"Brasil: Esse estranho País de corruptos sem corruptores" - Luis Fernando Veríssimo
Estamos presenciando nesses últimos dias,
mais um voraz ataque da grande mídia contra o Governo Federal. Agora a bola da
vez são os casos de malversação dos recursos financeiros do Ministério dos
Transportes.
Malgrado verdadeiras as denúncias, a maioria dessas matérias tentam induzir o incauto leitor a pensar que a corrupção que assola o Brasil veio com as sucessivas vitórias do PT no plano nacional, argumento instigador e categoricamente falso.
Aliás, criticando
essa postura midiática, o Governador Tarso Genro, escreveu: “Como sempre, as
colunas prosseguem na desconstituição da política democrática, pela
identificação desta com a corrupção. Tratam-na como uma propriedade muito
brasileira omitindo, sempre, que o governo que mais combateu a corrupção no
estado, seja através da Controladoria Geral da União, do Ministério da Justiça
via Polícia Federal e do acionamento dos demais órgãos de controle, foi
precisamente o governo Lula. Nos seus dois períodos, após a chamada crise do
mensalão, nunca se atacou tanto os velhos esquemas de quadrilhas que assolavam
e ainda assolam o estado brasileiro”.
Mas,
o que nos chama atenção nessa e em outras reportagens, é a voracidade e a distinção
com que a imprensa cobre tais episódios, especialmente, os fatos envolvendo os Governos
de Lula e Dilma. Um exemplo dessa conduta é o “JN no Ar”, criado para minar a
eleição de Lula, e agora para mostrar as mazelas e jamais os reconhecidos
avanços País. Nessa mesma linha raivosa o JN do dia 30/07/2011, fez um balanço,
de forma distorcida, das obras do PAC. Resumidamente, as obras, segundo o
Governo, apresentam a seguinte avaliação: 90% estão dentro do planejado e 10%
apresenta problemas. Mas a Globo fez a matéria apenas sobre os 10%.
Outro
recente e grave exemplo dessa partidarização midiática, veio à tona nos blogs
alternativos nesse último dia 25. O blog “Brasil 247” postou uma matéria
noticiando um grande escândalo na política brasileira, porém, tal noticia foi
propositalmente, ignorada e não repercutida pela chamada imprensa
investigativa.
Segundo
consta no citado Blog, as
campanhas à Presidência da República de José Serra e ao Governo de São Paulo de
Geraldo Alckmin, em 2002, e de outros políticos, teriam sido beneficiadas pelo
esquema do caixa 2 de Furnas, com R$ 19,0
milhões. Essa denúncia consta na “Declaração para Fins de Prova Judicial
ou Extrajudicial” que o ex-presidente de
Furnas, Dimas Fabiano Toledo, assinou e registrou, em 06/11/2008, no 23º Ofício
de Notas do Rio de Janeiro. Afirma
ainda, Dimas Fabiano, que o ex-secretário de Governo de Minas Gerais Danilo de
Castro foi o recebedor, repassador e operador do esquema de desvios de recursos
públicos, originados do caixa dois da Empresa Furnas Centrais Elétricas S/A. Os
valores ultrapassaram a cifra de R$ 38,00 milhões, e Danilo de Castro repassou
estes recursos não declarados para vários políticos do Estado de Minas Gerais,
incluindo o ex-governador Aécio Neves da Cunha com o valor de aproximadamente
R$ 7,0 milhões.
A
não divulgação desses fatos é mais uma prova cabal do estilo partidarizado da
imprensa brasileira que, sabidamente, está a serviço de um grupo político, que
por anos, favoreceu o mercado oligopolizado da mídia com as benesses governamentais.
Evidentemente
que não estamos aqui criticando a grande mídia pela divulgação das denúncias de
corrupção no DENIT, ao contrário, todo caso de malversação de recurso público tem de ser fortemente
combatido, inclusive, com o apoio dos meios de comunicação. O que cobramos são
responsabilidade, isenção e coerência. Aliás, sugerimos que o combate à corrupção deva
iniciar dentro das próprias empresas de comunicação, que notoriamente são
contumazes sonegadoras do fisco nacional. “Veja” uma pequena relação dos caloteiros
do INSS publicada no sitio http://epocaestadobrasil.wordpress.com/2011/04/01/lama-iss:Infoglobo(Organizações Globo)
dívida de R$ 18,0 milhões, Editora Globo S.A.: R$ 2,0 milhões, Editora Abril
(responsável pela publicação da “Veja” e outras revistas) R$ 1,2 milhões,
Rádio/TV Bandeirantes: R$ 2,6milhões, Folha da Manhã S.A. (Folha de São Paulo):
R$ 3, 8milhões, O Estado de São Paulo (Estadão): R$ 2,0 milhões.
Diante de tudo isso, só nos resta perguntar: até quando a corrupção tomará conta do Brasil? Por que a imprensa não repercutiu esse escândalo envolvendo Furnas o PSDB e o DEM (PFL)? Por que a idéia de qualquer regulação do setor, a exemplo de outros países democráticos, incomoda tanto a grande mídia brasileira? Os donos das empresas jornalísticas não sabem que ao sonegarem impostos estão sonegando o acesso do cidadão à saúde, educação, moradia, etc.? Será que a “mídia nativa” goza de alguma credibilidade quando noticia casos de corrupção? Afinal, quem é mais corrupto: o setor público ou o privado?
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