmente, no Brasil, esse torneio é marcado pela total desorganização da CONMEBOL que tem como marca indelével os conchavos políticos, a corrupção e os velhos e conhecidos arranjos para beneficiar clubes da América Platina. A história passada e recente como a Libertadores de 2018 é emblemática para corroborar nossa afirmativa a respeito da arruaça que toma conta da CONMBOL. Aliás, a grande maioria dessas entidades que “des-organizam” o futebol, mundo afora, têm essas mesmas características da CONMEBOL, o escândalo da FIFA é exemplar! 

Depois, de várias presepadas e escândalos de arbitragem, finalmente chegou a final da Copa Libertadores de 2018. Dessa feita uma final dos sonhos para os hermanos Argentinos, ou como noticia a imprensa argentina "a final do mundo": River Plate X Boca Juniors. O primeiro jogo foi realizado no lendário estádio do Boca Juniors: “La Bombonera” e o placar foi de 2X2. A segunda partida estava marcada para o campo do River, o famoso Estádio “Monumental de Núñez”, porém, como todos sabemos, a partida não foi realizada pela falta de segurança e pela gritante desorganização da CONMEBOL e das forças de segurança da Argentina que não impediram o covarde ataque dos torcedores do River e dos temidos Barra Brava ao ônibus do time do Boca Juniors. 

Depois de dias de espera pela última partida entre os dois arquirrivais River Plate e Boca Juniors a CONMEBOL resolve que, por motivos de segurança, a gran final será disputada na Espanha no “Estádio Santiago Bernabéu” do Real Madrid. 

Não temos dúvidas de que a escolha da Espanha para receber a final da “Copa Libertadores da América” foi o maior escândalo da história da CONMEBOL. Primeiro, porque mostrou a sua incapacidade de organizar essa Copa, mesmo com a experiência de cinquenta e oito anos de existência. Depois pela insensibilidade dos dirigentes da CONMEBOL que jogaram na lata de lixo a história Política que deu nome a essa Copa, pois, ao levar a final para a Espanha os cartolas prestigiaram os colonizadores, ou melhor, os exploradores da América Latina em detrimento ao povo Argentino e aos povos da América do Sul. Se isso não bastasse o jogo acontecerá no Estádio que leva o nome de Santiago Bernabéu um militar franquista que participou da guerra civil na Espanhola onde morreram mais de um milhão de pessoas em nove anos de batalha, culminando essa barbárie na ditadura do general Francisco Franco que perdurou por trinta e seis anos. 

O grande e saudoso Escritor e intelectual Uruguaio Eduardo Galeano, também, aficionado pelo futebol, não obstante conhecer profundamente o caráter de servilismo dos países da América da América Latina perante o Terceiro Mundo e ao imperialismo estadunidense, se vivo estivesse, certamente, estaria extremamente decepcionado, chocado e muito puto com essa decisão da CONMEBOL de levar essa grande final de dois clubes sul-americanos para a Espanha. 

A propósito, sobre esse servilismo dos países da América Latina Eduardo Galeano em sua magistral obra “As Veias Abertas da América Latina” escreveu: “Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. (…) Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço de necessidades alheias. (…) É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano (…) Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar têm sido sucessivamente determinados, de fora, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo..1” 

Por sua vez e ratificando as palavras de Eduardo Galeano o grande líder Simon Bolívar afirma: “Nunca seremos [nós povos Latino-americanos] afortunados”, ou seja, a sina dos latino-americanos, como bem afirma o jornalista e Escritor Filipe Augusto Pereira, “não era causada por caprichos do destino, mas sim por uma intensa e desonesta exploração de suas riquezas naturais e mão de obra, que geraram um povo cujo engajamento varia de país a país, tendo no Brasil talvez o povo mais alienante e pouco combativo ao comportamento opressor e recrudescido..2.” 

Realmente, sob todos os aspectos, em especial o Político, essa final entre River Plate e Boca Juniors jamais poderia ser disputada em algum país que, historicamente, escravizou e explorou os povos latino-americanos. Isso, além de comprovar a teoria de Eduardo Galeano da subserviência das autoridades latino-americanos, constitui, também, um grande desrespeito aos povos sul-americanos, em especial, ao povo argentino, além do que, é um acinte à memória dos grandes líderes que lutaram e morreram pela independência da América do Sul. 

Diante de toda essa presepada, escárnio e servilismo da CONMEBOL, esperamos que os cartolas que comandam o Futebol da América do Sul tomem vergonha na cara e decidam andar pelas próprias pernas, ou seja, formem, por exemplo, uma Liga de Futebol independente para realizar esse torneio sul-americano. Mas, caso os cartolas não tenham colhões para essa ou outras medidas mais firmes, o que achamos mais provável, propomos que os mesmos arriem as calças de uma vez por todas e sugiram à Confederação Sul-Americana de Futebol modificar o nome deste torneio para a Copa Colonizadores da América!




1 Fonte: Livro “As Veias Abertas da América Latina – pag.05
2 Fonte: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-veias-abertas-da-america-latina-eduardo-galeano/