sábado, 5 de maio de 2012

AS ÁGUAS DO “CACHOEIRA” INUNDARAM AS REDAÇÕES DA GRANDE MÍDIA


 “Temo menos os governos, que podemos controlar e substituir, do que os poderes privados  [ grande mídia] que exercem sua “influência” no interior das sociedades modernas”. (Karl Mannheim)



No dia 2 de maio foi realizada a primeira reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para apurar os crimes da quadrilha de “Calinhos Cachoeira”. Essa CPMI é fruto das investigações realizadas pela Polícia Federal (PF), com as Operações “Vegas” e “Monte Carlo”.

Essas Operações diferentemente das outras, trás um novo componente que até então é pouco conhecido dos brasileiros, e isso, obviamente, em decorrência da deliberada omissão da imprensa que tenta esconder o seu próprio envolvimento com essa gangue.

O Relatório da Polícia Federal (PF), repercutido pelo sítio “Roteiro de Cinema”, comprova o pernicioso envolvimento da mídia com esse bando. Segundo consta do relatório do Delegado responsável pelas investigações, “Carlinhos Cachoeira, além de utilizar parte da imprensa de Anapólis, de forma direta, demonstra pelos áudios interceptados, conseguir emplacar reportagens de seu interesse em outros órgãos da mídia. Destaca-se sua ligação com dois importantes jornalistas, Renato Alves, repórter do jornal Correio Braziliense e Policarpo Júnior, Editor Chefe da Revista Veja em Brasília”...

Fica claro no inquérito da PF, que a ligação da grande imprensa, especialmente da revista “Veja” com a quadrilha de Carlinhos Chachoeira, longe de ser um jornalismo investigativo, é uma verdadeira sociedade cujos interesses estão voltados para os campos financeiro, político e até ideológicos. Um exemplo emblemático dessa afirmação e do envolvimento da “Veja” com Carlinhos Cachoeira, e que agora se comprova, é com relação à matéria veiculada pela revista, com o título “O Poderoso Chefão”, na qual o jornalista tenta acusar o ex-ministro José Dirceu de articular contra o governo de Dilma. Essa matéria tinha como objetivo rachar o PT e desestabilizar o Governo.

Em um dos trechos do Relatório da PF, o Delegado, relata que o sargento Jairo Martins de Souza, vulgo Índio, um dos comparsas da quadrilha “teria obtido filmagem do circuito interno de segurança do Hotel Naoum e repassado a Policarpo que a utilizaria para reforçar uma reportagem envolvendo o Ex-Ministro José Dirceu. A liberação da filmagem foi dada por Cachoeira...”.

Outro exemplo desse conluio é citado em outro trecho do Relatório da PF. Segundo o Delegado, “Cachoeira utiliza de seu contato com Policarpo para passar informações à revista Veja e criar matérias de seus interesses políticos. Exemplo disso é a reportagem veiculada na página da Vejaonline.com.br, em 02/07/2011, denunciando irregularidades envolvendo o DNIT, que teria sido “estopim” da queda da cúpula do Ministério dos Transportes...Os dados iniciais que deram subsídios à investigação da Veja, que resultou na série de reportagens, teriam sido repassados a Policarpo pessoalmente por Cláudio Abreu, após intermediação feita por Carlinhos. O interesse de Cláudio Abreu deveu-se ao fato de que a DELTA estaria sendo prejudicada nos possíveis negócios escusos envolvendo o DNIT em obras de engenharia..”

O Poder da mídia, após se associar com essa quadrilha foi tamanha, que até o STF, como bem assinala o jornalista Luis Nassif, “se curvou ao terrorismo da revista [Veja], denunciando uma suposta república do grampo – quando, pelos relatórios da PF, fica-se sabendo que o verdadeiro porão do grampo estava na própria ligação da revista com contraventores. O ápice desse terrorismo foi a provável armação da revista com Demóstenes, em torno do famoso “grampo sem áudio” – a armação da conversa gravada entre Demóstenes e o Ministro Gilmar Mendes (ambos amigos próximos) que ajudou a soterrar a Operação Satiagraha.
                                              
Diante desses poucos fatos aqui demonstrados, nos parece que não há dúvida da promíscua relação da grande mídia, especialmente, da revista “Veja” com o bando de “Cachoeira”. Assim, cabe agora aos Parlamentares da CPMI a histórica chance de desnudar as perversas ações dessa quadrilha que, comprovadamente, assaltou os cofres públicos do País e quase levou o Brasil a uma profunda crise institucional. Por outro lado, cabe a nós brasileiros ficarmos atentos, pois está havendo, por parte da própria mídia, uma orquestrada ação corporativa para livrar a revista “Veja” das denúncias e ao mesmo tempo, esconder dos brasileiros as entranhas desse mar de lama, ou melhor, dessa cachoeira de lama que tomou conta também, das redações da grande mídia brasileira. Com a palavra os Parlamentares da CPMI e o Poder Judiciário!

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