quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O JUDICIÁRIO EMPURRA O BRASIL PARA AS MÃOS DA EXTREMA DIREITA




Por: Odilon de Mattos Filho
É fácil constatar que a história política partidária do Brasil passa por momentos de pura dicotomia ideológica pós redemocratização do país. 


Os quatro maiores Partidos Políticos do Brasil (bancada e filiações) nasceram na década de oitenta. O PMDB surgiu do antigo MDB em 1980 como um Partido de centro. Depois nasce o PT como um Partido de esquerda; em seguida surge PSDB tido como de centro-esquerda e por fim, em 1985, é lançado o PFL oriundo da Arena e hoje DEM, declaradamente de direita. 

A primeira eleição após a redemocratização do Brasil aconteceu em 1989 e já nessa época o PT disputou o segundo turno das eleições com o pequeno PRN que elegeu o seu candidato, Fernando Collor de Mello como presidente do Brasil, apoiado pelo PSDB, PFL e PMDB. Dois anos após a posse de Collor o país vive o seu primeiro abalo sísmico/político. Depois de vir à tona um escândalo de corrupção, Fernando Collor renuncia para evitar o seu impeachment e toma posse o vice-presidente Itamar Franco, até então PRN e logo depois PMDB. É neste momento que as dicotomias ideológicas começam a realçar. 

O presidente Itamar Franco nomeia em 1993, Fernando Henrique Cardoso (FHC) do PSDB como Ministro da Fazenda. Neste momento o PSDB passa a ser um Partido de Centro-direita, relegando o seu caráter ideológico social-democrata. 

O ponto central desta mudança veio com o Plano Real que foi influenciado, segundo o jornalista João Sicsú “...pelas ideias do economista inglês John Maynard Keynes e pelas experiências hiperinflacionárias europeias (da primeira metade do século XX), mas que contou com uma questionável administração de economistas brasileiros e com as (des)orientações do FMI. Longe de ter sido idealizado por Fernando Henrique Cardoso, o plano foi organizado e dirigido exclusivamente pelos economistas do PSDB...1”.

Diante do pseudosucesso do Plano Real, FHC com o total e irrestrito apoio dos barões da mídia, do PMDB, DEM e de outros Partidos do campo conservador, se candidata a presidente da república em 1994, vence as eleições e se reelege em 1998. Os seus dois mandatos foram marcados por políticas econômicas neoliberais alinhadas com o FMI, Banco Mundial e com o Consenso de Washington, o que jogou o Partido de uma vez por todas, para o campo de centro-direita.

Com o fracasso das políticas de FHC surge com muita força a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores. Em 2002, Lula vence a sua primeira eleição e o país começa a sofrer algumas grandes transformações, especialmente, com as políticas sociais adotadas pelo governo e por uma política econômica de desenvolvimento pautada por uma forte presença do Estado. Frente ao sucesso dessas políticas Lula se reelege, faz a sua sucessora Dilma Rousseff que também se reelege em 2014. No entanto, considerando o arco de alianças, os dicursos e o não aprofundamento das politicas econômicas e sociais o PT deixa de ser um Partido de esquerda e passa ser considerado de centro-esquerda.

Após, deflagrado o impeachment da presidenta Dilma Rousseff assume o Poder o seu vice, Michel Temer do PMDB que com o apoio do PSDB, DEM e de outras forças do campo conservador iniciam um verdadeiro desmonte do Estado, com politicas de privatizaçõe, recessão e estrangulamento da produção, corte de direitos da classe trabalhadora, corte e congelamento de receitas para áreas de saúde e educação e fim das políticas sociais. Concomitantemente, surge a famosa Operação da Polícia Federal denominada Lava-jato. Essa operação foi determinante para a queda da presidenta Dilma que, diga-se de passagem, foi apeada do Poder sem crime de responsabilidade e sem culpa, num processo que entra para história como o maior golpe político/jurídico/midiático do Brasil.

