O Brasil viveu nos dias 13 e
15 de março uma agitação popular pouco comum no país. As manifestações,
malgrado os seus objetivos, comprovam o amadurecimento democrático do Brasil e
a solidez de nossas instituições. Aliás, nesse sentido a Presidenta Dilma
afirmou: “Ontem, quando eu vi cidadãos se manifestando pensei: valeu a pena
lutar pela liberdade e democracia. Esse país está mais forte que nunca. Muitos
da minha geração deram a vida para que o povo pudesse, enfim, ir às ruas para se
expressar”.
E
realmente a Presidenta está correta! Em apenas dois dias presenciamos duas
manifestações muito distintas. Na marcha do dia 13 as Centrais Sindicais e os
Movimentos Populares foram às ruas contra o golpe, em defesa da Petrobras e da
ampliação das conquistas alcançadas nos Governos Trabalhistas de Lula e Dilma.
Já nas manifestações do dia 15 a elite branca, representada pelos empresários,
banqueiros e setores reacionários da sociedade, reivindicou o impeachment da
Presidenta Dilma, a privatização da Petrobras, e até a volta da ditadura
militar. Quanto ao combate à corrupção, não passou de hipocrisia, pois, não se
viu, por exemplo, nenhuma faixa ou cartaz contra o sucateamento da SABESP, o
grave escândalo do “Trensalão” ou a arruaça do HSBC.
Ficou
evidente que a manifestação do dia 15 teve um peso muito maior e isso ocorreu
graças ao gigantesco empenho dos neoudenistas e da “mídia nativa” na
repercussão desse ato na Capital paulista, que, aliás, fez lembrar, em muito,
a "Marcha da Família com
Deus pela Liberdade”, ocorrida em 1964 que culminou no golpe militar e na
deposição do Presidente João Goulart.
A
propósito, até a imprensa internacional constatou o caráter elitizado das
manifestações. O jornal Britânico “The Guardian” publicou: “Centenas de
milhares de brasileiros predominantemente brancos e de classe média tomaram as
ruas ontem para pedir o impeachment da presidente e, alguns, o golpe militar.”
O jornal espanhol “El País” estampou que "os protagonistas das marchas pertencem
às classes médias mais educadas" e a revista “Forbes” chamou os protestos
de “Festival do ódio”.
Corroborando
essa afirmativa do “branqueamento” das manifestações do dia 15, circula nas
redes sociais uma foto panorâmica em Salvador na qual somos desafiados a achar
no meio dos protestantes um único cidadão negro, e “veja” que Salvador é o
município com maior porcentagem de negros do Brasil. Aliás, as fotos da
manifestação de SP publicadas pelos jornais “O Globo” e “Estadão” nos incitam,
também, a esse desafio.
Outro
fato que chamou atenção e demonstrou a partidarização midiática foi à
manipulação sobre o número de manifestantes. A Folha de São apontou 250
mil pessoas na Avenida Paulista, já o restante da mídia calculou em 1 milhão. A
Paulista mede 2.750 metros de comprimento por 45 metros de largura, se realmente
compareceram 1 milhão de pessoas, podemos afirmar que havia de 10 a 12 pessoas
por metro quadrado, ou seja, um fenômeno!
Mas
afora esses aspectos da condição social e do número de manifestantes, o que
vale registrar neste protesto foi o lamentável desejo de criar uma
instabilidade institucional com o impedimento da Presidenta Dilma, e o ódio de
classe e o pavor das elites ao Projeto Político do PT.
Realmente, depois
dessa manifestação, ficou claro, como bem assinala o jornalista Juca
Kfouri que o que vem ocorrendo nada mais é do que a revolta das elites “...contra o incômodo de disputar espaço com
esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o
trânsito e disputando vagas nas universidades...Surgiu um fenômeno nunca visto
antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a
um presidente. Não é preocupação ou medo. É ódio... Nos dois últimos anos da
Dilma, a luta de classes voltou com força. Não por parte dos
trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. Quando os liberais
e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente,
continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao
golpismo.”
É contra essa postura raivosa
e vingativa que temos de lutar. A direita entreguista demonstrou que está
unida, organizada e sedenta para retomar o Poder, custe o que custar. Cabe a nós demonstrar que eles podem voltar ao Poder, desde que seja pela via
democrática, ou seja, pelo voto, qualquer outra maneira é golpe, e isso nós não
aceitaremos. Já com relação ao impedimento da Presidenta Dilma fazemos
coro com os internautas: “impítim é meuzovo”!
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