Por Odilon de Mattos Filho - 20/09/2017
Sabemos que nos anos sessenta a informação chegava à sociedade, basicamente, pela imprensa escrita e falada, além do que, o mundo vivia a guerra fria e estava dividido entre duas potências ideologicamente distintas: de um lado a União Soviética e de outro os Estados Unidos, esse último com uma fortíssima influência na América Latina, em especial, no Brasil.
Sabemos que nos anos sessenta a informação chegava à sociedade, basicamente, pela imprensa escrita e falada, além do que, o mundo vivia a guerra fria e estava dividido entre duas potências ideologicamente distintas: de um lado a União Soviética e de outro os Estados Unidos, esse último com uma fortíssima influência na América Latina, em especial, no Brasil.
Nos dias atuais as semelhanças políticas que antecederam o golpe nos anos ssessenta são bastantes visíveis, como por exemplo, os discursos
contra a corrupção, o papel da “mídia nativa” sempre aliada aos interesses da
pequena burguesia nacional e internacional e a tentativa dos EUA de dominarem a América Latina.
Porém, hoje, diferentemente de outrora,
imaginávamos ser impossível tratar a sociedade como massa de manobra, pois, com
o advento das redes sociais, o amadurecimento intelectual e politico do povo
brasileiro e o poder muito maior de informação, essa manipulação não seria mais
factível, correto? Ledo engano!
A sociedade brasileira, em plena era
tecnológica, foi manipulada e assistiu o golpe de Estado contra uma presidenta
eleita pelo povo e sabidamente honesta. O discurso como no passado foi a
corrupção. A diferença entre os dois momentos está nos protagonistas dos
golpes, antes os atores trajavam fardas e hoje vestem togas. O golpe atual teve
inicio com os Ministros do STF no julgamento da Ação Penal 470 e seu desfecho
com a ilegal e inconstitucional escuta e divulgação da interceptação telefônica
entre a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, tudo com autorização do Juiz
Sérgio Moro da "República de Curitiba".
Mas tudo indica que após o fracasso e o
desastre do golpe político/midiático/jurídico, os fanáticos e senis
protagonistas de outrora estão querendo retornar ao Poder por vias escusas, ou
seja, depois de pouco mais de um ano do primeiro golpe estamos muito perto de
um segundo, desta feita volta à cena as fardas de tristes e cruéis lembranças.
Caiu como uma bomba a palestra do
General Antônio Hamilton Mourão
em uma Loja de Maçonaria (tinha que ser, né!) onde ele defendeu uma intervenção
ou melhor, um golpe militar no Brasil. Ameaçou o caudilho: “[...]
ou as instituições solucionam o problema político retirando da vida pública os
elementos envolvido em todos os ilícitos ou então nós teremos que impor uma solução"
Os Poderes terão que buscar uma solução. Se não conseguirem, temos que impor
uma solução. E essa imposição não será fácil. Ela trará problemas. Pode ter
certeza!1
".
Vale lembrar, que foi
esse mesmo General que em 2015, “foi removido do Comando Militar do Sul
após fazer homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
responsável pelo DOI-CODI entre 1970 e 1974 e reconhecido pela Justiça
brasileira como torturador2”.
Evidente que
considerávamos enterrado esse delírio de golpe militar no Brasil, mas diante
dessa declaração tudo pode acontecer. A propósito, esperávamos que diante dessa
transgressão e flagrante atentado à Constituição Federal, o general Mourão
fosse de pronto, punido e repreendido oficialmente pelo seu superior o General
Eduardo Villas Boas, mas ao contrário, o comandante do Exército disse que o
general não será punido e defendeu o direito do colega de farda de se
expressar. Um absurdo! E se isso não bastasse o General Villa Boas, praticamente, endossou as palavras do seu colega com seguinte recado transgressor: “..se
houver o caos o Exército deve intervir3”. Aqui reside o
perigo, quem definirá o que é o “caos”, os generais ?
Essas duas
manifestações de clara conspiração contra o poder civil demonstram, de forma inequívoca, conforme assinalou o jornalista
Paulo Henrique Amorim o “grau de desmoralização da política, dos políticos e
das instituições, como MPF que deveria intervir, admoestar e interpelar esses
dois generais que infligem o Regulamento Interno, a Constituição e
desestabilizam as instituições da república...No fundo os generais Mourão e
Villas Boas revelam que sempre foram a favor do golpe contra a
presidenta Dilma, só não sabiam a tragédia que esse golpe resulataria e agora, põe
as manguinhas de fora e tentam se eximir daquele desejo oculto, mas, agora
revelado, eles queriam tirar os trabalhistas do Poder...!4”
Mesmo diante desse claro ataque à
democracia foram poucas as vozes a se rebelar contra esse disparate. Não
assistimos nenhuma manifestação pública e tampouco vimos a esquerda brasileira
se rebelar de maneira organizada e veemente contra esse ataque à democracia
brasileira.
