quinta-feira, 14 de abril de 2011

A TRAGÉDIA NA ESCOLA DE REALENGO: O QUE FAZER AGORA?



   "Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia"- Albert Einstein



 No dia 07 de abril o povo brasileiro foi surpreendido com a triste notícia da tragédia ocorrida na Escola Municipal “Tasso da Silveira” no Rio de Janeiro, onde um psicopata disparou mais de sessenta tiros com uma arma de fogo, levando à morte doze crianças e ferindo mais dezoito.

 

Logo após este terrível crime, foi desencadeado pela grande mídia, de forma açodada, um tendencioso debate para discutir os motivos que levaram o jovem Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos de idade, a cometer tal barbaridade, e como não poderia ser diferente, a tragédia foi espetaculizada e foi dado ao caso um tom ideológico tentando ligar o criminoso ao “fanatismo” islâmico, quando na verdade trata-se de um psicopata, sem nenhuma referência familiar e totalmente descontrolado emocionalmente.

                                      

Aliás, comentando este comportamento da imprensa o jornalista Mauro Santayana, com a costumeira precisão escreveu:  “É difícil entender como um rapaz de 23 anos se arma e volta à escola onde estudara, a fim de atirar contra adolescentes. No calor dos fatos, com a irresponsabilidade comum a alguns meios de comunicação, associaram o crime ao bode expiatório de nosso tempo, o “terrorismo muçulmano”. No interesse dessa ilação, chegaram  a anunciar que isso estava explícito na carta que ele deixou....”

 

Outra atitude irresponsável da “mídia nativa” foi a de tentar responsabilizar os governos Estadual e Municipal pela tragédia. Segundo o conceito da imprensa, as Escolas deveriam receber apenas os alunos, Professores e funcionários, além do que, deveriam ser equipadas com detectores de metais e um severo controle nas portarias. Contudo, a mídia se esqueceu que as Escolas Públicas do Brasil estão cada vez mais abertas à comunidade. Aliás, neste sentido o Ministro da Educação disse: “Será que uma instituição tão segura a ponto de impedir que um ex-aluno frequente as suas instalações ainda é uma escola?...O envolvimento e a participação da comunidade ainda é o melhor antídoto. Não há equipamento de segurança que seja capaz de prevenir a ação de um psicopata”.

 

Essa integração da comunidade com a Escola é tão importante que até a ONU possui um Programa denominado “Escola Aberta: a apropriação do espaço público pela comunidade”, cujo objetivo é “contribuir para romper o isolamento institucional da escola e fazê-la ocupar papel central na articulação da comunidade, materializando um dos fundamentos da cultura de paz: estimular a convivência entre grupos diferentes e favorecer a resolução de conflitos pela via da negociação”.

Portanto, não faz nenhum sentido isolar as Escolas da Comunidade e trancá-las como se fossem condomínios de luxo.

 

Diante de tudo, este é o momento de se discutir, de forma célere, mas responsável, os fatores que aparentam secundários, mas que podem ser determinantes para induzir alguém a cometer uma barbárie igual a essa de Realengo. Neste sentido se faz necessário, por exemplo, debater como se adquire armas de fogo com tanta facilidade no Brasil. Discutir porque mesmo com o Estatuto do Desarmamento, mais de 50% das armas que circulam no País são ilegais. Debater o sério problema de bullyng nas Escolas, e finalmente, discutir as grades de programações das emissoras de TV, em especial, com relação aos filmes e novelas que, claramente, incentivam a violência física e moral, ou seja, já está na hora, mesmo com a oposição da mídia, de regulamentar o artigo 221 da Constituição Federal, que prevê, por exemplo, que a programação de rádio e televisão dará preferência às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, respeitando os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

 

Portanto, malgrado a grave tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, há uma imperiosa necessidade do comprometimento de todos os Políticos e da sociedade organizada para encontrar um caminho para colocar fim a esse triste quadro de violência que assola o País. E a mídia, cabe cumprir o seu inerente e valioso papel de informar a sociedade de maneira responsável e sem ideologizar e espetaculizar essa e outras tragédias.     

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