Por: Odilon de Mattos Filho
Já escrevemos e manifestamos por várias
vezes a nossa perplexidade com o estado de letargia que se encontra o povo
brasileiro, as esquerdas e os movimentos sociais frente às barbáries deste
governo bonapartista. A exceção neste momento são algumas categorias que se
encontram em greve, sendo os Petroleiros a que mais chama atenção pela grandeza
do movimento, pela coragem e pela forte resistência, mesmo diante da
truculência do aparelho do Estado e da oposição ou da omissão da mídia hegemônica
diante do movimento.
Aliás, sobre essa letargia do povo
o compositor e cantor Arnaldo Antunes ex-Titãs escreveu: “..A gente está vendo
a todo tempo os nossos governantes invertendo a verdade. Dizem que nazismo é de
esquerda, que a terra é plana, que não existe aquecimento global, quem pôs fogo
na Amazônia foram as ONGs, quem jogou óleo no mar foi o Greenpeace...Existe um
estado de estupefação e as pessoas têm que vencer isso, dialogar e formar uma
resistência mais sólida. Todos têm o dever de participar da resistência, de se
posicionar...1”.
Por sua vez, a jornalista Vera Guimarães no seu Twitter, comentando a
insinuação sexual do presidente Bolsonaro contra a jornalista Patrícia Campos
Melo, desabafa e cobra, também, uma reação da sociedade. Diz ela: “No presente momento o
presidente- militariza o Planalto, insulta a imprensa, compra briga com 20 governadores, confraterniza com o juiz federal de sua base
eleitoral e fiscaliza a perícia no celular de um miliciano com profundas
relações com sua família. Como chegamos até aqui? Além dos absurdos e
abusos do Presidente vemos escancarada a vulgaridade e a desavergonhada
imoralidade de tanta gente. Esses movimentos, juntos e combinados, não mostram
equilíbrio, decoro e propensão ao diálogo democrático. Mostram alguém se
blindando para uma guerra com múltiplos inimigos e um medo muito claro. E
então, sociedade?2"
E realmente Arnaldo Antunes e Vera Guimarães têm
razão em suas analises e é muito positivo os chamamento para a resistência,
porém, não podemos perder de vista, até mesmo para poder planejar, combater e
resistir, que Bolsonaro e seu governo estão longe da fragilidade que muitos
pensam que estão, ao contrário, parecem cada vez mais vivos e fortes e os fatos
comprovam essa assertiva. O governo conseguiu, por exemplo, aprovar quase tudo que
ele pretendia no congresso nacional no ano passado, conseguiu desmontar a educação, a saúde, a cultura, a ciência, a tecnologia
e os programas sociais e mesmo assim, eles
conseguem ter, uma boa base política, tanto, que Bolsonaro conta com o apoio de
um terço do eleitorado,
liderando a corrida presidencial de 2022. Além
disso, possui a seu favor as elites historicamente
predatórias representadas por um sistema
judiciário apequenado, acovardado e aparelhado e por um sistema financeiro
perverso que vai continuar apoiando enquanto a política econômica do governo
atender aos seus interesses.
A propósito, para ratificar nossa afirmação do apoio do sistema financeiro ao governo vale citar essa informação. O site “Infomoney” especializado em operações bancárias informou que somando os dividendos dos bancos Itaú, Bradesco, BB e Santander em 2019, totalizaram a seus acionista a bagatela de R$ 58 bilhões, o que corresponde 56,75% a mais que no ano de 2018, e isso com os menores juros da história, e em contrapartida, o crescimento da economia foi de míseros 1%. E o mais estarrecedor: sobre toda essa bolada os acionistas vão pagar zero por cento de imposto. É o maior valor em proventos já divulgado pelas instituições financeiras em toda a série histórica que se inicia em 2008. Aqui está uma das explicações do apoio do sistema financeiro ao governo bonapartista3.
