"A arte de agradar muitas vezes encobre a arte de enganar"
Não temos dúvidas de que as eleições de 2014 serão as mais
disputadas depois da redemocratização do país, e certamente, será também, a
mais calorosa no diz respeito às ofensas pessoais, factoides, mentiras, ou
seja, será um vale tudo para tentar interromper o ciclo dos governos
trabalhistas.
O pontapé para essa disputa já
teve início, e as grandes novidades foram o fracasso da criação do Partido
“Rede de Sustentabilidade”, e por consequência a filiação de Marina Silva no
PSB do presidenciável Eduardo Campos.
Na coletiva de imprensa
realizada para anunciar a união entre Marina Silva e Eduardo Campos os
discursos foram afiadíssimos, ambos afirmaram que o objetivo dessa união é
enterrar a República Velha e iniciar uma nova maneira de fazer política no
Brasil.
Evidentemente
que se trata de um falso discurso eleitoreiro e um lamentável e covarde
esquecimento da auspiciosa história recente do país, do qual os dois foram
muito beneficiados. Portanto, uma ingratidão e ao mesmo tempo uma tentativa de
enganar o povo, pois não há renovação alguma na maneira de fazer política, ou
será que as filiações ao PSB de figuras como Heráclito Fortes do PFL/DEM,
Paulo Bornhausen, filho do Ex-presidente do PFL, Jorge Bornhausen, Ronaldo Caiado da ultraconservadora UDR, e tantas outras
figuras genuinamente de direita representam uma renovação da política
brasileira? Será que Marina Silva que
passou a vida inteira combatendo as construções de hidrelétricas, em especial,
as usinas atômicas, se curvou, de uma hora para outra, ao Projeto do ex-ministro
Roberto Amaral do PSB, fiel defensor das pesquisas nucleares?
Aliás,
nesse sentido vale transcrever trecho do preciso artigo do brilhante jornalista
Paulo Moreira Leite:”...O errado é querer tingir o cabelo, fazer uma lipo, tomar um
banho de butique e pensar que ninguém enxerga os sinais da
plástica. Para quem é adversaria assumida das usinas hidroelétricas, é
que Marina Silva tenha ingressado no mesmo partido do ex-ministro Roberto
Amaral, um dos poucos políticos brasileiros que é partidário declarado de
pesquisas nucleares, seja para fins pacíficos, e mesmo para conhecimento da
fissão atômica, necessário para a produção de artefatos militares...Que
renovação é essa, meus amigos? Simples. É a renovação de quem procura um
palanque, confunde a memória e quer nos fazer acreditar que não houve
história...”.
A propósito, para se ver o tamanho da hipocrisia dessa união, Marina Silva, seis meses atrás afirmou ao jornal Estadão que a "...antecipação da eleição leva para uma agenda do imediatismo que não nos dá o tempo para colocar termos de referência claros. Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.”
A propósito, para se ver o tamanho da hipocrisia dessa união, Marina Silva, seis meses atrás afirmou ao jornal Estadão que a "...antecipação da eleição leva para uma agenda do imediatismo que não nos dá o tempo para colocar termos de referência claros. Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.”
Mas de qualquer maneira, a
união foi selada, resta agora tentarmos fazer uma análise dos desdobramentos.
No nosso modesto entendimento essa união foi interessante para as pretensões de
Eduardo Campos, quarto colocado nas pesquisas para 2014, pois, afasta uma
concorrente e pode arrastar a classe média da região sudeste. Para o PMDB foi
também benéfico, pois, agora tem maior cacife para pressionar o governo com
maior participação nos Ministérios e para as disputas estaduais. Para Dilma,
pouco muda, pois, ela tem o maior cabo eleitoral do país que é o ex-presidente
Lula, a máquina administrativa e possui ainda, grande apoio popular. O grande
perdedor nessa história, sem dúvidas, é o PSDB, pois a eleição perde a
polaridade PT/PSDB, e os “Tucanos” ainda podem ver o seu palanque diminuído com
as possíveis saídas do PPS e DEM em direção ao socialismo verde.
Assim, de toda essa espúria realidade,
chegamos à conclusão de que realmente não há e nem haverá renovação política no
Brasil enquanto persistir esse modelo de presidencialismo de colisão no qual o
Poder Executivo só consegue governar com a maioria no Congresso Nacional por
meio de barganhas e arranjos políticos, ou seja, troca-se os compromissos programáticos
e ideológicos pelo pragmatismo político.
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