Por: Odilon de Mattos FilhoJosé Alberto Mujica Cordano, mais conhecido como Pepe Mujica, nasceu em Montevidéu no dia 20 de maio de 1935. Filho de agricultores, Mujica recebeu educação primária e secundária na escola nº 150 de Paso de la Arena. Após concluir o liceu, matriculou-se no Instituto Alfredo Vásquez Acevedo (IAVA) para cursar Direito, mas não concluiu o curso.
Durante a juventude, embalado e empolgado pela vitoriosa Revolução Cubana e ciente das mazelas que o Uruguai enfrentava, juntou-se a outros camaradas e fundaram o Movimento de Libertação Nacional — Tupamaros, um dos principais grupos guerrilheiros do país.
Em virtude de sua militância, Mujica foi preso quatro vezes e passou catorze anos nas prisões da ditadura uruguaia.
Desde os anos 1970, viveu com sua companheira e também guerrilheira, Lúcia Topolansky, com quem oficializou o casamento em 2005. O casal viveu sempre em um pequeno sítio na zona rural de Montevidéu, de onde tirava o sustento com o trabalho no campo. Uma vida de humildade e simplicidade — um franciscano dos tempos modernos.
Com o retorno à democracia, Mujica foi libertado em 8 de março de 1985, por meio da anistia aos delitos políticos cometidos a partir de 1º de janeiro de 1962.
Logo após a abertura democrática, Mujica criou, junto a outras lideranças do MLN e de partidos de esquerda, o Movimento de Participação Popular (MPP), dentro da Frente Ampla. Já nas eleições de 1994, foi eleito deputado por Montevidéu e, diante de sua atuação parlamentar e política, tornou-se o senador mais votado da história do Uruguai em 1999.
No dia 1º de março de 2005, com a eleição de Tabaré Vázquez pela Frente Ampla, Mujica foi nomeado ministro da Agricultura. Em 25 de outubro de 2009, venceu as eleições presidenciais com cerca de metade dos votos válidos e foi ao segundo turno contra Luis Alberto Lacalle, vencendo com mais de 52% dos votos.
Como presidente, iniciou seu mandato com vigor e atenção total ao povo mais pobre do Uruguai, implantando, aos poucos, políticas antes enterradas nos porões das elites conservadoras. Destacam-se três políticas corajosas e fundamentais para o povo uruguaio: a legalização do aborto, a regulamentação do mercado da maconha e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Essas medidas colocaram o Uruguai na vanguarda mundial das políticas sociais progressistas.
Mas os avanços não se restringiram apenas nessas pautas de costumes, durante seu mandato, a economia do país cresceu uma média anual de 5,4%, o índice de pobreza caiu, e o desemprego foi mantido em níveis baixos. Além disso, houve crescimento dos programas de transferência de renda, aumento do salário mínimo, além da distribuição de laptops para estudantes e professores e políticas habitacionais para famílias de baixa renda.
Desde sua eleição como deputado, Mujica doava 70% de seus rendimentos à Frente Ampla e a um fundo de construção de moradias populares e mesmo como presidente, continuou vivendo em sua chácara na zona rural.
Pepe Mujica viveu o exemplo que prega e colocou em prática seus ideais e pensamentos de vida, deixando um legado sem precedentes na história do povo uruguaio. O presidente Lula sintetizou bem quem foi Mujica ao dizer: “Mujica não foi apenas um militante de esquerda, deputado, senador ou presidente — foi um exemplo de ser humano com muita dignidade, respeito, solidariedade e coragem. Eu conheço muita gente, mas ninguém se iguala à grandeza da alma do meu amigo Pepe Mujica.”
Foi para a eternidade um dos maiores líderes da “Pátria Grande”, mas seu legado e suas ideias seguirão vivos em nossas lutas, corações e mentes.
Pepe Mujica, presente!
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