segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

ESTE É O PAPEL DAS ESQUERDAS: LEVAR AS MASSAS PARA AS RUAS

Por: Odilon de Mattos Filho
Já escrevemos neste espaço que não acreditamos que as massas possam ganhar as ruas de maneira espontânea como acontece no Chile para protestar contra a dilapidação do nosso patrimônio, a destruição da cultura, educação, saúde e as políticas sociais bem como contra a política econômica imposta pelos imperialistas e prontamente aplicada pelo governo bonapartista de Bolsonaro. 

Na ocasião escrevemos, também, que a repercussão de tais medidas em qualquer outro país mais avançado politicamente causaria uma convulsão social, aliás, por muito menos, assistimos aos povos do Líbano, Argélia, Chile, Equador, Iraque, etc tomando às ruas de seus países e cobrando dos seus respectivos governos a revogação de tais medidas e  inclusive exigindo eleições e uma nova constituinte, como por exemplo, no Chile e na Argélia.

Mas, no Brasil várias medidas contra a classe trabalhadora e contra a nossa soberania foram aprovadas e inversamente do que aconteceu nos países citados, o que presenciamos é um povo inerte e anestesiado, fato que nos leva a fazer uma reflexão: como uma Nação sacrificada e espoliada como o Brasil pode se calar diante de tamanha agressão? Por que não acontece uma reação popular contra todos esses horrores causado por esse governo? Por que essa letargia das massas? Seria um problema cultural, falta de lideranças, falta de comunicação ou outros fatores que, ainda, não identificamos?

Dizíamos, ainda, que esperávamos que o presidente Lula depois de solto, exercesse, juntamente com o PT, CUT e os Movimentos sociais esse papel de comandante que impulsionaria as massas para as ruas contra esse governo, mas, o que observamos é o PT, a CUT e o Lula com uma postura conciliadora, acomodados e quase resilientes, aguardando, tão somente, a chegada das eleições de 2022 para tentar reverter esse quadro de caos político e institucional.

No entanto, parece que o grande líder Luiz Inácio Lula da Silva ouviu nossas reclamações e inquietações.  No dia 09/02/2020, durante as comemorações dos 40 anos do Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro, Lula tomou a iniciativa de que todos esperavam e disse alto e bom som: “Não temos muita alternativa. Estão destruindo tudo o que montamos, além da subserviência ao governo americano. Se não formos para a rua lutar e resistir, estaremos perdidos... A última eleição nos ensinou que ou assumimos a responsabilidade de fazer política e de discutir política ou seremos levados a rodão como na última eleição. Acusam todos de corrupção e enfiam na nossa cara esse governo que enfiaram agora. Esse é um desafio para nós. Como organizamos os movimentos sindicais de novo?1

Aliás, essa proposta do presidente Lula convocando o povo para as ruas é de fundamental importância, pois, se houver essa convulsão social espontânea os Partidos de esquerda precisam está atentos, pois, não basta demonstrar que estão contra as medidas deste desgoverno, é necessário mostrar ação. Se o Chile é exemplo dessas manifestações, esse mesmo povo dá exemplo, também, de sua rejeição a uma pseuda-esquerda chilena, em especial, ao Partido Socialista que faz parte da coalização de partidos que governou o Chile durante a chamada “Concertación de Partidos por la Democracia”,  que sustentou uma política de colaboração de classe e que por esa razão está sendo rejeitado pelo próprio povo. Portanto, que fique esses dois exemplos do Chile para a esquerda brasileira.

Por fim, tomara que este discurso do presidente Lula saia da retórica e contagie as esquerdas e os movimentos sociais e sindicais do país e impulsione as massas para as ruas para demonstrar a nossa resistência e pressionar pelo fim deste governo, por novas eleições e por uma constituinte soberana e exclusiva. E a nosssa grande chance é o dia 18 de março, essa data pode ser o marco para a redenção do povo e da classe trabalhadora do Brasil, afinal, com bem afirma Emiliano Zapata “se não há Justiça para o povo, que não haja paz para o governo”!

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