terça-feira, 15 de março de 2016

2016 E 1964 SEMELHANÇAS ASSUSTADORAS

A grande manifestação do dia 13 de março nos instigou a fazer um paralelo do atual momento político com aquele vivido em 1964, a começar pela manifestação na mesma data que aconteceu “A Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Além disso, a composição monocromática da manifestação e as palavras de ordem são provas de que as elites, mais do que a volta dos militares, não aceitam, conforme escreveu Leonardo Boff, “...a ascensão das massas populares aos bens mínimos da cidadania. Querem mantê-las onde sempre foram mantidas: na margem, como exército de reserva para seu serviço barato".

Naquela época os militares tomaram a linha de frente para depor João Goulart, hoje mais maduros politicamente, estão cientes dos seus deveres constitucionais. A missão do golpe passou para as mãos dos civis, representados pela grande mídia, pelo empresariado, as classes média e alta, a oposição, parte do Judiciário, do MP e da PF.

Na ditadura, assim como ocorre com ex-presidente Lula, tentaram atribuir ao presidente Juscelino Kubitschek a propriedade de um “triplex” em Ipanema, porém, ficou provado que o apartamento era de Sebastião Paes de Almeida, rico empresário e ex-presidente do Banco do Brasil e Ministro da Fazenda no Governo JK.

As agressões também são semelhantes. Vários Políticos do PT já foram agredidos em restaurantes, bares, hospitais e até em velórios. Na época da ditadura os apoiadores de João Goulart eram atacados com a pecha de comunistas e corruptos, hoje o discurso carregado de ódio intolerância e preconceito é o mesmo. 

No dia 04/03, de forma ilegal, Lula foi conduzido coercitivamente para depor na PF sendo levado para o aeroporto de Congonhas em SP, o que lembrou muito a história dos militares em 1954 com a República do Galeão.

Já no dia 06/03 o Bispo, dom Darci José Nicioli durante uma missa teria incitado a violência pedindo aos fiéis que pisassem na cabeça da jararaca, uma clara alusão ao ex-presidente Lula que dias antes dissera, que “se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça". Essa postura do Bispo se assemelha muito àquela adotada pela maioria das Igrejas na época de chumbo.

Passados sete dias do “sequestro” de Lula Promotores de Justiça, em mais uma manobra política, pediram a prisão do ex-presidente se valendo de argumentos tão fracos juridicamente, que até parlamentares do PSDB engrossaram o coro de juristas que se lembraram de casos semelhantes em processos militares.

Depois de tudo isso outros casos semelhantes com os dias de chumbo aconteceram. No dia 11/03/2016, estavam reunidos na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, vários dirigentes sindicais e deputados, quando foram surpreendidos com a invasão do sindicato por policiais armados e sem mandado judicial. Segundo os deputados o comandante da PM alegou que souberam que estava ocorrendo uma reunião de apoio a Lula e foram até o local averiguar. Isso é de uma barbaridade tão grande que se faz imperioso uma imediata e dura punição dos policiais e dos mandantes dessa flagrante ilegalidade só vista na época da ditadura militar.

Após esse fato mais dois atentados. No dia 12/03, a sede da UNE amanheceu pichada com imagens de ódio e intolerância política. O ataque lembrou o que aconteceu em 1964, quando a sede da UNE foi incendiada. Nesse mesmo dia a sede do diretório do PCdoB em SP foi, também, atacada recebendo pichações contra o ex-presidente Lula e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

E as semelhanças com a época de chumbo não param por aqui. Em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros a UDN conseguiu aprovar uma emenda constitucional instituindo o Parlamentarismo, com isso, impediram que João Goulart tomasse posse como presidente no sistema presidencialismo. Hoje a manobra é semelhante. Mesmo já ter sido matéria vencida em um plebiscito em 1993, há um forte movimento no Congresso que quer implantar uma espécie de parlamentarismo, com isso, golpeiam a presidenta Dilma.

Por fim, não podemos nos esquecer do golpe via Justiça Eleitoral. O TSE, mesmo depois de aprovar a prestação de contas da presidenta Dilma, voltou atrás e está analisando, novamente, as citadas contas, e o Relator do Processo é nada mais, nada menos, que Gilmar Mendes um Ministro, declaradamente, opositor aos governos trabalhistas.  

Frente a tudo isso, está claro o leque de possibilidades para um golpe de Estado. Por um lado, temos esse parlamentarismo tupiniquim que querem implantar, isso é golpe. O impeachment da presidenta Dilma sem fundamentação para tal, também é golpe. A nova análise da prestação de contas eleitoral da presidenta é o golpe à Paraguaia, e por fim, temos o golpe cautelar, que é impedir Lula de disputar as eleições em 2018.  Há ou não semelhanças de 2016 com 1964?

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