A propósito, para ratificar nossa afirmação do apoio do sistema financeiro ao governo vale citar essa informação. O site “Infomoney” especializado em operações bancárias informou que somando os dividendos dos bancos Itaú, Bradesco, BB e Santander em 2019, totalizaram a seus acionista a bagatela de R$ 58 bilhões, o que corresponde 56,75% a mais que no ano de 2018, e isso com os menores juros da história, e em contrapartida, o crescimento da economia foi de míseros 1%. E o mais estarrecedor: sobre toda essa bolada os acionistas vão pagar zero por cento de imposto. É o maior valor em proventos já divulgado pelas instituições financeiras em toda a série histórica que se inicia em 2008. Aqui está uma das explicações do apoio do sistema financeiro ao governo bonapartista3.
E neste ano vem mais bomba contra
a classe trabalhadora, em especial contra o funcionalismo público com a reforma
administrativa a qual, certamente, será apreciada, ainda, neste primeiro
semestre para não impactar e desgastar o governo nas eleições de 2020. Teremos,
também, a Reforma Tributária que certamente quem pagará o “pato” será a classe
trabalhadora, a PEC da Segunda Instância que objetiva prender o presidente Lula,
o Pacote Mais Brasil que trata da Revisão dos Fundos Emergenciais, a
legalização da exploração agropecuária em terras indígenas, inclusive, por
estrangeiros, dentre outros projetos nocivos aos trabalhadores e ao povo
brasileiro em geral.
Mas, não obstante essas medidas há
que se registrar um fato que pode ser um divisor de águas no futuro politico do
país. Dos cinco ministros garantistas do STF, dois se aposentam em curto espaço
de tempo: Celso de Mello em novembro deste ano e Marco Aurélio de Mello em
junho do ano que vem. Nessas vagas, certamente, Bolsonaro indicará Sérgio Moro,
até para tirá-lo da disputa presidencial de 2022 e o juiz federal do RJ o fundamentalista
Marcelo Bretas. Com essas indicações Bolsonaro aumenta o seu cacife, formando na
Suprema Corte uma maioria folgada de ministros legalistas, o que somado ao
pragmatismo de violência, ódio e preconceito deste governo causará um retrocesso
perigosíssimo ao país.
Portanto, as esquerdas e os
movimentos sociais e sindicais têm que atentarem e conscientizarem de que
Bolsonaro e seus asseclas não estão mortos ou fragilizados e a única chance de
derrotá-lo é nas ruas, por isso, se faz necessário que os Partidos de esquerdas
dê todo apoio à greve dos petroleiros e no dia 18 de março impulsionar e levar as
massas para as ruas exigindo o fim deste governo, eleições gerais e uma nova
constituinte, caso contrário, quem convocará o povo para as ruas são o governo, a direita e a extrema direita, e as consequências são claras: haverá um golpe de estado e um recrudescimento político nos moldes dos terríveis tempos pretéritos.
Não podemos naturalizar as barbéries desse presidente, afinal, "quando o homem perde a capacidade de indignar-se, perde a capacidade de ser homem".
Não podemos naturalizar as barbéries desse presidente, afinal, "quando o homem perde a capacidade de indignar-se, perde a capacidade de ser homem".
1 Fonte: https://www.brasil247.com/cultura/todos-tem-o-dever-de-participar-da-resistencia-diz-arnaldo-antunes
2-Fonte: https://www.brasil247.com/midia/jornalistas-reagem-a-bolsonaro-basta
3-Fonte:https://www.infomoney.com.br/mercados/quatro-maiores-bancos-brasileiros-da-bolsa-distribuiram-r-58-bi-em-dividendos-em-2019-itau-lidera-lista/
2-Fonte: https://www.brasil247.com/midia/jornalistas-reagem-a-bolsonaro-basta
3-Fonte:https://www.infomoney.com.br/mercados/quatro-maiores-bancos-brasileiros-da-bolsa-distribuiram-r-58-bi-em-dividendos-em-2019-itau-lidera-lista/
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