quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

THE DEPP STATE IN BRAZIL


Por: Odilon de Mattos Filho
Hoje não é novidade e muito menos é considerada uma teoria da conspiração a existência nos EUA do Deep State ou o Estado Profundo. Essa entidade, segundo alguns historiadores, já existe desde o início do século XX e é formado por grandes empresários da indústria armamentícia, farmacêutica, do entretenimento, da mídia, do sistema financeiro e de parte da estrutura do próprio governo estadunidense. Esse grupo controla e manipula, praticamente, todas as ações do governo, impondo-lhe uma agenda voltada aos interesses do Deep State. 

Segundo a jornalista Kalee Brown o Deep State “é uma entidade que controla o governo e que se esconde nas sombras, tomando todas as decisões importantes em segredo. Sua agenda política e seus verdadeiros motivos estão completamente escondidos do público e são capazes de manter o controle sobre a população, alimentando a ilusão da “democracia”...O estado profundo refere-se a um estado dentro de um estado, um grupo de pessoas que tem tanto controle dentro de um estado que elas não têm realmente que obedecer às mesmas leis, em grande parte porque são elas que as criam de acordo com os seus interesses e agendas [também indicam e controlam juízes nas altas cortes]. O estado profundo pode até incluir elementos do governo, que agem imunes às leis1”. 

A propósito o presidente do EUA Theodore Roosevelt já dissera que “atrás do ostensivo governo está entronizado um governo invisível, não devendo lealdade e não reconhecendo nenhuma responsabilidade para com o povo.” 

O pouco que sabemos sobre o Deep State, já foi o suficiente para nos convencer de que esse “sistema de controle do governo” tomou conta, também, dos governos brasileiros, especialmente, após o golpe que derrubou a presidenta Dilma. A Operação lava-jato comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro foi o grande precursor deste “Estado Profundo” que numa primeira etapa foi decisiva para o impeachment da presidente Dilma e a prisão do presidente Lula. Posteriormente, numa segunda etapa, foram responsáveis, também, pelas vitórias nas eleições de 2018 das candidaturas da extrema-direita. Hoje se sabe que o Deep State brasileiro é formado por poderosos grupos militares, pelo sistema financeiro nacional e internacional, pela mídia nativa, o agronegócio, por órgãos governamentais como, por exemplo, o Ministério da Justiça, “concidentemente”, comandado por Sérgio Moro um dos idealizadores do Deep State e tem até a pressão do fundamentalismo religioso. 

Um fato determinante e que hoje é de conhecimento até do mundo mineral, como diria Mino Carta corrobora essa nossa opinião sobre a criação do Deep State tupiniquim: a espúria troca de experiências e as parcerias entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol com agentes do Departamento de Estado e de outros organismos do governo dos EUA, inclusive, a ideia da Fundação bilionária de Dallagnol. Lembram? 

A propósito, sobre a importância da indepedência financeira deste Estado Profundo, o advogado John W. Whitehead tem uma posição que ajuda a mostrar o porquê o procurador Dallagnol fez de tudo para criar a tal Fundação. Diz John Whitehead “...se existe algo que o Estado Profundo exige, é um fluxo de caixa ininterrupto e silencioso e a confiança de que as coisas continuarão como no passado. Está até mesmo disposto a tolerar um certo impasse: a luta partidária pelo lamaçal em questões culturais pode ser uma distração útil de sua agenda2”. 

O Deep State, como afirmamos acima, utiliza de várias artimanhas, como, por exemplo, a guerra híbrida para subjulgar o povo e impor as suas políticas de ajustes, para tanto, são capazes de destruir qualquer ação que coloque em risco os seus planos e isso não apenas com relação aos Partidos de oposição ou Movimentos Sociais e/ou Sindicais, mas, até mesmo o governo central pode ser vítima deste Estado Profundo em algum momento, especialmente, se não seguir à risca a sua cartilha. 

No caso brasileiro, entendemos que o governo Bolsonaro só está se sustentando graças ao cumprimento da agenda imposta por este Estado Paralelo que está conseguindo emplacar todos os seus projetos políticos e econômicos. Estamos acompanhando, por exemplo, o recrudescimento das missões para a Garantia da Lei e da Ordem, o desmantelamento das políticas sociais, a aprovação no parlamento das reformas trabalhista e previdenciária, as privatizações, as políticas de interesse do agronegócio, como por exemplo, liberação dos agrotóxicos, autorização para alienação de terras para estrangeiros, fim das demarcações de terras indígenas, desmatamento de nossas florestas e outros projetos que certamente virão nos próximos meses, ou seja, estamos diante de um poderoso grupo orgânico que comanda, por fora e "nas sombras" o governo central que tem na presidência um aliado que foi colocado no Poder para cumprir fielmente a agenda do Deep State. 

Assim, não resta dúvida de que estamos diante de um Poder Paraelo que é real e que nos afigura muito lesivo à soberania nacional e ao Estado Democrático de Direito. Dessa maneira, se faz imperioso que os Partidos de esquerda denuncie permanentemente no Parlamento a existência deste Estado Profundo e comitantemente com os movimentos sindicais e sociais impulsionem as massas para resistirem e tomarem as ruas do país denunciando esse Deep State e exigindo eleições gerais e uma nova Constituinte livre e soberana, afinal, como bem disse o grande líder Emiliano Zapata: “Se não há Justiça para o povo, que não haja paz para o governo”. 




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