quinta-feira, 19 de novembro de 2020

AMAPÁ: MAIS UM EXEMPLO DA SANHA PRIVATISTA

Por: Odilon de Mattos Filho

Hoje não há como sustentar a tese ou o modelo político/econômico deste capitalismo financeirizado que defende o “Estado Mínimo”, ou seja, que a solução para o Brasil seria privatizar tudo entregando para a iniciativa privada todas as empresas públicas, setores da educação, saúde, e todas as nossas riquezas. 

Muitos sabem que este modelo, lesa pátria, teve início no auge do chamado neoliberalismo, nos anos oitenta, no governo de Margaret Thatcher.

No Brasil o ímpeto desta política entreguista veio pelo governo FHC (PSDB,DEM,PMDB e outros) alinhado com o chamado “Consenso de Washington” que tinha como meta impor aos países em desenvolvimento medidas básicas para um profundo ajuste macroeconômico, e para tal, uma das receitas foi o desmonte do Estado com a entrega de nossas riquezas à iniciativa privada. 

Os desastrosos resultados dessa política são amplamente conhecidos pelos brasileiros, aliás, quem se interessar conhecer melhor o submundo das privatizações na “Era FHC”, sugerimos as leituras dos livros “O Brasil Privatizado” do saudoso jornalista Aloysio Biondi, e “Os Porões da Privataria”, do também jornalista, Aumary Ribeiro Júnior. 

Encerrado esse ciclo entreguista e após os exitosos governos populares e democráticos do presidente Lula e da presidenta Dilma, assume o Poder um governo de extrema direita que tem como base de sua política econômica, à volta e o aprofundamento das políticas entreguistas. Esse modelo, como se sabe, é imposto pelo capital financeiro e pelos imperialistas do norte e está sendo devidamente conduzindo pelo ministro Paulo Guedes que, aliás, fez parte do grupelho do “Chicago Boys” no Chile do general Pinochet, modelo este, que diga-se de passagem, foi rechaçado pelo povo chileno que no ano passado e neste ano ganhou as ruas do país e exigiu o fim deste modelo econômico e a convocação de Constituinte soberana. 

No Brasil de hoje, dois acontecimentos, malgrados suas tragédias, reforçam e comprovam o quanto é e quanto pode ser danosa essa politica privatista para o povo e para o conjunto da classe trabalhadora. A Pandemia revelou a importância do Sistema Público de Saúde para a população, especialmente, a de baixa renda. Mesmo com todo sucateamento que vem sofrendo, esse Sistema está salvando e socorrendo, gratuitamente, o povo brasileiro, evitando, dentro das possibilidades, o aumento de óbitos de nossos indefesos cidadãos. O segundo acontecimento, está sendo o vergonhoso e criminoso apagão no Estado do Amapá onde aproximadamente setecentas mil pessoas já foram atingidas e isso sem contar os incalculáveis prejuízos dos micros, pequenos e médios empresários da cidade e do campo. 

A mídia nativa de maneira deliberada falseia e desinforma a população sobre o apagão no Amapá, escondendo o verdadeiro responsável que é a empresa privada espanhola Isolux que venceu a licitação da linha de transmissão que leva energia de Tucuruí até o Amapá. 

A Globonews, por exemplo,  está culpando o governo Dilma por ter feito populismo com a licitação dessa linha de transmissão – e aqui criticamos o PT por ter aberta essa concessão – exigindo no edital, dentre outros requisitos para os cocorrentes, a menor tarifa e que por essa razão a empresa não está suportando a crise. Pois bem, frente a essa falácia perguntamos aos colunistas patronais: a empresa Insolux quebrou doze anos depois da licitação e a culpa é da presidenta Dilma? A presidenta Dilma pode ser responsabilizada por exigir a menor tarifa, ou seja, de proteger os consumidores? Será que os “ilustres” analistas queriam que a presidenta protegesse os interesses dessa empresa concessionária em detrimento aos interesses do povo? 

A propósito, neste sentido o Sindicato dos Eletricitários, também, acusa a desinformação que a imprensa teima em repassar. Diz o a Nota do Sindicato: “...mesmo diante do caos gerado pela privatização, os privatistas de plantão tem se mobilizado para enganar a população, dizendo que a responsabilidade é da CEA, distribuidora de energia estatal. A desinformação sempre foi a arma para convencer a população de que é preciso vender o patrimônio público diante de uma suposta ineficiência das estatais. A realidade é que, quando o povo brasileiro precisa, são os trabalhadores de empresas públicas que estão prontos para atender1”. 

É sabido, e isso a imprensa não mostra também, que a situação financeira da empresa Insolux é caótica e por se tratar de uma empresa privada ela não tem nenhum compromisso com os seus consumidores, ao contrário, o seu compromisso é com o seu cofre e com o seu lucro e para tal não investiu como deveria fazer e por consequência negligenciou, por exemplo, com os aspectos de segurança do sistema, causando esse caos que estamos vendo no Amapá. 

A propósito o engenheiro da Eletronorte, Ikaro Chaves em entrevista ao site Brasil 247 disse que “...É muito provável que tenha havido negligência por parte da empresa [Isolux], pois, esses equipamentos não deveriam ter falhado. E se eles tivessem falhado, deveriam ter redundância. E mesmo se a redundância tivesse falhado também, seria necessário ter equipamento sobressalente para que elas voltassem rapidamente ao funcionamento, o que não aconteceu2”. 

Com relação às privatizações do setor elétrico esse mesmo engenheiro alertou que “a tragédia do Amapá não foi a primeira. E, provavelmente, não vai ser a última causada pela irresponsabilidade de empresas privadas...A gente tem visto crises seríssimas em toda a região Norte do país. Em Rondônia, onde a tarifa explodiu, onde foi criada, inclusive, uma CPI [na AL] para investigar irregularidades causadas pela empresa privada de distribuição. Temos visto isso no Acre, em Roraima, com o aumento absurdo da conta de luz3”.

Diante de todo esse caos, podemos afirmar: é vergonhosa a omissão do governo federal e demais autoridades frente a este caos no Amapá e  reafirmamos de maneira enfática que não não há espaço para a pauta da privatização do setor elétrico, como querem o governo federal e alguns governos estaduais. Esse é um setor estratégico e essencial para as vidas das pessoas de qualquer país, não á toa, que a China, EUA e Canadá, para ficar nestes três exemplos, têm forte presença estatal no setor elétrico de seus países.

E para finalizar, citamos um trecho da apresentação do Calendário 2021 da Corrente “O Trabalho” do PT, que retrata de maneira assertiva o fim deste sistema capitalista. Escreve o autor: “...A crise atual, acelerada pela Pandemia, não é mais uma crise “econômica” cíclica. É produto da agonia de um modo de produção e de um regime social que cumpriram o seu tempo, que se mantiveram ao preço de duas guerras mundiais, com dezenas de milhões de mortos, e que hoje, para sobreviverem, mergulham novamente a humanidade na barbárie...”. Não as privatizações! 







1 Fonte: https://www.sindinorte.org.br/apagao-empresa-privada-deixa-amapa-sem-energia-e-eletronorte-e-quem-trabalha-para-recuperar-o-sistema/

2 Fonte: http://site.serjusmig.org.br/noticia/6361/privatizacao-no-amapa-eletrobras-que-e-publica-e-convocada-para-resolver-apagao

3 Fonte: http://site.serjusmig.org.br/noticia/6361/privatizacao-no-amapa-eletrobras-que-e-publica-e-convocada-para-resolver-apagao

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