"A política externa do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva buscou diversificar suas parcerias. Buscou manter
diálogo mais intenso com países em desenvolvimento, como Rússia, Índia e China.
Nesse sentido, o Brasil engajou-se na construção do mecanismo inter-regional, incentivando,
a formalização do diálogo entre os quatro Estados" (Antouan Matheus Monteiro Pereira da Silva)
Com a
economia globalizada o mundo capitalista acreditou que a formação de blocos
econômicos seria uma saída para facilitar e otimizar o comércio entre os
países. Um dos primeiros Blocos surgiu em 1944, o chamado BENELUX, formado pela Bélgica, Holanda e Luxemburgo. E
após 1944, surgiram mais de 30 Blocos Econômicos, dentre eles destacamos:
UE, NAFTA, MERCOSUL, PACTO ANDINO, dentro outros.
No entanto, mesmo
com a formação dos blocos, há ainda, uma hegemonia dos EUA e de parte da Europa
que controlam, com mão de ferro, os anacrônicos organismos multilaterais com
legitimidade duvidosa, e que volta e meia, interveem na economia e na política
de muitas Nações, numa clara afronta à soberania dos países.
Mas esses pretensos tutores do
mundo menosprezaram o conceito de que a política e a economia são dinâmicos, e
a história mostra que o Poder é efêmero. E nesse sentido, em 2001 o
economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil formulou um estudo intitulado
“Building Better Global Economic BRICs”, que apontava o grande potencial
econômico do Brasil, Rússia, Índia e China como Países que poderiam superar as
grande potências mundiais em um curto período de tempo.
E foi diante dessa renitente
postura mandatária dos EUA, e aproveitando-se dos estudos de Jim O’Neil, que o
Brasil, Rússia, Índia e China decidiram em 2006, dar um caráter diplomático à
expressão cunhada pelo economista O’Neil, e criou o BRIC, hoje BRIC’S, com
a incorporação da África do Sul.
Os BRIC”S quando de sua formação
deixou claro ao mundo, que os objetivos desses países é “avançar na reforma das
instituições financeiras internacionais para refletir as mudanças na economia
mundial, pois, as economias emergentes e em desenvolvimento devem ter mais voz
e representação nessas instituições, e seus líderes e diretores devem ser
designados por meio de processos seletivos, abertos, transparentes e baseados
no mérito”. Defendendo ainda, que a "segurança alimentar deve ser
realizada a partir da transferência de tecnologia para a produção de
biocombustíveis e o desenvolvimento técnico da produção agrícola".
Com o desenrolar do tempo, os
BRIC’S se constituíram em um poderoso e atuante bloco que já está transformando
a geopolítica mundial e colocando em cheque as velhas instituições
multilaterais. Afinal, os países do bloco detém 42% da população mundial, 20%
da economia do planeta, 15% do comércio internacional, 75% das reservas
monetárias internacional, além do que, os BRIC”S foram responsáveis por 36% do
crescimento da economia mundial nesses últimos 10 anos, hoje já está em 50%.
E o passo mais importante para a
consolidação desse bloco, e talvez impensável para a maioria dos estudiosos, se
transformou em realidade. No dia 15/07, durante a VI Cúpula do BRIC”S em
Fortaleza, os Presidentes dos países que compõe o Bloco, oficializaram a
criação do “Novo Banco de Desenvolvimento”, cujo objetivo será o financiamento de projetos de infraestrutura em
países emergentes, mesmo fora dos BRIC’S. O Banco já nasceu com
capital inicial de US$50 bilhões, podendo chegar a US$ 100 bilhões em breve.
Aliás, com relação à criação desse
Banco, Marcelo Zero, escreveu: ”...esse Banco não surgiu por acaso ou por mera
afirmação de status econômico. Ele surgiu de uma necessidade: as velhas
instituições multilaterais surgidas no longínquo ano de 1944, em Bretton Woods,
o FMI e o Banco Mundial, já não conseguem lidar com os desafios postos pela
nova geoeconomia mundial. Trata-se de instituições esclerosadas, cuja governança
não incorpora os interesses e os anseios dos novos atores globais. Elas
continuam nas velhas mãos das antigas potências, agora fortemente atingidas
pela crise mundial.
Já a
Presidenta Dilma Rousseff, disse que “...o banco representa uma alternativa
para as necessidades de financiamento de infraestrutura dos países em
desenvolvimento, compreendendo e compensando a insuficiência de crédito nas
principais instituições financeiras internacionais”.
Portanto,
realmente estamos diante de um poderoso bloco que, certamente, terá um papel de
protagonismo para o surgimento de uma nova ordem mundial que seja mais justa,
democrática, simétrica e multipolar. E aqui vale registrar o papel decisivo do
Presidente Lula e agora da Presidenta Dilma na confecção e consolidação desse
Bloco.
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