quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS DOS GOVERNOS LULA E DILMA

"Só o inimigo não trai nunca" - Nelson Rodrigues



Recentemente foi publicado nesse espaço democrático, um texto de nossa autoria com o título: Será o Ministro um traíra? Naquela oportunidade apresentamos relato da ONG “Wikileaks”, noticiando que o Ministro da Defesa, Nelson Jobim teria confidenciado ao Embaixador Estadunidense, Clifford Sobel, que a política externa brasileira “tem forte inclinação antinorte-americana”. Revelou ainda ao Diplomata, quebrando a confiança do Presidente Lula, que o Presidente da Bolívia estava acometido de uma grave doença. Essas e outras informações renderam ao Ministro Jobim, regozijos do referido Diplomata, que confidenciou: “Nelson Jobim é “um dos mais confiáveis líderes do Brasil”.
                   
Encerrado o mandato do Presidente Lula, surpreendentemente, Nelson Jobim, um peemedebista com alma tucana, continuou no cargo de Ministro da Defesa, malgrado os vários pronunciamentos e atitudes suspeitas. Mas antes de completar oito meses do mandato da Presidenta Dilma, o Ministro Nelson Jobim, sem nenhum pudor, escancarou sua real posição de suspeito para um confesso traidor dos Governos a que serviu.

Toda essa trama de “trairagem” teve inicio de forma aberta, durante a festa dos 80 anos de FHC. Nessa oportunidade, Nelson Jobim, numa clara alusão aos Petistas e outros membros do Governo, citou uma frase de Nelson Rodrigues sobre os idiotas de um tempo, dizendo: “O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia”.              

Após esse acontecimento, o “nobre” Ministro Jobim, em uma lamentável entrevista ao jornal “Estadão”, disse a seguinte e gravíssima impropriedade: o fim do sigiloo deve criar polêmica em relação à ditadura de 1964-1985, pois, “não há documentos [sobre o governo militar]. Nós já levantamos e não têm. Os documentos já desapareceram, foram consumidos à época”.

Não se pode admitir que um Ministro da Defesa faça uma afirmação dessa natureza sem nenhuma explicação. Aliás, nesse sentido o jornalista Luiz Cláudio Cunha cobrou do Ministro os seguintes esclarecimentos:“...quem e como consumiu os documentos relevantes de uma fase decisiva de nossa História, triturada por delitos administrativos de meliantes fardados — e ainda anônimos — que cometeram crimes de lesa-pátria compatíveis com traidores e supremos idiotas”.

Depois desse fato, o sitio “Sul21” postou uma matéria noticiando que Associação Nacional de História (Anpuh) tomou conhecimento que o livro “História do Brasil: Império e República”, de Aldo Fernandes, instruir os alunos do Ensino Fundamental dos Colégios Militares que o golpe de 1964 foi uma revolução democrática e uma reação ao comunismo.

Indignado com essa versão do livro, a Anpuh oficiou o Ministério da Defesa solicitando explicações. Depois de um ano, o Porta-Voz do Ministério da Defesa respondeu afirmando que “o livro que traveste a ditadura de 64 em revolução democrática tem uma linha didático-pedagógica que atende adequadamente às necessidades do ensino da História”. Sem dúvida, uma resposta berrante, para não dizer comprometedora e com um forte viés de complacência com os anos de chumbo.

Mas se tudo isso não bastasse, e para fechar com chave de ouro sua conduta de traidor, o Ministro Jobim em mais uma desastrosa entrevista, afirmou que votou em Serra nas duas eleições em que o tucano fora candidato à Presidente.

Evidente, que o voto é livre. Contudo, exercendo cargo de confiança, Nelson Jobim jamais deveria ter revelado seu voto. Essa atitude só serviu para constranger a Presidenta Dilma, seu Partido o PMDB, e por ironia do destino, para comprovar o que todo mundo desconfiava: sua deslealdade aos governos a que serviu.

Aliás, nesse mesmo sentido o jornalista Pedro Estevam Serrano, com muita propriedade escreveu: “....Ora, quando Jobim declara que votou em Serra, o que ele está dizendo em alto e bom som é que avalia o programa oposicionista como sendo melhor. Há, portanto, um desalinhamento transparente entre o que queria o ministro e o que defendeu a Presidenta, com maioria do apoio da população votante. Esse ruído se torna ainda mais estridente se observarmos que, hoje, Serra se coloca no espectro político nacional como oposição sistemática e extrema ao governo Dilma”.

Portanto, e diante desses e de outros casos envolvendo o Ministro, não há dúvidas de que, mesmo tardiamente, a Presidenta Dilma agiu corretamente ao aceitar a exoneração de Nelson Jobim, que, diga-se de passagem, foi beneficiado pela complacência da Presidenta que lhe concedeu a chance de pedir exoneração do cargo, quando na verdade, merecia ser exonerado, afinal, trata-se de um “Joaquim Silvério dos Reis Jobim”.

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