"O fundamentalismo é a perda gradual ou radical da realidade, por uma intransigência na obediência de princípios e regras"
O
fundamentalismo é uma das palavras mais citadas nos últimos tempos pela grande
mídia mundial. Porém, esse substantivo é sempre utilizado de maneira pejorativa
ou com conotação assustadora.
Antes
de adentrarmos no mérito do texto é importante conhecermos o real sentido dessa
palavra. Segundo a definição sociológica, “o fundamentalismo é qualquer movimento religioso que tende
a interpretar a realidade de hoje através dos olhos de antigos preceitos
religiosos e que renega os valores da modernidade. Para o fundamentalista, o
fiel deve seguir à risca as páginas dos textos sagrados (Bíblia, o Talmude, o
Corão, ou o Hadith dos hindus) da sua religião...”
Aliás,
e paradoxalmente, uma das entidades mais fundamentalista que se tem notícia
encontra-se nos EUA e denomina-se “World’s
Christian Fundamentals Association” (WCFA). Essa entidade foi fundada em
1919 por pastores das Igrejas Batista, Presbiteriana, Episcopal e Adventista,
contrários às radicais mudanças nos padrões de vida dos estadunidenses, resultante
do crescimento econômico do País, mas que culminaram, segundo os Pastores, no
desrespeito às “Leis de Deus" e aos mais elevados valores éticos
e morais da pessoa humana.
Já
com relação ao fundamentalismo Islâmico, do qual pertencia Bin Laden, esse
ascendeu no palco político do Oriente Médio a partir da Revolução Xiita no Irã,
em 1979. A
sua aparição deveu-se em grande parte pelo fracasso político dos Estados Árabes
em dar um combate eficiente ao Estado de Israel, visto como o grande inimigo
político e teológico do Islã.
Segundo
consta de várias biografias, o fundamentalista Osama Bin Laden, aparece no
cenário mundial quando os soviéticos entraram no Afeganistão na defesa de um
regime pró-comunista. Bin Laden, contrário aos comunistas ateus, chefiou um
grupo de voluntários islâmicos que por ironia do destino, teve como importante aliado,
nada mais, nada menos, que o EUA. Porém, é evidente, que esse apoio não foi por
solidariedade à causa islâmica, mas sim por interesses financeiros, pois,
grandes indústrias estadunidenses estavam interessadas na construção de
oleodutos nos Países da Ásia Central, e para tal empreitada, necessitavam,
primeiro, de afastar os soviéticos e depois derrubar o Governo Afegão.
Contudo, essa ”lua de mel” entre
os EUA e o Taliban, durou pouco tempo. Em 1991, após a invasão do Iraque pelos
americanos, houve uma severa reação dos fundamentalistas islâmicos,
especialmente, da “Al Queda” que não admitiam à presença de tropas americanas
na Arábia Saudita, tanto, que após uma reunião no campo de “Khost” foi lançado
um manifesto anunciando a “Jihad” contra os EUA. Aqui começa o inferno astral
que os estadunidenses e outras nações conhecem muito bem.
Mas
agora, com a morte de Osama Bin Laden o mundo se pergunta: será que esse
inferno chegou ao fim? Evidente e lamentavelmente que a resposta é não. Essa é
uma questão religiosa. O líder morre, mas os conceitos, preceitos e doutrinas
não findam, especialmente, se tratando de religiões seculares e
fundamentalistas. Outros lideres aparecerão para dar continuidade à luta e,
talvez, alimentados com um agravante:o sentimento de ódio e de vingança.
Mas outras perguntas necessitam de
respostas: porque não mostraram o corpo do líder da “Al Queda” como fizeram com
o de Saddan Hussein? Procede a notícia de que o informante do paradeiro de
Osama foi, barbaramente, torturado (waterboarding), na prisão de Guantánamo?
Porque não foram respeitadas as leis internacionais nessa ação
contra-terroristas, como cobrou uma alta-comissária da ONU? Porque as fotos do
cadáver de Bin Laden são demasiadas chocantes, como afirmou Barack Obama? Se
Osama fora capturado vivo, porque o executaram? Se o Governo Paquistanês soube
da morte de Bin Laden somente após a
operação, como os helicópteros dos EUA conseguiram “invadir” o espaço aéreo do
Paquistão?
Aliás, sobre algumas dessas
dúvidas o grande mineiro Mauro Santayana, escreveu: “Poucas
horas depois da morte de Bin Laden, começam a se confirmar suspeitas iniciais e
perturbadoras. O saudita foi morto desarmado – e poderia ter sido capturado
vivo. No avesso da lógica e da ética, Washington diz que não é preciso que o
suspeito esteja armado para resistir à prisão. Osama “resistiu”, de mãos nuas...
O saudita tinha que ser morto, antes que pudesse dizer qualquer coisa ao
mundo....O bom senso internacional, passado o entusiasmo frenético diante da
execução, começa a prevalecer, para qualificar o ato como agressão
criminosa contra o povo do Paquistão e seu governo. Obama declara que agiu em
defesa de seu país – e ponto. Foi como dissesse: tenho o poder e dele faço o
que quiser”.
Talvez
seja nessa última frase do jornalista Mauro Santayana que estejam às respostas
para essas perguntas....
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