“Enquanto a cor da
pela for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra” Bob Marley
Segundo a precisa
definição do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, “discriminar é excluir, é negar
cidadania e a própria democracia. Não se trata de eliminar as diferenças, mas
de se obter a igualdade, identificando as origens da desigualdade, para que a
primeira possa ser garantida a todos”.
Nesse mesmo diapasão
o nosso sistema constitucional repudia a discriminação, para tanto, deixa
consagrado que a República Federativa do Brasil tem como objetivo a promoção do
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação. E fortalecendo essa premissa estabelece que a
prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível. .
Mas malgrado esses
dispositivos, o que observamos é que certos setores da sociedade têm
dificuldades em aceitar esses comandos constitucionais, e reiteradamente vêm
enfrentando-os protegidos pela capa da impunidade.
Por mais paradoxal
que pareça, um exemplo dessa abjeta conduta vem de parte da “mídia nativa”, que
vez por outra, nos brinda, direta ou indiretamente, com comentários ou matérias
preconceituosas e racistas. E os exemplos não são poucos.
Referindo-se a uma
ação que tramita no STF contra a Política de Cotas e o ProUni, Diogo Mainardi,
articulista da revista “Veja”, escreveu: “...É uma chance para acabar de
vez com o quilombolismo retardatário que se entrincheirou no matagal ideológico
das universidades brasileiras”...O Brasil se refugiou no passado. O Brasil é o
quilombo do mundo. Quilombo, segundo o dicionário Aurélio, é estado de tipo
africano formado, nos sertões brasileiros, por escravos fugidos”.
Outro jornalista do
mesmo semanário, Reinaldo Azevedo, nessa mesma linha preconceituosa escreveu:
“Que diabo se passa com o Partido Democrata americano, que tem como favoritos
uma mulher e um negro com sobrenome islâmico e nenhum homem branco para
enfrentá-los?”
Um caso também
bastante emblemático ocorreu em 2009 na TV Bandeirantes. Durante a chamada do
Telejornal da BAND apareceram dois “Garis” desejando “Feliz Ano Novo” para o
povo brasileiro. Logo após o aparecimento de suas imagens, com o áudio dos
apresentadores ainda ligado, o jornalista e âncora do jornal da BAND, Borys
Casoy, de maneira preconceituosa, comentou: “Que merda... Dois lixeiros
desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... o mais
baixo da escala do trabalho”.
Por
fim, apresentamos o mais recente exemplo de preconceito na mídia. Dessa vez
ficou a cargo do hidrófobo jornalista Arnaldo Jabor, que ao falar do
envolvimento do Ministério dos Esportes com desvio de recursos públicos fez o
seguinte e execrável comentário na rádio CBN: “finalmente, Orlando Silva cai do
galho”. Essa infeliz colocação nos remete ao ditado popular que diz: “cada
macaco no seu galho”, e como o ex-ministro é negro, é forçoso concluir, que
longe de um ato falho, esse comentário beira ao nefasto crime de racismo. Não
contente, e continuando com o seu surto preconceituoso, o jornalista atacou o
saudoso Presidente do PCdoB, João Amazonas, classificando-o como um “delirante maoísta”.
Nessa mesma linha, Jabor destilou seu veneno contra a UNE, dizendo que a
entidade” é um antro de oportunistas, chapa branca, obedecendo ordens partidárias
e ajudando direta ou indiretamente nas malandragens, sempre desviando, ou
melhor, desapropriando dinheiro...”
Evidente,
que a fala de Arnaldo Jabor ganhou uma grande repercussão nas redes sociais com
inúmeras e duras críticas. O Presidente da Ubes, Yann Evanovick, por exemplo,
assim se manifestou: “Jabor no Brasil de hoje representa o que tem de pior na
sociedade. Isso é para os que acreditam que no Brasil não tem mais racismo” Por
sua vez, a Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência,
Maria do Rosário, também criticou dizendo: “quero repudiar veementemente a
declaração racista do Arnaldo Jabor sobre o ex-ministro Orlando Silva. Isso é
inaceitável!”
Frente a tudo isso,
só nos resta repudiar esses comportamentos preconceituosos. Quanto ao
jornalista Arnaldo Jabor, buscamos um fragmento de um texto do brilhante Mestre
Emir Sader que define com precisão o caráter de pessoas como esse jornalista.
Diz o Professor: Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda
salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu
sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Viraram pobres diabos, que vagam
pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes
emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora
superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de
jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de
ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo
de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um
espetáculo moral deprimente. Com a palavra o Ministério Público e a ABERT!
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