terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A HIENAS DO MERCADO CERCAM A PETROBRAS

Por: Odilon de Mattos Filho
Acompanhamos nestes últimos anos a grande descoberta realizada pela Petrobras que foi o Pré-sal, a maior reserva de óleo e gás do Brasil e uma das maiores do mundo.

Evidente que essa descoberta despertou a cobiça dos abutres dos mercados internacionais que ficaram de olho nas definições das políticas que seriam empregadas para a exploração dessa riqueza.

Logo após a descoberta dessas jazidas o presidente Lula anunciou que o Pré-sal é uma questão de Estado e por essa razão adotaria o modelo de Partilha, afirmando, ainda, que setenta por cento dos recursos oriundos dessa riqueza seriam utilizados para combater a pobreza e investir na educação e saúde.

Depois deste anúncio e após aprovar o regime de partilha na Câmara dos Deputados, não demorou muito e vieram as reações e as represarias das hienas do mercado. O primeiro ataque contra Lula, seu governo e o PT veio com a guerra híbrida. E a primeira batalha foi a Ação Penal 470, mais conhecida como “mensalão”. Depois, veio o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e finalmente, a ilegal e arbitrária condenação e prisão do presidente Lula e a sua inexigibilidade para a disputa das eleições de 2018, culminando com o desmantelamento da Petrobras e do seu regime de partilha patrocinado pelo lavajatismo. Para se ter uma ideia do que foi feito com este patrimônio do povo, a Petrobrás em 2008, governo Lula, foi avaliada a preço de mercado em R$ 510 bilhões. No dia 22/02/2021 a nossa empresa foi avaliada pelo mercado em R$ 280 bilhões. Esse foi um dos prejuízos causados a Petrobras por que essa gangue que comanda o país desde 31/08/2016 e pela quadrilha de Curitiba comandada pelo ex-juizeco Sérgio Moro.

Vencidas as eleições por Bolsonaro, um fantoche do mercado, começou a entrega do que tinha prometido. Primeiro, foi nomeado um homem de confiança do sistema financeiro para o ministério da economia, Paulo Guedes, ex-Bad Boy da ditadura Chilena de Pinochet. Empossado como ministro, Guedes deu início às políticas de interesse do sistema financeiro, que passa pelo desmanche das políticas de bem-estar social. O primeiro ataque foi a Reforma da Previdência Social, um duro golpe na classe trabalhadora. E agora já estão no Congresso Nacional outras Reformas que vão atingir os direitos dos trabalhadores, do funcionalismo e dos serviços públicos.

Aliás, o ministro Paulo Guedes, por várias vezes, afirmou que pretende privatizar todas as estatais e “acabar com os investimentos obrigatórios em saúde e educação; extinguir as deduções no imposto de renda; demitir servidores públicos e reduzir salários; acabar com os fundos setoriais; recriar a CPMF, desindexar, desvincular e desobrigar todas as despesas públicas em todos os níveis de governo – federal, estadual e municipal e até mudar o significado da letra “S” na sigla BNDES – que passaria a significar Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Saneamento, e não mais “Social1”. Lembrando que Bolsonaro já aprovou, também, a autonomia do Banco Central e o entregou aos banqueiros.

Com a vitória de Bolsonaro deu início a segunda etapa do processo de privatização da Petrobras, que, diga-se de passagem, contou com o apoio do STF que abriu a porteira para a boiada passar liberando a venda das Refinarias sem autorização do Congresso Nacional e em breve, vai entregar por completo aos abutres financeiros, a joia da coroa, a Petrobras, a mais cobiçada pelo mercado.

Com a nomeação do presidente Roberto Castelo Branco para a Petrobras e com o fim do regime de Partilha a nova Diretoria implementou um novo regime que vai ao encontro dos interesses dos fundos de investimento. Os preços nas refinarias da Petrobras, passaram a ser reajustados de acordo com a taxa de câmbio e a variação do preço internacional do petróleo, negociado em dólar, aliás, esse é o papel da política de paridade de preços de importação, favorecer as multinacionais e os revendedores internacionais no mercado brasileiro. Com esse novo regime dos preços dos combustíveis, já era de se esperar os sucessivos aumentos para o consumidor final, até que em menos de cinco dias os preços aumentaram duas vezes, o que foi a gota d’água para Bolsonaro gritar, pois, essas elevações semanais dos preços não tinham impactos apenas nos bolsos dos brasileiros, mas, também, na sua já combalida popularidade.

Somada as elevações de preços aparece também, o escândalo dos bônus para a Diretoria da Petrobras. O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco é responsável pela mais escandalosa política de bônus da história recente da empresa. Ele triplicou os valores pagos à diretoria e se auto concedeu gratificação de até 13 vezes do seu já robusto salário na empresa estatal. Em abril de 2020, a diretoria da Petrobras informou aos acionistas que o aumento determinado por Roberto Castelo Branco levaria a estatal desembolsar R$ 43,3 milhões para pagar salários, benefícios e bônus.

Frente a este escândalo, às sucessivas altas dos preços dos combustíveis e a forte pressão dos caminhoneiros, Bolsonaro armou o seu circo e numa jogada de marketing, demitiu o presidente da Petrobras, reduziu os impostos federais sobre os preços do óleo diesel e dando continuidade à militarização do governo, indicou o general Joaquim Silva e Luna para assumir a presidência da Petrobras.

Mas, fica vidente, que Bolsonaro jamais vai impedir o desmonte e a privatização da Petrobras, jamais vai alterar a atual política de preços e tampouco vai demitir o Conselho Administrativo da empresa. O ditador de araque sabe que se mexer com os interesses do mercado financeiro estará com os seus dias contados, vide Dilma Rousseff, não à toa, que para agradar os agiotas internacionais Bolsonaro e Paulo Guedes levaram hoje, dia 22/02/2021, a Medida Provisória que viabiliza a privatização da Eletrobrás.

Aliás, engana-se quem pensa que Bolsonaro é um idiota. A indicação de mais um general para o governo é mais uma prova das intenções obscurantistas de Bolsonaro, não à toa, ele vai normalizando a ruptura institucional que já está em curso no país, sem que a sociedade, anestesiada, perceba.

Portanto, não há a menor chance de um surto nacionalista por parte deste governo, pois, é muito claro o projeto de Poder de Bolsonaro e sua camarilha, por essa razão, eles vão cumprindo passo a passo o compromisso assumido com o sistema financeiro e com os imperialistas do norte. Já com relação aos preços dos combustíveis, núcleo deste texto, o bonapartista vai jogar a bomba no colo dos governadores, pressionando-os para reduzir o ICMS dos combustíveis em seus estados, dessa forma ele agrada os investidores de plantão e tenta se livrar ou ao menos diminuir a impopularidade que teima em cercá-lo.





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