segunda-feira, 13 de setembro de 2021

ARREGO É SINAL DE FRAQUEZA

Por: Odilon de Mattos Filho
Escrevemos antes das manifestações organizadas pela turba bolsonarista, que o Dia 7 de Setembro poderia ser um divisor de águas na política, pois, Bolsonaro apostaria alto nesses atos para preparar o seu futuro, ou seja, se a esquerda não quer esperar 2022, Bolsonaro tampouco e assim como a oposição, dependerá dos resultados das ruas para atingir seus objetivos. Afirmamos, também naquela oportunidade, que tudo poderia acontecer no Dia 7 de Setembro, inclusive, nada.

Passado o Dia da Independência do Brasil vieram as repercussões no meio político e nos jornais e nós arriscamos, também, fazer a nossa análise dos atos preparados pela esquerda/Grito dos Excluídos e pela extrema-direita. Por parte da esquerda já era de se esperar que os atos serviriam para marcar presença e consolidar o Grito dos Excluídos que já existe há vinte seis anos. Já com relação aos atos da extrema-direita, a primeira constatação é de que os discursos antidemocráticos deram o tom das falas, em especial, do presidente negacionista e isso ajudou a inflamar a boiada que por pouco não estourou em Brasília. Não há como negar, também, que pela perspectiva visual, os atos em Brasília e São Paulo foram relativamente grandiosos, talvez Bolsonaro e sua camarilha esperassem bem mais, mas, deu para tirar uma boa foto e demonstrou que apesar de ter uma base menor, ela é mais coesa o que garante a Bolsonaro seguir na sua escalada bonapartista com avanços e recuos. Em resumo, Bolsonaro não saiu nem maior, nem menor desses atos, continua na sua insignificância política. 

Passado o dia 7 setembro podemos afirmar que o resultado dos atos foi negativo para Bolsonaro e para as suas futuras pretensões, pois, seus discursos furaram a sua bolha e ajudaram a clarear as mentes de boa parte da sociedade que, definitivamente, parece ter compreendido o caráter, perverso, autoritário e antidemocrático do presidente, aliás, essa visão repercutiu mundo afora.

Mas, dois dias depois das manifestações, eis que entra em cena a nefasta figura do golpista, Michel Temer que como padrinho de Alexandre de Moraes intermediou um acordo entre o presidente-capitão e o ministro da Corte Suprema. O golpista, segundo especulações, sugeriu a Bolsonaro que ligasse para Alexandre de Moraes e pedisse desculpas pelos ataques dirigidos ao ministro. Em seguida e para completar o arrego, o golpista Temer redigiu uma patética “Declaração à Nação” que foi assinada pelo não menos patético  Bolsonaro que, literalmente, acovardou-se dizendo que nunca teve a "intenção de agredir quaisquer dos poderes", um ato semelhante a um “o cão doido voltando para a coleira”, como bem afirmou o ex-ministro da justiça, Eugênio de Aragão.

Na verdade, o que nos afigura pós-manifestação, é um grande acordo por debaixo dos panos, no qual Bolsonaro vai tentar segurar a sua língua e Arthur Lira, Rodrigo Pacheco et caterva vão continuar passando a boiada, ou seja, entregando tudo ao capital privado e em contrapartida o Judiciário e o MPF, simplesmente, vão empurrar com a barriga os inquéritos e processos que envolvem Bolsonaro e sua "famiglia" e ao mesmo tempo negociam, também, com o Judiciário, leia-se STF, os processos do marco regulatório das terras indígenas – de interesse do agronegócio - e o parcelamento dos precatórios com dívidas da União, este crucial para que Bolsonaro possa turbinar o Bolsa Família e tentar virar o jogo em 2022. Basta saber se as partes cumprirão os acordos!

Mas não obstante esse "acordo nacional", as manifestações do dia 7 de Setembro despertaram, também, a reação dos golpistas do MBL que, paradoxalmente, realizou no dia 12 de Setembro uma manifestação contra Bolsonaro e por tabela contra Lula e com uma pauta lava-jatista. O que chama atenção nesse grupelho é que a maioria dos políticos e partidos presentes nos atos foram fervorosos apoiadores de Bolsonaro e votam no Congresso Nacional com as propostas do governo, em especial, àquelas contrárias à classe trabalhadora e à soberania do Brasil. Aliás, um exemplo deste paradoxo é o Deputado Federal Kim Kataguiri (DEM/SP), um dos organizadores da manifestação. Esse deputado golpista é o relator do projeto da Lei Geral do Licenciamento que, claramente, defende os interesses do agronegócio e dos latifundiários. A subemenda substitutiva apresentada pelo deputado Kim Kataguiri flexibiliza os controles em 87% das áreas de quilombolas, 22% dos territórios indígenas e 543 Unidades de Conservação em todo o país, sobretudo nas áreas mais afetadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, para que empreendimentos de infraestrutura e agropecuários avancem sobre essas terras. Uma subemenda que está sendo duramente criticada pelos ambientalistas e freneticamente comemorada pelo agronegócio.

É essa camarilha, formada, dentre outros, pelos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite e João Dória (PSDB), Henrique Mandetta (DEM), Amoedo (Novo) que organizou essa manifestação do dia 12 de setembro e se apresenta como alternativa para disputar as eleições de 2022. No entanto, o tiro saiu pela culatra, pois o ato com as essas "proeminentes" figuras retratou de maneira fiel o que as pesquisas de intenção de votos mostram sobre esses pretensos candidatos da terceira via, um fracasso retumbante.

Bem, passadas as manifestações da extrema-direita e da direita golpista e considerando a grande crise institucional que vivemos, podemos concluir que se faz imperioso que as esquerdas, os movimentos sociais e as centrais sindicais compõem uma aguerrida Frente Única e como bem assinala Markus Sokol, trabalhe no sentido de passar confiança para o povo e depois convoque as massas para preencher o vazio das ruas levando as pautas e reivindicações concretas que toquem o povo, mas, tem que ser um grande e quem sabe decisivo ato com a presença do presidente Lula como o grande protagonista que vai comandar o fim deste governo negacionista, entreguista e corrupto. Este é o momento, Bolsonaro acovardou-se e pediu arrego e a direita demonstrou a sua completa e humilhante fraqueza politica. 

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