terça-feira, 1 de novembro de 2011

QUEM SERÁ QUE CAIU DO GALHO?


“Enquanto a cor da pela for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra” Bob Marley


Segundo a precisa definição do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, “discriminar é excluir, é negar cidadania e a própria democracia. Não se trata de eliminar as diferenças, mas de se obter a igualdade, identificando as origens da desigualdade, para que a primeira possa ser garantida a todos”. 

Nesse mesmo diapasão o nosso sistema constitucional repudia a discriminação, para tanto, deixa consagrado que a República Federativa do Brasil tem como objetivo a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. E fortalecendo essa premissa estabelece que a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível.  .

Mas malgrado esses dispositivos, o que observamos é que certos setores da sociedade têm dificuldades em aceitar esses comandos constitucionais, e reiteradamente vêm enfrentando-os protegidos pela capa da impunidade. 
                                
Por mais paradoxal que pareça, um exemplo dessa abjeta conduta vem de parte da “mídia nativa”, que vez por outra, nos brinda, direta ou indiretamente, com comentários ou matérias preconceituosas e racistas. E os exemplos não são poucos.

Referindo-se a uma ação que tramita no STF contra a Política de Cotas e o ProUni, Diogo Mainardi, articulista da revista “Veja”, escreveu: “...É uma chance para acabar de vez com o quilombolismo retardatário que se entrincheirou no matagal ideológico das universidades brasileiras”...O Brasil se refugiou no passado. O Brasil é o quilombo do mundo. Quilombo, segundo o dicionário Aurélio, é estado de tipo africano formado, nos sertões brasileiros, por escravos fugidos”.  
                        
Outro jornalista do mesmo semanário, Reinaldo Azevedo, nessa mesma linha preconceituosa escreveu: “Que diabo se passa com o Partido Democrata americano, que tem como favoritos uma mulher e um negro com sobrenome islâmico e nenhum homem branco para enfrentá-los?”

Um caso também bastante emblemático ocorreu em 2009 na TV Bandeirantes. Durante a chamada do Telejornal da BAND apareceram dois “Garis” desejando “Feliz Ano Novo” para o povo brasileiro. Logo após o aparecimento de suas imagens, com o áudio dos apresentadores ainda ligado, o jornalista e âncora do jornal da BAND, Borys Casoy, de maneira preconceituosa, comentou: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho”. 

Por fim, apresentamos o mais recente exemplo de preconceito na mídia. Dessa vez ficou a cargo do hidrófobo jornalista Arnaldo Jabor, que ao falar do envolvimento do Ministério dos Esportes com desvio de recursos públicos fez o seguinte e execrável comentário na rádio CBN: “finalmente, Orlando Silva cai do galho”. Essa infeliz colocação nos remete ao ditado popular que diz: “cada macaco no seu galho”, e como o ex-ministro é negro, é forçoso concluir, que longe de um ato falho, esse comentário beira ao nefasto crime de racismo. Não contente, e continuando com o seu surto preconceituoso, o jornalista atacou o saudoso Presidente do PCdoB, João Amazonas, classificando-o como um “delirante maoísta”. Nessa mesma linha, Jabor destilou seu veneno contra a UNE, dizendo que a entidade” é um antro de oportunistas, chapa branca, obedecendo ordens partidárias e ajudando direta ou indiretamente nas malandragens, sempre desviando, ou melhor, desapropriando dinheiro...”

Evidente, que a fala de Arnaldo Jabor ganhou uma grande repercussão nas redes sociais com inúmeras e duras críticas. O Presidente da Ubes, Yann Evanovick, por exemplo, assim se manifestou: “Jabor no Brasil de hoje representa o que tem de pior na sociedade. Isso é para os que acreditam que no Brasil não tem mais racismo” Por sua vez, a Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, também criticou dizendo: “quero repudiar veementemente a declaração racista do Arnaldo Jabor sobre o ex-ministro Orlando Silva. Isso é inaceitável!”

Frente a tudo isso, só nos resta repudiar esses comportamentos preconceituosos. Quanto ao jornalista Arnaldo Jabor, buscamos um fragmento de um texto do brilhante Mestre Emir Sader que define com precisão o caráter de pessoas como esse jornalista. Diz o Professor: Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um espetáculo moral deprimente. Com a palavra o Ministério Público e a ABERT!

0 comentários:

Postar um comentário