Não
obstante as inúmeras ilegalidades e arbitrariedades que cercaram as eleições de
2018, um fato já era de conhecimento da ampla maioria da população: o modelo econômico pautado pelo capital internacional que seria empregado pelo governo Bolsonaro e sua camarilha da extrema-direita.
Neste contexto há, ainda, um fato, no mínimo estranho para não dizer leviano. A esquerda e o governo PTista deveria ter tido conhecimento prévio do desfecho que estamos vivenciando hoje, pois, tudo isso começou a ser arquitetado no ano de 2006, quando foi julgada a Ação Penal 470 mais conhecida, como Mensalão.
Depois
do exitoso primeiro mandato do presidente Lula e a possibilidade de sua
reeleição, a direita começou a planejar o golpe, pois, sabia que pelas urnas
seria muito difícil derrotar a esquerda. Foi assim que surgiu AP 470, a primeira
etapa do plano: “não tenho provas contra José Dirceu, mas, a literatura me
permite condená-lo”, Ministra do STF Rosa Weber. Lembram?
Pois
bem, essa etapa não derrubou a esquerda. Lula foi reeleito, terminou o mandato com uma extraordinária
aprovação de 86% e elegeu a Dilma que, depois se reelegeu, mas, não terminou o
seu governo, pois, entrou em cena uma nova etapa do plano dos golpistas, desta
feita, por meio de um guerra híbrida, ou seja, o pesado e decisivo apoio da mídia nativa, do empresariado, dos rentistas e do Sistema Judiciário Brasileiro com a malfadada, Operação Lava-jato. Essa etapa foi decisiva, pois, derrubou a Dilma e condenou o presidente Lula por meio de um processo, absolutamente, ilegal, arbitrário e sujo,
conforme revelado pelo The Intercept. Depois, para fechar com chave-de-ouro,
Lula foi impedido de disputar as eleições de 2018, na qual era o grande
favorito.
Resumidamente,
essa foi à macabra história de um plano arquitetado pela direita brasileira que
demorou treze anos para ser concluído, e sejamos honestos, vitorioso até o momento.
Com
a eleição de Bolsonaro a direita e a extrema-direita se viram na oportunidade
de concluir os seus sonhos e objetivos: entregar todas as nossas riquezas para
o capital internacional e colocar em prática a política econômica dos Chicago
Boys de Paulo Guedes implantada no Chile nos obscuros tempos do general Augusto
Pinochet.
Aliás, um nefasto modelo econômico adotado por vários países e que está destruindo a natureza e levando o povo a um empobrecimento assustador.
A propósito, neste sentido o Papa Francisco com sabedoria e coragem vem denunciando essa calamidade. Disse Sua Santidade"..a pessoa frágil e vulnerável encontra-se indefesa diante dos interesses do mercado divinizado, que se tornaram regra absoluta. Hoje, alguns setores econômicos têm mais poder que os próprios Estados. Esta realidade torna-se mais evidente em tempos de globalização do capital especulativo...O capital financeiro global está na origem dos crimes graves contra as pessoas e o meio ambiente. Trata-se de uma criminalidade organizada pelo excesso de endividamento dos Estados e pela pilhagem dos recursos naturais do nosso planeta, que pode ser comparada a crimes contra a humanidade, quando levam à fome, pobreza, migração forçada e morte por doenças evitáveis, desastres ambientais e extermínio dos povos indígenas1".
Aliás, um nefasto modelo econômico adotado por vários países e que está destruindo a natureza e levando o povo a um empobrecimento assustador.
A propósito, neste sentido o Papa Francisco com sabedoria e coragem vem denunciando essa calamidade. Disse Sua Santidade"..a pessoa frágil e vulnerável encontra-se indefesa diante dos interesses do mercado divinizado, que se tornaram regra absoluta. Hoje, alguns setores econômicos têm mais poder que os próprios Estados. Esta realidade torna-se mais evidente em tempos de globalização do capital especulativo...O capital financeiro global está na origem dos crimes graves contra as pessoas e o meio ambiente. Trata-se de uma criminalidade organizada pelo excesso de endividamento dos Estados e pela pilhagem dos recursos naturais do nosso planeta, que pode ser comparada a crimes contra a humanidade, quando levam à fome, pobreza, migração forçada e morte por doenças evitáveis, desastres ambientais e extermínio dos povos indígenas1".
Mas,
o que nos chama atenção no cumprimento dos objetivos desse governo e que deveria ser objeto
de análise por parte dos estudiosos do comportamento humano e da política, é como em um curto espaço de tempo, apenas onze meses, um governo sem credibilidade
moral, ética e com uma aprovação popular baixíssima (30%) tem o atrevimento de preparar
e aprovar um conjunto de medidas, amplamente, impopulares e danosas ao país sem
qualquer oposição ou revolta popular.
Bolsonaro
conseguiu aprovar uma reforma da previdência que massacra a classe trabalhadora,
retirou várias conquistas e direitos dos trabalhadores, reduziu drasticamente e
vai liquidar com todos os programas sociais, já entregou a Embraer aos EUA, está entregando toda nossa riqueza
ao capital internacional, inclusive, áreas estratégicas, como por exemplo, o
petróleo, a energia, o solo, a Floresta Amazônica, a base de Alcântara e agora,
até a Casa da Moeda vai ser privatizada. E para fechar ele apresentou nessa semana
do 05/11/2019, três PEC's que, se aprovadas, coloca um fim ao pacto federativo, destrói os serviços públicos, desapare com os pequenos municípios, extingui mais de 240 Fundos Públicos, como, por exemplo, o FAT e tudo isso sob o
eufemismo de pagar a dívida pública, mas, que na verdade o objetivo é encher os cofres
dos banqueiros e rentistas. Além disso, essa política entreguista faz parte de um projeto de Poder político, econômico e financeiro de longo prazo.
Em
qualquer país do mundo se a metade dessas atrocidades políticas fossem colocadas em práticas, os povos já tinham se rebelado e
ganhado às ruas com grandes protestos, como acontece, por exemplo, no Líbano, Argélia,
Chile, Equador, Argentina, Hong Kong, Iraque, etc.
Aliás,
nesse sentido o Editorial do Jornal “O Trabalho” Nº 496, nos chama atenção sobre
a movimentação que acontece mundo afora contrária a essas políticas: “A ordem
mundial ditada pela sobrevivência da propriedade privada dos grandes meios de
produção, do imperialismo em crise, assenta-se sobre um barril de pólvora que
explode em vários países. Neste ano, inaugurado pela revolução argelina, as
explosões atingem países em todos os continentes. É a inexorável luta de
classes que marca o cenário mundial convulsionado...Os
povos se revoltam, querem viver e cada vez mais expressam a rejeição aos
regimes que cumprem as ordens mortíferas do imperialismo2”.
Portanto,
não conseguimos entender, ainda, como toda essa destruição acontece no Brasil e não há uma grande revolta
popular contra esse caos. Como explicar essa letargia do povo, será problema cultural, falta de lideranças? Será que o presidente Lula é esse grande líder que
comandará a tão esperada e imperiosa reação popular?
Por fim, vale aqui relembrarmos os dois primeiros versos da canção "O que foi feito deveras" de Milton Nascimento, que resume bem todo o nosso sentimento com relação a essa prostação coletiva:
"O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou?
O que foi feito da vida, o que foi feito do amor?”
Por fim, vale aqui relembrarmos os dois primeiros versos da canção "O que foi feito deveras" de Milton Nascimento, que resume bem todo o nosso sentimento com relação a essa prostação coletiva:
"O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou?
O que foi feito da vida, o que foi feito do amor?”
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