quarta-feira, 14 de março de 2012

“A ANISTIA NÃO PODE CONVERTE-SE EM AMNÉSIA”



"Tortura Nunca Mais..!"

É unânime entre os brasileiros, que os vinte e um anos de “ditadura militar” foi um dos mais tristes capítulos da nossa história.

O golpe de 1964, apoiado por parte da grande mídia e pelas elites agrárias e industriais do país, resultou na cassação de direitos políticos, repressão aos movimentos sociais, censura ao meios de comunicação e aos artistas, implantação do bipartidarismo, o uso de métodos violentos, inclusive a tortura contra os opositores ao regime, entre tantas outros barbáries. 
    
Com o fim da ditadura, o Brasil inicia um processo de redemocratização. Primeiro, vieram às eleições indiretas, depois, em 1988, a promulgação da nova Constituição Federal, e finalmente, em 1989 a primeira eleição direta após o regime de “chumbo”.

Contudo, está claro que esse ciclo de redemocratização do país não se completou, falta ainda, conhecermos as entranhas do regime militar que marcou de forma indelével a vida dos brasileiros em dos períodos mais cruéis de nossa história recente.

Procurando completar esse ciclo, foi criada a “Comissão da Verdade” por meio da Lei nº 12.528/2011. Essa Comissão tem como finalidade examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período da ditadura militar, a fim de efetivar o direito à memória, à verdade histórica, e promover a reconciliação nacional. 
                            
Contudo, logo após a sanção dessa lei, e frente algumas manifestações de Ministros do Governo Dilma sobre esse período de chumbo, houve uma imediata reação dos militares da reserva, por meio de um manifesto intitulado, Alerta à Nação – eles que venham, por aqui não passarão”.   

Dentre os pontos desse “ameaçador” manifesto, os castrenses escreveram: “...os Clubes Militares expressam a preocupação com as manifestações de auxiliares da presidente sem que ela, como a mandatária maior da nação, venha a público expressar desacordo com a posição assumida por eles e pelo partido ao qual é filiada e aguardam com expectativa positiva a postura de Presidente de todos os brasileiros e não de minorias sectárias ou de partidos políticos”.

Logo depois de postado o Manifesto no site do “Clube Militar”, o mesmo foi retirado por ordem do comandante do Exército, General Enzo Perri. Porém, demonstrando a costumeira arrogância e prepotência, os militares de “pijama”, acompanhados de alguns “companheiros” da ativa, reagiram com uma Nota equivocada e de flagrante afronta à Comandante-em-chefe das Forças Armadas, Presidenta Dilma Rousseff. Diz a Nota: ”Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo...”.

Não há dúvidas de que essas Notas raivosas dos militares não passam de lamentáveis tentativas de chantagear o Governo e de amedrontar a sociedade com a sombra do passado, além do que, é uma inequívoca demonstração da dificuldade dos militares aceitarem um civil com perfil progressista à frente do Ministério da Defesa.

Os militares têm de entender que não adianta espernear contra a Comissão da Verdade, e contra as legítimas manifestações de Ministros. Os tempos são outros. Sua gritaria não ganha eco na sociedade, pois, os seus fiéis colaboradores de outrora, a grande mídia, as elites e os EUA se sucumbiram. O primeiro com o advento das redes sociais, o segundo com o fortalecimento da sociedade organizada, e o terceiro com a falência e quebradeira de seu país. Ademias, o povo está mais consciente, tanto, que exigi do Estado brasileiro que toda a verdade do passado histórico sobre os abusos e violações dos direitos humanos cometidos pelos militares venham à tona, e que os culpados, sejam julgados e devidamente punidos. “A Anistia não pode converter-se em Amnésia”.

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