Essa operação Lava-jato, distribuída para o Sistema Judiciário do Paraná, em claro descumprimento ao princípio do juiz natural, ficou sob o comando do juiz Sérgio Moro titular da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba que vem agindo de forma ideológica, partidarizada e persecutória, especialmente, contra o PT e o presidente Lula. Essa operação, malgrado a sua importância de revelar a promiscuidade entre os setores privados e públicos, teve, também, objetivos, hoje não mais ocultos, de criminalizar a política, tentar destruir e impedir que o PT e o presidente Lula voltem ao Poder, quebrar as grandes empresas de infraestrutura do país e entregar toda nossa riqueza natural para as mãos de empresas internacionais. Além disso, toda essa sanha contra a corrupção e a clara persecução penal contra o presidente Lula, fez com que despertasse em boa parte do povo brasileiro um sentimento até então represado: começa aparecer, Brasil afora, movimentos fascistas, atitudes de ódio, intolerância e de preconceitos jamais visto no país. 

Diante deste caos patrocinado pelo sistema judiciário brasileiro e frente à falência das instituições que se encontram apequenadas, acovardas e carcomidas o país assiste, uma vez mais, a guinada nos processos ideológicos dos Partidos Políticos e a ascensão de figuras arcaicas e perigosas que nos remetem a períodos de tristes lembranças. 

O PMDB, por exemplo, que outrora foi de centro, hoje é de direita. O PSDB de uma social democracia foi levado à direita com viés de extrema direita com a escolha da senadora Ana Amélia do PP/RS como vice de Alkmin, uma ruralista preconceituosa e conservadora; o PT fez o papel inverso, parece que retorna à sua origem de esquerda com discursos ideológicos e nacionalistas e com alianças no campo progressista (PCdoB, PSB, PCO, etc), e até o PDT do velho e saudoso Brizola foi contaminado e levado para o centro direita quando Ciro Gomes buscou apoio dos corruptos do centrão e com a escolha da senadora Kátia Abreu como sua vice na chapa majortária, outra ruralista conservadora e neoliberal. 

Já no campo pessoal essa intolerância fez surgir o presidenciável Jair Bolsonaro e seu vice, o general Hamilton Mourão que formam a segunda força na corrida presidencial, atrás apenas de Lula e com o mesmo discurso que toma conta de boa parte do Brasil com conteúdos de ódio, intolerância, preconceito e a apologia à violência, sem contar que são defensores de um Estado mínimo e de políticas neoliberais. A propósito e para ratificar esse pensamento baixo e preconceituoso vale citar o que disse o vice de Bolsonaro, general Mourão quando de uma entrevista em Caxias do Sul. Disse o caudilho: "...o Brasil herdou a cultura de privilégios dos ibéricos, a indolência dos indígenas e a malandragem dos africanos...2". Realmente, como bem afirma o jornalista Fernando Brito parece que o "general Mourão não ouviu falar na guerra Guararapes!".

Aqui está claro que o sistema judiciário brasileiro em conluio com outras forças da elite conservadora do Brasil quer jogar o país nas mãos da extrema direita para tentar legitimar, perpetuar e ampliar os privilégios dos novo/velhos senhorzinhos da Casa Grande. 

Frente a tudo isso, cabe a nós brasileiros denunciarmos toda essa trama e fazer das eleições de 2018 a nossa arma para que esses escusos objetivos não se realizem e com isso trazermos o país de volta aos seus trilhos, ou seja, revogar todas as medidas contra a classe trabalhadora, trazer de volta todos os recursos naturais e empresas que pertenciam ao povo brasileiro e que foram entregues ao capital privado sem o aceite do povo e enfim, fazer do Brasil uma Nação livre, igualitária, fraterna e soberana. Povo brasileiro uniu-vos!






1 Fonte: https://www.cartacapital.com.br/economia/20-anos-depois-quem-sao-os-donos-do-plano-real-407.html
2 Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/general-mourao-liga-indio-a-indolencia-e-negro-a-malandragem/


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