terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A SÁIDA PARA A CLASSE TRABALHADORA SÃO AS RUAS


Por: Odilon de Mattos Filho
Já escrevemos e manifestamos por várias vezes a nossa perplexidade com o estado de letargia que se encontra o povo brasileiro, as esquerdas e os movimentos sociais frente às barbáries deste governo bonapartista. A exceção neste momento são algumas categorias que se encontram em greve, sendo os Petroleiros a que mais chama atenção pela grandeza do movimento, pela coragem e pela forte resistência, mesmo diante da truculência do aparelho do Estado e da oposição ou da omissão da mídia hegemônica diante do movimento.

Aliás, sobre essa letargia do povo o compositor e cantor Arnaldo Antunes ex-Titãs escreveu: “..A gente está vendo a todo tempo os nossos governantes invertendo a verdade. Dizem que nazismo é de esquerda, que a terra é plana, que não existe aquecimento global, quem pôs fogo na Amazônia foram as ONGs, quem jogou óleo no mar foi o Greenpeace...Existe um estado de estupefação e as pessoas têm que vencer isso, dialogar e formar uma resistência mais sólida. Todos têm o dever de participar da resistência, de se posicionar...1”.


Por sua vez, a jornalista Vera Guimarães no seu Twitter, comentando a insinuação sexual do presidente Bolsonaro contra a jornalista Patrícia Campos Melo, desabafa e cobra, também, uma reação da sociedade. Diz ela: “No presente momento o presidente- militariza o Planalto, insulta a imprensa,  compra briga com 20 governadores,  confraterniza com o juiz federal de sua base eleitoral e fiscaliza a perícia no celular de um miliciano com profundas relações com sua família. Como chegamos até aqui? Além dos absurdos e abusos do Presidente vemos escancarada a vulgaridade e a desavergonhada imoralidade de tanta gente. Esses movimentos, juntos e combinados, não mostram equilíbrio, decoro e propensão ao diálogo democrático. Mostram alguém se blindando para uma guerra com múltiplos inimigos e um medo muito claro. E então, sociedade?2"

E realmente Arnaldo Antunes  e Vera Guimarães  têm razão em suas analises e é muito positivo os chamamento para a resistência, porém, não podemos perder de vista, até mesmo para poder planejar, combater e resistir, que Bolsonaro e seu governo estão longe da fragilidade que muitos pensam que estão, ao contrário, parecem cada vez mais vivos e fortes e os fatos comprovam essa assertiva. O governo conseguiu, por exemplo, aprovar quase tudo que ele pretendia no congresso nacional no ano passado, conseguiu  desmontar a educação, a saúde, a cultura, a ciência, a tecnologia e os programas sociais e mesmo assim, eles conseguem ter, uma boa base política, tanto, que Bolsonaro conta com o apoio de um terço do eleitorado, liderando a corrida presidencial de 2022. Além disso, possui a seu favor as elites historicamente predatórias representadas por um sistema judiciário apequenado, acovardado e aparelhado e por um sistema financeiro perverso que vai continuar apoiando enquanto a política econômica do governo atender aos seus interesses.

A propósito, para ratificar nossa afirmação do apoio do sistema financeiro ao governo vale citar essa informação. site “Infomoney” especializado em operações bancárias informou que somando os dividendos dos bancos Itaú, Bradesco, BB e Santander em 2019, totalizaram a seus acionista a bagatela de R$ 58 bilhões, o que corresponde 56,75% a mais que no ano de 2018, e isso com os menores juros da história, e em contrapartida, o crescimento da economia foi de míseros 1%. E o mais estarrecedor: sobre toda essa bolada os acionistas vão pagar zero por cento de imposto. É o maior valor em proventos já divulgado pelas instituições financeiras em toda a série histórica que se inicia em 2008Aqui está uma das explicações do apoio do sistema financeiro ao governo bonapartista3.
  
E neste ano vem mais bomba contra a classe trabalhadora, em especial contra o funcionalismo público com a reforma administrativa a qual, certamente, será apreciada, ainda, neste primeiro semestre para não impactar e desgastar o governo nas eleições de 2020. Teremos, também, a Reforma Tributária que certamente quem pagará o “pato” será a classe trabalhadora, a PEC da Segunda Instância que objetiva prender o presidente Lula, o Pacote Mais Brasil que trata da Revisão dos Fundos Emergenciais, a legalização da exploração agropecuária em terras indígenas, inclusive, por estrangeiros, dentre outros projetos nocivos aos trabalhadores e ao povo brasileiro em geral.

Mas, não obstante essas medidas há que se registrar um fato que pode ser um divisor de águas no futuro politico do país. Dos cinco ministros garantistas do STF, dois se aposentam em curto espaço de tempo: Celso de Mello em novembro deste ano e Marco Aurélio de Mello em junho do ano que vem. Nessas vagas, certamente, Bolsonaro indicará Sérgio Moro, até para tirá-lo da disputa presidencial de 2022 e o juiz federal do RJ o fundamentalista Marcelo Bretas. Com essas indicações Bolsonaro aumenta o seu cacife, formando na Suprema Corte uma maioria folgada de ministros legalistas, o que somado ao pragmatismo de violência, ódio e preconceito deste governo causará um retrocesso perigosíssimo ao país.

Portanto, as esquerdas e os movimentos sociais e sindicais têm que atentarem e conscientizarem de que Bolsonaro e seus asseclas não estão mortos ou fragilizados e a única chance de derrotá-lo é nas ruas, por isso, se faz necessário que os Partidos de esquerdas dê todo apoio à greve dos petroleiros e no dia 18 de março impulsionar e levar as massas para as ruas exigindo o fim deste governo, eleições gerais e uma nova constituinte, caso contrário, quem convocará o povo para as ruas são o governo, a direita e a extrema direita, e as consequências são claras: haverá um golpe de estado e um recrudescimento político nos moldes dos terríveis tempos pretéritos. 

Não podemos naturalizar as barbéries desse presidente, afinal, "quando o homem perde a capacidade de indignar-se, perde a capacidade de ser homem".  


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