terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL TEM NOME E SOBRENOME


“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
(Cecília Meireles)
É quase unânime entre os brasileiros, que os vinte e um anos de “ditadura militar” foi um dos mais tristes capítulos da nossa história. Aliás, para que o leitor tenha dimensão do que foi esta barbárie, aconselhamos à leitura do livro “Brasil Nunca Mais”, de autoria do corajoso Arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns.

O golpe militar de 1964, apoiado por parte da grande mídia, fato que se pode comprovar com a leitura da obra "Cães de Guarda" da escritora e historiadora Beatriz Kushnir, foi deflagrado após forte pressão de militares e das elites agrárias e industriais que não aceitavam as Políticas sociais e nacionalistas que o Governo Democrático e Popular de João Goulart tentava implementar no País.

Implantado o regime de exceção e baixado em 1968 o Ato Institucional nº 5 (AI5), que recrudesceu ainda mais o regime militar, teve inicio um forte movimento popular na luta contra a ditadura militar. Aqui nascem os movimentos clandestinos, como por exemplo, o Grupo “VAR-Palmares” do qual participou Dilma Rousseff.

Como afirmamos, o período da ditadura militar contou com o apoio de boa parte da mídia da época. Um exemplo foi o jornal “Folha de São Paulo” (FSP). Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim o senhor Otávio Frias “apoiou o golpe militar de 1964. Nesse período, a Folha de São Paulo serviu de voz e pernas para os ditadores que se sucederiam no poder ao exaltá-los e ao transportar para eles seus presos políticos até os centros de tortura do regime”.

Aliás, corroborando esta asserção de Paulo Henrique Amorim, vale transcrever um trecho do Editorial publicado na FSP do dia 22.09.1971, no qual Otávio Frias enaltecia o tirano General Emílio Garrastazu Médici e seu Governo (1969/1974) considerado o mais violento e repressivo da história da ditadura. Diz o Editorial:...”Nunca houve. E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social-realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama. [...] Um país, enfim, de onde a subversão que se alimenta do ódio e cultiva a violência – está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma imprensa que os remanescentes do terror querem golpear”.

Neste último dia 20 de novembro, mantendo sua “coerência” ideológica e preconceituosa contra a democracia e os Governos Democráticos e Populares, a “Folha de São Paulo”, que nos oito anos do Governo Lula e durante as eleições fez uma covarde oposição, destampou a seguinte manchete: “Dilma tinha código de acesso a arsenal usado por guerrilha”. Nesta extemporânea matéria, ancorada no entulho ditatorial, a Folha, como bem assinala Eduardo Guimarães, se prestou a “resgatar em arquivos dos órgãos de repressão da ditadura militar as desculpas usadas por esta para prender e torturar Dilma Vânia Rousseff, a presidente eleita do Brasil”.

Comentando esta matéria dos jornais, José Augusto Aguiar Duarte, adverte: “A má-fé dos jornais não está em publicar o conteúdo dos autos do STM, que pertencem à história, e podem ser estudados, para evitar novas tiranias. A má-fé está em confundir o leitor, principalmente àquele que não conhece o contexto da época, querendo atribuir caráter criminoso em ações de combate, de insurgência contra a tirania, de guerra de guerrilha, da mesma forma que a Coroa Portuguesa atribuiu como criminosa a insurgência política de Tiradentes”.

Estas maquiavélicas reportagens são o prenúncio de uma feroz oposição que Dilma Rousseff enfrentará, e ao mesmo tempo, uma abjeta tentativa de justificar sua prisão e tortura durante a ditadura. No entanto, como bem assinala Paulo Henrique Amorim, “Dilma atravessou a ponte e ajudou a construir a democracia...E o mais fascinante de tudo: Dilma depôs as armas (ou o código, como prefere a Folha) e ganhou o jogo mais importante da democracia: se tornou Presidente da República pelo voto direto e popular”.

Por fim, concluímos que não há imprensa e ninguém capaz de subverter a verdade sobre as barbáries cometidas pelo Estado, durante a ditadura militar. Por isso, temos que valorizar muito a nossa liberdade e a redemocratização do País, que verdadeiramente, tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff, Luis Inácio Lula da Silva, Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Vladimir Herzog, Manoel Fiel Filho..... e os mais de cem heróis desaparecidos dos porões da repressão. Viva a liberdade..Viva a Democracia!

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