terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SERÁ O MINISTRO UM “TRAÍRA”?


"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
Cecília Meirels

Certamente o amigo leitor tem conhecimento do grande escândalo político patrocinado pela ONG “Wikileaks”, que divulgou via internet, milhares de documentos confidenciais do governo estadunidense em relação a várias Nações, inclusive ao Brasil.

No caso brasileiro, um dos apontamentos mostra a debochada crítica do embaixador Clifford Sobel sobre a futura Política de defesa das reservas do pré-sal e o desdenho à intenção do Brasil de construir submarinos nucleares. Diz o embaixador: “deixando de lado elefantes brancos politicamente populares como o submarino movido à energia nuclear até que esta Política [defesa] é consistente”.

Em mais um documento, este mais grave, consta que o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, confidenciou ao citado embaixador que a política externa brasileira “tem forte inclinação antinorte-americana”. Continuando, o documento mostra que o Ministro revelou ao mesmo Embaixador que o Presidente da Bolívia – inimigo dos USA - está acometido de uma grave doença. Segundo noticiado esta informação foi uma confidência do Presidente Lula ao Ministro Jobim, ou seja, se verdadeira esta conversa, não temos dúvidas de que o Ministro traiu a confiança do Chefe da Nação.
Um outro caso que coloca sob suspeita o Ministro da Defesa é a sua obstinação para que o governo brasileiro assine um tratado com os USA para instalação de uma base norte-americana em nosso território.

Aliás, com relação a este episódio o grande jornalista Mauro Santayana escreveu: “Conviria ao ministro Nelson Jobim poupar-se de outro escolho biográfico – ele que deles anda bem servido – e explicar sua posição no episódio... Quando se estabelecem acordos de cooperação de defesa militar, pressupõe-se que haja inimigos comuns, a serem eventualmente combatidos. Não sabemos de que inimigos se trata.... Esse Tratado compromete o futuro do país e tem um motivo estratégico maior por parte de Washington, ainda que bem dissimulado e a prazo mais longo: o controle da Amazônia e a reconquista do poder colonial sobre o continente”.

Reconhecendo este e outros “favores”, o embaixador Clifford Sobe, enviou o seguinte telegrama para o governo norte-americano: “Nelson Jobim é um dos mais confiáveis lideres no Brasil”.

Além destes fatos, muitos outros sucederam com o mesmo peso de suspeição contra o Ministro Jobim, que, diga-se de passagem, tem também, fortes ligações com o staff “Tucano”.

É público e notório, por exemplo, que Nelson Jobim não mediu esforços para detonar o “Plano Nacional de Defesa dos Direitos Humanos nº 3” (PNDDH) que dentre outras propostas, criaria a “Comissão da Verdade” incumbida de investigar as atrocidades cometidas pelo Estado durante a ditadura militar e a revisão da Lei de Anistia, tanto, que logo depois do lançamento do PNDDH, o Ministro da Defesa afirmou à “Agência Brasil” que “uma coisa é o direito à memória, outra é revanchismo e, para o revanchismo, não contem comigo".

Com relação a este tema, o corajoso jornalista Marco Aurélio Carone, escreveu:“....Fontes ligadas às Forças Armadas desde o final de novembro de 2009 informavam que o ministro Nelson Jobim estava apenas esperando a apresentação do 3º PNDDH para lançar a “suspeita”, contra a ministra Dilma, de que sua candidatura e possível eleição seria o instrumento para o revanchismo contra os militares”.

Comentando também o comportamento do Ministro, vale reproduzir parte do artigo escrito pela brilhante jornalista Maria Inês Nassif, publicado no jornal “O Valor”:... “O vazamento de documentos relativos ao ministro Nelson Jobim, pelo Wikileaks, trouxe à luz provas de que as forças militares continuam um capítulo à parte na história da democracia brasileira - e isso, mesmo quando o seu chefe é civil. Um ministro da Defesa que foi mantido e se fortaleceu nas brigas que comprou dentro do governo, com colegas mais comprometidos com visões não-conservadoras sobre os Direitos Humanos e sobre a forma de lidar com o passado autoritário do país, expôs suas divergências com o Governo....”

Outro caso envolvendo o Ministro Jobim, e que até hoje não foi explicado, é a farsa do grampo telefônico no gabinete do ex-presidente do STF Gilmar Mendes (aquele que concedeu dois hábeas corpus para banqueiro Daniel Dantas, em menos de 48 horas). Segundo reportagem da revista “Carta Capital”, “a mídia encampou esta farsa do grampo sem áudio, que serviu para afastar da ABIN o Delegado Paulo Lacerda, com o auxílio luxuoso do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, autor de uma falsa denúncia sobre existência de equipamentos secretos de escuta telefônica que teriam sido adquiridos pela Abin”.

Diante de tudo, confirma-se à histórica soberba estadunidense, e a postura suspeita e nada ética do Ministro Nelson Jobim em relação ao Governo brasileiro, fatos que por si só, demonstram que mantê-lo no Ministério é no mínimo uma grande insensatez. Assim, e frente a tantos indícios de “deslealdade”, uma pergunta fica no ar: seráÁo Ministro um traíra?

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