Hoje, assistimos a um Congresso Nacional dominado por forças conservadoras, neoliberais e bolsonaristas que atuam como linha auxiliar da extrema-direita. O governo é diariamente chantageado, travado e sabotado. E o principal instrumento dessa chantagem são as chamadas emendas PIX e o legado criminoso do orçamento secreto, criados no desgoverno Bolsonaro e perpetuados por um Congresso fisiológico que deseja implantar um parlamentarismo orçamentário de fato — sem responsabilidade, sem transparência e sem voto popular.
Segundo dados oficiais, o valores dessas emendas ultrapassam a casa dos R$ 50 bilhões de reais. São recursos usados não para o bem público, mas para irrigar bases eleitorais, comprar apoios e alimentar esquemas. A transparência passa longe. A moralidade administrativa, exigida pelo artigo 37 da Constituição Federal, é rasgada diariamente nos bastidores do Congresso.
Diante desse assalto ao orçamento, o caso foi parar no STF, sob relatoria do ministro Flávio Dino. E a resposta dos presidentes da Câmara, Hugo Mota e do Senado, Davi Alcolumbre — ambos bolsonaristas de carteirinha — foi endurecer ainda mais esse jogo sujo, lembrando, porém, que os dois presidentes foram eleitos com apoio do governo e hoje lideram o cerco ao Executivo
A derrubada do decreto que aumentava a alíquota do IOF — o que garantiria R$ 30 bilhões em arrecadação até 2026 — é emblemática. Foi uma retaliação direta à atuação do Judiciário. E o mais grave: o Congresso também sentou sobre projetos centrais do governo, como a isenção do IRPF para quem ganha até R$ 7 mil e a taxação dos super-ricos, pilares da justiça tributária..
Mas o tiro saiu pela culatra. O governo e os movimentos sociais reagiram com firmeza, inundando as redes sociais com denúncias e revelando quem são os verdadeiros defensores dos super-ricos e das elites rentistas. A campanha ganhou as ruas, com manifestações em diversos estados, deixando claro que o povo não aceita ser governado por chantagistas e corruptos.
Em meio a isso, veio o “presente” dos imperialistas do Norte: os Estados Unidos impuseram taxações abusivas contra as exportações brasileiras, e Donald Trump — em campanha — atacou o Judiciário brasileiro e saiu em defesa de Bolsonaro. Foi um ataque frontal à nossa soberania.
Mais uma vez, a extrema-direita deu munição ao campo progressista. O povo viu quem está ao lado do Brasil e quem atua como serviçal de interesses estrangeiros.
Em menos de duas semanas, o governo Lula — que enfrentava dificuldades em sua popularidade — teve em mãos as armas políticas e simbólicas para expor os inimigos da democracia. A narrativa golpista foi desmontada. A máscara dos "patriotas" caiu.
Diante desse cenário, torna-se urgente o enfrentamento ideológico. O campo progressista e o governo Lula precisam dar nome aos bois, apontar os responsáveis pelo sequestro do orçamento e convocar as massas para defender aquilo que os elegeu: os programas sociais, a valorização do trabalho, a justiça fiscal, a soberania nacional, a rvogação da reformas trabalhista e previdenciária e o fim da escala 6X1.
É hora de devolver ao povo o protagonismo da luta política. É ele — e só ele — quem tem legitimidade para garantir a governabilidade. Foi o povo que deu a vitória a Lula. Foi o povo que referendou o projeto progressista e popular apresentado nas eleições.
Além disso, o Brasil — e o mundo — enfrentam uma crise sistêmica. O modelo capitalista e imperialista revela suas contradições com uma brutal concentração de renda, exclusão social e esgotamento ambiental. Estamos diante de um colapso civilizatório — e o campo progressista precisa estar à altura do desafio.
Não há mais espaço para recuo. O Congresso atual, capturado por interesses fisiológicos, pode a qualquer momento enterrar o futuro do Brasil. Por isso, o governo e o PT devem virar à esquerda e se colocar na defesa dos interesses da classe trabalhadora. Com coragem. Com o povo. Com a firmeza de quem sabe que sem luta, não há mudança.