terça-feira, 17 de novembro de 2020

ELEIÇÕES 2020: A ESQUERDA ESTÁ MAIS VIVA DO QUE NUNCA

Por: Odilon de Mattos Filho.
Sabemos que as elites do país apostavam que o presidente Lula e o PT não conseguiriam governar o Brasil, por essa razão, não houve muitos ataques no início da primeira administração Petista. No entanto, aproximando o fim do governo e com o aumento extraordinário da popularidade do presidente Lula a direita conservadora, assustada, se juntou à mídia nativa e com o apoio do Poder Judiciário começaram a tentar destruir o governo do presidente Lula para impedi-lo de disputar a reeleição. Aparece, então, a figura do lawfare que é utilizado desde os anos de 1970 para desestabilizar e/ou derrubar governos democráticos e populares que não se alinham aos interesses do capital financeiro e dos imperialistas do norte. E assim nasceu o Mensalão, o primeiro de inúmeros ataques utilizando a prática do lawfare contra o Partido dos Trabalhadores e contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O restante da história nós conhecemos. 

Aliás, a título de conhecimento, vale citar os ensinamentos de Rafael Valim um dos Advogados do presidente Lula sobre essa figura do "lawfare. Segundo Rafael, "constitui um novo tipo de guerra, muito sofisticado e menos custoso do que às velhas guerras. Não substitui os tanques e as munições, senão se coloca como uma alternativa ou um complemento muito eficaz para a destruição de inimigos...Até pelo hermetismo da linguagem jurídica, incompreensível para a maioria das pessoas, o lawfare é uma modalidade de guerra silenciosa, discreta, porém, de consequências tão ou mais devastadoras do que as guerras convencionais1". A propósito, essa modalidade de ataque se intensificou muito e ficou mais conhecida dos brasileiros a partir dos processos contra o presidente Lula. 

Depois de incalculáveis e conhecidas ações ofensivas contra o PT, inclusive, a tentativa de criminaliza-lo, a direita consegue algumas vitórias de Pirro. A primeira, foi com a escandalosa fraude do impeachment da presidenta Dilma e a ascensão de Temer a presidência. Depois veio a segunda com a ilegal condenação do presidente Lula “por fato indeterminado” e por fim veio a comemoração com o fracasso do PT nas eleições de 2016 e a vitória de Bolsonaro em 2018. Pronto, foi o suficiente para a direita, a extrema direita e toda imprensa sabuja bradarem, alto e bom som, o  fim  Partido dos Trabalhadores e da esquerda brasileira.

Mas, essas elites subestimaram o poder e a força popular e superestimaram o poder da extrema direita, e os primeiros resultados das eleições de 2020 mostram um pouco disso, pois, tanto o PT e à esquerda continuam muitos vivos e fortes, enquanto a base da extrema direita de Bolsonaro começa a derreter rapidamente. 

O PT, como dito alhures, depois de sofrer um bombardeio, começa a se recuperar de 2016. Disputará com candidaturas próprias ou como vice de Partidos do campo progressista o segundo turno em algumas capitais e avançou em cidade de médio porte. Os demais Partidos de esquerda, também, ampliaram muito a sua participação nessas eleições, São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, é emblemático para ilustrar essa afirmativa e pode sinalizar para uma Frente Única em 2022 que, certamente, se acontecer terá reais chances de derrotar a direita e a extrema direita. 

Aliás, nesse sentido o jornalista Rodrigo Viana escreve: “...Feitas as contas, Boulos e Tatto, juntos, conseguiram quase a mesma quantidade de votos que o PSDB. A esquerda voltou a fazer a disputa de projetos na maior cidade brasileira, e isso se deve tanto à memória das administrações petistas (defendida por Tatto), quanto à atualização de linguagem política representada por Boulos2”. 

Neste tabuleiro político vale citar, também, duas capitais importantes: Porto Alegre e Belém onde a esquerda está no segundo turno. Na primeira temos Manuela d’Ávila do PCdoB e em Belém Edmilson do PSOL, ambos têm como vice nas respectivas chapas, dois Petistas, o que reforça a tese da possiblidade de um Frente Ampla em 2022. 

Mas, os sinais de avanços da esquerda nessa eleição, não se resumem nas alianças, o diferencial foi, também, na estratégia da escolha de seus candidatos. Não obstante este modesto escriba ter muito mais identificação com a pauta classista, reconhecemos, a importância da pauta identitária introduzida de forma mais forte neste pleito pelo PT, PSOL e PCdoB, que levaram para os legislativos municipais inúmeros representantes de mulheres feministas, negras, militantes LGBT, jovens anti-racistas, etc, o que significa mais uma considerável vitória do campo progressivo. 

Na outra ponta, reconhecemos, também, dois fatos ocorridos nessa eleição: a extrema direita parece que foi para o sal, por outro lado, houve um avanço considerável da direita tradicional, DEM, PP, PSD, Partidos que, certamente, poderão ser a base dos candidatos dos sonhos do capital financeiro, do empresariado e especialmente da TV Prateada: Luciano Hulk e Sérgio Moro, mas, que terão de disputar com João Dória e Rodrigo Maia o protagonismo da direita nas eleições de 2022. 

Por fim e partindo dos resultados dessas eleições, podemos chegar as seguintes conclusões: a extrema direita e o bolsonarismo contrários à civilidade, a tolerância, e a democracia voltaram para o seu devido lugar: a insignificância. A direita tradicional está procurando se articular, inclusive, podendo trazer a reboque o falido PSDB e o MDB, o paroxismo do fisiologismo da nossa política e formar uma Frente de Centro-direita, podendo ser em 2022 o grande adversário da esquerda, que diferentemente do que pesam os analistas patronais, encontra-se mais viva do que nunca e com possiblidades reais de compor uma Frente Única e se credenciando para dar o xeque-mate neste difícil jogo de xadrez que é a politica/eleitoral brasileira. É esperar para ver!












1-Fonte:https://www.brasil247.com/poder/uma-parceria-de-moro-com-eua-visou-destruir-lula-afirma-defesa

2-Fonte: https://www.brasil247.com/blog/a-derrota-de-bolsonaro-e-uma-esquerda-ampliada


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