terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O PAÍS CAMINHA PARA O PRECIPÍCIO

Por: Odilon de Mattos Filho
A história do Brasil nos mostra que a nossa república foi forjada a partir de um conluio entre as elites representadas pelos latifundiários, escravocratas e militares que, aliás, perpetraram o seu primeiro golpe militar em 1889.

A história mostra, também, que as marcas dos militares no Poder são bastantes visíveis e características, vão desde a incompetência na gestão pública, passando pela corrupção, pelo atraso social e pela violência contra o povo e a classe trabalhadora. A propósito, essa história começou com a guerra do Paraguai e vai até os dias atuais, onde temos um governo negacionsita, genocida e tomado por militares da ativa e de pijama e que tem no seu ministro da saúde o maior exemplo de incompetência, violência e falta de preparo para a gestão pública. O restante das abjetas características ficam por conta do inominável presidente da república, que diga-se de passagem, é um militar de pijama.

Hoje podemos afirmar que vivemos uma ditadura militar branda isso para usar o adjetivo do jornal Folha de São Paulo que classificou a ditadura militar de 1964 de “ditabranda”. Aliás, chamamos de branda porque a democracia formal, ainda, resiste e as suas instituições aparelhadas e carcomidas, mesmo cambaleando, conseguem passar para a sociedade que estão funcionando, aliás, estão funcionando porque os milicos optaram por não fechá-las, até porque, os militares usam o poder de tutela para emparedar essas instituições como veremos num exemplo abaixo.

Mas, se por um lado os militares fazem uma pequena concessão, por outro lado, fica cada vez mais claro o recrudescimento do governo central que se prepara para um ataque final a depender da movimentação política. Os sinais aparecem na crescente militarização do poder civil e a milicianização da sociedade com o fácil acesso as armas de fogo. O presidente Bolsonaro e sua camarilha pretendem contar com, pelos menos, um miliciano em cada família para tentar colocar os seus planos em ação.

O estágio de recrudescimento e a confiança na impunidade é tamanha, que o deputado Daniel Silveira (PSL/RJ) tocou um foda-se e divulgou um vídeo com apologia ao AI-5 e a defesa do fechamento do STF. O deputado foi preso por determinção do ministro Alexandre de Moraes, mas, o caso vai ao Plenário da Câmara e lá, certamente, o deputado Silveira será protegido com o aguçado espírito de corpo do Centrão, do qual o presidente da Câmara é oriundo.

A propósito, e na mesma linha de análise que estamos fazendo, Fernando Haddad com precisão comenta a prisão do deputado Daniel Silveira: “Que o bolsonarismo testa a cada dia o ambiente para o fechamento do regime não há dúvida. O desfecho do caso do deputado preso servirá de alerta. Se ele não tiver o mandato cassado, o recado para Bolsonaro avançar estará claro. Democracia não se negocia"1!

Nesta semana veio à tona, não obstante ser de conhecimento até do “mundo mineral”, mais uma prova da intenção deste governo que, aliás, foi arquitetado dentro dos Quarteis e que culminou com a intervenção militar no processo democrático que levou o capitão Bolsonaro a presidência da república, aliás, diga-se de passagem, com a complacência e a corvadia das instituições, especialmente, da Alta Corte de Justiça.

O general Vilas Bôas em entrevista disse que o seu papel e dos demais oficiais do Alto Comando do Exército na redação e divulgação da sua famosa postagem nas redes sociais, do dia 3 de abril de 2018, teve o intuito de pressionar, explicitamente, o Supremo Tribunal Federal a não deferir o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula que poderia ser candidato a presidente da república e que, certamente, venceria o pleito em 2018. Uma confissão que atenta contra o Estado Democrático de Direito e que de certa forma contou com o apoio de seis ministros da Suprema Corte.

Logo após a divulgação dessa entrevista e com atraso de três anos, o “judicioso” ministro Edson Fachin, um ex-garantista, veio à público e repreendeu o general Villa Bôas dizendo ser "intolerável e inaceitável qualquer forma ou modo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário...a declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição2".

É de chocar a hipocrisia e a cara de pau do ministro Fachin! Será que o ministro se esqueceu que votou contra o Pedido de Habeas Corpus, ou melhor se dobrou a exigência do general? Aliás, o placar foi apertadíssimo, 6X5, decidido com o voto de minerva do também, hipócrita e covarde presidente, Dias Tóffoli que desempatou votando contra o referido “remédio constitucional” o que impediu o presidente Lula de ser candidato. Lembra do que dissemos acima do emparedamento das instituições?

A propósito, sobre essa repreensão tardia do ministro Fachin o insuspeito jornalista Reinado Azevedo, com ironia e precisão escreveu: “Não é que, quase três anos depois do famoso tuíte do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, que deu um ultimato ao Supremo para manter Lula na cadeia, o homem decidiu considerar a coisa ‘intolerável e inaceitável’?...Não faça justiça pretérita, doutor! O senhor tem em mãos questões presentes e futuras. Faça a coisa certa com o que tem conserto. Com aquilo que não tem, pode ser até prova de rigor intelectual. Mas também pode ser apenas um outro nome para a covardia3”.

Efetivamente, o cenário político requer cuidados, chegamos a uma situação que se acontecer da Câmara aprovar o impeachment contra Bolsonaro - fato quase inimaginável - ele tentará um golpe de estado. Se o caudilho perder as eleições em 2022, certamente, tentará fazer o mesmo. Como assinalamos acima, Bolsonaro e a sua camarilha vão tentar de todas as maneiras perpetuarem nas tetas do governo. Por outro lado, não estamos enxergando nos Partidos de esquerda, Sindicatos e Movimentos Sociais o mesmo empenho e preparo, ao contrário, nos parece que todos, assim como a sociedade, estão completamente anestesiados, atônicos e sem qualquer proposta ou reposta aos desmandos de Bolsonaro. Cabe ao campo progressista buscar a unidade numa Frente Única e empenhar na mobilização das massas para que ganhem as ruas pedindo o fim deste governo e respondendo com firmeza histórica que "ditadura nunca mais". Se essa ação não for tomada, ainda neste ano, não temos dúvidas de que Bolsonaro e sua quadrilha nos atropelará e implantará um governo com mão de ferro e com consequências inimagináveis para a sociedade. Realmente, o país caminha, a passos largos, ao precipício!










































































































1-Fonte:https://www.brasil247.com/brasil/haddad-alerta-se-deputado-preso-nao-for-cassado-o-sinal-para-o-fechamento-do-regime-estara-dado2-Fonte:https://www.brasil247.com/poder/fachin-rebate-tuite-de-villas-boas-intoleravel-e-inaceitavel-qualquer-forma-de-pressao
3-Fonte:https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/02/15/fachin-reage-a-tuite-de-general-com-3-anos-de-atraso-faca-o-certo-ja.htm?cmpid=copiaecola

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