terça-feira, 24 de maio de 2011

“NÓS PEGA O PEIXE”




Os comentários contrários ao livro didático  de Português, não passam de meros “colóquios soporífero para gado bovino repousar”.



É lamentável a deliberada campanha patrocinada pela “mídia nativa” contra o Ministério da Educação nestes últimos oito anos. Mas isso tem uma explicação: a grande imprensa, como caixa de ressonância, reproduz o discurso das elites contrárias aos Projetos de inclusão (FUNDEB, PROUNI, ENEN, FIES, etc) implantados pelo MEC, e que têm como objetivos o fortalecimento da educação e a democratização do acesso ao ensino público.

 

Nesses últimos dias, e dando continuidade a essa abjeta campanha, a grande mídia apontou suas armas para o livro didático de Português, intitulado: “Por uma vida melhor", adotado pelo MEC e utilizado na “Educação de Jovens e Adultos (EJA)”.

 

Esse livro, no capítulo XV, aborda a utilização da linguagem popular, e trás como exemplo, a seguinte frase: “nós pega o peixe”, para em seguida ensinar “nós pegamos o peixe”. Segundo a autora do livro, a Pesquisadora, Heloisa Ramos, essa abordagem tem como “...proposta que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular... Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Quem está fora da escola há muito tempo é quieto, calado e tem medo de falar errado. Então colocamos essa passagem para que ele possa sair da escola com competência ampliada”.

E foi exatamente após uma leitura enviesada do citado capítulo, que a mídia hegemônica e alguns críticos que, diga-se de passagem, não leram toda a obra, iniciaram um verdadeiro bombardeio contra o MEC, alegando que o livro está ensinado e incentivando os alunos a falar e escrever errado.

O articulista da Revista “Veja”, Reinaldo Azevedo, o mesmo que disse que Paulo Freire prestou um desserviço à educação, desferiu seu conhecido veneno afirmando: “...Começo este texto pelo óbvio: o nome é péssimo. “Por Uma Vida Melhor pode ser título de livro de medicina, de religião e de auto-ajuda, mas não de língua...Terá certamente uma vida melhor o aluno que dominar o instrumental da norma culta da língua, contra o qual o livro se posiciona abertamente. Assim, esse instrumento didático que conta com o endosso do MEC, se algum efeito tiver, será no sentido de piorar a vida do estudante; na melhor das hipóteses, contribui para mantê-lo na ignorância”.

Evidentemente que a crítica do referido jornalista não passa de uma análise tendenciosa e com uma clara tentativa de desmoralizar o MEC, o Ministro Haddad e, por consequência, o Governo da Presidenta Dilma.

Aliás, nesse sentido, valemo-nos de um comentário postado no sitio do jornalista Paulo Henrique Amorim que ilustra bem a conduta sarcástica desse e de outros jornalistas que opinaram sobre o tema: “...A imprensa quer a qualquer pretexto desmerecer o trabalho do ministro... Pelo ideal de pureza linguística que esses senhores defendem, nem mesmo a Língua Portuguesa deles poderia existir.. Esqueceu, que a língua é, por natureza, heterogênea, como a sociedade. E, principalmente, esqueceu que todo ideal de pureza linguística é, na verdade, um ideal de pureza sociocultural, ou seja, todo anseio de homogeneizar a sociedade e sua cultura esconde um embriãozinho de nazifascismo atrás da orelha...”.

Por sua vez, a doutora em linguística, Ana Maria Zilles, comentando sobre essa discussão, afirma: “[A polêmica] não tem fundamento. Ela está estabelecida nas informações do primeiro capítulo do livro, que é sobre a diferença entre escrever e falar. Ele é muito adequado porque diz que a escrita é diferente da fala e que na fala existe muito mais variação do que na escrita. Faz a distinção entre a variedade popular e a variedade culta, e mostra que elas têm sistemas de concordâncias diferentes. (...) Quando os autores explicam que é possível falar “os peixe”, não estão querendo dizer que esse é o certo, nem vão ensinar a pessoa a escrever errado. Isso é como as pessoas já falam. A escola tem é que ensinar a norma culta e o livro faz isso. O objetivo do capítulo é apenas deixar claro que uma coisa é falar e outra é escrever”. 

Assim, é imperioso compreendermos que a língua falada e escrita no Brasil é bem diferente da língua Portuguesa falada e escrita em Portugal. Portanto chega de hipocrisia! Graças a Deus, não falamos a língua de Camões. Nossa cultura linguistica é variada e riquíssima, por isso, temos o dever de preservá-la e valorizá-la, tanto quanto a norma culta. 

No mais, parabéns ao MEC pela corajosa escolha da obra. Aos autores do livro, nossa solidariedade, e aos críticos, só nos resta afirmar que seus argumentos não passam de meros “colóquios soporífero para gado bovino repousar”.

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