"O ódio é a vingança do covarde" - George Bernard Shaw
Uma das maiores conquistas do povo brasileiro com
a Constituição Federal de 1988 foi à liberdade de pensamento e de
expressão. Essas duas garantias, que são
cláusulas pétreas, possuem um valor imensurável, pois, foram décadas sem que o
cidadão brasileiro e a imprensa pudessem se expressar livremente.
Mas, malgrado, toda relevância da liberdade de
pensamento e expressão, a mesma impõe limitações, aliás, a própria Constituição
Federal estabelece esses limites, como por exemplo, vedando o anonimato e a
difusão de pensamentos tendentes a ceifar a vida ou a incitação à violência.
No entanto, o que se vê é um verdadeiro abuso
dessa garantia constitucional. A “mídia nativa”, por exemplo, se valendo da
liberdade de expressão vem cometendo inúmeros excessos em suas matérias e opiniões.
Um dos casos mais
gritantes desse abuso ocorreu com o Promotor de Justiça de São Paulo, Rogério
Zagallo, que preso no trânsito, devido as manifestações, disse essa impropriedade:
“...Estou há duas horas tentando voltar para casa, mas tem um bando de bugios
revoltados parando a Faria Lima e a Marginal Pinheiros. Por favor alguém pode
avisar a Tropa de Choque que essa região faz parte do meu Tribunal do Júri e
que se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial..”
Aliás, parece que esse Promotor tem forte inclinação ao fascismo, pois, ao
arquivar um inquérito, assim se manifestou: ”...Bandido que dá tiro para matar
tem que tomar tiro para morrer. Lamento, todavia, que tenha sido apenas um dos
rapinantes enviados para o inferno. Fica aqui o conselho para Marcos Antônio
[policial]: melhore sua mira..”
Depois desse caso
apareceram vários outros abusos, o mais recente, mais grave e que teve uma enorme
repercussão, foi a opinião da jornalista do SBT, Rachel Sheherazade. Ao
informar que um adolescente do Rio de Janeiro foi espancado e amarrado nu em um
poste por justiceiros, a “cretina” jornalista fez o seguinte comentário: “...O
marginalzinho amarrado ao poste era tão inocente que, ao invés de prestar
queixa contra seus agressores, preferiu fugir antes que ele mesmo acabasse
preso...No país que a violência é endêmica, a atitude dos vingadores é até
compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha.
O que resta ao cidadão de bem que ainda por cima foi desarmado? Se defender, é
claro! O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa
coletiva”.....E aos defensores dos direitos humanos que se apiedaram do marginalzinho
preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um
bandido”.
Não há dúvida de que esses tipos de comentários são
incompatível “com o axioma da igualdade moral humana, não sendo, também por
isso, publicamente razoáveis”. Ademais, essas opiniões vão muito além da
liberdade de expressão, elas incitam a violência, a barbárie, tem forte viés
fascista e é um fragrante atentado ao Estado Democrático de Direito.
A propósito, Maurício Gentil,
ensina:”...com efeito, a liberdade de expressão não pode ser
apanágio para que, sobretudo em meios de comunicação, seja efetuada a apologia
para a prática da “justiça com as próprias mãos” e nem tampouco para que tal
“justiça” seja efetuada em forma de barbárie, com evidente e inaceitável
supressão dos direitos fundamentais essenciais à dignidade da pessoa humana...
A liberdade de expressão e de comunicação social não pode ser utilizada para
preparar ambiente para um regime nazista, fundado ideologicamente em um crime
contra a humanidade...”
Aliás, com relação ao perigo da instigação à
violência, no dia 03/05/2014, na cidade de Guarujá/SP, acompanhamos outro caso
assombroso e extremamente cruel. Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi
linchada e morreu ao ser espancada por populares, confundida com o retrato
falado de uma pessoa que estaria sequestrando crianças para atos de magia
negra.
Esse abjeto caso teve uma grande repercussão, e
está fazendo com que as cabeças pensantes liguem essa barbárie à tese defendida
pela jornalista, Rachel Sheherazade. É o caso, por exemplo, do jornalista
Roberto Boechat, que fez um duro comentário: “...Esse crime aí, minha gente,
tem tanta responsabilidade, o autor do boato espalhado pela internet, no
'Guarujá Alerta', quantas pessoas que, mesmo em emissoras de televisão,
estimulam a cultura da justiça com as próprias mãos. Isso está dentro do mesmo
panorama, que propicia, estimula, que justifica o linchamento. É hora dessas
pessoas, agora, virem a público [e dizerem] como se sentem depois da consumação
de sua própria teoria, na prática".
Nesse diapasão, outro jornalista, Luciano Martins
Costa, assinalou: “...As manifestações de não-civilidade das classes
privilegiadas podem ser observadas na opinião de colunistas da imprensa que
estimulam o radicalismo e a intolerância... Ao despejar seletivamente suas
rajadas contra as instituições públicas, a imprensa provoca a demonização dos
poderes republicanos, criando no imaginário da [sociedade] uma aversão ao
regime democrático e à legitimidade da ordem social...É função da imprensa
fazer a crítica pública do poder, mas também é sua obrigação fazer a defesa do
regime democrático...”
Diante de tudo isso é incontestável a necessidade
de se aprovar uma “lei de médios”, não para censurar, mais para impor um limite
a essas intolerâncias. O grande perigo para o Brasil não são os governos
trabalhistas, como apregoam a imprensa, o maior risco são os fascistas,
travestidos de jornalistas, contratados a peso de ouro pelo baronato da mídia,
para desestabilizar o país com o seus comentários carregados de ódios,
preconceitos, mentiras e agressões. Com a palavra o Congresso Nacional!
0 comentários:
Postar um comentário