quarta-feira, 30 de novembro de 2022

QUEIRA OU NÃO QUEIRA, LULA É O COMANDANTE EM CHEFE

Por: Odilon de Mattos Filho

Não obstante a classe trabalhadora está ansiosa para ver o fim deste governo, o cenário nos afigura um pouco obscuro. Não podemos nos enganar com o silêncio obsequioso e com a imagem catatônica do "capetão/presidente e tampouco menosprezar as manifestações golpistas de algumas figuras do oficialato das Forças Armadas, pois, tratam-se de militares astutos e com DNA, conspiratório, portanto, todo cuidado é pouco!

Mas independente dessa situação de golpe no ar, na terra e no mar, a equipe de transição foi formada e segue no seu árduo trabalho de apurar e relatar os desmandos e o caos financeiro, econômico e social provocado pelo atual governo e que certamente vai dá muito trabalho para os futuros ministros do governo Lula colocar tudo nos trilhos. Aliás, inobstante ser uma incógnita os nomes dos próximos ministros, já se sabe que o governo Lula será formado por uma perigosa e amplíssima aliança que nos leva novamente ao pessimismo quanto a realização das contrarreformas e das reformas que tanto a classe trabalhadora e a sociedade em geral almejam. É novamente a conciliação de classe e a velha narrativa da governabilidade.

Aliás, as conversas ou barganhas com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira para garantir a sua reeleição em troca do apoio pela aprovação da chamada PEC da Transição já é um sinal perigoso do que pode vir. Não se deve perder de vista, que o deputado Arthur Lira tem o Centrão em suas mãos, é homem de confiança do presidente derrotado e o grande articulador do orçamento secreto, que transformou o regime presidencialista em uma espécie de semipresidencialismo, por essa e outras razões, Arthur Lira não é um político confiável, assim como não foi o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e o resultado todos sabem!

A propósito, André Barbieri se valendo de um diálogo de Leon Trótski com os operários austríacos, escreveu com muita clareza o que significa essa conciliação: “... A aliança com a burguesia (considerada como parte das “forças antifascistas”) significa prorrogar a luta de classes, secundarizar a mobilização e organização independente para enfrentar a extrema direita. Do ponto de vista do enfrentamento a um fenômeno fascista, significa renunciar à aplicação cirúrgica do único remédio eficaz....A luta contra o fascismo não se resolve em eleições, mas nos confrontos da luta de classes, cuja premissa é a independência política diante de todas as frações burguesas1”.

Com relação a governabilidade o fato é que se faz imperioso e urgente que o governo Lula mantenha o diálogo permanente com os movimentos sindicais, sociais e estudantis, pois, será o povo e os trabalhadores organizados que ajudarão nessa governabilidade e que será a linha de frente para combater qualquer tentativa de ruptura por parte da chorosa extrema-direita tupiniquim.  

Mas afora todo este imbróglio da composição e dos arranjos do governo Lula e do apoio no Congresso Nacional, um fato está chamando atenção: não houve grupo de trabalho para a transição da área de Defesa, assim como aconteceu com todas os setores da administração.

Sabemos que a área da Defesa se transformou depois de 2018 em um setor ameaçador e com maior poder de pressão do que o "deus mercado". O desejo dos militares de tutelar o país é cada vez maior, portanto, somos pelo  entendimento de que o futuro governo não pode abrir espaço para negociações, já basta o absurdo da anistia, tem que deixar claro e determinado que lugar de militar é na caserna e quem manda nas Forças Armadas é o comandante em Chefe, que a partir do dia 1º de Janeiro é o senhor presidente, Luís Inácio Lula da Silva e isso tem que ser dito alto e bom som!

Porém, as notícias ou especulações que nos chegam não vão neste sentido. Segundo noticiado, o futuro Ministro da Defesa pode ser o ex-presidente do TCU, José Múcio Monteiro Filho, um político “não radical”, de um de perfil “ideologicamente comedido” e que diga-se de passagem, lubrificou o golpe contra a presidenta Dilma. O nome de José Múcio, segundo noticiado, agradou as Forças Armadas, tanto que um general teria dito que foi um “golaço” essa indicação, isso não é bom sinal, tem cheiro de chantagem, pois, por que agradar os militares, o que eles fizeram para merecer agrados?

Mas não obstante esse fato, outra informação nos deixou perplexo. Foi noticiado que os três Comandantes das Forças Armadas quererem antecipar a transmissão dos seus cargos antes da posse do Lula, aliás, seria um ineditismo absurdo. Está evidente, essa artimanha dos comandantes: os caras não querem se submeter ao ao futuro presidente, ou seja, bater continência para o comandante em Chefe das Forças Armadas que será o presidente Luís Inácio Lula da Silva, pois, assim como o presidente derrotado, esses milicos não aceitam o resultado das urnas, ou melhor, não aceitam esse instrumento da democracia, afinal, eles foram adestrados por uma "Escola" onde a "grade curricular" tem o foco no autoritarismo  oriundo do período da ditadura militar.

Portanto, se verdadeira essa jogada dos atuais comandantes das Forças Armadas, somos de opinião que a equipe de transição e o próprio presidente Lula, deveria “abortar”, imediatamente, essa intenção, pois ela não passa de uma desfaçatez, desprezo e uma clara afronta ao futuro presidente, sem contar os aspectos esdrúxulos dessa situação, o presidente Lula indica os novos comandantes das três Forças Armadas, mas quem assina o decreto de nomeação dos mesmos será o atual presidente, ou pior, há rumores que o presidente derrotado não vai assinar o Decreto, isso acontecendo as Tropas ficariam sem comando, ou seja, vai virar a  “casa da mãe Joana”. Fica evidente que isso não pode acontecer, sob pena da relação dos subordinados ao futuro Comandante em Chefe já começar conflituosa, anarquizada e com uma boa pitada de insubordinação.

Dessa maneira, tem que deixar muito claro, queira ou não queira, o presidente, Luís Inácio Lula da Silva é o comandante em Chefe das Forças Armadas e todos os militares de maneira disciplinada estão subordinados a ele e a seu comando. É simples assim!

 



1 Fonte: https://www.esquerdadiario.com.br/Fascismo-ou-bonapartismo-Licoes-de-Trotski-para-pensar-o-Brasil


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