terça-feira, 14 de dezembro de 2010

" A VERDADE VENCEU A MENTIRA"


“A verdade é filha do tempo, não da autoridade”. Francis Bacon)

Passada a refrega eleitoral, somos instados a fazer uma breve análise sobre este pleito, que sem dúvidas, foi marcado pelo ódio e por episódios grotescos, sórdidos e até hilários.
Não seria diferente o tom que foi dado a esta eleição com a tática do medo, da calúnia e das aleivosias. A oposição sem discurso consistente e sem Projeto Político, apostava no tudo ou nada para ganhar este pleito. Aliás, esta foi à única saída também, para tentar afastar o caráter plebicitário desta eleição, ou seja, o confronto entre os Governos de FHC/Serra e de Lula/Dilma.

Dentro deste contexto, a oposição iniciou sua campanha de forma inusitada. Primeiro, José Serra tentou apropriar-se da imagem de Lula para enganar o eleitor, mostrando que o Presidente estava ao seu lado, ou ao menos, neutro. Porém, esta primeira mentira não surtiu efeito, ao contrário, foi desmoralizador para o candidato “Tucano”.

Após esta frustrada tentativa, entrou em cena a grande mídia. Inicialmente foram várias denúncias veiculadas contra Dilma, sendo algumas matérias requentadas e outras que não passaram de factóides. Depois veio o apoio à candidata “Verde”, anunciada como a “terceira via”, mas que na verdade, não passou de instrumento para que José Serra chegasse ao segundo turno.

Nesta nova etapa a “mídia nativa” e a oposição tentaram mostrar que o segundo turno seria uma nova eleição, e apostando na experiência de José Serra, especialmente nos debates, sonhavam com uma virada histórica. No entanto, por mais uma vez, equivocaram-se em sua tática, e diante das pesquisas desaforáveis, a oposição resolveu intensificar a sua fúria dando início a uma abjeta campanha que se resumiu em dois pontos: o aborto e a famosa “agressão” sofrida por Serra por uma bolinha de papel.

O circo montado pela Rede Globo com o caso da bolinha de papel jogada na “careca” de Serra foi o tom hilário da campanha, tanto, que virou motivo de chacota na grande rede e na imprensa internacional. Sem dúvidas foi o fato mais grotesco das eleições.
Comentando este caso o jornalista Washington Araújo escreveu: “A idéia da TV Globo era usar todos os recursos de dramaturgia acessíveis. Apenas a emissora líder não contava com o baixo desempenho da protagonista... Com uma bolinha de papel não dá para escrever capítulo muito emocionante, algo que seja digno de novela das nove”.

Já o caso do aborto, dado sua peculiaridade, foi o assunto mais sórdido que Dilma enfrentou. Este tema foi colocado, a princípio, por Mônica Serra durante uma caminhada em Nova Iguaçu, onde ela teria dito que a candidata “é a favor de matar criancinhas”. Este tema foi repercutido de maneira covarde e mentirosa por uma ala conservadora da Igreja Católica, capitaneada pelo Bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, e por fim, endossada pelo Papa Bento XVI e repercutida na mídia, com “ares de Súmula do Santo Ofício”.

Segundo alguns analistas esta posição do Papa, longe de ser religiosa, pode caracterizar uma ingerência de um Líder de um País (Vaticano) na Política brasileira.

Aliás, neste sentido o respeitado e judicioso Teólogo, Leonardo Boff escreveu no sítio da “Carta Maior: “É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna intervenção do Papa na política brasileira. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos ocultou o crime de pedofilia entre padres e bispos.

Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do pais, seja na do Vaticano seja na do Brasil”.

Mas não obstante toda esta selvageria na campanha eleitoral, um fato extremamente positivo ganhou destaque: o amadurecimento Político do Povo brasileiro que pela primeira vez, confrontou dois Projetos Políticos (FHC e Lula) e “optou” pela candidata que daria seqüência a um Projeto que trouxe incontestáveis avanços para a nossa sociedade.
Aliás, neste sentido o Sociólogo Emir Sader escreveu: “O povo brasileiro decidiu, em meio a fortes pressões do monopólio privado da mídia e de forças obscurantistas, que o pós-Lula terá na presidência do Brasil aquela que Lula escolheu para sucedê-lo, para continuar e aprofundar as transformações que tem feito o Brasil ser um país mais justo, solidário e soberano”.

Por fim, e mesmo diante deste espúrio tom que foi dado às eleições, podemos afirmar que a democracia no Brasil consolidou-se, e as urnas, por mais uma vez, repercutiram a voz e os desejos do povo brasileiro: Outrora “a esperança venceu o medo” e agora, como bem afirma Leonardo Boff, a “verdade venceu a mentira”.

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