sábado, 7 de maio de 2011

A EXECUÇÃO DE BIN LADEN: UMA MORTE CERCADA DE DÚVIDAS.




"O fundamentalismo é a perda gradual ou radical da realidade, por uma intransigência na obediência de princípios e regras"




O fundamentalismo é uma das palavras mais citadas nos últimos tempos pela grande mídia mundial. Porém, esse substantivo é sempre utilizado de maneira pejorativa ou com conotação assustadora.

Antes de adentrarmos no mérito do texto é importante conhecermos o real sentido dessa palavra. Segundo a definição sociológica, “o fundamentalismo é qualquer movimento religioso que tende a interpretar a realidade de hoje através dos olhos de antigos preceitos religiosos e que renega os valores da modernidade. Para o fundamentalista, o fiel deve seguir à risca as páginas dos textos sagrados (Bíblia, o Talmude, o Corão, ou o Hadith dos hindus) da sua religião...”

Aliás, e paradoxalmente, uma das entidades mais fundamentalista que se tem notícia encontra-se nos EUA e denomina-se “World’s Christian Fundamentals Association” (WCFA). Essa entidade foi fundada em 1919 por pastores das Igrejas Batista, Presbiteriana, Episcopal e Adventista, contrários às radicais mudanças nos padrões de vida dos estadunidenses, resultante do crescimento econômico do País, mas que culminaram, segundo os Pastores, no desrespeito às “Leis de Deus" e aos mais elevados valores éticos e morais da pessoa humana.

Já com relação ao fundamentalismo Islâmico, do qual pertencia Bin Laden, esse ascendeu no palco político do Oriente Médio a partir da Revolução Xiita no Irã, em 1979. A sua aparição deveu-se em grande parte pelo fracasso político dos Estados Árabes em dar um combate eficiente ao Estado de Israel, visto como o grande inimigo político e teológico do Islã.

Segundo consta de várias biografias, o fundamentalista Osama Bin Laden, aparece no cenário mundial quando os soviéticos entraram no Afeganistão na defesa de um regime pró-comunista. Bin Laden, contrário aos comunistas ateus, chefiou um grupo de voluntários islâmicos que por ironia do destino, teve como importante aliado, nada mais, nada menos, que o EUA. Porém, é evidente, que esse apoio não foi por solidariedade à causa islâmica, mas sim por interesses financeiros, pois, grandes indústrias estadunidenses estavam interessadas na construção de oleodutos nos Países da Ásia Central, e para tal empreitada, necessitavam, primeiro, de afastar os soviéticos e depois derrubar o Governo Afegão.

Contudo, essa ”lua de mel” entre os EUA e o Taliban, durou pouco tempo. Em 1991, após a invasão do Iraque pelos americanos, houve uma severa reação dos fundamentalistas islâmicos, especialmente, da “Al Queda” que não admitiam à presença de tropas americanas na Arábia Saudita, tanto, que após uma reunião no campo de “Khost” foi lançado um manifesto anunciando a “Jihad” contra os EUA. Aqui começa o inferno astral que os estadunidenses e outras nações conhecem muito bem.

Mas agora, com a morte de Osama Bin Laden o mundo se pergunta: será que esse inferno chegou ao fim? Evidente e lamentavelmente que a resposta é não. Essa é uma questão religiosa. O líder morre, mas os conceitos, preceitos e doutrinas não findam, especialmente, se tratando de religiões seculares e fundamentalistas. Outros lideres aparecerão para dar continuidade à luta e, talvez, alimentados com um agravante:o sentimento de ódio e de vingança.

Mas outras perguntas necessitam de respostas: porque não mostraram o corpo do líder da “Al Queda” como fizeram com o de Saddan Hussein? Procede a notícia de que o informante do paradeiro de Osama foi, barbaramente, torturado (waterboarding), na prisão de Guantánamo? Porque não foram respeitadas as leis internacionais nessa ação contra-terroristas, como cobrou uma alta-comissária da ONU? Porque as fotos do cadáver de Bin Laden são demasiadas chocantes, como afirmou Barack Obama? Se Osama fora capturado vivo, porque o executaram? Se o Governo Paquistanês soube da morte de Bin Laden  somente após a operação, como os helicópteros dos EUA conseguiram “invadir” o espaço aéreo do Paquistão?

Aliás, sobre algumas dessas dúvidas o grande mineiro Mauro Santayana, escreveu: “Poucas horas depois da morte de Bin Laden, começam a se confirmar suspeitas iniciais e perturbadoras. O saudita foi morto desarmado – e poderia ter sido capturado vivo. No avesso da lógica e da ética, Washington diz que não é preciso que o suspeito esteja armado para resistir à prisão. Osama “resistiu”, de mãos nuas... O saudita tinha que ser morto, antes que pudesse dizer qualquer coisa ao mundo....O bom senso internacional, passado o entusiasmo frenético diante da execução, começa a prevalecer, para qualificar o ato como  agressão criminosa contra o povo do Paquistão e seu governo. Obama declara que agiu em defesa de seu país – e ponto. Foi como dissesse: tenho o poder e dele faço o que quiser”.
  
Talvez seja nessa última frase do jornalista Mauro Santayana que estejam às respostas para essas perguntas....

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