terça-feira, 22 de março de 2011

A RETÓRICA DE BARACK OBAMA NO BRASIL


 

"Globalização não é um conceito sério. Nós, americanos o inventamos para dissimular nossa política de entrada econômica nos outros países".Jonh Kenneth Galbrath

 

  Não temos dúvidas de que a visita do Presidente Barack Obana ao Brasil foi marcada mais pelo simbolismo do que pela importância Política. Afinal, trata-se uma grande liderança popular, carismática e de um Presidente negro que preside uma das nações mais racistas do Planeta e o maior poderio bélico do mundo. Outro caso que corrobora esta afirmativa é o fato de que pela primeira vez, um Presidente empossado no Brasil, recebe a visita de um Chefe de Estado dos EUA, ao invés visitá-lo, ou melhor, de beijar sua mão como ocorria em tempos pretéritos de submissão.

 

  Com a chegada do Presidente ao Brasil, as expectativas ficaram por conta dos seus discursos. Esperava-se que Obama falasse de forma clara sobre questões que nos interessa diretamente, tais como: o fim, ou ao menos, a diminuição das barreiras comerciais impostas aos produtos do Brasil; uma postura mais avançada com relação aos vistos de entrada de brasileiros nos EUA, e por fim, o apoio ao Brasil para compor o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente. Porém, no nosso modesto entendimento, essas expectativas foram frustradas após os seus pronunciamentos.

 

  Com relação às barreiras comerciais, o mandatário estadunidense saiu pela tangente, e mais uma vez, demonstrou, como os seus antecessores, que estava aqui apenas para defender os interesses do seu “falido” País, e de olho no nosso Pré-sal; com referência aos vistos de entrada nos EUA, Barack Obama, comedidamente, disse que esta Política está avançando, e finalmente, com relação ao Conselho de Segurança da ONU, o Presidente Obama, diferentemente do apoio explícito à Índia, disse que os “EUA continuarão a trabalhar tanto com o Brasil quanto com outras nações nas reformas que vão tornar o Conselho de Segurança mais eficaz, eficiente e representativo”.

 

  Aliás, comentando essa visita do Presidente Barack Obama, o festejado mestre Emir Sader escreveu: “...A marca da visita não está dada por nenhum pronunciamento ou acordo assinado aqui, mas pelo cenário do bombardeio da Líbia, com a sempre falsa justificativa de que fazem para defender os civis do país. Mesmo no plano do discurso, dos acordos e do seu itinerário, a visita foi decepcionante. Nos discursos, ele fez o mínimo possível de concessões: depois de ter apoiado expressamente a Índia para ingressar no Conselho de Segurança da ONU, fez apenas uma menção simpática ao Brasil... Os EUA não cumpriram com sua parte nos novos acordos comerciais e Obama tenta justificar a postura com a crise econômica, que dificultaria abrir o mercado dos EUA...”, ou seja, “faça o que eu mando mas não faça o que eu faço”.

 

  Outro episódio que reputamos estranho foi à recusa de Barack Obama para um jantar reservado com a Presidenta Dilma. Este e outros fatos que aconteceram nesta sua estada ao Brasil, nos levam a crer que os EUA não veem com bom grado esta evidenciada independência do Brasil forjada a partir do Governo Lula, mas que, lamentavelmente, ainda tem um viés de “submissão voluntária” por parte de alguns integrantes do atual Governo, como bem afirma o jornalista Luiz Carlos Azenha.

 

  Não menos curioso, foi a “coincidência” com a ordem do Presidente Obama para que as forças militares dos EUA atacassem a Líbia ter saído exatamente quando de sua estada no Brasil, que sabidamente, foi o País que junto com a Alemanha, Rússia, China e Índia se abstiveram contra essa posição do Conselho de Segurança da ONU. Aliás, essa decisão foi ratificada pela Presidenta Dilma quando Obama, em reunião reservada, pediu o seu apoio para essa operação militar. Essa ordem, e aqui longe de quaisquer devaneios ou postura chauvinista, nos afigura como uma atitude soberba e uma clara demonstração de força e de ares de superioridade.

 

 Diante de tudo, resta a conclusão de que a passagem do Presidente Barack Obama pelo Brasil, teve mesmo um aspecto mais alegórico, pois, no campo Político, seus discursos foram evasivos e direcionados, apenas, para massagear o ego dos brasileiros, o resto não passou de meras retóricas...

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