Nesse sentido foi emblemática e
decepcionante as declarações de um das principais intelectuais da esquerda brasileira, o Professor Luiz Alberto Moniz Bandeira que defendeu a “intervenção
(golpe) militar”. Alega o professor que “não mais existe Estado de Direito
nem democracia no Brasil. Acabou a Constituição! Falar em Constituição, agora,
é que é uma grande ilusão. A intervenção militar pode ocorrer. Como se
desdobrará é difícil imaginar. O ideal seria que fosse como a do general
Henrique Teixeira Lott em 1955. Mas não creio, em face do Congresso que aí
está. O importante é impedir que o patrimônio nacional - Eletrobrás,
Eletronuclear, Petrobrás e pré-sal, bancos estatais - seja dilapidado, entregue
aos gringos:é evitar que o desenvolvimento do Brasil, com a inclusão, não seja
interrompido; é impedir a entrega aos gringos de uma parte da Amazônia maior
que a Dinamarca...5”.
Essa declaração do Professor Moniz
Bandeira, malgrado, alguns pontos verdadeiros, serve de munição aos
neofascistas tupiniquins, demonstrando, também, o estado letárgico e confuso
que acomete grande parte do povo brasileiro, após o golpe de 2015, corroborando
assim, nossa afirmação de que o povo e a nossa democracia, ainda, estão
imaturos, mesmo depois de cinquenta e três anos do golpe militar e do enorme
volume de informações que hoje estão à disposição da sociedade.
A propósito o Historiador Walter Pomar
em fraternos e civilizados diálogos com o Professor Moniz Bandeira, diz que
“não acredita que uma intervenção militar seja instrumento capaz e
adequado para impedir aquilo tudo [referindo a defesa de nossas
riquezas]...Há muito tempo não temos uma corrente nacionalista e democrática
nas forças armadas. O nacionalismo da cúpula militar é patrioteiro, totalmente
compatível com o neoliberalismo e com a submissão aos EUA. Além disso, a lógica
ali continua sendo a de usar as armas contra a subversão interna...Por isso é
que insisto, sua posição é um erro imenso, pois contribui para confundir as pessoas
acerca do significado, do sentido, dos beneficiários e dos prejudicados de uma
eventual intervenção militar..6”
Aliás, data máxima vênia, sob o ponto de vista político não há menor chance das forças progressistas do país concordar com o Professor Moniz Bandeira e sob os aspectos jurídicos, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF já se manifestou sobre o tema afirmando que "não há no
ordenamento jurídico brasileiro hipótese de intervenção militar autônoma – seja
em situação externa ou interna, e independentemente de sua gravidade...Nem mesmo em situações de exceção
constitucional, como o Estado de Sítio ou o Estado de Defesa, as Forças Armadas
podem assumir um papel fora de seus limites constitucionais 7"
Dessa maneira, a única saída para o Brasil nesse momento não são intervenções e/ou golpes e sim fortalecer a democracia, para tanto, é imperioso o afastamento do golpista e corrupto Michel Temer e a convocação de eleições diretas em todos os níveis e de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, do contrário, corremos um sério e iminente risco de um novo golpe, onde a toga sai de cena para dá lugar à farda!
Dessa maneira, a única saída para o Brasil nesse momento não são intervenções e/ou golpes e sim fortalecer a democracia, para tanto, é imperioso o afastamento do golpista e corrupto Michel Temer e a convocação de eleições diretas em todos os níveis e de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, do contrário, corremos um sério e iminente risco de um novo golpe, onde a toga sai de cena para dá lugar à farda!
1
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/09/1919322-general-do-exercito-ameaca-impor-solucao-para-crise-politica-no-pais.shtml
4 Fonte: https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=ahJddnv7vOA
6
Fonte: http://valterpomar.blogspot.com.br/
7-Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/constituicao-nao-preve-intervencao-militar-crime-inafiancavel-diz-pfdc
7-Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/constituicao-nao-preve-intervencao-militar-crime-inafiancavel-diz-pfdc
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