Os comentários contrários ao livro didático de Português, não passam de meros “colóquios soporífero para gado
bovino repousar”.
É lamentável a deliberada campanha patrocinada pela “mídia nativa” contra o Ministério da Educação nestes últimos oito anos. Mas isso tem uma explicação: a grande imprensa, como caixa de ressonância, reproduz o discurso das elites contrárias aos Projetos de inclusão (FUNDEB, PROUNI, ENEN, FIES, etc) implantados pelo MEC, e que têm como objetivos o fortalecimento da educação e a democratização do acesso ao ensino público.
Nesses últimos dias, e dando continuidade a essa abjeta campanha, a grande mídia apontou suas armas para o livro didático de Português, intitulado: “Por uma vida melhor", adotado pelo MEC e utilizado na “Educação de Jovens e Adultos (EJA)”.
Esse
livro, no capítulo XV, aborda a utilização da linguagem popular, e trás como
exemplo, a seguinte frase: “nós pega o peixe”, para em seguida ensinar “nós
pegamos o peixe”. Segundo a autora do livro, a Pesquisadora, Heloisa Ramos, essa abordagem tem como
“...proposta que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao
invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular... Não queremos ensinar
errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Quem
está fora da escola há muito tempo é quieto, calado e tem medo de falar errado.
Então colocamos essa passagem para que ele possa sair da escola com competência
ampliada”.
E foi exatamente após uma leitura enviesada do
citado capítulo, que a mídia hegemônica e alguns críticos que, diga-se de
passagem, não leram toda a obra, iniciaram um verdadeiro bombardeio contra o
MEC, alegando que o livro está ensinado e incentivando os alunos a falar e
escrever errado.
O
articulista da Revista “Veja”, Reinaldo Azevedo, o mesmo que disse que Paulo
Freire prestou um desserviço à educação, desferiu seu conhecido veneno
afirmando: “...Começo este texto pelo óbvio: o nome é péssimo. “Por Uma Vida
Melhor pode ser título de livro de medicina, de religião e de auto-ajuda, mas
não de língua...Terá certamente uma vida melhor o aluno que dominar o
instrumental da norma culta da língua, contra o qual o livro se posiciona
abertamente. Assim, esse instrumento didático que conta com o endosso do MEC,
se algum efeito tiver, será no sentido de piorar a vida do estudante; na melhor
das hipóteses, contribui para mantê-lo na ignorância”.
Evidentemente
que a crítica do referido jornalista não passa de uma análise tendenciosa e com
uma clara tentativa de desmoralizar o MEC, o Ministro Haddad e, por
consequência, o Governo da Presidenta Dilma.
Aliás,
nesse sentido, valemo-nos de um comentário postado no sitio do jornalista Paulo
Henrique Amorim que ilustra bem a conduta sarcástica desse e de outros
jornalistas que opinaram sobre o tema: “...A imprensa quer a qualquer pretexto
desmerecer o trabalho do ministro... Pelo ideal de pureza linguística que esses
senhores defendem, nem mesmo a Língua Portuguesa deles poderia existir..
Esqueceu, que a língua é, por natureza, heterogênea, como a sociedade. E,
principalmente, esqueceu que todo ideal de pureza linguística é, na verdade, um
ideal de pureza sociocultural, ou seja, todo anseio de homogeneizar a sociedade
e sua cultura esconde um embriãozinho de nazifascismo atrás da orelha...”.
Por
sua vez, a doutora em linguística, Ana Maria Zilles, comentando sobre essa
discussão, afirma: “[A polêmica] não tem fundamento. Ela está estabelecida nas
informações do primeiro capítulo do livro, que é sobre a diferença entre
escrever e falar. Ele é muito adequado porque diz que a escrita é diferente da
fala e que na fala existe muito mais variação do que na escrita. Faz a
distinção entre a variedade popular e a variedade culta, e mostra que elas têm
sistemas de concordâncias diferentes. (...) Quando os autores explicam que é
possível falar “os peixe”, não estão querendo dizer que esse é o certo, nem vão
ensinar a pessoa a escrever errado. Isso é como as pessoas já falam. A escola
tem é que ensinar a norma culta e o livro faz isso. O objetivo do capítulo é
apenas deixar claro que uma coisa é falar e outra é escrever”.
Assim,
é imperioso compreendermos que a língua falada e escrita no Brasil é bem
diferente da língua Portuguesa falada e escrita em Portugal. Portanto
chega de hipocrisia! Graças a Deus, não falamos a língua de Camões. Nossa
cultura linguistica é variada e riquíssima, por isso, temos o dever de
preservá-la e valorizá-la, tanto quanto a norma culta.
No mais, parabéns ao MEC pela corajosa escolha da obra. Aos autores do livro, nossa solidariedade, e aos críticos, só nos resta afirmar que seus argumentos não passam de meros “colóquios soporífero para gado bovino repousar”.
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