"O resto do mundo é mero aprendiz do Brasil em matéria
de concentração da propriedade da mídia".
A
SIP foi criada em 1943, e está sediada em Miami nos EUA. Essa entidade se
identifica como uma organização que se dedica a defender a liberdade de
expressão e de imprensa em todas as Américas. Porém, é bom lembrar que a SIP,
como bem afirma Leandro Fortes, “foi transformada [na época da guerra
fria], em braço funcional da CIA e do Departamento de Estado dos EUA para dar
suporte aos movimentos golpistas bancados pelos ianques na América Latina”.
Portanto, só por esse fato a entidade já nos afigura como suspeita para falar
em democracia.
Mas de
qualquer maneira, o luxuoso evento do baronato da mídia aconteceu, e só não
ganhou mais destaque junto às elites, por um fato: a ausência da Presidenta
Dilma. Contudo, esse episódio, serviu para libertar os barões da mídia para
intensificarem os falsos discursos sobre os perigos que pairam em relação ao
cerceamento à liberdade de imprensa no Brasil.
Nesse
contexto Milton Coleman, presidente da SIP e do The Washington Post, disse que
acredita que o Brasil ocupa melhor posição em termos de garantia da liberdade
de expressão do que muitos países do continente. No entanto, utilizando-se de
uma conhecida arma midiática, a conjunção adversativa “MAS”, o jornalista
emendou: “Mas ainda não sabemos os rumos do país quando vemos o governo federal
silenciar sobre violações da liberdade de imprensa cometidas por outros países
na região”.
Evidente que o Presidente da SIP se referia à Lei dos Meios da Argentina,
que ao contrário do que alegam, essa lei, conforme citada no sitio da Carta
Maior, “define a radiodifusão como atividade a serviço do direito à
informação e não um simples negócio, portanto, imiscível com a natureza do
monopólio que aborta a pluralidade e o discernimento crítico daí decorrente”.
Contudo,
os barões da mídia esconderam da opinião pública, como é típico deles,
que a “ONU avaliou como modelar a legislação argentina. Inclusive, Frank La Rue , relator especial das
Nações Unidas para a Liberdade de Opinião e de Expressão, disse que a lei
merece elogios, tanto, que pretende divulgá-la como uma referência para o fortalecimento da democracia e da diversidade da informação em outros países".
Já pelo
lado brasileiro, destacamos a fala da ex-presidente da Associação Nacional de
Jornais, Judith Brito, que com o mesmo tom ameaçador e contrário a qualquer
marco regulatório dos meios de comunicação, disse: “Algumas coisas são
inegociáveis. E não há democracia sem imprensa livre. Estamos vendo isso no
Brasil na questão do mensalão. Foi a mídia impressa que fez as investigações
que estão mudando a cara do país....Nós mudamos o fluxo da história”.
Realmente,
quase que se mudou o caminho da história, pois, a mídia esperava que o cronometrado
Processo do “mensalão” fosse a bomba relógio que explodiria sobre o PT nessas
eleições, porém, pelos primeiros resultados, o barulho dessa bomba não
passou de um traque, conforme escreveu Altamiro Borges, e o “fluxo da história”,
conforme se vê, continua no mesmo caminho traçado pelo povo brasileiro, a
partir de 2002.
Por fim, e afora os velhos chavões que emolduraram os discursos, o
que restou claro dessa assembleia, conforme escreveu o jornalista Leandro
Fortes, foi o medo que os barões da mídia demonstraram “do admirável mundo novo
aberto pela internet” e o pavor que eles sentem com politização e a
conscientização dos povos latinos sobre a necessidade de se colocar um fim nos
oligopólios da grande mídia.
De resto, vale parabenizar
a Presidenta Dilma por não ter participado da Assembleia da SIP. Esperamos que
esse emblemático gesto seja o ponta pé para se reiniciar as discussões sobre
uma Ley de Medios que levará a
regulamentação desse setor e, por conseguinte, a democratização dos meios de
comunicação no Brasil.
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