quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A VALENTIA QUE SE ESPERAVA DO PT E DA PRESIDENTA DILMA



O brilhante Escritor/Poeta José Saramago, escreveu: "O grande problema do nosso sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas democraticamente".


Preservando o que resta de sua dignidade, os PTistas votaram favoráveis a instalação do inquérito no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para definir o destino político do Deputado Eduardo Cunha. Nessa mesma linha, a Presidenta Dilma apoiou a decisão dos Deputados do PT. Essas duas atitudes demonstram de forma inequívoca que o PT como a Presidenta não se curvam diante de chantagistas e muito menos têm medo das investigações e do firme combate à corrupção, mesmo que isso possa colocar em cheque o mandato popular da Presidenta. Sem dúvida de que se tratou de uma atitude republicana, corajosa e muito responsável. 

Frente a essa corajosa atitude do PT e da Presidenta Dilma e diante da postura vingativa e pessoal de Eduardo Cunha, que conforme disse o Deputado Jean Wyllys, “vai além do que jamais suporia Maquiavel”, temos certeza de que o povo brasileiro e os movimentos sociais, se for preciso, irão às ruas para defender a democracia contra o comportamento desse notório bandido e achacador chamado, Eduardo Cunha. Ademais, o Pedido de impeachment não tem consistência jurídica e se afigura inconstitucional.

A propósito, inúmeros juristas de renome assinaram uma Manifesto afirmando: "Pela construção de um Estado Democrático de Direito cada vez mais efetivo, sem rupturas autoritárias, independentemente de posições ideológicas, preferências partidárias, apoio ou não às políticas do governo federal, nós, juristas, advogados, professores universitários, bacharéis e estudantes de Direito, abaixo-assinados, declaramos apoio à continuidade do governo da presidenta Dilma Rousseff, até o final de seu mandato em 2018, por não haver qualquer fundamento jurídico para um Impeachment ou Cassação, e conclamamos todos os defensores e defensoras da República e da Democracia a fazerem o mesmo".

Com relação aos movimentos sociais a reação não foi diferente. João Pedro Stédile, líder do MST, declarou:”... "Certamente, os movimentos populares irão fazer suas avaliações e, nos próximos dias, nos articularemos para programarmos mobilizações e impedirmos, nas ruas, qualquer tentativa de ferir nossa nascente democracia. O povo brasileiro elegeu a presidenta e mais 27 de governadores. E todos têm direito de concluírem seus mandatos constitucionais...Continuando ele disse: se Eduardo Cunha tivesse um pingo de dignidade já teria renunciado para se defender no STF, onde é acusado, com fartas provas, de corrupção"

A CUT vai na mesma linha, segundo o seu presidente, Vagner Freitas, a entidade vai "as ruas impedir o retrocesso. O Brasil precisa de um ambiente político e econômico de tranquilidade para a economia crescer e gerar empregos. A partir de amanhã, em Brasília, com outras centrais e movimentos sociais, estaremos nas ruas em Defesa do Estado de Direito, em Defesa da democracia, em Defesa do mandato da presidenta Dilma, contra o golpe, contra o retrocesso”...Continuando ele acrescentou: "O que não precisamos é de chantagens, de atitudes antidemocráticas de quem ousa tentar tirar o mandato da presidenta Dilma, eleita pelo povo de forma absolutamente democrática. Eduardo Cunha não tem autoridade moral nem política para pedir o impeachment da Dilma", ponderou. A agenda de Cunha e da oposição, encabeçada pelo PSDB e DEM, não é a agenda que interessa ao Brasil...O Brasil está paralisado pela intolerância daqueles que não aceitam o resultado das urnas".

Nesse mesmo diapasão Governadores do Nordeste demonstraram suas indignações afirmando:"Diante da decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de abrir processo de impeachment contra a Exma Presidenta da República, Dilma Roussef, os Governadores do Nordeste manifestam seu repúdio a essa absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional...Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os Governadores do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda”. 

Até a insuspeita CNBB se posicionou: "A Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo da CNBB, no ensejo da ameaça de impeachment que paira sobre o mandato da Presidente Dilma Rousseff, manifesta imensa apreensão ante a atitude do Presidente da Câmara dos Deputados.. A ordem constitucional democrática brasileira construiu solidez suficiente para não se deixar abalar por aventuras políticas que dividem ainda mais o País....No caso presente, o comando do legislativo apropria-se da prerrogativa legal de modo inadequado. Indaga-se: que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo? Além do mais, o impedimento de um Presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas...Auguramos que a prudência e o bem do País ultrapassem interesses espúrios". 

Na contramão de todas essas manifestações, encontram-se a elite conservadora do país e a oposição ao governo. O PSDB e aliados estão conluiados com o Deputado Eduardo Cunha numa atitude cujo objetivo é satisfazer seus interesses políticos e o desejo de vingança do candidato derrotado Aécio Neves que após as eleições de 2014, vem se comportando como um menino mimado que não se conforma com a decisão popular e democrática das urnas.

Aliás, comprovando essa conspiração o insuspeito jornalista global, Ilimar Franco, escreveu: “Dirigentes dos partidos de oposição se reuniram, ontem à noite (03/12), com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). A oposição teria se comprometido a votar a favor de Cunha no Conselho de Ética...Os líderes da oposição foram cumprimentá-lo pela decisão de aceitar o pedido de abertura de um processo de impeachment. Nessa conversa foi fechado um acordo pelo qual os partidos de oposição ficarão em silêncio e vão se abster de fazer discursos contra Cunha. Segundo o jornalista, ACM Neto teria dito: “O nosso foco é a Dilma. O nosso foco não é o Eduardo Cunha”.

Não obstante todos esses aspectos "politiqueiros" não há como negar, também, o comportamento, no mínimo, estranho do Ministério Público. São dois pesos e duas medidas, se não vejamos: o Senador Delcídio do Amaral (PT/MS) foi preso por obstruir os trabalhos da Justiça, uma prisão muito questionada por constitucionalistas pátrios. Já Eduardo Cunha, réu junto ao STF, em processos por corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro continua obstruindo as investigações e embaraçando o trâmite do seu processo junto à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, mas mesmo assim, permanece livre, leve e solto nas barbas do Procurador. Não nos surpreenderá, depois da deflagração do impeachment da Presidenta, que o Procurador-geral da República requeira a prisão de Eduardo Cunha, afinal, ele já cumpriu, quase na totalidade, a missão que a Casa Grande lhe confiou: o golpe. 

Assim só nos resta ficarmos atentos, pois, estamos à beira de uma crise institucional sem precedentes que pode aprofundar, ainda mais, o atual cenário político, econômico e social do país! Dessa maneira, mais do que nunca a palavra de ordem de Karl Marx é muito atual: "Trabalhadores uni-vos!"


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