segunda-feira, 28 de março de 2011

O ATAQUE À LÍBIA E A NOVA ESTRATÉGIA DOS EUA


“A luta deles é para segregar, a nossa luta é para unificar. Nossa luta não é a luta do contrapoder: é a luta do antipoder.”


Não há necessidade de discutirmos o descrédito que, lamentavelmente, tomou conta das “Organizações das Nações Unidas” nestas últimas décadas. Porém, com relação ao Conselho de Segurança da ONU, o seu mais importante organismo, temos que tecer alguns comentários, especialmente, após esta última decisão que culminou no ataque à Líbia.

 Após essa injustificável deliberação, fica clara a necessidade e a legitimidade do Brasil e de outras Nações reivindicarem a ampliação no número de países para compor tal Conselho. Realmente o mundo não pode e não deve ficar tutelado e subordinado às decisões e aos caprichos políticos e financeiros dos EUA e de outros poucos Países que agem ao seu reboque com os mesmos interesses do imperialismo senil.

 O que a grande maioria dos Povos contesta, e com toda razão, são as falsas justificativas de alguns Países, especialmente, dos EUA para suas decisões, fora e dentro do Conselho de Segurança, que ao contrário do argumento da defesa dos direitos humanos, não passa de um descabido afronto ao principio da autodeterminação dos povos. Outro fato contestado são as gritantes contradições da ONU e de alguns Países frente a alguns casos.

 Um exemplo dessa incoerência foi o genocídio ocorrido em 1994 em Ruanda, onde morreram um milhão de pessoas em virtude de uma guerra entre os grupos étnicos hutus e tutsis, e tudo diante da “complacência” da ONU e dos mesmos Países que aprovaram o ataque à Líbia, sob o falso argumento de defesa daquele povo.

   Aliás, demonstrando esse contra-senso da ONU e de alguns Países, a Doutora Larissa Ramina, em brilhante texto publicado no sitio da Carta Maior, escreve: ...“O Bahrein está sendo palco dos mais graves protestos da maioria xiita contra a elite sunita desde a década de noventa, que pede o fim da monarquia e a garantia das liberdades democráticas. Nesse caso, não se aventou à possibilidade de discutir a situação no âmbito das ONU, apesar da ocupação do país por tropas da vizinha Arábia Saudita e dos Emirados Árabes. O detalhe que faz a diferença, é que o microestado abriga a V Frota dos EUA responsável por vigiar o petróleo no Golfo Pérsico. A situação no Iêmen, da mesma forma, não mereceu atenção ocidental. A política externa de Barack Obama, portanto, coincide na essência com aquela de George Bush”.

  No caso da Líbia, não obstante o imperativo de uma profunda investigação sobre os atentados aos direitos humanos naquele País, o que devemos nos ater também, é a nítida mudança de estratégia dos EUA para os seus projetos de dominação. Antes, as decisões estadunidenses eram tomadas de forma unilateral o que causou um reconhecido desgaste na imagem daquele País, vide caso do Iraque. Hoje, os EUA procuram validar suas atitudes com o apoio de outros países ou chancelado por algum organismo internacional, porém, seus interesses e métodos são os mesmos, mas com este apoio, o País Imperialista fica brindado e procura exercer sua hegemonia de maneira mais simpática aos olhos do mundo.

  Essa nova política de domínio adotada pelos EUA, certamente, apontará sua mira para a América Latina. A viagem do Presidente Obama para o Brasil e Chile aponta neste sentido.

  Aliás, neste diapasão, o eminente Professor Gilson Caroni Filho assevera: “O Império é criterioso quando se trata de resgatar o que lhe parece ser seu fundo de quintal. A tentativa de modificar a nova ordem política da América Latina é o que move os passos de Obama na região. Transformar assimetrias em impossibilidades e mudar o perfil da política externa brasileira são os imperativos da vez.”
  
 Diante tudo, chegamos à conclusão de que há sim, uma imperiosa necessidade de uma ampla e urgente reforma na estrutura da ONU e do seu Conselho de Segurança. E à América Latina, especialmente, os países do Mercosul cabem, como instrumentos para impedir essa nova estratégia de dominação dos EUA, o fortalecimento de sua unidade e a ampliação da independência de suas Políticas externas conquistadas pelos Governos Democráticos e Populares da última década. 

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