"Tortura Nunca Mais..!"
Com
o fim da ditadura, o Brasil inicia um processo de redemocratização. Primeiro,
vieram às eleições indiretas, depois, em 1988, a promulgação da nova
Constituição Federal, e finalmente, em 1989 a primeira eleição direta após o
regime de “chumbo”.
Contudo,
está claro que esse ciclo de redemocratização do país não se completou, falta
ainda, conhecermos as entranhas do regime militar que marcou de forma indelével
a vida dos brasileiros em dos períodos mais cruéis de nossa história recente.
Procurando
completar esse ciclo, foi criada a “Comissão da Verdade” por meio da Lei nº
12.528/2011. Essa Comissão tem como finalidade examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos
praticadas no período da ditadura militar, a fim de efetivar o direito à
memória, à verdade histórica, e promover a reconciliação nacional.
Contudo,
logo após a sanção dessa lei, e frente algumas manifestações de Ministros do
Governo Dilma sobre esse período de chumbo, houve uma imediata reação dos
militares da reserva, por meio de um manifesto intitulado, “Alerta à Nação – eles que venham,
por aqui não passarão”.
Dentre
os pontos desse “ameaçador” manifesto, os castrenses escreveram: “...os Clubes
Militares expressam a preocupação com as manifestações de auxiliares da
presidente sem que ela, como a mandatária maior da nação, venha a público
expressar desacordo com a posição assumida por eles e pelo partido ao qual é
filiada e aguardam com expectativa positiva a postura de Presidente de todos os
brasileiros e não de minorias sectárias ou de partidos políticos”.
Logo depois de postado o Manifesto no site do “Clube Militar”, o
mesmo foi retirado por ordem do comandante do Exército, General Enzo Perri. Porém,
demonstrando a costumeira arrogância e
prepotência, os militares de “pijama”, acompanhados de alguns “companheiros” da
ativa, reagiram com uma Nota equivocada e de flagrante afronta à
Comandante-em-chefe das Forças Armadas, Presidenta Dilma Rousseff. Diz a Nota:
”Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site
do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele
retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do
Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou
legitimidade para fazê-lo...”.
Não há dúvidas de que essas Notas raivosas dos militares não
passam de lamentáveis tentativas de chantagear o Governo e de amedrontar a
sociedade com a sombra do passado, além do que, é uma inequívoca demonstração
da dificuldade dos militares aceitarem um civil com perfil progressista à
frente do Ministério da Defesa.
Os militares têm de
entender que não adianta espernear contra a Comissão da Verdade, e contra as
legítimas manifestações de Ministros. Os tempos são outros. Sua gritaria não
ganha eco na sociedade, pois, os seus fiéis colaboradores de outrora, a grande
mídia, as elites e os EUA se sucumbiram. O primeiro com o advento das redes
sociais, o segundo com o fortalecimento da sociedade organizada, e o terceiro
com a falência e quebradeira de seu país. Ademias, o povo está mais consciente,
tanto, que exigi do Estado brasileiro que toda a verdade do passado histórico sobre
os abusos e violações dos direitos humanos cometidos pelos militares venham à
tona, e que os culpados, sejam julgados e devidamente punidos. “A Anistia não
pode converter-se em Amnésia”.
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