sexta-feira, 1 de março de 2019

SÉRGIO MORO A CARICATURA DE UM GOVERNO CARICATO


Por: Odilon de Mattos Filho
É de conhecimento, até do mundo mineral, como diria o grande jornalista Mino Carta, que o ex-juiz federal Sérgio Moro foi, nos últimos quatro anos, o personagem mais badalado, admirado, poderoso, impiedoso e temido da vida política da república tupiniquim. 



O ex-juiz Sérgio Moro contando com os irrestritos apoios da mídia comercial, dos tribunais superiores e de forças externas, não mediu esforços para alcançar seus objetivos pessoais de tentar criminalizar o PT e destruir a vida política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para tanto, foi capaz de atrocidades e manobras jurídicas jamais imaginadas no mundo acadêmico e na praxe do Sistema Judiciário Brasileiro. 

A relação e a conduta profissional de Sérgio Moro durante as investigações da Operação Lava-jato sempre teve contornos políticos/ideológicos e de defesa dos interesses de uma pequena elite conservadora do país e do capital internacional, especialmente dos EUA. 

Não vamos aqui relembrar todas as suas manobras, gincanas jurídicas e todo o seu esforço para tirar o presidente Lula da disputa das eleições de 2018. Este é mais um vergonhoso e abominável capítulo do sistema judiciário brasileiro que, certamente, já entrou para o anais da história do país. 

E a grande evidência dessa afirmativa, foi à nomeação ou prêmio recebido das mãos do presidente Bolsonaro que lhe entregou o ministério da justiça, aliás, esse cargo de ministro é apenas uma parte desse prêmio, pois, a grande recompensa pode ser a sua indicação para ministro do STF ou até mesmo ser o sucessor de Bolsonaro em 2022. Porém, dependendo do humor do capitão e de seus filhinhos co-presidentes, pode também, que Sérgio Moro seja, simplesmente, enxotado do ministério e desaparecer como fumaça da cena política do país. 

Empossado como ministro da justiça, não demorou muito e o poderoso Sérgio Moro metamorfoseou-se e assim como outros personagens de “importância” secundária e passageira da república, quase caiu no total esquecimento, só não aconteceu devida as suas desastrosas manifestações que o coloram na mídia, não mais como um juiz poderoso e temido, mas, tão somente como um homem/político apequenado, pusilânime e sem brilho próprio. 

Em uma de suas primeiras entrevistas Sérgio Moro deixou às vistas sua frouxidão. Essa característica veio à tona quando perguntado sobre o caixa dois utilizado nas eleições pelo ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni. Pouco tempo antes de assumir o ministério o carrasco e juiz Sérgio Moro assim se manifestou sobre o caixa2: “Muitas vezes o caixa dosi é visto como um ilícito menor, mas, é trapaça numa eleição”. Continuando ele acrescentou: “...Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito...1”. 

Já no caso do seu colega de ministério, Onyx Lorenzoni, o ministro Sérgio Moro em sua primeira metamorfose, relevou esse crime e disse: “Ele [Lorenzoni] mesmo admitiu os seus erros, pediu desculpas e tomou as providências para repará-los2”. 

Depois desse episódio, volta à cena o destemido Sérgio Moro, desta feita apresentando um projeto de lei, que mesmo rechaçado pela maioria dos juristas pátrios, promete ser a panaceia para os males da corrupção e do crime organizado, inclusive, neste projeto criminalizava-se o caixa dois. No entanto, poucos dias após a apresentação do projeto, Sérgio Moro foi enquadrado pelos Bolsonaristas de plantão e voltou a ser o frouxo que se revelou no ministério. Imediatamente retirou o caixa dois do projeto afirmando que "...houve reclamações por parte de agentes políticos de que o caixa 2 é um crime grave, mas não tem a mesma gravidade de corrupção, crime organizado e crimes violentos. Então, nós acabamos optando por colocar a criminalização num projeto à parte mas que está sendo encaminhado..3” 

Depois desses vieram outros fatos que marcam essa nova personalidade de Sérgio Moro, como, por exemplo, o silêncio obsequioso sobre o caso de corrupção envolvendo os filhos de Bolsonaro e o assessor/motorista/laranja Fabrício Queiros. 

E por último, mais um fato que demonstra que Sérgio Moro de valente Pitbull agora não passa de um dócil print já devidamente adestrado pelo Palácio do Planalto e seus comparsas. 

O ex-intrépido justiceiro Sérgio Moro nomeou para assumir a suplência no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária a Cientista Política lona Szabó de Carvalho. Não tardou muito e a indústria das armas e a bancada da bala pressionaram o capitão presidente para que Iona fosse exonerada e imediatamente Bolsonaro deu a ordem ao ministro para que cumprisse o solicitado, pois, a professora não é bem quista no meio "balístico" pelas suas posições contrárias a certas pautas de Bolsonaro, especialmente, com relação à posse de armas. 

Esse caso foi tão espantoso, não pela atitude de Bolsonaro, mas sim pela falta de reação de Sérgio Mor que até a mídia que sempre lhe foi condescendente reagiu duramente contra o ministro. O insuspeito “colonista” Josias de Souza, por exemplo, escreveu: Em dezembro, dias antes de se alistar na tropa ministerial de Jair Bolsonaro, Sergio Moro declarou: "Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico." Jactava-se de ter recebido do presidente uma "carta branca". De duas, uma: ou Moro é daltônico ou fez uma opção preferencial pela antoenganação. A carta que recebeu do capitão nada tem de branca...Mantido o ritmo atual de encolhimento, o ex-juiz da Lava Jato logo estará dormindo numa caixa de fósforos, atormentado pela doença que transforma os Bolsonaro em gigantes. O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído da plateia perguntando aos seus botões: "Afinal, a que temperatura ferve a biografia de Sergio Moro?4” .

Este fato se não inusitado, nos afigura também, extremamente, constrangedor para o ministro Sérgio Moro, demonstrando, claramente, que ele não goza mais do prestígio de outrora e hoje, depois de ter cumprido o seu papel de carrasco e justiceiro  perdeu completamente a serventia, e agora não passa de um mero político e de mais uma caricatura de um governo caricato, estonteado e sem nenhum comando. Viva o Brasil..! 



































































1Fonte:https://oglobo.globo.com/brasil/nos-eua-moro-diz-que-caixa-2-pior-do-que-corrupcao-21183122
3 Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/caixa-2-nao-e-corrupcao-diz-moro-sobre-fatiamento-de-projeto-anticrime,45677b1a78065dd4892e68e20feabf46ipyusac6.html 
4 Fonte: https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/

0 comentários:

Postar um comentário